terça-feira, 23 de novembro de 2010

Inflação altera cardápio

http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/11/23/inflacao-altera-cardapio

Autor(es): Jorge Freitas
Correio Braziliense - 23/11/2010
 
Preços de frutas e legumes disparam enquanto carne bovina se torna inacessível, obrigando brasileiro a mudar dieta alimentar

 

O aumento da carne, do açúcar, das frutas e dos legumes, semanas antes do Natal e do ano-novo, começa a preocupar a população brasileira e os analistas com a ameaça da volta do fantasma da inflação. As altas são causadas por problemas climáticos e pela alta das commodities (produtos básicos negociados em bolsas de mercadorias) agrícolas no mercado internacional.

Há 15 dias, o policial civil Jailton Ferreira, 34 anos, deixou de comprar maracujá para a mulher dele preparar a sobremesa predileta em sua casa. A culinária familiar está sofrendo porque o quilo da fruta subiu de R$ 2,90 para R$ 4,99, um aumento de cerca de 72%. “Esse preço está impraticável. Só volto a comprar quando diminuir”, disse o policial. A dona de casa Isabel de Souza Casimiro, 44 anos, reduziu o número de maçãs que comprava semanalmente para as filhas, por causa do preço. O quilo da maçã passou de R$ 3,50 a R$ 4,79, um aumento de 36%. Em alguns supermercados, o quilo da maçã custa R$ 5,99.

“As meninas não param de reclamar; tive que diminuir a quantidade porque o orçamento fica apertado”, lamentou a dona de casa. A dentista Erany Almeida Doudement Laje, 46 anos, foi outra que reduziu pela metade o consumo de frutas e legumes.

Assustada com a disparada de preços, a dentista reclama. “O quilo do tomate aumentou de R$ 2,20 para R$ 4,00. Em geral, todas as frutas e os legumes estão mais caros.” A funcionária pública Dulci Maria Rodrigues da Silva, 35 anos, preocupa-se porque faz uma dieta rica em frutas. Ainda não precisei diminuir a quantidade que compro, mas espero que não aumente mais”, comentou.

Igualmente, o presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Fruticultura do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Moacyr Saraiva Neto, avaliou que a disparada dos preços é consequência do período de entressafra das frutas. “Não existe uma tendência permanente de elevação do custo dos produtos. A partir dos primeiros meses de 2011, a situação será normalizada. A produção de maçã nesse período do ano é quase zero. O mesmo vale para as outras frutas”, destacou.

Disparada
Há produtos cuja alta tem consequências ainda mais graves do que a dos preços dos hortifrutigranjeiros. Nos casos do açúcar e da carne bovina, por exemplo, o mercado interno começa a ter dificuldades para comprar, devido à elevação no preço causada pelas cotações internacionais. “Isso reflete o jogo de oferta e procura, causado pela chuva, agora, ou pela seca, em outro momento. É um mercado volátil que obedece os ciclos dos produtos. Esses são movimentos reversíveis”, disse o economista-chefe da Maxima Asset Management, Elson Telles.

Sensíveis aos movimentos do câmbio e às cotações internacionais, os preços do açúcar e da carne bovina estão associados ao câmbio e ao mercado internacional, onde as compras da China impulsionaram vendas e as ações de especuladores determinaram aumento de preços, retirando do mercado interno produtos que antes eram acessíveis ao consumidor brasileiro.

“O governo não está confortável com as intervenções que promove para conter a alta de preços por meio do câmbio, porque o câmbio tem limites para não afetar as exportações. Quando o dólar atinge R$ 1,70 ou R$ 1,65, o preço das commodities sobe, mas a indústria é abalada e reclama”, afirmou Telles.

O gerente comercial de um supermercado na Asa Norte disse que os preços de frutas, legumes e verduras aumentaram por causa das chuvas que provocaram quebra de safras e redução da oferta de produtos. Em relação à maçã, o gerente informou que os produtores brasileiros estão negociando com a Argentina por causa do câmbio favorável.

