quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Política industrial do governo Lula fecha o ano sem cumprir as principais metas

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Autor(es): Alexandre Rodrigues
O Estado de S. Paulo - 24/11/2010

Em meio à ameaça de desindustrialização, governo faz um balanço dos erros e acertos e discute novo plano para Dilma Rousseff

Criada em 2008 para coordenar as ações do governo de incentivo à indústria, a Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP) deve terminar 2010 sem cumprir as quatro principais metas para este ano. Em meio à ameaça de desindustrialização identificada pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, o governo faz um balanço dos erros e acertos da política industrial da era Lula e discute novo plano para Dilma Rousseff.
Em vez dos 21% do Produto Interno Bruto (PIB) estabelecidos pela principal meta da PDP, a taxa de investimento fixo na economia deverá fechar 2010 perto de 19% do PIB. A elevação do gasto privado com pesquisa em desenvolvimento, que a segunda meta fixava em 0,65% do PIB, deve se manter em 0,5%.
Outro objetivo, o aumento de 10% no número de micro e pequenas empresas exportadoras, foi prejudicado pelo câmbio desfavorável. Em 2009, houve queda de 4%.
A quarta meta, a de elevar a participação das exportações brasileiras a 1,25% do total mundial, pode até ser alcançada, especula Reginaldo Braga Arcuri, presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).
A fatia do Brasil nas exportações mundiais pode chegar a 1,35%, mas puxada por produtos primários, que tomaram a liderança dos manufaturados na pauta. Mesmo com a previsão de crescimento de 27% das exportações este ano, a conta deve fechar abaixo do nível de US$ 208 bilhões projetados pela PDP em 2008.
"As metas não servem apenas se foram cumpridas. Servem mais para definir de onde se parte e onde se quer chegar, além de aprender com o que acontece no caminho. Guiam as ações, criam parâmetros de avaliação e dão ao setor privado uma visão clara de para onde o governo quer direcionar o País", diz Arcuri, que participa da secretaria executiva da PDP com representantes de outros órgãos, como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Ministério da Ciência e Tecnologia sob a coordenação do Ministério do Desenvolvimento.
Para o governo, as metas foram frustradas pela crise mundial, desencadeada pouco depois do lançamento da atual política industrial.
Escalada. Foi essa a explicação que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ouviu do BNDES, principal instrumento do plano. A recuperação da taxa de investimento, a principal meta da PDP, foi o motivador da recente escalada de desembolsos do BNDES.
Turbinadas por empréstimos do Tesouro, as liberações do banco saltaram de R$ 92,2 bilhões em 2008 para R$ 137 bilhões em 2009 e devem ultrapassar R$ 146 bilhões este ano, com ênfase no financiamento de bens de capital. Mesmo assim, só foi possível até agora recompor o nível de 2008 do investimento. Segundo projeções do banco, a meta de 21% do PIB só será superada entre 2012 e 2013.
"A crise internacional não é nenhuma desculpa, é um fato concreto. Na formulação da PDP, todas as curvas estavam com vetores para cima e eles caíram perpendicularmente", diz o presidente da ABDI. "A recuperação em V mostra que os fundamentos da economia estão sólidos. Houve a retomada da trajetória anterior, mesmo que não tenhamos a recuperação em números absolutos."
O governo ainda não fechou um balanço das metas da política industrial, cujos resultados só devem ser medidos no início de 2011. No entanto, técnicos dos órgãos envolvidos nas ações da PDP trabalham num relatório de avaliação do que foi conseguido até agora. O documento deve ser entregue pelo ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, à presidente eleita, Dilma Rousseff, com sugestões para a formulação de uma política industrial para o novo governo.
Além de reformular as metas, a ideia é intensificar a interação com o empresariado e agregar categorias como a cadeia produtiva do trigo, a indústria de brinquedos e a de eletrônicos de consumo (como televisores, celulares e aparelhos de som) aos setores econômicos definidos como prioritários pela PDP.
Nos últimos dois anos, setores como os de carnes, software, petroquímica e fármacos receberam incentivos do governo para financiar investimentos, internacionalização e operações de consolidação.

