segunda-feira, 22 de novembro de 2010

O vagão saiu dos trilhos

http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/11/22/o-vagao-saiu-dos-trilhos
Autor(es): Ernesto Lozardo
O Estado de S. Paulo - 22/11/2010

A taxa de desemprego nos Estados Unidos vem aumentando gradualmente desde 2000. Em parte, isso se deve à crise financeira e à retração da demanda. As vagas laborais têm crescido, mas mesmo assim o desemprego continua elevado. Em 2000 essa taxa foi de 4%; neste ano, deverá ficar em torno de 9,7%. Mas a crise financeira e fiscal americana não é a única causa dessa situação.
O fato é que há mais de 30 anos as grandes empresas americanas fizeram uma opção estratégica ao manterem no país a inteligência tecnológica e transferirem parte do processo de produção para países emergentes. Isso não significa desindustrialização. Trata-se de uma estratégia empresarial de preservar o conhecimento tecnológico inovador no país e, ao mesmo tempo, assegurar a escala de produção e a competitividade global, reduzindo custos e aumentando o lucro.
Essas empresas estão em várias partes do mundo, gerando empregos e melhorando a qualidade de vida, o ensino, a infraestrutura e a renda social em países como Honduras, Guatemala, Turquia, Tailândia, China, Indonésia, Polônia, Hungria, Vietnã, Índia, Brasil, entre outros. O reflexo dessa transformação foi uma rápida redução da participação do setor industrial e um acelerado crescimento do setor de serviços na composição do PIB americano. O setor industrial representa 17% do PIB e o de serviços, 80%. Em grande medida, essa mudança na composição do PIB americano deve-se à globalização.
Na expansão da globalização a escala de produção é crucial. Disso resultam as grandes fusões e aquisições de multinacionais, tanto as do setor industrial como as do de serviços. Com isso a demanda de mão de obra no mercado americano se tornou qualitativamente mais seletiva nos setores mais inovadores, restringindo a absorção plena de trabalhadores.
Além do fator "transferência da produção para outros países", o desemprego americano decorre do descasamento entre vagas existentes e a má qualidade da mão de obra para preenchê-las. Esse descasamento no mercado de trabalho qualifico de desemprego estrutural.
O despreparo dos trabalhadores é parte do problema do desemprego, mas, olhando mais adiante, notamos que falta uma reformulação das políticas de crescimento com plena absorção da oferta de mão de obra e aumento dos investimentos privados.
O modelo de crescimento americano não condiz com a globalização deste século. A possibilidade de investir em qualquer parte do mundo não deveria ter causado o desemprego estrutural, tampouco a estagnação dos investimentos em torno de 19% do PIB. Isso resulta no fato de ser pouco comum, ou quase raro, encontrarmos produtos que portem a etiqueta made in USA. Nos tempos modernos, não basta o empreendedor americano ser produtivo e inovador; ele precisa contar com trabalhadores eficientes, sistemas de custos próprios, tributários e de infraestrutura local que lhe permitam alavancar seus empreendimentos globalmente viáveis. Caso contrário, ele terá de procurar territórios mais promissores. Tais impedimentos produtivos os denomino de custo norte-americano. Esse elevado custo dificulta o crescimento sustentável e causa mais uma barreira na plena absorção dos trabalhadores. Isso nos leva a afirmar que o modelo norte-americano de crescimento está ultrapassado. Ele precisa ser modificado.
Se até a crise de 2007 o crédito fácil e a transferência da produção para outros cantos do mundo foram os mecanismos para acobertar o esgotamento da estrutura econômica norte-americana, na globalização deste século a lógica do crescimento é outra. É imprescindível modificar a estrutura do custo da produção com as seguintes medidas: reduzir os impostos sobre a folha de trabalho e dos salários; diminuir a carga tributária das empresas, estimulando-as a retornarem ao país; investir na qualidade da infraestrutura nacional; reduzir a dependência do capital estrangeiro; e estimular o uso eficaz da energia limpa.
Isso exigirá esforços públicos e privados. Se o governo, ao reduzir a carga tributária, perde receita, isso seria compensado com o aumento dos impostos sobre o consumo da energia suja e sobre as grandes fortunas. Mesmo assim, devem-se reduzir os custos da previdência, dos planos de saúde, da seguridade e do sistema de seguros. Mas isso não é tudo.
O retorno à prosperidade requer uma ampla reforma do sistema tributário com foco na redução do custo país, aumentando os investimentos, o emprego, ganhos de competitividade, estabilidade de preços e equilíbrio fiscal. Ainda que as reformas apontadas sejam feitas, sem um novo e crível sistema financeiro, nem os consumidores tampouco os investidores globais retomarão suas atividades na terra do Tio Sam.
Como se pode notar, os desafios são enormes, porém, enquanto o modelo de crescimento atual prevalecer, baseado no estímulo ao crédito, sem a contrapartida do made in USA, o governo americano aumentará o hiato do desemprego estrutural com perda de competitividade. Como consequência desses desajustes, ocorrem crescentes conflitos sociais, econômicos e políticos, que tornam o poder do Estado pouco eficaz e politicamente frágil para realizar as reformas essenciais.


EUA atacam megaesquema de investidores

Autor(es): Susan Pulliam, Michael Rothfeld, Jenny Strasburg e Gregory Zuckerman
Valor Econômico - 22/11/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/11/22/eua-atacam-megaesquema-de-investidores