A alta nos preços do feijão no momento se deve à especulação porque, nesta semana, os preços no atacado despencaram. O analista de mercado da Companhia Brasileira de Abastecimento (Conab), João Ruas, disse que foram oferecidos em leilão 30 mil toneladas do produto, com preço de abertura de R$ 64, mas as vendas foram um fracasso. Agora a Conab vai leiloar outro lote, com preço de abertura de R$ 50, para limpar o estoque. “O mercado neste momento está mais preocupado em comprar artigos de Natal, além disso está abastecido de feijão. O varejo comprou na alta para especular e agora mantém os preços altos”, afirmou.

Carne mais cara pressiona inflação

Autor(es): Márcia De Chiara
O Estado de S. Paulo - 23/11/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/11/23/carne-mais-cara-pressiona-inflacao

Preços da agropecuária subiram 2,34% na segunda semana do mês, puxados pela carne bovina e também pela cana-de-açúcar

Puxados pela carne bovina e pela cana de açúcar, os preços dos produtos agropecuários no campo voltaram a se acelerar este mês, dando uma clara indicação de que os alimentos devem continuar pressionando a inflação ao consumidor nas próximas semanas.
O Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária, calculado pela Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, aumentou 2,34% na segunda quadrissemana de novembro, após ter perdido o fôlego por quatro semanas seguidas e ter encerrado a primeira quadrissemana deste mês com alta de 1,9%.
Desde a segunda quadrissemana de outubro, o indicador que monitora os preços agropecuários ao produtor vinha desacelerando 1 ponto porcentual, em média, a cada semana. Dos 20 produtos pesquisados, 12 subiram na segunda quadrissemana deste mês. A maior alta ocorreu no preço da carne bovina. A arroba do boi gordo (15 quilos) atingiu R$ 105,32 e subiu 13,7% na segunda quadrissemana deste mês. Os bovinos respondem por 16% do indicador.
Já a cana-de-açúcar, apesar de ter registrado alta de 1,65% na segunda quadrissemana deste mês, como o produto responde por 40% do índice, ele foi o item que isoladamente mais pesou para o aumento da inflação no campo, observa José Sidnei Gonçalves, pesquisador do Instituto de Economia Agrícola (IEA) e responsável pelo indicador.
Segundo Gonçalves, dois fatores combinados contribuíram para os preços ao produtor voltarem a se acelerar. O primeiro é a valorização das commodities no mercado internacional em razão do aumento da procura por esses produtos e a desvalorização do dólar, que amplia a procura de investidores por outros ativos, Os preços do algodão e da soja, que subiram 4,62% e 6,82%, respectivamente, na segunda quadrissemana deste mês, por exemplo, só deverão se estabilizar a partir de março do ano que vem, com a entrada da próxima safra no mercado.
Demanda. Outro fator apontado pelo pesquisador é o aumento da demanda. Neste caso, ele ressalta a alta de preços da carne bovina e suína (5,6%). "Com o aumento da massa salarial, a população deixa de consumir ovo e vai para as carnes", diz Gonçalves. De toda forma, ele pondera que, também neste caso, a combinação de seca com a redução do número de animais confinados fez cair a oferta do produto.
"Não vejo a possibilidade de que a alta dos preços dos alimentos seja devolvida mais para frente", afirma o economista da consultoria Tendências, Bernardo Wjuniski. Ele diz que o nível de preços dos alimentos deve continuar alto, mas esses produtos não irão provocar novas pressões. Para o IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), espécie de prévia da IPCA e que será conhecido hoje, o economista projeta alta de 0,75%. O IPCA-15 de outubro foi de 0,62%.
Newton Rosa, economista chefe da Sul América Investimentos, espera que o IPCA-15 deste mês fique em 0,68% e com viés de alta. "A alimentação vai continuar pressionando o indicador, mas o grande destaque deve ser a elevação do preços dos transportes, por causa do etanol, e dos itens de vestuário", prevê.