PARA ENTENDER
Segundo plano industrial falha, mas continua
A PDP foi o segundo plano industrial do governo Lula. Deu lugar à Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE), de 2004, ao estabelecer um sistema de metas que guiou a articulação entre órgãos de governo e o meio empresarial em favor da competitividade da indústria. A avaliação no governo é de que, mesmo sem atingir as metas, a PDP foi um instrumento acertado, que deve ser reproduzido na gestão Dilma. A determinação para que a proposta de um novo plano fosse deixada para a próxima gestão veio da própria presidente eleita, ainda como ministra da Casa Civil. O pedido foi reiterado pelo presidente Lula ao BNDES, numa reunião na sede do banco em abril.

Rombo submete o país à especulação

Autor(es): Victor Martins
Correio Braziliense - 24/11/2010

Capital estrangeiro de curto prazo já é usado como solução para financiar a expansão da economia. Deficit atinge US$ 38,7 bilhões

O rombo nas contas externas chegou a US$ 38,7 bilhões no ano após registrar, em outubro, um deficit de US$ 3,7 bilhões. No ano, o tamanho do buraco já é maior que o dobro em igual período de 2009 (US$ 15 bilhões). Pela lupa dos especialistas, o saldo negativo reflete um Brasil crescendo além do que é capaz e dependente do capital de outros países para se financiar. O Investimento Estrangeiro Direto (IED), destinado ao setor produtivo e sempre evocado como antídoto aos estragos nas contas externas, não tem sido capaz de acompanhar tamanha deterioração e o governo está se vendo obrigado a atrair capital especulativo, extremamente sensível às turbulências, para suprir as necessidades do país.

No acumulado de 12 meses, o buraco nas contas externas alcançou US$ 47,9 bilhões, o que representa um avanço de 123,8% ante novembro de 2009. Já o investimento estrangeiro direcionado para a produção avançou em ritmo bem mais modesto: 24,9% em igual base de comparação. O que o capital estrangeiro não tem conseguido cobrir está ficando a cargo dos recursos aplicados na bolsa de valores e títulos da renda fixa. Até outubro, essa porta de entrada para dinheiro estrangeiro no Brasil registrou o maior volume desde 1995: US$ 48,4 bilhões.

Esse cenário, de acordo com economistas ouvidos pelo Correio, mostra que, enquanto o Brasil mantiver taxas de juros elevadas, vai atrair mais dinheiro de especuladores do que recursos para o desenvolvimento do país. “O problema é que, se ocorre uma turbulência, esse capital especulativo vai embora e a gente perde o que financia nosso crescimento”, ponderou Haroldo Mota, professor de finanças da Fundação Dom Cabral. “Somos dependentes desse capital e isso é ruim. Nosso ritmo de atividade está alto e necessitamos alugar equipamentos lá fora e transporte para continuarmos a produzir e exportar”, explicou Mota.

Trajetória

Túlio Maciel, chefe adjunto do Departamento Econômico do Banco Central, argumenta que não há motivo para alarde. Por enquanto, o país está conseguindo se financiar — mesmo que com o dinheiro do mercado financeiro — e o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, soma de todas as riquezas do país), estimado em 7,5% para este ano, está sendo bancado em parte por esses recursos. “O deficit reflete o poder de consumo do brasileiro, que está viajando mais para o exterior e ainda o maior dinamismo da nossa produção”, disse.

Economista-chefe do banco Fibra, Maristella Ansanelli concorda que o buraco nas transações correntes ocorre em função do forte crescimento do país, porém, ela afirma que é preciso pensar no longo prazo e mudar esse quadro. “No curto prazo, ele está permitindo que a gente cresça, mas isso é sustentável?”, questiona. “Não pode crescer (o rombo) indefinidamente. Se não conseguirmos financiar isso, os impactos virão por meio de desvalorização do real e inflação”, alertou.

