quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Produção de alimentos derruba indústria


Autor(es): r Francine De Lorenzo e Diogo Martins
Valor Econômico - 05/10/2011


A produção industrial de alimentos já dá sinais de recuo frente ao agravamento da crise no exterior e ao aumento da inflação no mercado doméstico. Desde fevereiro, a produção do setor está desacelerando no acumulado de 12 meses, chegando a agosto com queda de 0,5% frente aos 12 meses anteriores, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Apenas entre julho e agosto, a retração da indústria de alimentos foi de 4,6% na série com ajuste sazonal. O segmento foi o que mais contribuiu para a queda de 0,2% na produção industrial no período. Segundo o IBGE, a fraca produção de alimentos derivou, principalmente, da dificuldade na exportação de produtos como açúcar, suco de laranja e carnes bovinas. "O menor volume de exportações de carne bovina brasileira decorre do embargo expedido pelo governo russo, enquanto suco de laranja e açúcar refletem a queda na demanda internacional", explica o gerente de Coordenação da Indústria do IBGE, André Luiz Macedo.
O professor do Ibmec, Paulo Pacheco, diz que no caso do açúcar houve a influência da antecipação da safra de cana-de-açúcar. "Esse fator não deverá se repetir nos próximos meses. Já no que se refere à carne, não estão descartados novos entraves", avalia, acrescentando que o desaquecimento na produção de alimentos deve persistir, mas não são esperadas novas quedas bruscas como a de agosto.
O avanço da inflação, na análise do economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Rogério César de Souza, foi um importante fator para a queda da produção industrial entre julho e agosto. "Veremos se haverá uma tendência de diminuição do consumo, e consequentemente da produção, acompanhando a evolução da massa salarial e do crédito", afirma.
Em agosto, os produtos agropecuários no atacado tiveram alta de 1,64% frente a julho, segundo o Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI), da Fundação Getulio Vargas (FGV), enquanto no varejo o aumento foi de 0,80%. No mesmo período, o preço dos alimentos subiu 0,72% pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Em agosto, a retração de 0,2% da produção industrial em relação a julho com ajuste sazonal foi resultado de uma queda na mesma proporção em bens intermediários e de um recuo de 1,3% em bens de consumo. Na direção contrário, o setor de bens de capital produziu 0,9% mais. No acumulado do ano, a indústria cresceu 1,4% sobre 2010.

Só bens de capital não parou

Negócios & CIA - Flávia Oliveira
O Globo - 05/10/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/10/5/so-bens-de-capital-nao-parou

A produção de bens de capital, ainda crescente, é o único alento à estagnação da atividade industrial brasileira de maio a agosto. Mês passado, enquanto a produção geral caiu 0,2%, o segmento avançou 0,9%. No ano, enquanto a indústria patina em 1,4% de expansão, a produção de máquinas e equipamentos avança 5,6%. E o melhor: a fabricação de bens de capital para a indústria arrancou no bimestre julho-agosto, informa o IBGE. No primeiro semestre, o segmento cresceu 2,6%; nos dois primeiros meses da segunda metade de 2011, avançou 11,1%. Os setores de transporte e construção crescem a dois dígitos (veja o quadro). "É a nota positiva do setor industrial, que perdeu o dinamismo de maio em diante", diz André Macedo, responsável pela pesquisa do IBGE. A produção de bens de capital é um termômetro da disposição do empresariado de investir no aumento da capacidade. Resultados positivos sugerem que há esperança na retomada da demanda.
Silenciando 1
A Infraero avisou ao Inea que está mudando procedimentos de operação de aeronaves numa das rotas do Santos Dumont, a partir do dia 20. As medidas devem reduzir o barulho dos aviões em Santa Teresa, Flamengo e bairros vizinhos. É pleito histórico dos moradores.
Silenciando 2
O ruído dos aviões é briga antiga de Inea e Infraero. O órgão ambiental chegou a limitar a quantidade de voos do aeroporto, mas uma liminar derrubou a exigência. O Inea vai acompanhar as mudanças por 120 dias. Se o barulho diminuir, o terminal poderá fazer monitoramento periódico dos ruídos, em vez de permanente.
Para hoje
Rendeu US$500 mil em encomendas a rodada de negócios promovida por governo do Rio e Apex-Brasil com compradores de oito países, semana passada. Participaram 26 empresas de Nova Friburgo e mais cinco cidades da Região Serrana.
Etanol no frio
Petrobras, Vale Soluções em Energia (VSE) e Marinha vão gerar energia com etanol na estação brasileira na Antártica, a partir de novembro. A operação fará do Brasil o 1º país do mundo a usar biocombustível na produção de eletricidade no continente. O investimento foi de R$2,5 milhões, via Finep. A viagem começa hoje.

