O embaixador do Irã em Brasília acusou bancos brasileiros de estarem pondo em risco as relações comerciais entre os dois países, intensificadas pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Mahmoud Ahmadinejad. A crítica diz respeito à resistência dos bancos a participar de operações de exportações para o mercado iraniano. Essas resistências aumentaram este ano, após a imposição de sanções internacionais ao Irã por conta de seu programa nuclear. Em termos pouco usuais para a linguagem diplomática, o embaixador Mohsen Shaterzadeh, disse em entrevista ao Valor, na quarta-feira, que, se as dificuldades permanecerem, seu país começará a substituir fornecedores brasileiros por de outros países. As sanções impostas a Teerã pelos Estados Unidos, pelas Nações Unidas e pela União Europeia têm desencorajado o envolvimento dos bancos - do Brasil e de outros países - em apoiar as vendas para os iranianos. Além disso, há o temor das instituições brasileiras, principalmente daquelas que têm papéis nas bolsas nos EUA, de sofrer algum tipo de retaliação. Nenhuma das sanções restringe a venda de alimentos para o Irã. O problema, para os iranianos, é que restrições financeiras dificultam indiretamente a importação de qualquer produto que precise da intermediação bancária. O Irã é atualmente um dos principais mercados da carne bovina exportada pelo Brasil. O país passou a rivalizar com a Rússia como maior comprador. Além da carne, produtos como açúcar, milho, derivados de soja e carne frango lideram a pauta brasileira para o Irã. As exportações totais para o país passaram de US$ 292 milhões, em 2000, para quase US$ 2 bilhões, valor estimado para este ano.
Exportadores atribuem o aumento das vendas em parte à aproximação forjada por Lula entre o Brasil e Irã. O embaixador, no entanto, vê um risco a esse avanço. "Infelizmente, o comportamento dos bancos brasileiros não é aceitável, não é um comportamento adequado nesse sentido. Até esse momento, o Irã mostrou boa vontade em resolver essas questões, esses obstáculos. Mas, se os bancos brasileiros quiserem continuar com esse comportamento, certamente nós teremos de fazer uma revisão da importação de carne brasileira. Essa revisão pode ser até de outros produtos que nós importamos, como soja, açúcar, óleo, e facilmente nós podemos substituir esses produtos que importamos do Brasil pelos de outros países." Bancos brasileiros têm se recusado a financiar exportações para o Irã. Têm se recusado ainda a confirmar as garantias de bancos iranianos para viabilizar as vendas. Para vender para o Irã, os exportadores brasileiros em geral recorrem a garantias bancárias mais abrangentes do que quando lidam com mercados tradicionais. As operações começam do lado iraniano: o importador pede a um banco do país uma garantia de crédito. Essa garantia precisa ser confirmada por um banco internacional de primeira linha. O pagamento chega às mãos dos exportadores - no caso brasileiros - por meio de um banco no Brasil. Mas bancos europeus se retiraram das operações de confirmação das garantias de crédito após as sanções, o que levou as empresas brasileiras a buscar bancos árabes. Embora tenham estrutura, grandes bancos do Brasil evitam a fazer a confirmação das garantias e a participar da internalização dos recursos pagos pelos iranianos. "Essa é a primeira vez que estou falando sobre o comportamento dos bancos. Antes disso, tivemos muitas conversas com autoridades brasileiras. As empresas iranianas e as empresas brasileiras gostam de trabalhar em conjunto, mas infelizmente o comportamento dos bancos brasileiros não é lógico", disse Shaterzadeh. Apesar das dificuldades, as vendas brasileiras ao Irã ainda estão crescendo. No caso da carne bovina, o Brasil exportou 89 mil toneladas em 2009, segundo o embaixador. Entre janeiro e setembro deste ano, as vendas já estavam em 160 mil toneladas. Segundo ele, esse é um dos resultados do interesse das empresas de ambos os lados e das gestões de Lula e Ahmadinejad para reforçar as relações econômicas e políticas. "Pelas informações que temos recebido, as autoridades brasileiras estão, de certa forma, resolvendo esses problemas, mas não temos muito tempo." Em agosto, conforme publicou o Valor, a