Ainda assim, as projeções não são de melhora nessas contas. “Até o fim deste ano, esperamos que o deficit em conta-corrente siga a mesma trajetória de intensificação observada nos últimos meses, encerrando o ano em torno de US$ 50 bilhões”, calculou Octavio de Barros, diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco. Para 2011, o BC projeta um rombo de US$ 60 bilhões, mas analistas de mercado e economistas mais pessimistas afirmam que o buraco pode chegar a US$ 80 bilhões.

Gasto sem precedente
O brasileiro tem viajado como nunca e gastou em outubro, mês fora do período tradicional de férias, US$ 1,6 bilhão no exterior — a maior despesa desde 1947, segundo os dados do Banco Central. A diferença entre os desembolsos lá fora e o de estrangeiros no Brasil deixou um saldo negativo de US$ 1,2 bilhão, também o maior do levantamento. O dólar baixo e o aumento do poder de consumo têm impulsionado as idas para o exterior e, consequentemente, os gastos além-fronteira.

Na comparação entre o outubro de 2009 e o deste ano, houve um salto na gastança. O volume disparou 36%. Os desembolsos dos estrangeiros, porém, registraram um leve recuo de 3,3%. “A verdade é que o brasileiro está rico momentaneamente. Com um câmbio em torno de R$ 1,72, o turista vai para o exterior achando que é farra. Mas uma hora teremos de pagar a conta e o deficit nas contas externas mostra isso”, argumentou Haroldo Mota, professor de finanças da Fundação Dom Cabral.

No acumulado de janeiro a outubro, o saldo entre as despesas de brasileiros lá fora e a de turistas estrangeiros no país ficou negativo em US$ 8,4 bilhões. Em 12 meses, o resultado também ficou negativo: US$ 9,6 bilhões de rombo na conta de
viagens. Os gastos lá fora, no mesmo período, somaram
US$ 15,3 bilhões. Os dois volumes são também os maiores já registrados pelo BC.

Além do câmbio baixo, o mercado de trabalho pujante no Brasil, somado à melhoria da renda dos brasileiros e aos preços mais cômodos das passagens aéreas, tem impulsionado as viagens internacionais. “A nova classe C está incrementando o movimento de passageiros neste último ano e descobriu que ir para o exterior não é algo impossível”, ponderou Mota.

A depender do mês da viagem, para um brasiliense, por exemplo, ir à Argentina ou a outros países da América do Sul sai mais em conta do que um passeio a determinadas praias do Nordeste ou algumas regiões do Sul do país. A dica de especialistas é programar com antecedência e tentar comprar as passagens pelo menos dois meses antes. Se puder evitar os períodos de alta temporada, o consumidor também encontrará hospedagem mais barata e atendimento diferenciado. (VM)

Remessa de lucros
Com alguns países da Europa passando por mais turbulências e diante da incerteza de que os problemas irão se propagar para as nações com saúde financeira, as filiais de multinacionais no Brasil estão remetendo para as matrizes lucros e dividendos. Apenas em outubro, o envio desse dinheiro para o exterior somou US$ 1,7 bilhão. No acumulado do ano, o volume chegou a US$ 17,7 bilhões.
Saldo positivo em dólares» A entrada de dólares continua forte no país.
Até 19 de outubro, o fluxo cambial ficou em US$ 750 milhões. Os dados preliminares, divulgados ontem pelo Banco Central, mostram um saldo positivo de US$ 445 milhões na balança comercial e mais US$ 305 milhões em operações financeiras. Nesse item, o ingresso e recursos externos para aplicações diversas no país somou US$ 16,4 bilhões, enquanto as remessas em pagamento de compromissos de entidades brasileiras no exterior atingiram US$ 16,1 bilhões. A posição vendida dos bancos também — a aposta das instituições de que o dólar continuará a derreter — também aumentou. Passou de US$ 12,4 bilhões em outubro para US$ 13,5 bilhões até a última sexta-feira, exibiram os levantamentos realizados pelo BC.