Encerrando três anos de investigação, autoridades federais dos Estados Unidos se preparam para indiciar por uso de informação privilegiada consultores, banqueiros de investimento, operadores de fundos de hedge e mútuos e analistas em todo o país, segundo pessoas a par da questão.
As investigações civis e criminais, que as autoridades dizem que podem ter um impacto muito maior do que qualquer outro inquérito anterior sobre o assunto, examinam se vários grupos com acesso a informações confidenciais lucraram ilegalmente dezenas de milhões de dólares, dizem as fontes, segundo quem alguns indiciamentos podem ocorrer antes do fim do ano.
Se derem frutos, as investigações têm o potencial de expor uma cultura de compartilhamento de informações sigilosas amplamente disseminada nos mercados financeiros americanos, com novas maneiras de transmitir informações confidenciais para operadores por meio de especialistas ligados a setores ou empresas específicas, disseram autoridades federais.
Um dos focos das investigações criminais é apurar se informações sigilosas foram divulgadas por analistas e consultores independentes que trabalham para empresas que oferecem serviços de "redes de especialistas" para fundos de hedge e mútuos. Essas empresas promovem reuniões e teleconferências com antigos e atuais gerentes de centenas de empresas para os operadores que estão em busca de um diferencial na hora de determinar seus investimentos.
Entre as redes de especialistas cujos consultores estão sob investigação, dizem as fontes, está a da Primary Global Research, empresa de Mountain View, Califórnia, que põe especialistas em contato com investidores das áreas de tecnologia, saúde e entre outras.
"Não tenho nada a declarar sobre isso", disse Phani Kumar Saripella, diretor operacional da Primary Global.
O diretor-presidente e o diretor operacional da Primary já trabalharam para a Intel Corp., segundo o site da firma.
Outra faceta das investigações é que promotores e autoridades de regulamentação estão apurando se executivos do Goldman Sachs Group. vazaram informações sobre transações como fusões na área de saúde de maneiras que beneficiaram certos investidores, dizem as pessoas a par da questão.
Analistas independentes e pequenas firmas de análise também estão sob investigação. John Kinnucan, um dos sócios da Broadband Research, de Portland, no Oregon, enviou um e-mail em 26 de outubro a cerca de 20 clientes de fundos mútuos e de hedge avisando que fora visitado pelo FBI, a polícia federal americana.
"Dois sujeitos do FBI apareceram de surpresa (obviamente) na minha porta, totalmente convencidos de que meus clientes têm operado usando um volume imenso de informações privilegiadas", dizia o e-mail. "(Óbvio que faz tempo que eles andam gravando meus telefonemas no celular, não sei por que motivo.) Óbvio que discordamos, então negamos o gracioso pedido desses senhores para que usássemos um gravador para envolver os senhores na insinuante rede deles."
O e-mail, que Kinnucan confirma ter escrito, foi endereçado a operadores das firmas de fundo de hedge SAC Capital Advisors e Citadel Asset Management e das firmas de fundos mútuos Janus Capital Group, Wellington Management Co. e MFS Investment Management, entre outras.
A SAC, a Wellington e a MFS não quiseram comentar; a Janus e a Citadel não retornaram pedidos para comentar. Não se sabe se os clientes de Kinnucan também estão sob investigação.
A investigação está a cargo de promotores federais em Nova York, do FBI e da SEC, a comissão de valores mobiliários dos EUA. Representantes da procuradoria-geral de Manhattan, do FBI e da SEC não quiseram comentar.
Outro questionamento da investigação é se operadores de vários fundos de hedge e corretoras, como a First New York Securities, obtiveram ilegalmente informações confidenciais sobre futuros acordos de fusão em saúde, tecnologia e outras áreas, segundo pessoas a par da questão.
Alguns operadores da First New York, corretora com 250 funcionários, conseguiram lucrar antecipando variações no mercado causadas por fusões na indústria de saúde e em outras áreas em 2009, disseram pessoas a par da firma.
Um porta-voz do First New York disse: "Somos uma entre mais de três dezenas de empresas intimadas pelas autoridades de regulamentação a fornecer dados gerais para uma investigação ampla; colaboramos totalmente com ela". Ele acrescentou: "Defendemos nossos operadores e nossos sistemas, e as práticas que temos para garantir o total cumprimento da regulamentação".
Partes cruciais da investigação já estão em estágio avançado. Já foram apresentadas evidências a um grande júri federal, disseram pessoas a par da situação. Esse júri pode autorizar ou não indiciamentos. Mas como todos os inquéritos que ainda não foram concluídos, não se sabe quais acusações serão apresentadas, se é que serão.
O inquérito deriva do foco do procurador federal de Manhattan Preet Bharara. Num discurso em outubro, Bharara disse que a área é "uma das prioridades criminais" de seu gabinete, e que "a negociação ilegal com informações privilegiadas está disseminada e pode até estar aumentando". Bharara não quis comentar.
As firmas de redes de especialistas contratam atuais e antigos empregados de certas empresas, bem como médicos e outros especialistas, para prestar consultoria a fundos decidindo em que investir. Mais de um terço das firmas de administração de investimentos usam essas redes, segundo uma pesquisa feita no fim de 2009 pela Integrity Research Associates, de Nova York.
Os consultores geralmente ganham várias centenas de dólares por hora de serviço, que pode incluir reuniões ou telefonemas com operadores para discutir mudanças nas empresas deles ou no setor inteiro. As redes de especialistas alegam que políticas internas impedem que seus consultores divulguem informações confidenciais.
Quem negocia com base nessas informações geralmente lucra comprando ações de alvos de aquisição antes de os acordos serem anunciados, para vendê-las depois que a ação sobe.
A SEC tem investigado possíveis vazamentos sobre acordos de fusão desde pelo menos 2007, em meio a uma explosão de fusões e aquisições que durou até a crise financeira. A SEC intimou um ano atrás mais de 30 fundos de hedge e outros investidores.
Algumas intimações eram relacionadas a negociação com ações da Schering-Plough Corp. antes de ela ser comprada pela Merck & Co., conhecida no Brasil como MSD, em 2009, dizem pessoas a par da questão. A ação da Schering-Plough subiu 8% antes de o acordo ser anunciado e 14% no dia do comunicado.
A Merck informou que "há muito tempo tem uma política de cooperar totalmente com investigações de regulamentação e tem políticas explícitas proibindo compartilhar informações confidenciais sobre a empresa e seus possíveis sócios".
Entre as transações que são foco das investigações está a aquisição da MedImmune. pela AstraZeneca em 2007, segundo as fontes. A ação da MedImmune subiu 18% em 23 de abril de 2007, dia em que o acordo foi anunciado. Um porta-voz da AstraZeneca e da filial MedImmune não quis comentar.
Os investigadores questionam também qual teria sido o papel dos banqueiros do Goldman nas operações com ações da Advanced Medical Optics, que foi comprada pela Abbot Laboratories em 2009, segundo pessoas a par da questão. A ação da Advanced Medical Optics subiu 143% em 12 de janeiro de 2009, dia do anúncio do acordo. O Goldman assessorou a MedImmune e a Advanced Medical Optics em ambos os acordos.
Nas intimações, a SEC exigiu informações sobre comunicações das firmas - relacionadas à Schering-Plough e outras fusões - com a Ziff Brothers, a Jana Partners, a TPG-Axon Capital Management, a divisão de administração de recursos da Prudential Financial, a Jennison Associates, a UBS Financial Services e o Deutsche Bank, segundo documentos da justiça e pessoas a par da situação.
Representantes das empresas citadas não quiseram comentar.
Entre os administradores de fundos de hedge cujas operações ligadas a aquisições estão sendo investigadas está Todd Deutsch, um dos maiores operadores de Wall Street, que deixou o Galleon Group em 2008 para abrir o próprio negócio, dizem pessoas próximas à situação. Um porta-voz do Deutsch, que se especializou em ações de saúde e tecnologia, não quis comentar.
Os promotores também investigam se alguns operadores de fundos de hedge receberam informações privilegiadas sobre a Advance Micro Devices, peça importante do processo aberto pelo governo em 2009 contra o fundador do fundo de hedge Galleon Group, Raj Rajaratnam, e mais 22 réus por uso de informações privilegiadas.
Quatro acusados já confessaram culpa no caso do Galleon; Rajaratnam se diz inocente e deve ir a julgamento no início do ano que vem.
Entre os operadores cujas transações com a AMD estão sob investigação está o administrador de fundo de hedge Richard Grodin. Grodin, que foi intimado um ano atrás, não retornou telefonemas. Um porta-voz da AMD não quis comentar.
[Também retroativo para o Plano Collor?]

Ações do Brasil perdem US$ 135 milhões na semana

Autor(es): Antonio Perez | De São Paulo
Valor Econômico - 22/11/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/11/22/acoes-do-brasil-perdem-us-135-milhoes-na-semana
 
A perspectiva de desaceleração do crescimento chinês, que tende a diminuir o consumo mundial de commodities, afetou o apetite dos investidores por ações da América Latina e, sobretudo, do Brasil. A China elevou na semana passada mais uma vez o depósito compulsório numa tentativa de diminuir a concessão de crédito e refrear a alta da inflação.
Segundo dados da EPFR, consultoria que acompanha a movimentação dos fundos globais, os fundos de ações de América Latina perderam US$ 240 milhões na semana encerrada dia 17. Esse resultado se deve, em grande parte, a saída de US$ 135 milhões das carteiras de Brasil, que tiveram sua pior semana desde o fim de junho. Já os fundos com ações do México perderam US$ 99,4 milhões, com os investidores temendo que a fraqueza do dólar comprometa a competitividade das exportações mexicanas
Na mesma toada que as carteiras de América Latina, a categoria Mercados Emergentes Globais (GEM, na sigla em inglês) amargou saques superiores a US$ 600 milhões. O desempenho ruim desses fundos foi mais do que compensado, porém, pelo forte fluxo de recursos para as carteiras da Ásia (excluindo o Japão), levando todos os fundos de ações dedicados a emergentes a emplacar a 25ª semana consecutiva de ingresso de recursos.
Os investidores continuaram a injetar dinheiro nas carteiras da África e nos fundos dos chamados "Frontier Markets", que reúne um grupo de países vistos como os futuros mercados emergentes. Essas carteiras superaram pela 13ª semana consecutiva os fluxos para os fundos BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China). Com isso, alcançaram a marca de ingresso líquido de dinheiro em 60 das últimas 63 semanas, ressalta a EPFR.
No acumulado do ano até o último dia 17, todos os fundos de ações de emergentes acumulação captação de US$ 81,9 bilhões, um valor muito próximo do recorde anual de US$ 83,3 bilhões, alcançado no ano passado.
Os países desenvolvidos sofreram na semana encerrada dia 17 com a perspectiva de desaceleração na China e a crise da dívida na Irlanda. Isso acabou esfriando o otimismo criado pela confirmação da expansão monetária promovida pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) com a compra de papéis do tesouro de longo prazo.
Os fundos de ações americanas lideraram as saídas entre as carteiras desenvolvidas, devolvendo praticamente os US$ 7,1 bilhões que haviam recebido nas semanas anteriores. Já os fundos da Europa perderam recursos pela primeira vez desde a terceira semana de setembro, apesar da captação das carteiras dedicadas a Alemanha, Suécia, Suiça e Reino Unido.
As carteiras do Japão continuam seu calvário. Há dúvidas sobre o desempenho das exportações do país, em meio à queda do dólar, e a capacidade de o governo de conciliar a necessidade de impulsionar a demanda doméstica com os gigantescos déficits fiscais. Os fundos do Japão perderam dinheiro em 24 das últimas 28 semanas, segundo dados da EPFR.
Com o mau desempenho das carteiras dos países desenvolvidos, todos os fundos de ações acompanhadas pela consultoria amargaram a saída de US$ 5,6 bilhões na semana encerrada dia 17, interrompendo uma sequência positiva de 22 semanas.
Acompanhando a tendência das carteiras de ações, os fundos de bônus também perderam recursos na semana fechada no dia 17, sob o peso da crise das dívidas soberanas na Europa. Os investidores sacaram US$ 2,5 bilhões dessas carteiras, o pior resultado semanal em mais de dois anos, destaca a EPFR.