Caixa Econômica Federal se preparava entrar nas operações de financiamento das exportadores brasileiras para o Irã e tentar compensar a ausência dos bancos privados. A reportagem questionou o banco ontem sobre a sua atuação em relação ao Irã, mas a assessoria de imprensa da Caixa não respondeu até o fechamento desta edição. Shaterzadeh, que está à frente da embaixada desde 2008, não é diplomata de carreira. É a primeira vez que atua como embaixador . Doutor em engenharia de materiais pelo Instituto de Nacional de Ciências Aplicadas de Lyon, na França, Shaterzadeh foi vice-ministro de Economia e Relações Internacionais de 2005 e 2008 e secretário de comissões conjuntas do Irã com países como Venezuela, Bolívia, Cuba e Nicarágua. Para ele, as relações com o Brasil estão no melhor momento da história. Lembra que Lula e Ahmadinejad estipularam como meta ampliar a corrente de comércio para US$ 10 bilhões em cinco anos (meta ambiciosa, pois supera o comércio de 2009 do Brasil com a Itália). Mas isso, diz ele, se os obstáculos financeiros forem vencidos. "Se o Brasil quer ativamente desenvolver as relações comerciais com o Irã certamente tem que mudar o comportamento dos bancos brasileiros. Consideramos essa resolução do Conselho de Segurança da ONU injusta e ilegal, mas também consideramos o que comportamento dos bancos brasileiros vai muito além dos limites da resolução."
Senador propõe 'economia florestal' forte na Amazônia
Autor(es): Daniela Chiaretti | De Belém (PA) |
Valor Econômico - 26/11/2010 |
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/11/26/senador-propoe-economia-florestal-forte-na-amazonia |
"Tem agenda do mundo para a Amazônia, vinculada às emissões, mas qual a agenda da Amazônia para o mundo?", começou o ex-governador do Acre e senador eleito Jorge Viana. "É preciso fazer uma inversão", defendeu, "e transformar a região mais pobre do país, na mais rica." O caminho que ele sugere passa pelo fortalecimento da economia florestal, pela logística e infraestrutura mais adequada à região, pela exploração sustentável de seus recursos minerais e pela industrialização. "A Amazônia não vai a lugar nenhum vivendo de vender matéria-prima e essências para empresa. É preciso dar escala a essa economia." Viana falou no seminário "Desafios para a Amazônia em 2011" promovido pelo Fórum Amazônia Sustentável e que começou ontem, em Belém. O fórum agrupa 237 organizações, entre empresas como Vale, Alcoa, Suzano, Natura e Petrobras, ONGs e governos. Segundo Viana, o novo governo tem estratégia "quase explícita" de consolidar a infraestrutura para que o país possa crescer - uma rota que ele pretende aproveitar. A presidente eleita Dilma Rousseff não conhece profundamente o tema e a região, mas, Viana não acha isso um problema. "Desde que a gente esteja disposto a tentar conquistá-la. O pior seria se ela tivesse posição pré-determinada e equivocada da Amazônia. Dilma quer este país crescendo, e isso para mim é um atrativo." "A economia florestal tem que estar no centro do debate", defendeu o novo senador. "A infraestrutura não pode ser feita só para ligar uma cidade à outra, tem que estar vinculada a um modelo de desenvolvimento. Economia florestal significa dar uso múltiplo à floresta e, inclusive com o que temos debaixo do solo", continuou. "Não me assusta alguém querer implantar uma siderúrgica no Pará. O que me assusta é importar o carvão." Adalberto Veríssimo, pesquisador do Imazon, lembrou que o Pará é maior que toda a região Sudeste do Brasil e que existem 10 milhões de hectares abandonados no Estado, o que corresponde à área de dois Estados do Rio de Janeiro. Em 1990, lembrou, 48% da população na Amazônia vivia na extrema pobreza, percentual que foi reduzido para 42% em 2009 - ou seja, melhorou, mas bem timidamente, o que confirma que o modelo de desenvolvimento na região tem que ser outro. A ilha do Marajó, diz, tem um dos mais baixos IDHs do país. Mas ele é otimista: "Acredito que estamos frente a um novo ciclo de desenvolvimento na Amazônia". Helenilson Pontes, vice-governador eleito do Pará pelo PPS, reclamou do pouco que a região recebe do governo federal. "Como podemos discutir o futuro de uma região com tantas potencialidades, se