http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/11/25/moradores-de-comunidades-criticam-acoes-da-policia
Autor(es): Paola Moura | Do Rio
Valor Econômico - 25/11/2010
Enquanto o governador Sérgio Cabral e o secretário de Segurança José Mariano Beltrame defendem o projeto das Unidades Pacificadoras de Polícia (UPPs), e dizem que a ação violenta dos bandidos é desespero da criminalidade sufocada, moradores das comunidades ocupadas se reuniram ontem para fazer críticas às ações da polícia nas favelas e mostrar frustração em relação ao projeto. Segundo eles, as UPPs têm trazido muita opressão e não adicionam solução a problemas como falta de saúde, educação, emprego e saneamento.Reunidos no seminário promovido pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), representantes de comunidades ocupadas, e a serem ocupadas, cobraram a mudança de comportamento prometida para os novos policiais e programas sociais efetivos."Passamos meses ansiosos esperando a chegada da UPP. A gente queria tudo que o Santa Marta estava vivendo: o teleférico, a geladeira e a paz", conta Mônica Francisco, líder comunitária do Borel, morro da Tijuca, Zona Norte do Rio. "E quando ela chegou, deixamos de ser uma população matável para ser humilhável e espancável", conta. A gente é revistado a cada quarteirão. Mandam colocar os braços no muro e abrir as pernas", relata.Uma das críticas levantadas por Itamar Silva, coordenador do Ibase, e que reflete a situação atual de violência, é que as UPPs foram planejadas como uma ação para as favelas e não como uma política de segurança para o Estado como um todo. Para ele, é difícil relacionar os ataques às UPPs, mas reconhece que as unidades pacificadoras são uma oportunidade única para tentar solucionar o problema de violência do Estado.O professor Luis Antonio Machado, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Uerj, diz que as UPPs não podem ser consideradas uma política de segurança e sim a manutenção da ordem pública a partir da ocupação ostensiva das comunidades. Para ele, essas ocupações são positivas, mas só se prolongarão se continuar a haver a aprovação da classe média, "a mesma que reelegeu o governador". Machado afirma que o crime do Rio não se organizou em um bloco como em São Paulo, com o PCC, ou como o jogo do bicho fez no passado que se tornou uma oligarquia.Tião Santos, coordenador de segurança do PT nacional e membro do Conselho Nacional de Segurança (Conase), disse que apenas 12 das 1.020 favelas do Estado estão ocupadas. E entrar em pelo menos 40 delas exigirá dobrar o efetivo da polícia. "Numericamente, é impossível".Por isso, nem todos acreditam na longevidade das UPPs. Cleonice Dias, líder comunitária da Cidade de Deus, afirma que a UPP está ligada a uma satisfação pública de que haverá segurança na cidade para a Copa do Mundo e principalmente para a Olimpíada.Até no morro Santa Marta, em Botafogo, zona sul do Rio, utilizada como exemplo da ocupação, há reclamações. O rapper MC Fiel, representante da comunidade, também fala da revistas ofensivas e questiona o motivo de a polícia permanecer 24 horas ostensivamente na comunidade. "Por que os moradores da Barra não precisam de polícia 24 horas, fazendo revistas ou vendo se carregam armas e drogas e eu preciso?", questiona. Ele conta que foi necessário fazer uma cartilha para os moradores saberem o que policial pode e o que não pode fazer.O secretário estadual de Assistência Social e Direitos Humanos, Luiz Antonio Machado, explicou que esta é a primeira fase das unidades. "Era impossível fazer ação social em lugares ocupados por bandidos beligerantes. Eles provocaram o esvaziamento da capacidade de política publica e de ação social. O poder público não podia mais entrar nessas comunidades. Desocupada, não vamos transformá-la num território de mil maravilhas, mas pretendemos oferecer o básico, transformá-las num lugar semelhante ao restante da cidade, com todos os desafios que ela impõe", afirmou.
Enquanto o governador Sérgio Cabral e o secretário de Segurança José Mariano Beltrame defendem o projeto das Unidades Pacificadoras de Polícia (UPPs), e dizem que a ação violenta dos bandidos é desespero da criminalidade sufocada, moradores das comunidades ocupadas se reuniram ontem para fazer críticas às ações da polícia nas favelas e mostrar frustração em relação ao projeto. Segundo eles, as UPPs têm trazido muita opressão e não adicionam solução a problemas como falta de saúde, educação, emprego e saneamento.
Reunidos no seminário promovido pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), representantes de comunidades ocupadas, e a serem ocupadas, cobraram a mudança de comportamento prometida para os novos policiais e programas sociais efetivos.
"Passamos meses ansiosos esperando a chegada da UPP. A gente queria tudo que o Santa Marta estava vivendo: o teleférico, a geladeira e a paz", conta Mônica Francisco, líder comunitária do Borel, morro da Tijuca, Zona Norte do Rio. "E quando ela chegou, deixamos de ser uma população matável para ser humilhável e espancável", conta. A gente é revistado a cada quarteirão. Mandam colocar os braços no muro e abrir as pernas", relata.
Uma das críticas levantadas por Itamar Silva, coordenador do Ibase, e que reflete a situação atual de violência, é que as UPPs foram planejadas como uma ação para as favelas e não como uma política de segurança para o Estado como um todo. Para ele, é difícil relacionar os ataques às UPPs, mas reconhece que as unidades pacificadoras são uma oportunidade única para tentar solucionar o problema de violência do Estado.
O professor Luis Antonio Machado, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Uerj, diz que as UPPs não podem ser consideradas uma política de segurança e sim a manutenção da ordem pública a partir da ocupação ostensiva das comunidades. Para ele, essas ocupações são positivas, mas só se prolongarão se continuar a haver a aprovação da classe média, "a mesma que reelegeu o governador". Machado afirma que o crime do Rio não se organizou em um bloco como em São Paulo, com o PCC, ou como o jogo do bicho fez no passado que se tornou uma oligarquia.
Tião Santos, coordenador de segurança do PT nacional e membro do Conselho Nacional de Segurança (Conase), disse que apenas 12 das 1.020 favelas do Estado estão ocupadas. E entrar em pelo menos 40 delas exigirá dobrar o efetivo da polícia. "Numericamente, é impossível".
Por isso, nem todos acreditam na longevidade das UPPs. Cleonice Dias, líder comunitária da Cidade de Deus, afirma que a UPP está ligada a uma satisfação pública de que haverá segurança na cidade para a Copa do Mundo e principalmente para a Olimpíada.
Até no morro Santa Marta, em Botafogo, zona sul do Rio, utilizada como exemplo da ocupação, há reclamações. O rapper MC Fiel, representante da comunidade, também fala da revistas ofensivas e questiona o motivo de a polícia permanecer 24 horas ostensivamente na comunidade. "Por que os moradores da Barra não precisam de polícia 24 horas, fazendo revistas ou vendo se carregam armas e drogas e eu preciso?", questiona. Ele conta que foi necessário fazer uma cartilha para os moradores saberem o que policial pode e o que não pode fazer.
O secretário estadual de Assistência Social e Direitos Humanos, Luiz Antonio Machado, explicou que esta é a primeira fase das unidades. "Era impossível fazer ação social em lugares ocupados por bandidos beligerantes. Eles provocaram o esvaziamento da capacidade de política publica e de ação social. O poder público não podia mais entrar nessas comunidades. Desocupada, não vamos transformá-la num território de mil maravilhas, mas pretendemos oferecer o básico, transformá-las num lugar semelhante ao restante da cidade, com todos os desafios que ela impõe", afirmou.
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