Com alimentos em alta, Focus já aponta inflação de 5,58% este ano

Autor(es): Patrícia Duarte e Bruno Villas Bôas
O Globo - 23/11/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/11/23/com-alimentos-em-alta-focus-ja-aponta-inflacao-de-5-58-este-ano
Mercado vê IPCA maior também em 2011, pois teme que não haja ajuste fiscal


BRASÍLIA e RIO. Ainda sob pressão dos alimentos e expectativas sobre a política fiscal do governo da presidente eleita Dilma Rousseff, o mercado piorou suas projeções de inflação para este ano e para o próximo. De acordo com a pesquisa semanal Focus, do Banco Central (BC), divulgada ontem, as contas para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, usado nas metas de inflação do governo) de 2010 passaram de 5,48% para 5,58%, enquanto as de 2011 saíram de 5,05% para 5,15%. Em ambos os casos, os números estão afastando-se do centro da meta da inflação para os dois períodos, que é 4,5%.



- A inflação de alimentos continua apertando e tem sido responsável pelas elevações dos indicadores - resumiu o economista-chefe da Máxima Asset Management, Elson Teles.



Em outubro, o IPCA acumulado em 12 meses estava em 5,20%, com os alimentos respondendo por 1,68 ponto percentual do índice. A inflação nos dez primeiros meses do ano está em 4,38%. Apesar do dólar em queda, os preços internacionais das commodities e problemas climáticos têm pressionado os preços de alimentos no Brasil.



A expectativa sobre como será a política fiscal do próximo governo também tem pesado nas contas do mercado, já que Dilma ainda está escolhendo sua equipe econômica. A maioria dos analistas acredita que, como a demanda está aquecida e a inflação já sobe por outros motivos, caberia ao governo um aperto nos gastos - disposição que ainda não está clara.



Apesar das estimativas mais sombrias para a inflação, o mercado não mudou sua projeção para a taxa básica de juros e continua apostando que o BC voltará a elevar a Selic - hoje em 10,75% ao ano - somente em abril de 2011, chegando a dezembro a 12%.



Sobre o Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos pelo país), o mercado manteve suas estimativas de crescimento de 7,60% em 2010 e de 4,5% em 2011.



O aumento das expectativas de inflação provocou ontem alta nos contratos interbancários de juros negociados na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F). Os contratos DI para janeiro de 2012 subiram para 11,77% ao ano. Na sexta-feira, haviam fechado em 11,66%. Para janeiro 2013, avançaram para 12,35% e os com vencimento em janeiro de 2015, para 12,36%.



Rumor de saída de Meirelles faz juro futuro subir



Segundo Hersz Ferman, da Yield Capital, os juros futuros também reagiram a rumores sobre a saída de Henrique Meirelles do BC, o que poderia ser um sinal de perda de autonomia da autoridade monetária:



- O mercado comenta sobre uma possível manutenção dos juros no próximo ano, a despeito do aumento da inflação. Isso exigiria um ajuste maior nos juros lá na frente.



O aumento dos juros futuros pesou sobre as ações do setor de construção e contribuiu para a queda da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), que recuou 1,78%, aos 69.632 pontos pelo Ibovespa, índice de referência. O dia foi de queda nos mercados mundiais, sob temores de contaminação dos problemas da Irlanda em outros países da zona do euro, como Portugal e Espanha. Os papéis ligados a commodities foram os que mais sofreram. As ações preferenciais (PN, sem voto) da Petrobras recuaram 2,49%. Já as ordinárias (ON, com voto) caíram 2,99%.

As incertezas ficaram maiores depois que agência Moody"s informou ter colocado em revisão, para rebaixamento, a classificação de risco irlandês. Em outubro, a agência atribui rating "Aa2" para o país - grau de investimento.

O dólar comercial subiu 0,63%, para R$1,73.


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