o que fica aqui ou o que recebemos é tão pouco?". Outro ponto forte do seminário foi a discussão em torno das mudanças no Código Florestal. "O que está se discutindo ali é anistia. Não se está discutindo biodiversidade ou recursos hídricos", disse Valmir Ortega, diretor do programa Cerrado/Pantanal da Conservação Internacional, referindo-se ao relatório do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP). "O relatório está discutindo a dívida de milhões de hectares desmatados, um passivo que ninguém sabe ao certo quanto é, mas que não será pago", continua. "Ele isenta agora, limpa a ficha de quem desmatou e dá moratória de cinco anos ao desmatamento." Segundo Ortega, 99,99% do desmatamento no Pará é ilegal. No Mato Grosso, 98%. "Não se pede licença para desmatar", diz. Ex-secretário de Meio Ambiente do Pará, Ortega calcula que a produção de madeira ilegal na Amazônia está entre 4 e 5 milhões de metros cúbicos, sendo que o Pará responderia por cerca de 2 milhões de metros cúbicos. "Não adianta negociar no Congresso que vamos abrir mão do grande passivo ambiental do setor rural, em troca da promessa que daqui para a frente não acontecerá mais. Não funciona." A solução, defendeu, é ampliar a capacidade de governança e criar uma política ambiental com instrumentos como o pagamento de serviços ambientais para recuperar parte dos ativos florestais perdidos. "Temos que pensar em algo completamente novo."
Técnica transforma biomassa em matéria-prima de plástico e resina http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe2611201003.htm
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA- Engenheiros químicos da Universidade de Massachussets criaram uma técnica para produzir matéria-prima para a indústria em grandes quantidades a partir de biomassa.
Com restos de madeira e dejetos agrícolas, eles chegaram a um óleo com substâncias essenciais para fabricar produtos como solventes, detergentes e até plásticos.
Com a ajuda de um novo passo na reação química que produz o óleo, a equipe conseguiu obter uma quantidade três vezes maior do combustível em relação ao que era possível no passado. O feito pode abrir caminho para diminuir a dependência em relação ao petróleo na indústria, usando matéria-prima renovável.
commodities
Setor de ferro-gusa se une contra crise
Empresas do Maranhão e Pará vendem 147 mil toneladas à China, no primeiro grande embarque desde 2008 Estratégia de fechar grande navio reduziu custo de frete; setor ainda opera com 30% da capacidade instalada
TATIANA FREITAS
DE SÃO PAULO
O Brasil fará o maior embarque de ferro-gusa da história na próxima semana -o gusa é um metal obtido no processo de transformação do minério de ferro em aço.
Cinco empresas do chamado "sistema norte" de produção enviarão um navio com 147 mil toneladas de gusa à China -destino também inédito para essas usinas.
Mas não foi a expansão das atividades que levou as médias empresas maranhenses Viena, Gusa Nordeste, Margusa e Fergumar, além da paraense Sidepar, a esse novo desafio. Pelo contrário, elas se uniram para sobreviver no mercado.
Desde a crise de 2008, as usinas de gusa do Norte do país praticamente não exportam. Altamente dependentes dos EUA, elas tiveram contratos quebrados na época e ainda não conseguiram retomar os embarques.
Com as grandes siderúrgicas brasileiras atendidas pelas usinas do "sistema sul" (Minas Gerais, Espírito Santo e Mato Grosso) e um alto custo de frete para exportar aos países da Ásia, o nível de atividade caiu drasticamente.
Dos 40 altos-fornos (onde é produzido o gusa) instalados no Pará e Maranhão, hoje apenas 16 estão ligados e operam apenas com metade de sua capacidade instalada.
"Com o acesso ao mercado asiático viável, vemos uma luz no fim do túnel", afirma Claudio Azevedo, presidente do Sifema (Sindicato das Empresas de Ferro-Gusa do Maranhão).
O embarque das 147 mil toneladas só será possível graças a uma parceria das usinas com a Vale, principal fornecedora de minério de ferro para essas empresas.
Como os outros portos da região não têm porte para a atracação de um navio "capesize", como o que levará o gusa à China, a Vale cedeu o píer II do porto privativo de Ponta da Madeira, em São Luís (MA), para as usinas.