Estrangeiro reduz foco em renda fixa

Valor Econômico - 24/11/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/11/24/estrangeiro-reduz-foco-em-renda-fixa
 
O aumento da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), medida adotada pelo governo para tentar conter a valorização do real, teve forte impacto no apetite dos estrangeiros por títulos de renda fixa no país. O fluxo de recursos para aplicação nesses papéis está negativo no mês de novembro. A saída líquida já soma US$ 52 milhões, até o dia 23, segundo dados parciais do Banco Central (BC).
O volume contrasta com os três meses anteriores, quando os investimentos estrangeiros em títulos de renda fixa somaram US$ 5,560 bilhões. Em outubro, as aplicações atingiram US$ 1,747 bilhão. Em setembro foram mais US$ 1,074 bilhão e, em agosto, outros US$ 2,739 bilhões. Julho foi o último mês com saldo negativo (US$ 64 milhões).
Segundo Túlio Maciel, chefe-adjunto do Departamento Econômico do BC, essa conta de fato é muito volátil, sofrendo com oscilações de acordo com os movimentos de mercado, mas não pode ser descartada a influência da elevação do imposto nos dados de novembro. "Essa conta é bastante volátil, mas não dá para desvincular (o resultado) do aumento do IOF", diz.
A maior parte dos recursos aplicados estrangeiros em renda fixa, mais de 90% do que foi aplicado no ano, é direcionada para papéis de médio e longo prazo. No acumulado do ano, os títulos de renda fixa no país atraíram US$ 14,802 bilhões até outubro, uma elevação de 78,5% sobre o mesmo período do ano passado, quando as aplicações somavam US$ 8,289 bilhões. Em 2009, essa conta atingiu US$ 10,077 bilhões.




Investimento direto soma R$ 31,6 bi no ano

Autor(es): Fernando Travaglini | De Brasília
Valor Econômico - 24/11/2010
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A entrada de recursos estrangeiros no país, tanto para investimento em empresas quanto para aplicação em títulos e ações, já superou as expectativas do Banco Central (BC) para o ano. Até o dia 23 de novembro, o investimento estrangeiro direto (IED) somou US$ 31,6 bilhões, acima da projeção da autoridade monetária, que é de US$ 30 bilhões. Já a entrada para aplicação em portfólio, até outubro, atingiu R$ 48,484 bilhões, também acima do previsto pelo BC (R$ 38 bilhões), graças à oferta de ações da Petrobras.
Depois de um primeiro semestre abaixo do esperado, os aplicadores internacionais voltaram a trazer recursos para o país de forma mais intensa em setembro, quando o IED foi a US$ 5,4 bilhões, surpreendendo o BC. Em outubro, novamente a entrada para investimento direto superou as expectativas da autoridade monetária e atingiu R$ 6,771 bilhões, o melhor resultado para um mês de outubro da série histórica iniciada em 1947. Desse total, US$ 4,1 bilhões vieram de aplicações direta em capital, enquanto US$ 2,7 bilhões são decorrentes de empréstimos intercompanhias. A expectativa da autoridade monetária é que novembro se encerre com US$ 2,8 bilhões.
Segundo o chefe-adjunto do Departamento Econômico do Banco Central, Túlio Maciel, o movimento é fruto direto da situação favorável da economia brasileira. "O cenário é bastante positivo". Ainda de acordo com Maciel, os investimentos estão distribuídos por diversos setores da economia, com maior destaque para mineração, indústria automobilística e serviços financeiros.
Os estrangeiros também reforçaram os investimentos em portfólio neste fim de ano. As aplicações em ações somaram US$ 14,536 bilhões em outubro, sendo US$ 4,943 bilhões em papéis no país e US$ 9,593 bilhões em ações no exterior (Depositary Receipts), ainda sob reflexo da capitalização da Petrobras. Outros US$ 1,747 bilhão foram direcionados para ativos de renda fixa no país, também em outubro.
Com isso, o investimento estrangeiro em ações e renda fixa no país atingiu o patamar de US$ 48,48 bilhões no ano, até outubro, maior valor da série histórica iniciada em 1995, superando o recorde anterior do ano passado (US$ 47,148 bilhões).
O fluxo de recursos trouxe para baixo o déficit em transações correntes do mês, para US$ 3,7 bilhões, melhor do que o esperado pelo mercado (US$ 4,0 bilhões). Ainda assim, dado a demanda doméstica por bens e serviços importados, além do aumento dos investimentos brasileiros no exterior, o resultado foi o maior déficit em transações correntes para o mês de outubro dos últimos doze anos. Pesou contra o forte gasto com viagens internacionais, o maior da série histórica, de US$ 1,3 bilhão, além das despesas com aluguel de equipamentos e transportes e as remessas de lucros e dividendos.
No acumulado do ano, o rombo nas contas externas alcançou US$ 38,8 bilhões, mais do que o dobro dos US$ 15,1 bilhões registrados no mesmo período do ano anterior. Nos últimos doze meses, o déficit acumulado foi a US$ 48 bilhões, equivalente a 2,43% do PIB. A previsão da autoridade monetária é que a conta corrente feche o mês de novembro deficitária em US$ 4,4 bilhões, segundo Maciel. A previsão do BC para o ano é de US$ 49 bilhões (2,49% do PIB). Para 2011, a autoridade monetária espera rombo de US$ 60 bilhões (2,78% do PIB).


