segunda-feira, 22 de novembro de 2010

CTNBio aprova mais duas sementes de milho transgênico

http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/11/22/ctnbio-aprova-mais-duas-sementes-de-milho-transgenico
Autor(es): Mauro Zanatta | De Brasília
Valor Econômico - 22/11/2010
 

Mesmo sob questionamentos judiciais pendentes, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou duas novas sementes geneticamente modificadas de milho no país.
Em reunião ordinária no Recife (PE), o colegiado autorizou, por 17 votos contra três e uma abstenção, a liberação comercial do milho "YeldGardProVT2", produto resistente a insetos e a herbicidas à base de glifosato da Monsanto. A CTNBio também liberou, por 17 votos contra quatro, o milho que mistura três tecnologias ("Bt11", "MIR162" e "GA21") de resistência a insetos e ao glifosato, produzido pela Syngenta Seeds.
Essas variedades de transgênicos "piramidados" ainda são novidade no Brasil por combinar duas ou mais características em um produto. Em maio de 2009, a comissão travou intensos debates em torno dos "piramidados". Parte dos membros defendia isenção de aprovação desses transgênicos pela CTNBio, já que seriam apenas combinações de modificações já autorizadas em processos anteriores. Outra parcela reivindicava a avaliação normal dos processos.
A CTNBio também aprovou a importação, armazenamento, transporte e comercialização da vacina viva "Poulvac ST" contra salmonella, da Fort Dodge. O placar foi 18 votos favoráveis e três contrários. Outros oito transgênicos não foram avaliados na reunião.
A reunião debateu ainda outros temas polêmicos. O principal foi a nota técnica do presidente do colegiado, Edílson Paiva, rebatendo questionamentos do Paraná contra a liberação comercial de milho transgênico devido à alegada "contaminação" de lavouras convencionais no Estado. Baseado em estudo de fluxo gênico nas lavouras, o Paraná questionou a insuficiência do isolamento de transgênicos e convencionais, e alegou aumento no uso de agrotóxicos devido à existência de insetos resistentes a esses produtos.
Em resposta, Paiva falou em "visão equivocada", apontou "problemas metodológicos bastante comprometedores" e a "falta de rigor" na condução das pesquisas feitas pelas autoridades estaduais. Paiva afirmou que os autores do questionamento deveriam submeter os resultados de seus estudos a uma revista científica antes de protestar contra decisões da CTNBio.
A posição de Paiva causou polêmica na CTNBio. Muitos membros defenderam que o presidente não deveria ter assinado uma nota técnica em nome do colegiado sem antes consultar o plenário da comissão. Os membros descontentes com a postura de Paiva sugerem um grupo de trabalho para estudar as evidências apresentadas no documento do governo do Paraná. O Ministério Público Federal reforçou os questionamentos e pediu esclarecimentos ao presidente da CTNBio. Ontem, a consultoria jurídica do Ministério da Ciência e Tecnologia apresentou argumentos para defender Paiva. O caso ainda deve ter novos desdobramentos.


Governo autoriza limite maior para resíduo em milho

Autor(es): Mauro Zanatta | De Brasília
Valor Econômico - 22/11/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/11/22/governo-autoriza-limite-maior-para-residuo-em-milho

Na contramão das suas próprias iniciativas para reduzir o volume de agrotóxicos despejados nas lavouras do país, o governo autorizou elevar em dez vezes o limite máximo de resíduo (LMR) no cultivo de milho.
O índice passou de 1 para 10 miligramas por quilo (mg/kg), o que significa que o grão conterá mais resíduos de herbicidas à base do princípio ativo glifosato. A alteração ocorreu porque o agrotóxico passará a ser aplicado na chamada "pós-emergência" do milho, ou seja, após o nascimento da planta. Até então, esse agrotóxico só podia ser usado na "pré-emergência", ou antes do surgimento da planta.
O aumento no LMR impacta o total autorizado em recomendações de ingestão diária máxima de resíduos de agrotóxicos por pessoa. A alteração no limite de resíduo do milho impactou o índice de Ingestão Diária Aceitável (IDA), uma referência para o máximo que uma pessoa pode consumir. Esse limite global está fixado hoje em 0,042 mg/kg no Brasil. Com a mudança no milho, o IDA total chegou próximo de 35% do permitido pela legislação. Assim, ainda haveria esse espaço de 65 pontos percentuais para elevar os LMRs. O Codex Alimentarius, ligado às Nações Unidas, fixa o LMR do milho em 0,3 mg/kg, por exemplo.
"Claro que vai aumentar a exposição das pessoas. Mas muda a prática, aumenta o resíduo", justifica o gerente-geral de Toxicologia da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Luiz Cláudio Meirelles. Mesmo com a elevação do limite, segundo ele, "o resíduo está dentro da ingestão diária". A cultura do milho "suportou", de acordo com testes da Anvisa, essa inclusão. "À luz do conhecimento, não tem como não seguir dessa maneira", disse.
Ele admite que aumentar limites não é ideal. "Talvez devêssemos discutir isso antes. Vamos consumir mais resíduos, mas essa decisão deriva da tecnologia de transgênicos [que exige aplicação na pós-emergência], e não passa por aqui". 
O glifosato responde hoje, segundo a Anvisa, por 42% do consumo total de agrotóxicos no país.

