domingo, 9 de outubro de 2011

BNDES troca emissão de bônus por empréstimo


Autor(es): Francisco Góes
Valor Econômico - 06/10/2011
 
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vem conseguindo fechar empréstimos bancários com instituições estrangeiras por custos menores aos que pagaria caso optasse por emitir títulos de dívida.
Ontem o BNDES fechou com o Banco Europeu de Investimentos (BEI) a contratação de um empréstimo de € 500 milhões para financiar projetos ligados a energia renovável e eficiência energética. O custo do empréstimo considerando-se uma projeção da Libor para dez anos - metade do prazo da operação com o BEI que é de 20 anos - fica 40% abaixo daquele de uma emissão de um bônus pelo banco com vencimento em prazo semelhante.
André Carvalhal, chefe do departamento de fundos e mercado externo do BNDES, disse que, na operação do BEI, o custo em dólar projetado, em um cenário de dez anos, é de 2,13% ao ano mais spread de 0,8%, o que daria um total de 2,93% ao ano. Já na emissão de um título de dívida com prazo de vencimento de nove anos, o banco pagaria 5% ao ano. A operação com o BEI é um exemplo de um mercado interessante que vem se abrindo para o BNDES como alternativa à emissão de bônus.
Sérgio Foldes, superintendente da área internacional do BNDES, citou o caso de outro empréstimo liquidado pelo banco nesta semana, no valor de US$ 300 milhões, com o japonês Bank of Tokyo-Mitsubishi, uma instituição privada.
Foldes disse que o BNDES começou a receber ofertas de empréstimos de instituições da Europa, Estados Unidos e Ásia mais competitivas do que sinalizavam os títulos do BNDES no mercado. "Optamos por fechar um empréstimo bancário ao invés de emitir títulos", disse Foldes. O BNDES não divulga o custo do empréstimo fechado com os japoneses, a primeira operação fechada pelo BNDES com um banco privado internacional desde 2000.
Ele disse que o banco continua a analisar o mercado de títulos, mas reconheceu que dificilmente fará alguma emissão a curto prazo em função da volatilidade do mercado. Nos últimos quatro anos, o BNDES fez cinco emissões de títulos (três em dólares, uma em euros e uma em francos suíços) por um total equivalente a US$ 4,3 bilhões.
Em 2011, o BNDES fez somente uma emissão de títulos no valor de 200 milhões de francos suíços, mercado no qual não emitia há mais de dez anos. "A percepção é de que o banco tem acesso bom ao mercado, não só em títulos mas também no mercado bancário", afirmou Foldes. Neste ano o BNDES registra um total US$ 1,6 bilhão captado entre operações contratadas e em perspectiva de desembolso com bancos estrangeiros (BEI, Tokyo-Mitsubishi, alemão KFW e o JBIC). O número também considera a captação em francos suíços. Neste ano, o BNDES deve desembolsar um número semelhante ao de 2010, na faixa de R$ 140 bilhões.
Foldes disse que, historicamente, cerca de 5% do orçamento do banco é alimentando por moeda estrangeira para atender diferentes áreas operacionais do BNDES, como a exportação e a linha de internacionalização de empresas. A tendência é de que esse percentual de participação seja mantido nos próximos anos.
Na visão do executivo, os empréstimos com instituições internacionais permite ao BNDES estabelecer novos relacionamentos comerciais. Um deles é com o Nordic Investment Bank (NIB), instituição multilateral dos países nórdicos, com o qual o BNDES já fechou três operações, a última delas de US$ 60 milhões, em dezembro de 2010. Vinícius Vidal, coordenador de organismos internacionais da área internacional do banco, disse que há indicativos de que o NIB poderá fazer uma quarta operação de empréstimo ao BNDES, com a possibilidade de dispensar o aval da União, nos moldes do empréstimo fechado ontem com o BEI.
O aval da União, processo que precisa passar pelo Congresso Federal, é um requisito para operações com organismos multilaterais. "O fato de ter rompido [com o BEI] o paradigma de não precisar o aval da União ajuda no processo de convencimento de outras instituições."

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