Frontier markets

From Wikipedia, the free encyclopedia
http://en.wikipedia.org/wiki/Frontier_markets
Frontier Markets is an economic term which was coined by IFC’s Farida Khambata in 1992. It is commonly used to describe a subset ofemerging markets (EMs).
Frontier markets (FMs) [1] are investable but have lower market capitalization and liquidity than the more developed emerging markets. The frontier equity markets are typically pursued by investors seeking high, long term returns and low correlations with other markets.
The implication of a country being labeled as frontier is that, over time, the market will become more liquid and exhibit similar risk and return characteristics as the larger, more liquid developed emerging markets. [Acho que isto não corresponde aos fatos. Não se trata de previsão sobre a rentabilidade de tais "mercados de fronteira", como num futuro próximo teriam a rentabilidade atual dos BRIC's e, na seqüência, quanto otimismo!, do G7. Já aprendemos a refutar esse raciocínio etapista. Contudo, não disponho de evidências do contrário, senão a convicção de que os patamares de retorno dos "mercados de fronteira" são artificialmente criados pelos próprios investidores, atuando concertada e especulativamente neles, quando se trata de capital financeiro; esta possibilidade alicerça-se na exploração de matérias-primas orgânicas e minerais, sem dúvida, como na África. Mas duvido que chegarão a alavancar o estado e a ilusão nacional-popular em sentido progressista. Numa hora de aperto do lucro das carteiras dos grandes conglomerados, dado o risco em que se encontram os países do G7, as taxas de juros, a tarifação sobre as operações bancárias, a perda relativa nos termos do comércio internacional, pela desvalorização do dólar etc., e mesmo dos BRICs, são refuncionalizados temporariamente, mas já constituíam a terceira fronteira, "deeper", do capitalismo. Já sustentavam o padrão de acumulação dos grandes conglomerados Imperialistas, como queria Rosa Luxemburgo. Simplesmente, agora, estes não especulam contra tais moedas, forjando um ambiente de valorização efêmero, servindo para proteger a liqüidez dos fundos. No entanto, o lastro ainda é feito em "monnaie-de-singe". Assim que o vento mudar, especularão contra tais países, sempre premeditada e concertadamente, e os quebrarão, para recuperar, com juros, o tempo em que freqüentaram tais circuitos. A verificar. Haverá casos intermediários, que tocam a geopolítica, como o da Argentina. E ainda outros países africanos e asiáticos, nas diferentes órbitas do subImperialismo, a ponto de causarem temor aos competidores que dominam e imantam as regiões, como o Brasil na América do Sul. Mesmo assim. Não se compreende a geopolítica fora dos assuntos econômicos e a própria estruturação, em camadas, em fronteiras, do SubImperialismo. Em resumo, não se está inventando uma terceira fronteira, por efeito da atual crise da dívida, mas tão-somente operando diferente, e efêmera e previsivelmente, nos mesmos primos-pobres de sempre.]

Contents

 [hide]

[edit]Terminology

The term began use when the IFC Emerging Markets Database (EMDB), led by Farida Khambata, began publishing data on smaller markets in 1992. Khambata coined the term “Frontier Markets” for this set of indices. Standard and Poor's bought EMDB from IFC in 1999 and in October 2007, S&P launched the first investable index, the Select Frontier Index (30 of the largest companies from 11 countries) and theExtended Frontier Index (150 companies from 27 countries0.[1] Subsequently, MSCI Barra began a rival frontier market index,[2] and in early 2008, Deutsche Bank launched the first frontier market exchange-traded fund, on the London Stock Exchange.[3] Frontier markets are a sub-set of emerging markets, which have market capitalizations that are small and/or low annual turnover and/or market restrictions unsuitable for inclusion in the larger EM indexes but nonetheless "demonstrate a relative openness to and accessibility for foreign investors" and are not under "extreme economic and political instability."[2] Members could be considered to fall roughly into three groups: • Small countries of relatively high development level (such as Estonia) that are too small to be considered emerging markets, • Countries with investment restrictions that have begun to loosen as of the mid 2000s (such as the countries of the Gulf Cooperation Council) • Countries at a lower development level than the existing “mainstream” emerging markets (such as Kenya or Vietnam).

[edit]FTSE list

FTSE classification, as of September 2010 frontier markets list:[2]

[edit]MSCI list

As of May 2009, MSCI Barra classified the following 26 countries as frontier markets:[3]
The following countries are currently not included in MSCI Frontier Markets Index, and adding them to this list - is still under consideration (as of May 2010):

Captação no exterior sobe 136% e preocupa governo

Autor(es): Agencia o Globo/ Martha Beck
O Globo - 22/11/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/11/22/captacao-no-exterior-sobe-136-e-preocupa-governo

Valorização do real tornou empréstimos mais baratos lá fora, mas muitas empresas não têm receita em dólar

O mar pode não estar para peixe para empresas brasileiras que precisam vender seus produtos no exterior. Mas para quem quer tomar recursos fora do país, a situação nunca foi tão favorável. Dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) mostram que, entre janeiro e setembro de 2010, o total captado no mercado internacional - inclusive pelo Tesouro Nacional - chegou a US$34,7 bilhões, o que representa um crescimento de nada menos que 136% sobre o mesmo período em 2009.



Esse movimento se explica principalmente pela forte valorização do real em relação ao dólar, que tornou os empréstimos muito mais baratos fora do país. A captação, no entanto, acendeu a luz amarela para parte da equipe econômica.



Embora não haja sinal concreto de que companhias estejam dando passos maiores que suas pernas, boa parte das captações está sendo feita por quem não tem receitas em dólar. Possuir dívida numa moeda [dólar] e receita em outra [doméstica] sempre pode gerar um desequilíbrio caso o quadro cambial sofra uma mudança brusca, algo pouco provável no cenário de hoje, mas possível:



- É sempre importante ficar atento a esse tipo de movimento, sobretudo quando é feito por quem não tem receita em dólar - diz um técnico do governo.



Entre os segmentos que buscaram o mercado externo este ano estão financeiro, aéreo, de mineração, imobiliário e de carnes. Do setor exportador, estão empresas como BRF Foods, JBS Friboi e Vale. Mas também há instituições financeiras como Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e até mesmo o PanAmericano, que, em meio às manobras da diretoria que resultaram em R$2,5 bilhões de rombo, conseguiu captar US$800 milhões.



Segundo o vice-presidente da Anbima, Alberto Kiraly, sempre há risco de descasamento entre moedas quando empresas fazem empréstimos no exterior. Por isso, ele ressalta que é importante que sempre se faça operações de hedge - que protegem os negócios contra reversões cambiais.



