Autor(es): Adriana Aguilar |
Valor Econômico - 05/10/2011 |
O Banco do Brasil (BB), a Caixa Econômica Federal (CEF) e o Banco do Nordeste (BNB) estão oferecendo microcrédito a empreendedores de diferentes comunidades do país. Os empréstimos podem chegar a R$ 15 mil, com taxa de juro de 0,64% ao mês ou 8% ao ano. As reduzidas taxas das operações são bancadas pelos bancos públicos e pelo Tesouro Nacional. A iniciativa faz parte do Programa de Microcrédito Orientado, chamado Crescer, lançado pelo Governo Federal. Um dos objetivos é atrair empreendedores para o mercado formal e para o sistema de crédito. Ao longo de 13 anos atuando na oferta de microcrédito produtivo, por meio do Crediamigo, o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) já realizou 9,3 milhões de operações, desembolsando R$ 12,5 bilhões, e prestando atendimento a 1,86 milhão de clientes no período entre 1998 e agosto de 2011. O Crediamigo é o maior programa de crédito produtivo popular direcionado em operação no Brasil. "A metodologia do programa é baseada na assessoria de crédito produtivo, orientada e acompanhada", afirma a superintendente da área de microfinança urbana e micro e pequena empresa, Anadete Apoliano Albuquerque Torres. A maior dificuldade para o microcrédito é a garantia em troca do empréstimo tomado. Por esse motivo, foi criado o aval solidário. Um grupo formado de três a 15 comerciantes locais se responsabiliza pelo pagamento da dívida do tomador do dinheiro. O resultado é o baixo índice de inadimplência no BNB, de 0,72% em 2010 e 0,86% em 2011. A maior parte dos empréstimos vai até R$ 2 mil, com taxa de juro de 0,64% ao mês. Quando o empréstimo alcança o limite de R$ 15 mil, a taxa de juro fica em 1,2% ao mês. O prazo máximo de pagamento é de 36 meses. Segundo Anadete, a meta é finalizar 2011 com 1 milhão de clientes no Crediamigo. No final de agosto, o banco já somava 943,5 mil clientes. Deste total, apenas 30 mil empreendedores estavam formalizados. Em volume de microcrédito concedido, de janeiro a agosto de 2011 o BNB desembolsou R$ 1,76 bilhão - 92% do volume de microcrédito foram destinados para o segmento do comércio (mercearias, pipoqueiros, bares, lanchonetes, confecções, revendedoras de produtos de beleza, entre outros). Outros 6% tiveram como destino o setor de serviços. Por último, ficaram as indústrias (2%). As mulheres representaram 65% dos clientes do Crediamigo. A metodologia do crédito produtivo, orientado e acompanhado, também está sendo praticado pela Caixa na concessão do microcrédito aos empreendedores. O projeto piloto começou em 16 de setembro no Complexo do Alemão (Rio de Janeiro), Porto Alegre e em São Paulo (Capital, Guarulhos e São Bernardo do Campo). "Agora em outubro, todas as agências da Caixa do país passarão a ter um agente voltado ao microcrédito", diz o gerente de clientes e negócios da área de inclusão produtiva, Lúcio Flávio Vilar de Azevedo. Foram contratados agentes entre 18 e 22 anos, cursando, pelo menos, o primeiro ano do ensino médio. O programa tem priorizado a contratação de beneficiários do Programa Bolsa Família. "É a primeira oportunidade de emprego, dentro da própria comunidade", explica Vilar de Azevedo. Para cada grupo de 20 agentes jovens, há a orientação de um gerente social da Caixa. Os agentes jovens vão até as comunidades, entrevistam os empreendedores, verificam a capacidade de pagamento, endividamento, entre outras quesitos. Para o projeto piloto nas primeiras cidades, foram treinados 100 agentes. Outros 460 jovens estão em fase de treinamento para o início das atividades neste outubro. Eles apresentarão cartilhas do programa e de educação financeira ao empreendedor, além de acompanharem a aplicação dos recursos no projeto. Na Caixa, os empréstimos variam de R$ 300,00 a R$ 15 mil, com prazo de pagamento de 4 a 24 meses. Em média, o tíquete médio do empréstimo varia de R$ 1 mil a R$ 2 mil, podendo ser capital de giro ou recursos para investimentos (compra de geladeira, motocicletas, máquinas, entre outros). Grupos de três a sete empreendedores, dentro da comunidade, se responsabilizam como avalistas do empréstimo (o