Paradoxo nacional

Brasil S.A
Correio Braziliense - 05/10/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/10/5/paradoxo-nacional

A indústria volta a fraquejar e corrobora o cenário de PIB fraco, mas com a demanda ainda forte.
No processo de desaceleração menos entendido das últimas décadas, a produção da indústria, segundo a pesquisa mensal do IBGE, voltou a fraquejar em agosto, recuando 0,2% sobre julho, quando crescera pífio 0,3%. Em base anual, a produção cresceu 1,8% em agosto sobre igual mês de 2010, contra a queda de 0,7% em 12 meses até julho.
Os próximos meses serão mais do mesmo, devendo abater a expansão da indústria, na metodologia do Produto Interno Bruto (PIB), de 10,1%, em 2010, para 2,3%, com tendência de ser menos. A produção física, desalinhada dos ainda prósperos indicadores de consumo, antecipa a chegada de um período menos venturoso para a economia.
Para o resto do ano, a expectativa, segundo a consultoria LCA, é de que a indústria continue exibindo "desempenho claudicante", com crescimento menor que a média do primeiro semestre (0,1% ao mês).
O cálculo do departamento econômico do Bradesco é coincidente, o que projeta para setembro em relação a agosto outra retração muito próxima da atual. Na previa da LCA, o crescimento médio mensal da indústria, entre setembro e dezembro, está previsto em +0,3%.
Mas, segundo a LCA, esse número está sob viés de baixa, "já que significa aceleração em relação à média das últimas seis leituras (-0,1%)". Ela ainda estima crescimento para a produção física da indústria este ano de 1,6% — menos que a projeção do Bradesco, de 2%, e da média do mercado compilada pelo Boletim Focus, do Banco Central (2,2%), mas em ambos os casos deverão diminuir.
A indústria começou a perder força em meados de 2010 e por vários meses se mostrou estagnada, embora em patamar elevado, enquanto nas etapas seguintes da engrenagem da economia a demanda continuou fluindo, indiferente ao que lhe vinha logo atrás. Tal "descompasso do crescimento", como é chamado, resulta da demanda correndo acima da oferta, gerando o vazamento desse excedente para importações.
Esse é o fenômeno pouco compreendido: indústria fraca, com taxa de crescimento estimada, no melhor cenário, em 2% este ano, contra aumento projetado para as vendas no comércio em cinco vezes mais, segundo a previsão do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo.
Social freia a queda
O normal era a demanda vir atrelada à produção. Isso mudou, parte pelo aumento do emprego e do crédito — que ainda continuam firmes, apesar da ação anti-inflacionária do BC —, mas, sobretudo, pelas políticas sociais de transferências de renda, em que se destacam os aumentos reais do salário mínimo. A desaceleração da economia, maior na indústria que em outros setores, já parece moderar a taxa de crescimento do emprego. Mas a rigidez das políticas sociais com amparo no orçamento fiscal deve frear uma queda maior do consumo, assim como da demanda por serviços, hoje o principal componente do índice de inflação a afastá-lo da meta de variação anual (4,5%).
Movidos pelo passado
O cenário do crescimento assimétrico é interpretado pelo governo e pelos empresários com a memória dos ciclos anteriores de demanda enfraquecida, que ainda não aconteceu. E, se acontecer, deverá ser maior sobre o consumo da classe média habitual que sobre a renda dos segmentos em ascensão a partir do piso da pirâmide social.
Parte dessa demanda adicional não atendida pela produção nacional é suprida por importação, que, quanto mais persistente, maior seu efeito sobre a taxa de crescimento do PIB. Contra elas a indústria pediu câmbio baixo e menos juros. Na teoria, para reaver mercados externos perdidos. De fato, para enfrentar no país a concorrência externa, sobretudo da China, país cuja relação câmbio-salário tem conseguido vencer qualquer depreciação competitiva dos parceiros.
Surpresas para 2012
O pedido começa a ser atendido, com o câmbio e os juros da política monetária descolando da meta de inflação, ambos no pressuposto de que a crise externa vai desinflacionar as commodities, o que já é detectado com várias delas. Se esta aposta bancada pelo governo se acentuar, a inflação não dispara e o BC poderá acelerar o ciclo de queda da Selic. Duvidoso é que o real depreciado abra espaço para a indústria exportar mais, com a economia global a meio pau.
Mas a demanda interna, como avalia o economista Fernando Montero, vai suscitar novas surpresas em 2012. Se a Selic tender a 9%, como parece querer o governo, a política monetária será expansionista, diz ele, mesmo com a expectativa de o BC perseguir a meta de 4,5%. O gasto público voltará a avançar 13% a 14% nominais sobre 2011 e o câmbio não perderia mais da inflação. Maior demanda interna com incerteza externa, porém, tende a reduzir investimento.
Sutilezas da economia
Para economistas mais preocupados com os problemas da indústria, a direção da política econômica menos rígida com a inflação, como tem indicado a própria presidente Dilma Rousseff, é tudo de bom. A questão é bem mais sutil. Aproveitar a crise para expandir mais a demanda interna, já havendo um quadro de pressão inflacionária no setor de serviços (cujos preços evoluem a 9% ao ano, contra acima de 7% na inflação geral), segundo Montero, tende a criar, como já criou no passado, mais consumo e menos investimento. E também mais inflação de serviços (não-comercializáveis, segundo o jargão) que dos bens comercializáveis, isto é, passíveis de exportação, o caso da indústria, que se pretende incentivar. Voltaremos ao assunto.