Segundo o economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC) e ex-diretor do Banco Central Carlos Thadeu de Freitas, no entanto, o quadro deve ser visto com cuidado:



- Eu acho que sempre existe um risco. Ninguém tem bola de cristal para prever o futuro e saber o que vai acontecer com as moedas. Fazer hedge para empréstimos de longo prazo está caro para todo mundo. Mas mesmo assim tem banco captando recursos em longo prazo.



Outro risco para o qual é preciso ficar alerta é apontado pelo ex-diretor do BC Carlos Eduardo de Freitas:



- Mesmo as empresas exportadoras, que podem captar dinheiro no exterior com mais tranquilidade por terem receitas em outras moedas, devem ter cautela e tomar empréstimos proporcionais a essas receitas.



Carlos Eduardo de Freitas lembra que o mercado internacional tem estado "praticamente irresistível" para companhias brasileiras. O diretor de Relações com Investidores da Gol, Rodrigo Alves, confirma. Ele lembra que o mercado externo oferece recursos com prazos mais longos e taxas de juros reduzidas. Esse movimento é importante para a empresa, que precisa, por exemplo, comprar aeronaves, cujos financiamentos também são de longo prazo.



- Os juros lá fora estão próximos de zero (no Brasil, ficam perto de 11%), e os investidores estão com dinheiro queimando nas mãos. O clima é muito favorável - afirma.



Alves explica que a Gol se protege de eventuais mudanças no cenário cambial criando um colchão que garanta o pagamento das dívidas da empresa por um período mínimo de 5,5 anos. Além disso, há um controle do fluxo de caixa de modo que os vencimentos sejam alongados:




- Caso haja alguma instabilidade no quadro cambial, não haverá dívida com vencimento no curto prazo - afirma o diretor, lembrando que a Gol fez uma captação de US$300 milhões este ano.

Economista da Febraban: "Os juros estão baixos lá fora"

O economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Rubens Sardenberg, diz que instituições financeiras sempre buscaram o mercado internacional e, diante do atual momento, vale a pena buscar as taxas cobradas fora do Brasil. Ele lembra que o mercado nacional reforçou as regras prudenciais para evitar que empresas fiquem desprotegidas em caso de reversão do quadro cambial.



No auge da crise de 2008, quando empresas como Aracruz e Sadia anunciaram perdas substanciais com o mercado de derivativos, nem mesmo os bancos que fizeram os contratos sabiam o quanto as companhias estavam expostas, o que contribuiu para aumentar as incertezas no mercado. A Febraban, em parceria com a BM&F Bovespa e a Cetip, então, lançou a Central de Exposição a Derivativos (CED), instrumento pelo qual os bancos podem consultar a posição de seus clientes em derivativos registrados tanto na Bolsa como no mercado de balcão.



Sardenberg diz que operações de hedge não são feitas todas as vezes que as instituições acessam o mercado externo:



- Os juros estão muito baixos lá fora e você consegue fazer captação com uma taxa de juros muito atraente. Mas não é sempre preciso fazer hedge. Ele é necessário em momentos estratégicos, quando o banco está em posição muito alavancada.

Entrevista :: Maílson da Nóbrega

Autor(es): Márcio Pacelli
Correio Braziliense - 22/11/2010
Ex-ministro conta em livro a proposta de renúncia de José Sarney e bate em Guido Mantega

 
Possivelmente com opiniões muito mais ouvidas hoje do que quando foi ministro da Fazenda nos fins dos anos 1980, Maílson da Nóbrega decidiu contar sua vida em livro. Sua autobiografia chega às livrarias com direito a detalhes sórdidos de tensas reuniões no Palácio do Planalto. Além do feijão com arroz busca dissecar muitos episódios que até já chegaram a ser divulgados, mas sem a precisão de documentos históricos. Entre esses registros, chama atenção a discussão sobre a renúncia do então presidente José Sarney, chefe de um governo mergulhado na hiperinflação. Mas a autobiografia de Maílson conta também como o garoto de infância pobre em Cruz do Espírito Santo, na Paraíba, tornou-se ministro de Estado.

Com bagagem para avaliar a atuação de seus sucessores na Fazenda, Maílson não poupa críticas ao ministro Guido Mantega e equipe, com destaque, ao Tesouro Nacional. A seu ver, o que estão fazendo, ao adotarem a contabilidade criativa, é algo que beira o inacreditável. O ex-ministro sustenta ainda que, por conta desses e de outros expedientes, o Brasil vive riscos de retrocessos na área econômica. Todas as esperanças de retomada do bom senso fiscal na gestão da presidente eleita, Dilma Rousseff, recaem na presença do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci em um posto importante do governo. “Todos têm a percepção de que a Dilma reverterá isso, porque o Palocci tem plena noção das barbaridades que o Ministério da Fazenda está cometendo”, diz.

O ex-ministro, que ficou marcado pela “política do feijão com arroz”, também critica a baixa eficácia das medidas adotadas para enfrentar a supervalorização do real. Na sua visão, embora necessário, o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para investidores estrangeiros não passa de um paliativo. Confira, a seguir, os principais trechos da entrevista que Maílson concedeu ao Correio.

PALOCCI MANTERÁ AS RÉDEAS DA FAZENDA 

O senhor passou pelo governo em um dos piores momentos da história. Se não consertou os erros do passado, buscou ao menos não atrapalhar. Hoje, olhando para trás, faria algo diferente? 
Não. Não faria porque, ao contrário do que muita gente imagina, o ministro da Fazenda não tem o poder de dar o rumo ao país, ao governo. Ele é uma peça, normalmente relevante, mas ele não é o condutor. O condutor é o presidente. O condutor é o sistema. E o ministro tem que responder a esse ambiente, tem que seguir os incentivos que a realidade lhe oferece. Naquelas circunstâncias, nem o presidente da República, José Sarney, tinha condições de ser o condutor de um processo que fosse melhor do que vinha, porque ele era um presidente de transição. O poder caiu no colo dele em condições muito difíceis e no momento em que a sociedade tinha expectativas de melhoria de suas condições de vida, porque os políticos tinham vendido uma história de que a democracia era algo que resolveria os problemas do país apenas por ser democracia. Acho que, talvez se voltasse no tempo, faria as mesmas coisas de maneira melhor. Talvez eu tivesse evitado muitos erros, porque, no ambiente de incertezas, de instabilidade, como aquele em que a gente vivia, o potencial de erros amplia-se muito. Mas acho que, no geral, não seria diferente do que a gente fez.

Pela primeira vez, é contada em detalhes a reunião que discutiu a renúncia do então presidente Sarney. O Brasil não poderia ter sabido desses pormenores antes? 
Esse episódio já chegou à imprensa em duas ou três ocasiões. Acho que desta vez eu o conto com mais detalhes. O que eu faço agora é contar não só a reunião, as tensões que a permearam, mas as suas origens.

Sua versão é mais completa? 
A meu ver, sim. Primeiro, porque eu sou o autor da ideia. Segundo, porque discuti a ideia com o próprio presidente Sarney, discuti a ideia com três outros ministros, Ronaldo Costa Couto (Gabinete Civil), Ivan Mendes (Serviço Nacional de Informações) e João Batista de Abreu (Planejamento). Eu e o João Batista apresentamos a ideia ao presidente e participamos da reunião, que se deu em duas etapas. Na primeira, fizemos uma longa reunião com o presidente, eu, o João Batista, o Ronaldo e o Ivan, para fazermos uma avaliação, se a gente levaria a ideia a um grupo maior que nos esperava na outra sala, onde estavam mais seis ministros. Tenho uma ata dessa reunião. É uma das poucas atas de reuniões secretas que eu guardei. E, na verdade, tinha que esperar o tempo para divulgar, porque ela teve importância, embora não tinha tido consequências. Certos acontecimentos precisam do tempo, do amadurecimento, da criação de novas condições para que possam ser recebidos apenas como registro da história e não como capazes de interferir no dia a dia do governo, do país.