chamado aval solidário). "Temos a expectativa de fechar 56 mil contratos com empreendedores em 2011 e, no ano seguinte, outros 300 mil contratos. Vamos conseguir inserir muita gente dentro do sistema de bancarização", afirma Lúcio Flávio Vilar de Azevedo. No empréstimo concedido, a pessoa física não pode ter o nome em listas de inadimplência. Também tem de apresentar o CPF. A partir daí, é aberta uma conta na Caixa, sem cobrança de taxas. Em seguida, o cliente recebe o cartão de movimentação. Em 21 de setembro passado, o Banco do Brasil (BB) lançou seu programa do Microcrédito Produtivo Orientado (MPO) aos empreendedores com faturamento bruto anual de até R$ 120 mil, propondo orientação educativa e acompanhamento aos tomadores de crédito. Os empreendedores individuais, com faturamento de até R$ 36 mil por ano, também compõem o público-alvo do programa. "Queremos que os empreendedores individuais e microempreendedores pessoas físicas, na informalidade, se transformem em pequenos empresários. O crédito bem aplicado se constitui em um vetor de indução ao crescimento das empresas", afirma o vice presidente de agronegócios e micro e pequenas empresas do Banco do Brasil, Osmar Dias. A linha de microcrédito do BB prevê o limite de até R$ 15 mil, com taxa de juros de 8% ao ano, equivalente a 0,64% ao mês, com prazo para pagamento de até 36 meses. Após a assinatura do contrato, é aberta uma conta aos empreendedores, com uma tarifa reduzida de R$ 5,00, e um conjunto de soluções e serviços (conta corrente, poupança, gerenciador financeiro, cartões, entre outros). |
Beneficiários deixam a pobreza em 12 meses
Valor Econômico - 05/10/2011 http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/10/5/beneficiarios-deixam-a-pobreza-em-12-meses |
Um estudo feito pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), mostra o extraordinário poder de transformação da realidade social do microcrédito em áreas urbanas de menor renda. O levantamento foi feito junto a 255 mil clientes do Crediamigo, operado pelo Banco do Nordeste, o maior programa de crédito produtivo popular direcionado, em operação no Brasil há 13 anos. Os resultados são surpreendentes: entre as pequenas unidades produtivas servidas pelo Crediamigo, 60% dos beneficiários deixaram a situação de extrema pobreza em apenas 12 meses. Como se não bastasse, houve taxas de crescimento de faturamento e de lucro, entre o primeiro e o último empréstimo, de até 35%. As taxas de aumento de consumo familiar aumentaram 15%, com redução da dependência de outras fontes de rendas, sem nenhum subsídio na operação. O estudo constatou ainda que as mulheres representam 62% dos clientes do Crediamigo. O aumento do consumo das famílias das microempresárias aumentou 2,1% acima do consumo dos microempresário. O lucro delas também registrou expansão 4,1% maior do que o dos homens empreendedores. Segundo o levantamento, o programa gera lucro de R$ 50 por ano por operação, levando em conta todos os custos, inclusive o de oportunidade financeira, além de ser uma iniciativa sustentável, melhorando a situação das microempresas e das famílias dos proprietários. O estudo analisou desde o primeiro empréstimo dos clientes do Crediamigo até o final de 2006. Não à toa, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tem ampliado sua atuação entre os micro e pequenos empreendedores por meio do microcrédito. A iniciativa segue as diretrizes do Planejamento Corporativo do BNDES de 2009 a 2014. Entre janeiro e novembro de 2010, foram concedidos aproximadamente R$ 393 mil, com recursos do BNDES Microcrédito. Foram 385 operações, com um valor médio de R$ 1.020. Em outubro de 2010, o BNDES Fundo Social aprovou a concessão de colaboração financeira não reembolsável, no valor de R$ 2,2 milhões, com o objetivo de fortalecer a capacidade operacional da rede de bancos comunitários do país. Por meio dessa rede, estima-se que os recursos do BNDES Microcrédito contribuirão para um aumento de 15% na renda média dos tomadores dos recursos, para a manutenção de 64 mil postos de trabalho e para a geração de 16 mil empregos. Criado em janeiro de 1998, o Banco Palmas, com