Riqueza do petróleo traz risco de dependência

Autor(es): Francisco Góes
Valor Econômico - 05/10/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/10/5/riqueza-do-petroleo-traz-risco-de-dependencia
 

A creche-escola Estrela do Saber, em Rio das Ostras, na região dos Lagos do Rio, tem cerca de 350 alunos, dos quais 80% são filhos de pais que trabalham na indústria do petróleo. Todas as salas de aula são equipadas com TVs de LCD, DVDs, e por câmeras que permitem aos pais acompanhar os filhos à distância e em tempo real. A modernidade das instalações reflete a riqueza criada pelo petróleo em um município que se tornou dependente do dinheiro gerado pela commodity.
"Vemos a dependência do petróleo como algo positivo", diz o empresário Marcos Cordeiro, sócio da Estrela do Saber. A escola começou pequena, com apenas duas salas (hoje são 26), no fim da década de 1990, quando Cordeiro e a mulher, Roseclair Estrela, deixaram o Rio e mudaram-se com o filho para Rio das Ostras. Cordeiro diz que a escola não para de crescer sustentada por crianças do berçário até o 5º ano do ensino fundamental cujos pais podem pagar mensalidades entre R$ 510 e R$ 1,2 mil, dependendo do número de horas que o filho fica na escola.
O dinheiro do petróleo permitiu que pequenos e médios empresários, como Cordeiro, expandissem seus negócios na região dos Lagos e no norte fluminense nos últimos anos. Mas, ao mesmo tempo, tornou as economias locais e, sobretudo as prefeituras, muito dependentes dessa produção extrativa. No Estado do Rio, o petróleo também ganhou um peso importante nas finanças públicas (depois do ICMS, os royalties e participações especiais cobradas do setor são a principal fonte de receita do Estado).
A dinâmica de crescimento do petróleo, porém, já extrapola o Rio, principal Estado produtor do país, e é visível nas estatísticas nacionais e nas projeções de investimento de instituições como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A indústria de óleo e gás também vem ganhando espaço no Produto Interno Bruto (PIB), movimento que tende a se intensificar, e nos investimentos da indústria.
As petroleiras, representadas pelo Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), consideram que o petróleo já pode estar sendo responsável hoje por algo como 12% da economia nacional, mas essa é uma estimativa e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) trabalha com outros números.
Pela óptica do investimento, o petróleo também vem ganhando espaço. O economista André Sant"Anna, gerente do departamento de acompanhamento econômico e operações do BNDES, é autor de um estudo que mostra que a participação do petróleo na Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) vai mais do que dobrar. Essa participação era de 6,3% em 2001 e deve chegar a 14,7% em 2014. A FBCF mede quanto o país investe em máquinas e equipamentos e na construção civil em um determinado período.
Na visão do IBP, o petróleo continuará a crescer e a ter peso maior na economia na próxima década em função do novo ciclo de investimentos que se abriu com as descobertas na camada pré-sal. A entidade considera que o pré-sal pode gerar um crescimento adicional entre 0,2% e 0,3% por ano no PIB na próxima década. Este ano a meta da Petrobras é produzir, no Brasil, 2,1 milhões de barris de petróleo por dia, número que poderá mais do que dobrar até 2020, quando o volume, nas contas da estatal, chegaria a 4,9 milhões de barris/dia. A perspectiva da ANP é um pouco mais conservadora, na faixa de 4 milhões de barris por dia em 2020.
Os números fizeram o Brasil ser considerado a principal fronteira para a expansão da produção de petróleo no mundo no período 2008-2030, segundo a Agência de Informações de Energia dos Estados Unidos citada pelo BNDES na publicação "Visão do Desenvolvimento" (edição 91). A previsão impõe o desafio de fortalecer a cadeia fornecedora de equipamentos e serviços para a indústria de petróleo e gás que ainda é frágil no Brasil, formada por empresas pequenas, muitas vezes familiares. Há quem entenda que é preciso montar grandes empresas brasileiras de serviços e equipamentos que possam concorrer no mercado internacional.