O Brasil, segundo seus artigos, avançou sob Lula e tem chances de melhorar com Dilma. Há possibilidade de retrocessos? 
Eu costumo dizer que o Brasil cruzou o Rubicon em duas áreas fundamentais para o seu futuro: primeira, a democracia; segunda, a estabilidade econômica. Os dois ainda muito frágeis, com muitos defeitos, com muito a fazer. A nossa democracia é jovem, ainda tem muita corrupção. Os partidos políticos, poucos são dignos desse nome. Uma parte considerável da classe política se move pelo fisiologismo, pelo interesse menor, mas a democracia como valor se incorporou ao modo de pensar dos brasileiros. No caso da economia, os riscos de retrocessos são maiores, porque os estragos podem ser feitos. O grande desafio da presidente eleita será reverter a grave deterioração nas contas do governo, não só do lado das despesas, com a ampliação inacreditável dos gastos correntes, mas na destruição sistemática de princípios, normas e códigos que foram construídos durante os últimos 20 e tantos anos.

O senhor fala das manobras contábeis recentes? 
Não só das manobras. São duas ordens de destruição. A primeira, o uso da dívida pública nos moldes da época do regime militar, em que é possível ampliar o endividamento do Tesouro para conceder subsídios sem autorização legislativa, sem transparência, sem previsibilidade e com sua concessão a cargos de burocratas. Isso é um grande retrocesso. Apesar de várias pessoas escreverem sobre isso, o ministro da Fazenda trata os seus críticos de maneira stalinista. Para ele, o melhor é desmoralizar o crítico. Ele, dia desses, certamente referindo-se a mim, disse que isso era gente com inveja. Gente que viu a hiperinflação e que agora estava com inveja. Eu não tenho inveja dele, porque eu não faria essas coisas. Esses expedientes, de contabilidade criativa, para esconder a deterioração fiscal, além de ser condenáveis, têm um elemento inacreditável, que é o de zombar da inteligência alheia. É imaginar que os analistas de fora do governo que acompanham isso aceitariam a tal contabilidade criativa, querendo mostrar o cumprimento de uma meta sem terem cumprido.

Parte dessa equipe está deixando o governo, como o secretário do Tesouro, Arno Augustin. Mas Guido Mantega ficará no cargo. 
O que eu ouço é que ninguém mais olha para as contas do Tesouro. A STN (Secretaria do Tesouro Nacional) divulga, as pessoas registram, mas ninguém analisa mais a tendência das contas públicas com os números do Tesouro. Cada um está construindo seu próprio banco de dados, seus parâmetros. Eles (do Tesouro) jogaram fora isso. Todos têm uma percepção de que a Dilma vai reverter isso, porque Antonio Palocci, que é provavelmente a figura mais sensata do PT no campo econômico, terá uma posição importante no governo. O Palocci tem plena noção das barbaridades que o Ministério da Fazenda está cometendo. 


A questão cambial tem sido uma tormenta para o Brasil. O governo agiu certo ao taxar o capital externo de curto prazo com o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF)? 
O IOF foi uma questão justificável, eu diria necessária, mas pouco eficaz. Primeiro, porque a força da valorização do real deriva de condições estruturais, contra as quais o país não tem ação, que é a desvalorização da moeda norte-americana. A desvalorização do dólar decorre, em primeiro lugar, dos movimentos de expansão de liquidez, e, em segundo lugar, da percepção de que a economia dos Estados Unidos levará muitos anos para se recuperar. Isso sinaliza taxa de juro muito baixa por um longo período e produz uma desvalorização da moeda. Os investidores com maior capacidade de avaliar e assumir riscos saem em busca de alternativas de remuneração melhor. Daí, eles estão indo para o Brasil, para a Índia, para a China. Esse é um problema sério, ninguém pode se contentar com ele, mas se o Brasil tentar reverter esse processo sem ter armas terminará fazendo bobagem.

Que tipo de armas seriam essas? 
Veja só: a valorização cambial no Brasil é uma tendência inexorável. Não é para chegar a R$ 1 por US$ 1, não é isso. Mas dificilmente o Brasil terá moeda desvalorizada nos próximos anos, a menos que fracassemos. A competitividade dos produtos brasileiros será obtida não pela taxa de câmbio, mas por mudanças estruturais que reduzam os custos sistêmicos que atormentam o empresário brasileiro, geram o chamado custo Brasil. Para você ter uma ideia disso, as empresas brasileiras gastam 2.600 horas por ano para cumprir obrigações tributárias. Os nossos vizinhos, mais pobres do que nós, gastam 200 e poucas horas. Os países ricos gastam 100 horas. Então, o sistema tributário brasileiro hoje é, provavelmente, a maior fonte de desperdícios, de custos e de incertezas que diminuem a competitividade dos produtos nacionais.

Medidas estruturais serão tomadas pela presidente eleita ou o país tende a caminhar para medidas pontuais, como a quarentena para o capital especulativo? 
Vou torcer para que ela (Dilma Rousseff) consiga (tomar as medidas estruturais), embora a agenda seja tão complexa, que dificilmente ela cumprirá as promessas que vez durante a campanha. Dificilmente, teremos um novo sistema tributário e ela não tocará na questão da legislação trabalhista. Acho que tem que dar um crédito de confiança.

País desperdiça com gás natural R$ 7,4 bi

Autor(es): Renée Pereira
O Estado de S. Paulo - 22/11/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/11/22/pais-desperdica-com-gas-natural-r-7-4-bi

Cifra corresponde ao custo, a preços de mercado, de 15 bilhões de metros cúbicos de gás queimado entre janeiro de 2004 e agosto deste ano

O Brasil ainda não encontrou o equilíbrio para aproveitar 100% suas riquezas naturais. Só na produção de gás natural, o País desperdiçou R$ 7,4 bilhões nos últimos anos. Esse é o montante equivalente a 15 bilhões de metros cúbicos (m³) de gás queimados entre janeiro de 2004 e agosto de 2010, segundo cálculos do professor da Universidade de São Paulo (USP), Edmilson Moutinho.
A conta foi feita com base nos números da Agência Nacional de Petróleo, Biocombustíveis e Gás Natural (ANP) e nos preços cobrados das distribuidoras no período. O levantamento mostra ainda que, na média, o País tem jogado fora 11% de toda produção nacional de gás natural, enquanto o ideal seria não ultrapassar os 4%, conforme dados do Banco Mundial.
Segundo fontes do setor, a ANP quer ir além disso e reduzir os níveis de queima para 3% da produção nacional. Nos últimos meses, a agência iniciou uma série de discussões com as petroleiras, especialmente com a Petrobrás, para firmar um termo de compromisso que limite o desperdício do gás, insumo que ganhou status de combustível nobre no mundo inteiro.
Preço. No mercado doméstico, o setor mergulhou num movimento esquizofrênico, destaca o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires. Além de queimar parte expressiva da produção e importar gás da Bolívia (referente a um contrato antigo), o preço está acima da média do mercado mundial. Entre 2004 e 2010, subiu mais de 266%, segundo a Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace).
Especialistas explicam que o desperdício de gás é resultado de uma série de fatores. Um deles está ligado à falta de infraestrutura para escoar a produção. Em quase todas as plataformas, o gás é associado à produção do petróleo. Ou seja, não existe a alternativa de tirar o óleo sem o gás, que se perde por falta de alternativas de transporte. Uma parte desse combustível é reinjetado para aumentar a produtividades dos reservatórios. O que sobra a empresa vende ou queima, diz a sócia-diretora da consultoria Gás Energy, Sylvie D"Apote.
Ela destaca que, em alguns casos, não é viável fazer uma infraestrutura para escoar a produção já que a quantidade de gás é pequena. "Mas queimar 11% da produção é muita coisa, é um desperdício." Na avaliação dela, com o pré-sal, novas alternativas terão de ser estudadas para limitar a queima do combustível, já que a quantidade de produção será muito maior a partir do ano que vem.
A Petrobrás diz que investiu US$ 400 milhões entre 1999 e 2008 para melhorar o aproveitamento de gás natural nos seus reservatórios. Nesse período, destaca a companhia, a produção de gás associado cresceu cerca de 50% enquanto o aproveitamento melhorou dez pontos porcentuais, de 75% para 85% - ou seja, 15% não teriam sido usados.
De acordo com a petroleira, o plano de negócios prevê investimentos adicionais em projetos de redução de queima de gás da ordem de US$ 320 milhões, cifra que deverá elevar o aproveitamento do combustível para 92% no final de 2012. Os especialistas pedem mais. "Além de ser um crime financeiro perder tanto dinheiro, a queima de gás também representa enormes prejuízos para o meio ambiente", afirma Adriano Pires.
Ao ser queimado, o gás natural deixa de ser o combustível fóssil mais limpo e menos prejudicial à camada de ozônio comparado aos demais insumos não renováveis. Ele emite enormes quantidades de dióxido de carbono direto na atmosfera, diz Pires.
A situação só não é pior porque, na queima, o metano é transformado em CO2, reduzindo em 21 vezes seu potencial causador de efeito estufa, observa Mônica de Souza, gerente do Núcleo de Energia Térmica e Fontes Alternativas da Andrade & Canellas.