Uma briga de R$19,5 bi anuais

Autor(es): Gustavo Paul e Cristiane Jungblut
O Globo - 24/11/2010
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Indústria quer devolução de ICMS a partir de 2011, mas governadores tentam prorrogar para 2021



Uma fatura anual de R$19,5 bilhões está colocando em lados opostos os governadores eleitos em outubro e a indústria. Este é o valor anual - correspondente a 11,1% da arrecadação de ICMS de todas as unidades da federação - que os estados perderão em suas receitas com o repasse para o setor produtivo em créditos do imposto estadual relativos à compra de mercadorias para uso e consumo, como papel e combustível, entre outros. Também entra na conta uma parcela da energia elétrica e de serviços de comunicação. De acordo com a Lei Kandir, a partir de 1º de janeiro de 2011 o pagamento desses créditos se tornará obrigatório. Os estados querem adiar a data.



Na prática, a indústria quer passar a receber de volta o imposto que paga embutido nas mercadorias, na energia e nos serviços de comunicação que consome para fabricar seus produtos. A Lei Kandir, sancionada em 1996, prevê essa devolução ao proibir a chamada cumulatividade de ICMS (cada etapa de produção deve pagar apenas o imposto relativo a sua atividade).



Ontem, um grupo de cinco governadores eleitos e dois vice-governadores se reuniu com o presidente da Câmara e vice-presidente da República eleito, Michel Temer, a fim de pressionar para que seja levado a plenário ainda este ano o projeto de lei (PL) 352, de 2002. O objetivo é incorporar a ele uma emenda que prorroga para 1º de janeiro de 2021 a obrigação de pagar esses créditos.



Diante de uma perda anual de R$7,1 bilhões em sua arrecadação anual, o governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin, resumiu a posição dos colegas:



- A gente precisa que vote (a Lei Kandir).

Perda do Estado do Rio é de R$1,7 bi

Também estavam presentes os governadores eleitos Antonio Anastasia (MG) e Renato Casagrande (ES), os reeleitos Jaques Wagner (SP) e Cid Gomes (CE), além dos vice-governadores do Rio, Luiz Fernando Pezão, e do Rio Grande do Sul, Beto Grill.