sede em Fortaleza, capita do Ceará, foi o primeiro banco comunitário do Brasil a receber recursos do BNDES. Por meio de uma parceria com o Instituto Palmas, em julho de 2010, um contrato de financiamento do BNDES permitiu a abertura de crédito de R$ 3 milhões para a instituição - o Instituto será responsável por operações de microcrédito para os tomadores indicados pela rede de bancos comunitários do Brasil. Em paralelo, com apoio da Secretaria Nacional de Economia Solidária, do Ministério do Trabalho e Emprego, foram realizados investimentos na estruturação de novos bancos comunitários. Assim, em janeiro de 2010, havia 51 deles em funcionamento. As instituições oferecem crédito para produção e consumo, fazem abertura de conta e oferecem vários serviços bancários como seguro de vida, aos quais os empreendedores locais não tinham acesso. (A.A.) |
Avanço depende de políticas de financiamento
Valor Econômico - 05/10/2011 http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/10/5/avanco-depende-de-politicas-de-financiamento |
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 27 milhões de trabalhadores estavam na informalidade em 2009, antes da criação do EI. Desse total, cerca de 13 milhões eram considerados empreendedores e 7 milhões tinham capacidade de contribuir com a previdência - registrando uma renda superior ao salário mínimo. "Ainda há um grande potencial de crescimento do número de EIs", afirma Leonardo Rolim, secretário de políticas de previdência social do Ministério da Previdência. Mas para que o aumento do volume de trabalhadores formalizados seja sustentável, os especialistas aconselham uma maior ênfase em políticas públicas de crédito e capacitação profissional. O custo do crédito para o setor informal costuma ser caro, de acordo com Rolim. "Com esforço, vamos conseguir que os formalizados passem a ter linhas de financiamento com juros menores do que em outras opções do mercado", explica. Para o secretário, a experiência do governo com o EI mostrou que a desburocratização e a atuação conjunta de diversos atores podem gerar bons resultados. "Pesquisas indicam que a simplificação de procedimentos e a solução ágil de gargalos, pela atuação e monitoramento de órgãos públicos e não-governamentais, têm sido a chave do sucesso do EI." Segundo o presidente do Sebrae-Nacional, Luiz Barretto, o bom momento econômico que o Brasil atravessa também foi decisivo para melhorar a qualidade do empreendedorismo no país. "Anteriormente, o brasileiro tornava-se empreendedor por necessidade, por causa do desemprego", afirma. "Hoje, o principal motivo para empreender é a oportunidade de fazer negócios." A cada dois novos empreendimentos abertos por oportunidade, um é criado por necessidade. "O reflexo desse cenário é um empreendedor mais preparado e com mais chances de sucesso." De acordo com Fernando Serra, diretor da HSM Educação e autor do livro "Ser Empreendedor", com novas linhas de crédito, consultorias e treinamentos, haverá, entre os empreendedores, um aumento de produtividade e do sentimento de cidadania. Para ele, o problema da mortalidade prematura de negócios pode ser suavizado com a adequação de produtos e serviços, com maior foco no cliente, planejamento e ações de divulgação. "Uma dona de casa que aproveita dotes culinários para vender refeições pode conhecer aspectos sanitários, de embalagem e logística de entrega, que melhorem sua atividade e aumentem a base de clientes." Quando os empreendedores trabalham de acordo com a lei, há um reflexo positivo de auto-estima, concorda Nelson Benseny, professor de administração de negócios da FIAP. "Mas não existe empreendedorismo sem investimentos", diz. O especialista lembra que adquirir uma máquina ou tecnologia para deixar a empresa mais competitiva exige recursos. Para o especialista, a fórmula é oferecer juros baixos e prazos longos de financiamento para que o empreendedor tenha condições de desenvolver o negócio. "Programas de treinamentos, cursos, oficinas e palestras também contribuem para melhorar a capacidade de gestão", afirma o professor. (J.S) |
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