terça-feira, 30 de novembro de 2010

Desconcentra-se a economia nacional

http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/11/29/desconcentra-se-a-economia

O Estado de S. Paulo - 29/11/2010

Entre 2007 e 2008, um Estado muito pobre - o Piauí - foi o que mais aumentou sua participação no Produto Interno Bruto (PIB), segundo as Contas Regionais do Brasil 2004-2008, divulgadas há dias pelo IBGE. A diferença de 0,1 ponto de porcentagem parece ínfima, mas, para um PIB de R$ 3 trilhões, significa que, no Piauí, a capacidade de geração de riqueza aumentou em algo como R$ 3 bilhões, num ano - nada desprezível para um Estado com PIB de R$ 18 bilhões.

Raciocínio semelhante se aplica a todo o processo de desconcentração de renda e de riqueza no Brasil, desde a estabilização da moeda, no governo Fernando Henrique, e a continuidade da política de distribuição de renda e ascensão das famílias à classe média baixa, no governo Lula.
O IBGE comparou os anos de 1995 e 2002, ambos na era FHC, com 2008, um dos melhores da era Lula - e as conclusões mais importantes não estão nas tendências, que são as mesmas no longo prazo, mas nos pormenores e no significado dos números. Por regiões, o Sudeste ocupava e ocupa o primeiro lugar, mas sua participação no PIB declinou de 3,1 pontos porcentuais entre 1995 e 2008 e de apenas 0,7 ponto porcentual entre 2002 e 2008 - ou seja, a desconcentração foi mais intensa na fase de recuperação do poder da moeda, com o Plano Real.
Traduzido em valores do PIB para 2008, o Sudeste gerou R$ 93 bilhões a menos de riqueza em 13 anos. O Estado de São Paulo detinha 37,3% do PIB, em 1995, e 34,6%, em 2002, caindo para 33,1%, em 2008. Perdeu R$ 126 bilhões em PIB - e teria levado o Sudeste a perder ainda mais participação no PIB nacional não fosse o crescimento de Minas (+0,7 ponto), Espírito Santo (+0,3 ponto) e Rio de Janeiro (+0,1 ponto).
São Paulo perdeu investimentos em decorrência da guerra fiscal e dos incentivos tributários às regiões menos desenvolvidas, admitiu o gerente de Coordenação de Contas Nacionais do IBGE, Frederico Cunha. Em 2008, o Estado também foi afetado como centro de intermediação financeira do País, um setor muito atingido pela crise global.
Entre 1995 e 2008, as Regiões mais beneficiadas foram o Nordeste, cujo peso no PIB passou de 12% para 13,1%; o Norte, de 4,2% para 5,1%; e o Centro-Oeste, de 8,4% para 9,2% - o Sul também melhorou sua posição relativa, de 16,2% para 16,6%.
Mas a desconcentração econômica foi mais intensa no período FHC. Do 1,1 ponto porcentual de ganho no PIB do Nordeste, apenas 0,1 ponto corresponde à era Lula; no Norte, do total de 0,9 ponto, só 0,2 ponto foi conquistado neste governo. No Centro-Oeste, de 0,8 ponto porcentual de ganho, a metade foi obtida no governo Lula.
A expansão do agronegócio foi um notável vetor de crescimento das regiões menos desenvolvidas. A cana-de-açúcar, a soja e o café ajudaram Rondônia; as lavouras temporárias empurraram o Acre; o Amazonas sofreu percalços na área industrial, mas ganhou com a criação de gado, o café e o cultivo de frutas cítricas.
Em Roraima, municípios como Normandia e Pacaraima deram alento ao cultivo de cereais. Também no Tocantins, Maranhão, Ceará, Pernambuco, Bahia e Piauí o agronegócio teve peso decisivo. A produtividade da soja do Piauí foi a maior do País (3.231 kg/ha). A agropecuária contribuiu para as economias de Minas Gerais e, ainda mais, do Mato Grosso do Sul, do Mato Grosso e de Goiás. No Rio Grande do Sul e no Rio Grande do Norte, problemas climáticos afetaram o setor e, consequentemente, as economias locais.
Em todo o País, os setores da construção civil e os serviços contribuíram para o aumento da riqueza. Eles indicam aumento da oferta de crédito e renda dos trabalhadores e acesso da população a serviços públicos e pessoais, comunicações, hotelaria e transporte.
A desconcentração da riqueza foi muito influenciada, na era FHC, pelo programa de previdência rural, que incorporou cerca de 8 milhões de pessoas ao INSS. E prosseguiu, na era Lula, com o aumento do crédito, do emprego formal e dos programas de erradicação da pobreza, inclusive o Bolsa-Família.


