segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Ações de emergentes perdem US$ 23,3 bi no 3º trimestre


Autor(es): Antonio Perez
Valor Econômico - 03/10/2011
O recrudescimento da crise internacional nos últimos meses, com a ameaça de calote da Grécia e de novo mergulho dos Estados Unidos na recessão, afastou os investidores dos fundos de ações de mercados emergentes. No terceiro trimestre, todas as carteiras dedicadas a papéis desses mercados amargaram saída líquida - resgates menos aportes - de US$ 23,324 bilhões. "Foi o pior trimestre para essas carteiras desde o terceiro trimestre de 2008", afirma, em relatório, a consultoria americana EPFR Global, que acompanha a movimentação das carteiras internacionais.
Os fundos dedicados a ações brasileiras, embora não tenham escapado da maré negativa, já que perderam US$ 844 milhões no período, saíram-se melhor que a maioria dos outros emergentes. Um bom exemplo são as perdas, no terceiro trimestre, dos países que compõem, ao lado do Brasil, o grupo dos Bric, ou seja, Rússia (US$ 2,644 bilhões), Índia (US$ 1,868 bilhão) e China (US$ 1,412 bilhão).
Os fundos de ações da América Latina também apresentaram saídas menores que a de outros grupos regionais acompanhados pela EPFR Global. As carteiras de América Latina perderam US$ 4,020 bilhões no terceiro trimestre, ao passo que os fundos dedicados à Ásia (sem Japão) experimentaram saídas líquidas de US$ 9,155 bilhões no período.
Segundo a EPFR Global, os saques das carteiras de América Latina se devem, em parte, a preocupações sobre a demanda americana e chinesa por produtos exportados pelos países da região e a movimentos protecionistas. "As preocupações com uma bolha de crédito ao consumo no Brasil, incertezas sobre as políticas do novo governo peruano e a queda das commodities também cobraram seu preço", afirma a consultoria, em relatório.
Já as saídas líquidas das carteiras da Ásia (excluindo o Japão) foram, segundo a EPFR Global, amplamente baseadas no clima difícil para os países exportadores da região e na desaceleração do crescimento chinês. "O entusiasmo declinante com os Bric elevou a pressão sobre os dois maiores mercados da região [China e Índia]", afirma a consultoria.
Os fundos dedicados aos Bric perderam US$ 1,480 bilhão, e as carteiras que reúnem Emergentes da Europa, Oriente Médio e África (Emea, na sigla inglês), US$ 5,375 bilhões. Os diversificados fundos mercados emergentes globais (GEM, em inglês) - que têm liberdade para aplicar em ações de diversos países - sofreram saques de US$ 4,774 bilhões.
Em um trimestre que começou com o debate sobre a elevação do teto da dívida americana e terminou com o Parlamento Europeu votando a ampliação do fundo europeu para resgatar a Grécia, os investidores deixaram as aplicações mais arriscadas, ressalta a EPFR Global.
Com as saídas do terceiro trimestre, todos os fundos de ações dedicados a mercados emergentes perderam, juntos, US$ 36,334 bilhões nos nove primeiros meses do ano. Para se ter uma medida do tamanho do azedume do mercado com os emergentes, basta lembrar que, em igual período do ano passado, eles haviam recebido liquidamente US$ 52,491 bilhões.
O pouco apetite por aplicações de perfil mais arriscado também levou os investidores a retirar dinheiro das carteiras dedicadas a ações de países desenvolvidos. Em conjunto, esses fundos sofreram saques líquidos de US$ 77,375 bilhões no terceiro trimestre, sendo US$ 53,135 bilhões das carteiras de papéis dos Estados Unidos. "Os fundos americanos agora acumulam 12 semanas consecutivas de saques líquidos de investidores de varejo", afirma a EPRF Global.
Segundo a consultoria, a busca por proteção levou os investidor a fundos de bônus de mercados emergentes, que atraíram US$ 4,835 bilhões no terceiro trimestre. Nos nove primeiros meses de 2011, essas carteiras já receberam US$ 19,794 bilhões.
Os investidores também mantiveram sua fé nas ações da Alemanha, no ouro e em papéis de empresas que pagam bons dividendos. Apenas os fundos de dividendos absorveram US$ 6 bilhões no período, enquanto os investidores retiraram mais de US$ 100 bilhões dos fundos de ações como um todo [emergentes e desenvolvidos].

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