Falta política que direcione o uso do produto

Autor(es): Renée Pereira
O Estado de S. Paulo - 22/11/2010

O grande problema do gás natural é a falta de política que determine onde o combustível será usado e como, afirma o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires. Hoje, além da Petrobrás, o mercado consumidor de gás é formado por estabelecimentos residenciais, comerciais e industriais, veículos e termoelétricas. A prioridade é o abastecimento das residências e das usinas térmicas, que apenas são acionadas quando os reservatórios das hidrelétricas estão baixos.
Ou seja, esse gás precisa ficar reservado para algum tipo de emergência. Nos últimos meses, a Petrobrás tem feito leilões de curto prazo para vender esse combustível que não é usado. O problema é que esse tipo de situação limita o crescimento do mercado por causa da falta de previsibilidade de oferta.
Em 2007, quando as termoelétricas precisaram ser acionadas para complementar a geração elétrica do País, muitas indústrias tiveram de reduzir seu consumo. No ano passado, com os reservatórios cheios, as usinas não precisaram entrar em operação e sobrou gás. Coincidentemente, foi o período que a Petrobrás mais queimou gás em seus reservatórios.
A estatal nega que o aumento seja reflexo da queda no consumo. Na época, ela afirmou que a queima em níveis recordes era decorrente especialmente de testes de alguns projetos.
"Precisamos da um plano de queima zero, como foi feito na Noruega. Lá você só pode tirar o petróleo se comprovar o consumo", diz Pires, que defende uma solução para as termoelétricas a gás. Uma das soluções que vem sendo estudadas pela Petrobrás para evitar o desperdício são as plantas de Gás Natural Liquefeito (GNL). A conversão permitiria armazenar o combustível em navios. Se a demanda interna for baixa, a empresa poderia exportar o combustível.

Fundações investem na economia real

Autor(es): Carolina Mandl | Do Recife
Valor Econômico - 22/11/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/11/22/fundacoes-investem-na-economia-real

Os fundos de pensão estão trocando o antigo porto seguro dos títulos públicos federais por ativos da economia real em busca de ganhos maiores. Participações em empresas, imóveis e obras de infraestrutura vão a passos largos ocupar o espaço dos papéis do governo, que hoje representam 45% dos R$ 489,2 bilhões do patrimônio da indústria, segundo gestores ouvidos pelo Valor.
O motivo é simples: com a queda da taxa de juros, os títulos públicos já estão encostando na rentabilidade que os fundos precisam gerar para pagar as aposentadorias, a chamada meta atuarial, que é de 6% mais a variação da inflação medida pelo IPCA ao ano. No último leilão, em 9 de novembro, o Tesouro pagou 5,99% ao ano para os títulos com vencimento em agosto de 2014; 5,98% ao ano para agosto de 2016; e 5,96% ao ano para agosto de 2020.

Com a carteira recheada de notas e letras do Tesouro, já neste ano os fundos correm o risco de não alcançar a rentabilidade que precisam. E o cenário só tende a piorar com a tendência de queda dos juros básicos. (veja gráfico acima)
Diante disso, só a Petros, dona um patrimônio de R$ 53 bilhões, vai trocar nos próximos cinco anos R$ 5 bilhões da carteira de títulos públicos por investimentos em projetos de infraestrutura e imóveis. Hoje, os papéis do governo representam 36% dos ativos do fundo dos trabalhadores da Petrobras. "Estamos migrando o portfólio para os ativos reais da economia", diz Wagner Pinheiro, presidente da fundação.
A Previ, dos funcionários do Banco do Brasil, que tem outros R$ 139,2 bilhões em carteira, está montando equipes especializadas em analisar cadeias produtivas, como o setor de óleo e gás. O objetivo é investir em empresas, diretamente ou via fundos de participação, que produzam insumos ou serviços ligados a essa indústria. "O objetivo é captar todas as oportunidades que as cadeias podem gerar. Se ficarmos na zona de conforto, só com a renda fixa pública, não vamos honrar a meta atuarial", afirma Vitor Gonçalves, diretor de planejamento da Previ.
Em outra ponta, a fundação vai direcionar R$ 4 bilhões até 2013 para investimentos em imóveis, que vai passar a representar 5% do patrimônio do fundo ante os 3% atuais. No radar, estão projetos fora do Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília, onde a disputa pelos ativos é mais acirrada.
Por causa dos fluxos de caixa que geram, as obras de infraestrutura tendem a receber muitos recursos dos fundos de pensão. Na semana passada, Petros, Previ e Funcef (dos trabalhadores da Caixa) anunciaram que vão investir até R$ 1,5 bilhão para ficar com uma participação de até 20% no trem-bala, que vai ligar Rio de Janeiro, São Paulo e Campinas.
Mesmo os fundos de pensão de menor porte estão diversificando o portfólio. O Fibra, dos funcionários de Itaipu, vai alocar uma parte maior dos R$ 1,8 bilhão de seu patrimônio para fundos de investimento em participações, o "private equity", segundo Marcos Aurélio Lutz, gerente financeiro do Fibra. Atualmente 5% dos ativos da fundação já estão em fundos que compram fatias de empresas. As ações de empresas de menor porte também nos planos.
A Ceres, dos trabalhadores da Embrapa, está começando a aplicar em fundos voltados para a incorporação de projetos imobiliários, tanto residencial quanto de plantas indústrias e escritórios. Segundo Luciano Fernandes, diretor de investimentos da Ceres, neste ano estão sendo aplicados R$ 15 milhões e outros R$ 40 milhões vão ser alocados em 2011.
O direcionamento do portfólio dos fundos para a economia real, porém, não é um tema tranquilizador para os gestores até em termos psicológicos. "Isso envolve uma questão comportamental. O gestor vai ter de estar aberto para correr mais risco", avalia Gonçalves, da Previ. Mais do que isso, eles vão ter de estar preparados para o prejuízo. "Os fundos vão buscar mais risco. E nesse caminho é inevitável haver também mais perdas", diz Estevam Brayn, coordenador-geral de monitoramento atuarial da Previc (Superintendência Nacional de Previdência Complementar).
Para o Banco Mundial, que presta consultoria para o sistema de previdência complementar no Brasil, a redução da taxa de juros no Brasil representa o maior desafio que a indústria de fundos de pensão tem no país. Segundo Dimitri Vittas, consultor do Banco Mundial, uma solução para as fundações seria reduzir o juro real pago pelos planos de 6% para 3% ao ano. "Essa é uma tendência mundial."
O que dá um pouco mais de tranquilidade aos gestores é o fato de os fundos de pensão terem passado pelo menos os últimos cinco anos preocupados em formar um colchão de proteção com títulos públicos de vencimento daqui a décadas. Na Previ, por exemplo, 40% da carteira de renda fixa está alocada em papéis públicos de longo prazo que dão um rendimento real de 8% ao ano.