Essa dinâmica de crescimento do setor leva à pergunta se o Brasil poderia se tornar um país mais dependente do petróleo. Uma das vertentes negativas dessa dependência pode ser o aspecto fiscal, que embute o risco de empresas públicas ficarem reféns do dinheiro gerado pelo petróleo para fazer funcionar a máquina do Estado. A situação, se confirmada, poderia levar o Brasil a ir pelo caminho de países como Rússia, México ou Venezuela, economias nas quais o petróleo tem um peso muito forte.
O economista e consultor Ernani Torres, que se desligou este ano do BNDES, avalia que é preciso ter cautela: "O cenário é de aumento do investimento no setor de óleo e gás no Brasil, o que cria o desafio de encontrar caminhos para equilibrar o crescimento do petróleo com o resto da economia e assim evitar o chamado "oil course" [a maldição do petróleo]."
A maldição citada por Torres refere-se a países com abundância de recursos extrativos que tendem a ter menor crescimento do que países com menores recursos naturais. Uma das razões que podem levar a esse fenômeno é a perda de competitividade em outros setores da economia causada pela apreciação da moeda como resultado da maior entrada de divisas a partir da exportação de grandes volumes de recursos naturais, no caso o petróleo. O aumento da receita com a exportação de recursos naturais poderia levar à desindustrialização por força justamente da valorização cambial, a chamada "doença holandesa".
"O Brasil tem que se preparar para que a enxurrada de dólares e a receita a ser gerada pelo petróleo no futuro não gere, do ponto de vista fiscal, um retrocesso, de tal maneira que o petróleo não mude a maneira como a economia vem funcionando", diz Torres.
Florival Rodrigues de Carvalho, diretor da ANP, entende que a indústria de petróleo e gás tende a ganhar participação no PIB e vai aumentar sua contribuição em termos de capacidade de investimento. Também deve, segundo ele, ajudar a melhorar o superávit da balança comercial, além de contribuir para intensificar a industrialização do setor, que é demandante de bens e serviços. Carvalho não vê risco de dependência do petróleo pelo fato de o Brasil ser uma economia diversificada, com uma agricultura forte e uma indústria mineral também robusta que tem um parque siderúrgico e uma indústria de bens associados.
Nos últimos anos, o setor de petróleo e gás se expandiu em ritmo superior ao do resto da indústria. De 2000 a 2008, o setor de petróleo e gás cresceu 52%, quase o dobro do crescimento da indústria no período, de 26,7%, segundo o IBGE. O crescimento médio anual do setor foi de 5,4%, bem acima da expansão da indústria no período, de 3%.
O IBP projeta que o setor vai investir US$ 258 bilhões no período 2011-2015, entre Petrobras e outras petroleiras presentes no país. Do investimento total, US$ 152 bilhões serão aplicados na principal atividade da indústria - exploração e produção. O BNDES também faz as suas contas e está concluindo novo levantamento sobre os investimentos mapeados para a indústria. O trabalho refere-se ao período 2012-2015 e cobre setores que são intensivos em capital como petróleo e gás, mineração e siderurgia, petroquímica, veículos, eletroeletrônica e papel e celulose.
O economista Fernando Puga, superintendente da área de pesquisa e acompanhamento econômico do BNDES, afirma que o cenário é de sustentação do ritmo de investimento pela indústria de petróleo e gás em relação ao mapeamento anterior, válido para o período 2011-2014. Nesse trabalho, o BNDES apontou que os setores da indústria intensivos em capital - e que representam cerca de dois terços da indústria como um todo - tinham como perspectiva investir R$ 614 bilhões até 2014, dos quais R$ 378 bilhões ou 61,5% do total correspondiam ao setor de petróleo e gás. O percentual do setor petróleo e gás deve manter-se próximo disso no mapeamento 2012-2015.
Os dados do BNDES mostram que os investimentos do setor de petróleo e gás vêm crescendo acima do restante da indústria. O economista André Sant"Anna, do BNDES, disse que o investimento do setor petróleo cresceu a uma taxa média anual de 13% ao ano ante um crescimento de 9,8% da indústria como um todo quando se compara a perspectiva apontada pelo mapeamento do período 2011-2014 com os investimentos efetivamente realizados entre 2006 e 2009.