A estratégia resultou em uma economia de US$ 20 (R$ 34,40) por tonelada transportada. "Essa parceria entre as usinas para embarcar uma carga maior é o modelo a ser seguido para o setor retomar suas atividades", diz o presidente do Sifema.
A CRISE CONTINUA
A forte queda de demanda apresentada pelas siderúrgicas americanas não é o único problema enfrentado pelos produtores de ferro-gusa.
A valorização do real e a alta do preço do minério de ferro prejudicam a rentabilidade das usinas e contribuem para a ociosidade do setor, que hoje opera com cerca de 30% da capacidade instalada, segundo Azevedo.
Em Minas Gerais, responsável por 60% da produção de ferro-gusa do país, as usinas trabalham com metade da capacidade histórica, apesar de também fornecerem o produto para as siderúrgicas do mercado interno.
"O baixo preço da sucata, comparado ao gusa, diminuiu o interesse das siderúrgicas pelo produto", diz Paulino Cícero, do Sindifer (sindicato da indústria do ferro de Minas). Na produção de aço, o gusa pode ser substituído em parte por sucata.
Exportações argentinas de carne caem 59% em volume e 42% em receita
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/me2611201037.htm
A Argentina perde espaço no mercado externo em um dos seus principais produtos: a carne bovina.
Dados de ontem da Senasa (organismo federal que certifica a qualidade da carne no país) mostram que as exportações externas de carnes frescas recuaram para 123 mil toneladas até outubro, 59% menos do que o volume de igual período anterior.
Além da perda de renda e de poder do setor de carnes, a redução nas vendas externas representa grande perda de receitas. Neste ano, o setor de carnes frescas arrecadou apenas US$ 623 milhões, 42% menos do que de janeiro a outubro de 2009.
A soma total das exportações do setor de pecuária -incluindo carnes, leite, produtos processados e couro- recuou para US$ 2,3 bilhões, abaixo dos US$ 2,5 bilhões de 2009.
As perdas não se restringem apenas às carnes, mas o país também perde força no leite, outro produto tradicional nas exportações. Até outubro, as vendas externas do país recuaram para 121 mil toneladas. Já as receitas, devido à alta de 48% no valor da tonelada, subiram 22%.
O Brasil foi importante para o vizinho. Os argentinos venderam 69 mil toneladas de carnes e derivados para o Brasil.
No setor de leite, o Brasil continua sendo importante para a Argentina, mas o país perdeu o posto de principal importador, que foi assumido pela Venezuela.
Neste ano, as compras brasileiras de leite somaram 27 mil toneladas, 25% menos do que em igual período do ano anterior.
Os argentinos perdem espaço também no setor de queijos. As exportações totais do país caíram 16% em volume neste ano, para 35 mil toneladas. Já o Brasil elevou as importações em 27%.
Mais queda A arroba de boi gordo voltou a cair e fechou em R$ 108,90, segundo acompanhamento de preços do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). A queda foi de 1,4%.
Pluma O algodão, outro produto que vinha com grande pressão nos preços, voltou a cair ontem no mercado interno. O Cepea apurou queda de 1% no preço, que recuou para R$ 2,69 por libra-peso (454 gramas).
Nova queda O feijão voltou a cair ontem, segundo dados do IEA (Instituto de Economia Agrícola). Os preços médios recuaram para R$ 92,50 por saca -baixa de 10%.
Na Irlanda Já em 24 países, a Miolo Wine Group consegue mais um mercado à sua lista: o da Irlanda. Líder brasileira na exportação de vinhos finos, os produtos da empresa gaúcha estarão disponíveis nos bares, em hotéis e nos restaurantes daquele país.
Comercialização de soja é de 57% em Mato Grosso
Pelo menos 57% da safra de soja de Mato Grosso que está sendo semeada já foi comercializada, segundo o Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária). O movimento ocorre devido ao aumento do preço da saca da soja no mercado internacional. No mesmo período do ano passado, a comercialização atingia 30%.
Já a venda de milho está praticamente no final. Devido aos leilões da Conab, faltam apenas 250 mil toneladas, o que mostra que 97% do produto já foi comercializado. No ano passado, as vendas somavam 80%.
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