Montadoras são exemplo de ciclo de expansão

Autor(es): Raquel Landim
O Estado de S. Paulo - 22/11/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/11/22/montadoras-sao-exemplo-de-ciclo-de-expansao

Nos próximos três anos, empresas do setor vão destinar US$ 11,2 bilhões ao aumento da[br]capacidade produtiva

Nos próximos três anos, as montadoras de veículos vão investir US$ 11,2 bilhões, quase um quarto de tudo que já foi aplicado desde que chegaram no País na década de 50. Esse forte ciclo de expansão provoca um efeito em cadeia nos fornecedores de autopeças, o que eleva a importação de máquinas e equipamentos.
"Não é a importação que traz a tecnologia, que também desenvolvemos no Brasil. Fazemos uma análise de custo e capacidade produtiva dos fornecedores, sejam locais ou de fora do País", diz o diretor de integração de engenharia e manufatura da General Motors, Michel Goldflus.
A filial brasileira da GM vai investir R$ 2 bilhões no próximo ano. A empresa está modernizando e ampliando todas as suas fábricas no País, construindo uma nova unidade de motores e componentes, e renovando todas as suas linhas de produtos.
O esforço exige uma série de investimentos: mais ferramentas, estamparia, novas linhas completas de produção e até expansão de prédios. Cerca de 20% dos equipamentos utilizados na manufatura da GM são importados. Os 80% restantes são fabricados localmente.
Autopeças. O aquecimento do mercado de veículos, a atualização tecnológica e a movimentação das montadoras impacta os fabricantes de peças e componentes. Na BorgWarner, fabricante de turbos (peça acoplada ao motor), os investimentos em máquinas quase duplicaram: de R$ 3,2 milhões em 2009 para R$ 6,3 milhões em 2010.
"O volume de vendas cresceu e temos de nos adaptar às novas exigências de redução de emissões de gases poluentes", conta Vitor Maiellaro, gerente de operações da empresa. Na Brose, do Paraná, o esforço tem sido grande para modernizar os produtos, que cada vez mais exigem eletrônica aplicada. A empresa fabrica motores elétricos e levantadores de vidro. "Estamos comprando muitas máquinas, adquirindo novas linhas de produção. ", disse o vice-presidente Charles Tubero. 

Real forte acelera renovação industrial

Autor(es): Raquel Landim
O Estado de S. Paulo - 22/11/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/11/22/real-forte-acelera-renovacao-industrial

Nos últimos quatro anos, País importou US$ 124 bilhões em bens de capital, movimento que ajudou a dobrar a produtividade do setor

O real forte está ajudando em uma das maiores renovações do parque industrial brasileiro. Nos últimos quatro anos, o País importou US$ 124 bilhões em bens de capital (entre 2007 e outubro deste ano). A cifra impressiona porque significa mais que o dobro dos US$ 57 bilhões adquiridos entre 2003 e 2006. Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento.
São milhares de prensas, fresas, tornos, tratores e todo tipo de equipamento destinados a elevar a capacidade de produção do País, que cresce a um ritmo de mais de 7% ao ano. A desvalorização do dólar barateou as máquinas importadas e a crise global provocou uma "liquidação" de equipamentos no exterior.
Um ciclo de investimentos dessa magnitude aumenta a oferta de produtos na economia e, consequentemente, reduz a pressão sobre os preços. Mais máquinas também significam mais tecnologia. Cálculo da Consultoria Tendências mostra que a produtividade da indústria avançou 6% ao ano entre 2007 e setembro de 2010 - o dobro do registrado entre 2002 e 2006.
Os investimentos brasileiros são capitaneados pela infraestrutura e pelo mercado interno. A Votorantim Cimentos comprou R$ 225 milhões em máquinas em meados do ano. Os equipamentos foram adquiridos na Dinamarca e na Alemanha e serão instalados nas oito novas fábricas de cimento que a empresa pretende construir até 2013.
A Klabin vai aplicar R$ 142 milhões na compra de máquinas para a produção de caixas de papelão ondulado. A empresa também vai instalar uma nova linha de sacos industriais no primeiro semestre de 2011. Segundo o diretor de suprimentos, Francisco Razzolini, essa área representa um terço dos investimentos.
"Várias empresas aproveitam a situação cambial para adquirir equipamentos e comprar ativos no exterior. No médio prazo, é positivo para o comércio exterior, porque garante ganhos de eficiência e redes de distribuição", disse o secretário de Comércio Exterior, Welber Barral.
Para David Kupfer, coordenador do grupo de indústria e competitividade da Universidade Federal do Rio de Janeiro, ocorreu um "estouro" de importações de bens de capital quando o Brasil saiu da crise. Ele acredita que o atual ciclo de investimentos está só no início e deve durar muito mais. "Esse período se estenderá por sete a oito anos."
Efeito negativo. O dólar forte, no entanto, também traz impactos negativos para a indústria, reduzindo a competitividade na exportação e acirrando a concorrência no mercado interno. "Nos últimos anos, predominou o efeito positivo do câmbio. Mas é evidente que caminhamos para o segundo efeito se tornar predominante, com a substituição da indústria nacional por importados", disse Paulo Miguel, economista da Quest Investimentos.

País desperdiça com gás natural R$ 7,4 bi

Autor(es): Renée Pereira
O Estado de S. Paulo - 22/11/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/11/22/pais-desperdica-com-gas-natural-r-7-4-bi

Cifra corresponde ao custo, a preços de mercado, de 15 bilhões de metros cúbicos de gás queimado entre janeiro de 2004 e agosto deste ano

O Brasil ainda não encontrou o equilíbrio para aproveitar 100% suas riquezas naturais. Só na produção de gás natural, o País desperdiçou R$ 7,4 bilhões nos últimos anos. Esse é o montante equivalente a 15 bilhões de metros cúbicos (m³) de gás queimados entre janeiro de 2004 e agosto de 2010, segundo cálculos do professor da Universidade de São Paulo (USP), Edmilson Moutinho.
A conta foi feita com base nos números da Agência Nacional de Petróleo, Biocombustíveis e Gás Natural (ANP) e nos preços cobrados das distribuidoras no período. O levantamento mostra ainda que, na média, o País tem jogado fora 11% de toda produção nacional de gás natural, enquanto o ideal seria não ultrapassar os 4%, conforme dados do Banco Mundial.
Segundo fontes do setor, a ANP quer ir além disso e reduzir os níveis de queima para 3% da produção nacional. Nos últimos meses, a agência iniciou uma série de discussões com as petroleiras, especialmente com a Petrobrás, para firmar um termo de compromisso que limite o desperdício do gás, insumo que ganhou status de combustível nobre no mundo inteiro.
Preço. No mercado doméstico, o setor mergulhou num movimento esquizofrênico, destaca o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires. Além de queimar parte expressiva da produção e importar gás da Bolívia (referente a um contrato antigo), o preço está acima da média do mercado mundial. Entre 2004 e 2010, subiu mais de 266%, segundo a Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace).
Especialistas explicam que o desperdício de gás é resultado de uma série de fatores. Um deles está ligado à falta de infraestrutura para escoar a produção. Em quase todas as plataformas, o gás é associado à produção do petróleo. Ou seja, não existe a alternativa de tirar o óleo sem o gás, que se perde por falta de alternativas de transporte. Uma parte desse combustível é reinjetado para aumentar a produtividades dos reservatórios. O que sobra a empresa vende ou queima, diz a sócia-diretora da consultoria Gás Energy, Sylvie D"Apote.
Ela destaca que, em alguns casos, não é viável fazer uma infraestrutura para escoar a produção já que a quantidade de gás é pequena. "Mas queimar 11% da produção é muita coisa, é um desperdício." Na avaliação dela, com o pré-sal, novas alternativas terão de ser estudadas para limitar a queima do combustível, já que a quantidade de produção será muito maior a partir do ano que vem.
A Petrobrás diz que investiu US$ 400 milhões entre 1999 e 2008 para melhorar o aproveitamento de gás natural nos seus reservatórios. Nesse período, destaca a companhia, a produção de gás associado cresceu cerca de 50% enquanto o aproveitamento melhorou dez pontos porcentuais, de 75% para 85% - ou seja, 15% não teriam sido usados.
De acordo com a petroleira, o plano de negócios prevê investimentos adicionais em projetos de redução de queima de gás da ordem de US$ 320 milhões, cifra que deverá elevar o aproveitamento do combustível para 92% no final de 2012. Os especialistas pedem mais. "Além de ser um crime financeiro perder tanto dinheiro, a queima de gás também representa enormes prejuízos para o meio ambiente", afirma Adriano Pires.
Ao ser queimado, o gás natural deixa de ser o combustível fóssil mais limpo e menos prejudicial à camada de ozônio comparado aos demais insumos não renováveis. Ele emite enormes quantidades de dióxido de carbono direto na atmosfera, diz Pires.
A situação só não é pior porque, na queima, o metano é transformado em CO2, reduzindo em 21 vezes seu potencial causador de efeito estufa, observa Mônica de Souza, gerente do Núcleo de Energia Térmica e Fontes Alternativas da Andrade & Canellas.