Peso do setor na economia do país gera divergências

Valor Econômico - 05/10/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/10/5/peso-do-setor-na-economia-do-pais-gera-divergencias
 
O cálculo sobre o peso do petróleo na economia brasileira varia dependendo da metodologia usada. O setor privado trabalha com estimativas não reconhecidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O IBGE calcula que, em 2008, último dado disponível, a cadeia produtiva do setor de petróleo e gás representou cerca de 4% do Produto Interno Bruto (PIB).
Já o Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), que reúne as petroleiras, considera que a participação do petróleo no PIB pode estar hoje em 12%, considerando o crescimento da produção de petróleo e o efeito que a indústria petrolífera tem sobre diferentes setores da economia, como construção naval e siderurgia. A produção de petróleo cresceu 5% ao ano, em média, entre 2000 e 2008 enquanto o crescimento médio do PIB no período foi de 3,7%.
A projeção das petroleiras toma como referência a última conta feita pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), em 2005, que indicou participação entre 9% e 10% do petróleo no conjunto de bens e serviços produzidos na economia brasileira. De lá para cá, a ANP deixou de fazer esse cálculo e o IBGE mudou a metodologia para definir o que deveria ser considerado no PIB do petróleo.
Ney Cunha, da superintendência de planejamento e pesquisa da ANP, disse que, em 2002, a agência desenvolveu metodologia para calcular o peso do petróleo no PIB com base em informações do IBGE. Até 2005, a ANP fez os cálculos que permitiram chegar a uma fatia do setor na economia que situava-se entre 9% e 10%. Mas em 2006-2007, o IBGE mudou a avaliação do que deveria ser considerado no PIB do petróleo, disse Cunha.
"Foram excluídas uma série de coisas que passaram a ser creditadas em outras rubricas, como o afretamento de plataformas, que passou a ser parte do PIB de serviços", disse. Como resultado das alterações, o PIB do petróleo ficou menor e parte do que antes era considerado na conta do setor migrou para outras áreas de atividade. Essa mudança mexeu com a participação do setor no PIB. A ANP decidiu parar de fazer esses cálculos, afirmou Cunha.
Pelos números do IBGE, se for considerada só a exploração e produção (E&P), a participação dessa atividade na economia era de 1% em 2000 e chegou a 2,1% em 2008, quando o PIB foi de cerca de R$ 3 trilhões. Só o E&P contribuiu, portanto, com cerca de R$ 60 bilhões para o conjunto de bens e serviços criados em 2008.
Se for utilizada, porém, a estimativa das petroleiras - participação de 12% no PIB -, a contribuição da indústria de petróleo e gás para a economia nacional teria sido de cerca de R$ 441 bilhões no ano passado. O número, em dólares, é maior do que o PIB de países como Portugal, Malásia e Finlândia. A conta considera o PIB de 2010 a valores correntes de R$ 3,6 trilhões. (FG)

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