Agronegócio | 01/12/2010 | 09h19min

Eclusa de Tucuruí beneficiará transporte de produtos agrícolas

Região tem deficiência de infraestrutura para o escoamento de grãos. Utilização do Rio Tocantins surge como solução

O agronegócio do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, que compõem a região conhecida como Matopiba, será favorecido com Eclusa do Turucuí, no Rio Tocantins. A entrega da obra ocorreu nesta terça, 30 de novembro, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A região vem se destacando pelo crescimento econômico nos últimos anos, principalmente na agricultura, apesar da falta de alternativas para escoamento das safras, que sempre impactou na atividade daquele polígono.     
– A região tem deficiência de infraestrutura para o escoamento de grãos, principalmente a soja, e o Rio Tocantins surge como uma solução – destaca a coordenadora de Infraestrutura Rural e Logística do Ministério da Agricultura, Maria Auxiliadora Domingues de Souza.
Para ela, o potencial de transporte hidroviário na área pode chegar a 18 milhões de toneladas com outras alternativas em andamento, como a construção da Ferrovia Norte-Sul, da eclusa de Lageado (Tocantins) e a execução do projeto da eclusa de Estreito, na divisa de Tocantins com Mato Grosso.
De acordo com a coordenadora do Mapa, Tucuruí conta com duas eclusas. Uma fica no corpo da barragem e a outra a cinco quilômetros. As eclusas, com investimento total de R$ 1,6 bilhão, foram dimensionadas para a movimentação de embarcações com cargas de grandes volumes, como os graneis agrícolas.
– Trata-se do primeiro passo para melhorar a navegabilidade do rio, solucionando parte do gargalo logístico para o escoamento da crescente produção da região – ressalta.
No primeiro semestre de 2011, as eclusas estarão operando e os produtores poderão utilizar a Hidrovia do Tocantins, com redução de 15% no valor do frete. Com a conclusão das eclusas de Estreito e Lageado, o trecho navegável do rio Tocantins será de 1,5 mil km.
– As obras permitirão o aumento da produção de grãos (soja e milho) em diversos municípios mato-grossenses com áreas de pastagem, o que representará mais um grande passo a favor do agronegócio brasileiro – disse a coordenadora.
No futuro, os rios Tocantins e Araguaia, como via de transporte fluvial, ligarão os portos de Belém às regiões produtoras do Alto Araguaia, em Mato Grosso, que ficam a dois mil quilômetros.
– O complexo hidroviário Araguaia-Tocantins será determinante para a exploração, em larga escala, dos recursos minerais e agropecuários das regiões Centro-oeste e Norte do Brasil – destaca Maria Auxiliadora.
As eclusas de Tucuruí são o primeiro passo para consolidar esse projeto e permitirão o tráfego de comboios com capacidade de carga de até 20 mil toneladas, com destino aos portos de Vila do Conde e Outeiro, nas proximidades de Belém (PA), localização estratégica em relação aos mercados norte-americano, europeu e do extremo oriente.
O Brasil possui a maior extensão de rios do mundo: 58 mil quilômetros. Por restrições operacionais e de navegabilidade, são utilizados apenas 8,5 mil quilômetros de hidrovias interiores. Os principais rios navegáveis do país são Madeira, Paranaíba-Tietê-Paraná, Araguaia-Tocantins, Parnaíba, São Francisco, Paraguai-Paraná e Teles Pires-Tapajós. Porém, apenas o Madeira e o Paranaíba-Tietê-Paraná são utilizados para o transporte de produtos provenientes do agronegócio.

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