Indústria busca nova geração de agrotóxico menos agressivo

Autor(es): Alexandre Inacio | De São Paulo
Valor Econômico - 22/11/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/11/22/industria-busca-nova-geracao-de-agrotoxico-menos-agressivo

 
Em meio às crescentes discussões sobre sustentabilidade e à adoção de legislações ambientais cada vez mais rígidas, as principais indústrias de defensivos agrícolas - os popularmente conhecidos agrotóxicos - preparam uma nova geração de produtos que devem agradar a produtores rurais e, ao mesmo tempo, receber menos críticas de ambientalistas.
O objetivo dessas empresas é também o grande desafio do setor: o equilíbrio entre a proteção dos cultivos, o aumento da produtividade da lavoura e o menor impacto sobre o ambiente e as pessoas envolvidas no processo. Nesse contexto, os novos defensivos que já chegam ao mercado promovem avanços em três frentes: reduzem o volume de doses aplicadas, solucionam o problema da resistência e fazem combinações para proteção de lavouras contra duas pragas, usando apenas um produto.
Uma das maiores indústrias químicas do mundo, a multinacional alemã Basf lançou no ano passado um produto que consegue ser eficiente tanto contra fungos quanto insetos. De acordo com Oswaldo Marques, gerente de marketing para cultivos extensivos da empresa, em vez de o agricultor usar, por exemplo, 200 mililitros, sendo 100 para um inseticida e outros 100 para um fungicida, ele poderá concentrar o combate às duas pragas em 100 mililitros de um único produto.

"Estamos retirando do mercado os mais antigos e substituindo por outros que combinem características e ações", informa Marques. "Além disso, seguimos com nossas pesquisas para o desenvolvimento de novas moléculas mais eficientes".
Já a suíça Syngenta aposta no desenvolvimento de novas formas de ação de seus produtos. A ideia é que os defensivos atuem sobre as pragas em locais diferentes dos quais agem atualmente - como no sistema muscular, respiratório e nervoso, entre outros -, combatendo problemas de resistência, como os já identificados nos EUA e Argentina no caso do glifosato.
"A importância disso está no fato de que, em vez de elevar a dose para controlar uma praga, o produtor use, com outro produto, a mesma dose ou possivelmente um volume ainda menor e tenha um efeito melhor", afirma Fernando Gallina, diretor de pesquisa e desenvolvimento de proteção de cultivos da Syngenta para a América Latina.
Segundo Gallina, a estratégia da Syngenta para tornar seus produtos mais sustentáveis passa pelo manejo na resistência das pragas, mas também pela redução dos riscos para a saúde e o ambiente. Por isso, as pesquisas da Syngenta seguem também no tratamento de sementes - com objetivo de proteger a semente e usar menos defensivos posteriormente - e formulações mais adequadas, com a liberação controlada dos produtos.
As apostas das multinacionais, contudo, não preveem apenas o desenvolvimento de novos defensivos para a agricultura. No caso da americana Monsanto, os planos da empresa seguem a linha da biotecnologia, deixando um pouco para trás os investimentos em novos ingredientes ativos. "A escolha pela biotecnologia foi a nossa opção. A soja Roundup Ready foi nosso primeiro produto de biotecnologia e permitiu a redução de 50% em cinco anos no uso de defensivos das classes um e dois, que são os de maior toxicidade", diz Antônio Smith, diretor de negócios de proteção de cultivos da Monsanto.
Na avaliação de Smith, redução semelhante poderá ser observada também com o milho e o algodão resistentes a insetos. A Monsanto tem direcionado boa parte de seus investimentos para a inclusão de mais de uma característica de resistência a pragas na mesma semente. "Temos o compromisso de dobrar a produtividade das culturas em que atuamos até 2030 e reduzir a necessidade dos recursos naturais em um terço".
Outro foco de ação é a redução da toxicidade dos produtos que chegam ao mercado, aliada a uma redução do tamanho das doses aplicadas. A americana DuPont desenvolveu uma família defensivos que já é considerada uma das mais revolucionárias. A empresa chegou a um inseticida para soja em que a dose aplicada por hectare varia de dois a dez gramas, dependendo do inseto a ser combatido.
Além do baixo volume, o produto tem um grau de toxicidade de apenas 5 mil mg/quilo na unidade de medida de dose letal (DL50) - concentração de produto capaz de matar 50% dos animais em teste. Quanto maior o volume, menor o grau de toxicidade do produto, uma vez que é necessário um volume maior de produto para matar a mesma quantidade de animais.
"Para chegar à molécula com essas características foram necessárias 2.500 outras moléculas. Também pesquisamos produtos para pastagem e um fungicida para legumes e hortaliças, em que a necessidade é de quatro gramas por hectare", diz Marcelo Okamura, diretor de marketing da DuPont.

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