A perda prevista para o Rio de Janeiro chega a R$1,7 bilhão. Será um baque expressivo para os cofres fluminenses, pois corresponde exatamente ao valor da arrecadação de royalties de petróleo em 2009. Ao todo, o Rio perderá 11,8% de sua receita de ICMS caso tenha de conceder esses créditos. A maior perda proporcional, porém, é a do Mato Grosso, que comprometeria com créditos R$625 milhões de receita, 16,1% do que arrecada de ICMS.



Na outra ponta, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) reage contrariamente à ideia. Preocupado em garantir maior competitividade à indústria, o recém-empossado presidente da instituição, Robson Andrade, disse ao GLOBO ser contra prorrogar essa exceção à lei.



- Estamos trabalhando a favor de validar a Lei Kandir. Para produzir precisamos pagar luz, papel etc. Temos de reduzir esses custos e fazer com que a indústria se torne mais competitiva - afirmou Andrade.



A devolução de créditos tributários é um dos nós de competitividade apontados pelo setor produtivo. Tem destaque, por exemplo, na pauta dos exportadores, tanto que o governo os atendeu parcialmente no meio deste ano. Outro objetivo da Lei Kandir é desonerar o ICMS dos produtos (primários ou industrializados semi-elaborados) e serviços com a finalidade de exportação. A lei prevê que o governo federal deverá ressarcir os estados.



Segundo Andrade, o ressarcimento do pagamento desse tributos, na forma de créditos, é uma forma de aumentar a competitividade da indústria. Desde que a Lei Kandir foi aprovada, o prazo já foi alterado três vezes. A data original era janeiro de 2003. Um projeto de 2000 transferiu-a para janeiro de 2007 e, em dezembro 2002, foi aprovada outra lei alterando o fim da exceção para dezembro de 2010.



Para não afetar os estados, Andrade sugere que o pagamento desses créditos cresça gradualmente, mas que tenha data para acabar.



- Compreendo a preocupação dos governadores, mas não podemos esperar mais dez anos para receber esses créditos.



A CNI critica ainda outro artigo do PL 352, que propõe a incidência do ICMS sobre todas as etapas de circulação de energia elétrica e não apenas para a energia consumida. Segundo a entidade, o artigo "assume elevado tom arrecadatório, estabelecendo um mecanismo que geraria aumento expressivo da carga tributária, com grave reflexo para a competitividade do produto nacional".



Preocupados com a saúde financeira de seus estados, os governadores apresentaram uma lista de reivindicações ao Parlamento. Além das questões relativas à Lei Kandir, os governos estaduais querem a prorrogação do Fundo de Combate à Pobreza e a não votação da chamada PEC 300, que trata de um piso nacional para policiais.

Projeto do pré-sal tranca as votações

O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), foi o porta-voz do encontro. Ele afirmou que a aprovação do projeto que trata da Lei Kandir é importante para evitar prejuízos financeiros para os estados. Se tiver de começar a devolver à indústria os créditos do ICMS sobre consumo, a Bahia, por exemplo, terá um prejuízo de R$739 milhões no ano que vem. Segundo o governador, há pressa na votação dos projetos.



- Creio que o peso de representação era muito grande: um coletivo de governadores de diversos partidos. São receitas fundamentais, e, se não houver essa compensação, os estados terão dificuldade, porque corta um ingresso - disse Wagner.



As articulações para modificar a lei começaram discretamente na semana passada. Geraldo Alckmin disparou telefonemas para parlamentares, como o líder do DEM na Câmara, Paulo Bornhausen (SC), falando dos prejuízos se o projeto não for aprovado. A emenda que prorroga para 2021, de autoria do deputado Rodrigo de Castro (PSDB-MG), foi articulada pelos governadores.