Falta política que direcione o uso do produto

Autor(es): Renée Pereira
O Estado de S. Paulo - 22/11/2010

O grande problema do gás natural é a falta de política que determine onde o combustível será usado e como, afirma o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires. Hoje, além da Petrobrás, o mercado consumidor de gás é formado por estabelecimentos residenciais, comerciais e industriais, veículos e termoelétricas. A prioridade é o abastecimento das residências e das usinas térmicas, que apenas são acionadas quando os reservatórios das hidrelétricas estão baixos.
Ou seja, esse gás precisa ficar reservado para algum tipo de emergência. Nos últimos meses, a Petrobrás tem feito leilões de curto prazo para vender esse combustível que não é usado. O problema é que esse tipo de situação limita o crescimento do mercado por causa da falta de previsibilidade de oferta.
Em 2007, quando as termoelétricas precisaram ser acionadas para complementar a geração elétrica do País, muitas indústrias tiveram de reduzir seu consumo. No ano passado, com os reservatórios cheios, as usinas não precisaram entrar em operação e sobrou gás. Coincidentemente, foi o período que a Petrobrás mais queimou gás em seus reservatórios.
A estatal nega que o aumento seja reflexo da queda no consumo. Na época, ela afirmou que a queima em níveis recordes era decorrente especialmente de testes de alguns projetos.
"Precisamos da um plano de queima zero, como foi feito na Noruega. Lá você só pode tirar o petróleo se comprovar o consumo", diz Pires, que defende uma solução para as termoelétricas a gás. Uma das soluções que vem sendo estudadas pela Petrobrás para evitar o desperdício são as plantas de Gás Natural Liquefeito (GNL). A conversão permitiria armazenar o combustível em navios. Se a demanda interna for baixa, a empresa poderia exportar o combustível.

Minério de ferro deve liderar os aportes

Valor Econômico - 22/11/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/11/22/minerio-de-ferro-deve-liderar-os-aportes

O setor de extração de minério de ferro deverá concentrar quase 64% de todo o investimento que a indústria de mineração planeja realizar entre 2010 e 2014, segundo levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). Proporcionalmente, o valor a ser investido supera a injeção esperada para o setor de siderurgia, que deverá aportar até 2016 perto de US$ 39,8 bilhões em novas usinas e na expansão do parque instalado, sugerindo a perspectiva de uma preferência dos investidores pelo setor extrativo.
"O mercado de minério de ferro continua aquecido e a expectativa é de que o mundo continue a conviver com um déficit na oferta do mineral durante os próximos três anos", avalia o gerente de dados econômicos do Ibram, Antônio Lannes. Num trabalho recente, cita Lannes, o Crédit Suisse estimou esse déficit na faixa de 90 milhões de t/ano, o que corresponde a quase um quarto da produção brasileira prevista para este ano.
A carteira de investimentos na produção de minério de ferro deverá somar US$ 39,3 bilhões entre este ano e 2014, num avanço de 24,3% em relação aos US$ 31,5 bilhões projetados para o período entre 2009 a 2013. Para Lannes, esse dado "demonstra que as empresas acreditam que o mercado vai prosseguir em crescimento, puxado pela demanda da China, que no ano passado respondeu por 56,4% das exportações brasileiras de minério de ferro."
A produção brasileira subiria de 370 milhões de toneladas neste ano para 720 milhões em 2014, com investimentos concentrados em Minas e no Pará. Atingido pela crise, o setor produziu, em 2009, 310 milhões de toneladas.
O país deverá despachar para o exterior, neste ano, cerca de 300 milhões de toneladas (mais de 80% de sua produção), frente a 266 milhões de toneladas em 2009. Em valores, as exportações renderão uma receita superior a US$ 20 bilhões, prevê Lannes, crescendo mais de 50% sobre os US$ 13,2 bilhões exportados no ano passado.
INDÚSTRIA DO AÇO. A indústria do aço, a despeito da retomada do consumo doméstico e de novas perspectivas para o mercado global, enfrenta outro tipo de desafio, segundo o presidente executivo do Instituto Aço Brasil (IABr), Marco Pólo de Mello Lopes. O real valorizado, a guerra fiscal, que se traduz na concessão de benefícios fiscais a importações em pelo menos 13 Estados, e a oferta excedente de aço no mundo, estimada em 500 milhões de toneladas (mais de 40% da produção), têm causado crescimento histórico das importações de produtos siderúrgicos, com destaque para aços planos.
Até setembro, dado mais recente do IABr, o Brasil importou 4,3 milhões de toneladas de aço, num aumento de 160% em relação aos mesmos nove meses de 2009. Em valor, as importações cresceram um pouco menos, saindo de US$ 2 bilhões entre janeiro e setembro do ano passado para US$ 3,9 bilhões - 91,8% a mais. Como as exportações avançaram apenas 10,6% no período, de US$ 3,4 bilhões para US$ 3,7 bilhões, a balança comercial da siderurgia entrou no vermelho, deixando um superávit de US$ 1,341 bilhão acumulado até setembro do ano passado rumo a um déficit de US$ 196,4 milhões neste ano.

Vale vai investir US$ 24 bilhões em 2011

Autor(es): Juan Garrido | Para o Valor, de São Paulo
Valor Econômico - 22/11/2010
 
 
O conselho de administração da Vale aprovou no fim de outubro investimentos no montante recorde de US$ 24 bilhões em 2011. Os recursos serão dedicados à sustentação das operações existentes, pesquisa e desenvolvimento (P&D) e execução de projetos e representam aumento de 125,1%.
Entre 60% e 70% do total orçado será destinado a projetos no Brasil, com destaque para a área de minério de ferro, fertilizantes, níquel e cobre. O restante será usada para empreendimentos no exterior, entre os quais o projeto de minério de ferro de Simandou, na Guiné, e o de carvão, de Moatize, em Moçambique.
No país, os projetos na área de minério de ferro envolvem o megaprojeto de Serra Sul, em Carajás (PA), programado para produzir 90 milhões de toneladas de minério de ferro anuais e o projeto adicional de Carajás, com produção prevista de 30 milhões de toneladas anuais do produto.
O reajuste de preços do minério de ferro, que passou a ser trimestral, fez com que a Vale negociasse acordos com todos os seus clientes no mundo - envolvendo 100% das vendas sob contratos. Segundo o diretor-executivo de ferrosos da Vale, José Carlos Martins, em um ambiente de rápido crescimento, o antigo sistema de negociações anuais bilaterais, não atendia mais as necessidades de oferta e demanda do produto.
Para ele, o novo sistema de preços suaviza a volatilidade diária dos preços spot, porque estabelece um preço trimestral baseado na média de três meses dos preços de índices para o período, terminando um mês antes do novo trimestre em questão. O sistema permite que as siderúrgicas saibam de antemão o preço a ser pago no trimestre seguinte, facilitando o controle de custos e o gerenciamento de estoques.
Com base nesse esquema, o preço do terceiro trimestre de 2010 foi formado automaticamente pela média dos preços spot do minério de ferro vendido na China nos meses de março, abril e maio de 2010. Os preços são baseados em índices - tais como o Indice Platts, o Indice Metal Bulletin e o Indice TSI - que são facilmente acessados em uma base diária pelo mercado, contribuindo para a prevalência da transparência. "Os clientes podem escolher o índice ou a composição de índices que preferem usar e a Vale está aberta a negociar o que for melhor para o cliente", explica Martins.

Nenhum comentário:

Postar um comentário