Captação externa cai a US$ 5,2 bi no trimestre

Captações externas secam no trimestre

Autor(es): Fernando Travaglin

Valor Econômico - 03/10/2011

A crise não deu trégua para as empresas que pretendiam captar recursos no exterior. Havia um grande número de companhias brasileiras preparadas desde o fim de agosto, apenas esperando a reabertura do mercado para a temporada de emissões do segundo semestre. Mas a volta das férias no Hemisfério Norte coincidiu com a piora do humor externo, decorrente do agravamento da situação da Europa. O terceiro trimestre foi o mais fraco desde o início crise financeira internacional. Entre emissões de bônus, empréstimos sindicalizados (com um pool de bancos estrangeiros) e pré-pagamento à exportação, foram captados US$ 5,23 bilhões - incluindo a operação do Tesouro Nacional. No mesmo período do ano passado, o saldo foi de US$ 19,2 bilhões. Além do agravamento da crise, o movimento pode ser explicado pelo grande número de operações fechadas no primeiro semestre, o melhor da história, com um volume de US$ 30,6 bilhões, afirma Eduardo Freitas, co-head de Debt Capital Market para o Brasil do Citi. "O ano começou mostrando que não seria maravilhoso e as empresas naturalmente anteciparam as captações para fazer na melhor condição possível". Capitalizadas e com baixo endividamento, as companhias preferem agora esperar uma queda dos prêmios, hoje muito elevados. "Têm algumas empresas olhando o mercado e achamos que em algum momento as emissões vão voltar. Mas têm que estar preparado para vir no tempo centro, pois a execução terá que ser mais rápida", diz Eduardo Nascimento, diretor da BB Securities, braço do Banco do Brasil em Londres. Os bancos de investimento esperam novas janelas até o fim do ano, mas restritas a papéis em dólar e de empresas com grau de investimento. As emissões em reais, que poderiam ser um filão neste ano, ficaram comprometidas neste momento com a desvalorização do real e a redução da taxa Selic.