Mas há dois problemas para viabilizar o desejo dos governantes. O primeiro é a urgência do projeto que estabelece as regras de exploração do pré-sal, que tranca a pauta de sessões extraordinárias e impede a votação do PL 352. O outro é o temor do governo de que a votação em sessões extraordinárias da Câmara permita a votação da PEC 300.



Ontem, depois do encontro dos governadores, os líderes da base aliada se reuniram para tentar chegar a uma conclusão, mas o impasse permaneceu. O líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), disse que, por enquanto, o governo não vai retirar a urgência do pré-sal.


Brasil tem maior lucro dos Bric com cartões

Autor(es): Adriana Cotias | De São Paulo
Valor Econômico - 24/11/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/11/24/brasil-tem-maior-lucro-dos-bric-com-cartoes


Entre os países que compõem o bloco dos Bric (sigla para Brasil, Rússia, Índia e China), o Brasil é o segundo maior mercado em cartões emitidos e volumes movimentados. É o último da lista em financiamento no crédito rotativo, mas no quesito lucratividade, ocupa o primeiríssimo lugar.
Essa fotografia faz parte de estudo da consultoria inglesa Lafferty, presente em mais de 65 países e que, recentemente, se estabeleceu no país por meio de uma "joint venture" com a Partner Conhecimento. A partir do escritório local vai prestar serviços de consultoria para outros mercados da América Latina e do Caribe.
De acordo com o levantamento, o Brasil fechou 2009 com 567 milhões de cartões, entre crédito, débito e unidades emitidas por lojistas ("private label"), gerando uma movimentação financeira de US$ 128,5 bilhões. A China tinha então 1,8 milhão de plásticos, com quase o dobro do giro brasileiro, o equivalente a US$ 293,1 bilhões. Enquanto o consumidor local gastou, em média, US$ 937 por cartão que levava na carteira, o chinês teve uma despesa de US$ 1,538 mil.
Mas quando se fala em financiar compras por meio do cartão, usando-o efetivamente como ferramenta de crédito, o Brasil teve o pior desempenho, com uma média, por cartão, de US$ 192 no rotativo, enquanto Índia


(US$ 278), Rússia (R$ 553) e China (R$ 616) estão à frente.

Isso não impediu, porém, que o país liderasse em rentabilidade, com um lucro por cartão de US$ 20 no ano, seguido pela Índia, com US$ 12 e pela Rússia, com US$ 5. A China, por sua vez, teve prejuízo de US$ 1 por cartão. Nessa conta foram excluídos os cartões de loja no Brasil. Já o lucro antes de impostos do conjunto de empresas que atuam na cadeia de meios eletrônicos de pagamentos também foi mais favorável para o país, com um resultado anual de US$ 3,75 bilhões, com a Índia em segundo lugar com distantes US$ 250 milhões. Para se chegar a esses números a Lafferty considerou itens como receitas obtidas com credenciamento, com juros, comissões e tarifas de transações no auto-atendimento.
Os números excepcionais do Brasil explicam por que o mercado local entrou no radar dos investidores estrangeiros, disse o presidente do Lafferty Group, Michael Lafferty, que está no país para uma série de apresentações, acompanhado de especialistas do Reino Unido, Canadá e Estados Unidos. "O Brasil sabe como ganhar dinheiro com esse negócio." Para ele, possíveis mudanças regulatórias no setor não diminuem a atratividade porque esse tipo de risco existe em qualquer mercado. É o que ocorre nos Estados Unidos, país onde nasceu o cartão de crédito e cujo setor ainda passa por mudanças.
Entre os interessados em conhecer melhor o mercado brasileiro estão, principalmente, empresas do ramo de credenciamento, tecnologia, comércio eletrônico e de pagamento móvel.
Um nome já certo para ingressar no país é a americana Global Payments, que na sua última teleconferência de resultados, em outubro, revelou costurar uma parceria com um banco brasileiro para começar do zero uma operação no ramo de captura de transações.


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