Autor(es): Por Murilo Rodrigues Alves |
Valor Econômico - 06/10/2011 |
Depois de cinco meses consecutivos em queda, o preço médio das commodities com impacto relevante sobre a inflação brasileira, medido pelo Índice de Commodities Brasil (IC-Br), registrou forte elevação em setembro (7,83%). O aumento foi influenciado pela desvalorização do real frente à moeda americana. Se fosse medido em dólar, o IC-BR teria apresentado recuo de 1,21% no período. O Banco Central já esperava um salto no IC-BR de setembro, mesmo apostando que o "viés desinflacionário" fará recuar o preço das commodities, com consequente redução da inflação. A dose foi até um pouco menor do que a projetada pelo diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton, na semana passada (entre 8% e 9%). Os três subíndices que compõem o IC-BR tiveram expansão no mês passado, com destaque para a alta de 8,80% das commodities agropecuárias (carne de boi, carne de porco, algodão, óleo de soja, trigo, açúcar, milho e café) e de 8,43% no valor das commodities energéticas (petróleo Brent, gás natural e carvão). O grupo de commodities metálicas subiu 5,08%. O resultado de setembro vai na contramão da tendência de queda verificada nos meses anteriores. O IC-BR recuou 10,75% entre abril e agosto, quando apresentou variação negativa de 2,12% no acumulado do ano. "A alta volatilidade cambial minimiza ainda mais o repasse da desvalorização dos preços das commodities para o mercado doméstico", disse uma fonte da área econômica. No entanto, a autoridade monetária considera que o repasse do câmbio para a inflação ("pass through") é bem menor agora do que no passado. Para o presidente do BC, Alexandre Tombini, o efeito não passa de 3%, no curto prazo, e pode chegar a 8%, no longo prazo. Ao longo de 12 meses, os preços das mercadorias da cesta do IC-BR subiram 24,77%, resultado superior ao verificado nas commodities globais. Calculado pelo Commodity Research Bureau (CRB), índice que é a referência mundial para o mercado de matérias-primas, a variação no mesmo período, com cotações em real, foi positiva em 13,60%. Na avaliação do BC, os preços das commodities estão sofrendo uma "moderação" que favorece a queda da inflação brasileira. Nos últimos dias, a aposta está se confirmando. Entre 29 de setembro e 4 de outubro, o preço de algumas commodities agrícolas, como soja e trigo, caiu 9%. |
Exportações compensam a queda de capitais externos
O Estado de S. Paulo - 06/10/2011 http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/10/6/exportacoes-compensam-a-queda-de-capitais-externos |
O fluxo cambial no mês de setembro apresentou saldo positivo de US$ 8,484 bilhões, ante uma média mensal, de janeiro a agosto, de US$ 7,476 bilhões. Embora satisfatório, é um resultado que revela uma profunda transformação nas operações cambiais que para ele contribuíram. De início, pode ser observado que o resultado foi conseguido com base principalmente nas operações comerciais, que tiveram saldo de US$ 8,758 bilhões, com as exportações somando US$ 26,228 bilhões (+43,2% em relação a agosto), enquanto as importações ficaram em US$ 17,469 bilhões (com uma redução de apenas 0,2%). É importante notar, as exportações, vistas do lado do câmbio, mostram-se 112% maiores do que em relação aos dados da balança comercial (puramente aduaneiros), revelando um adiantamento das receitas, enquanto as importações correspondem a 88%, pois parte delas é financiada no exterior. Neste ano, nos oito primeiros meses, só em fevereiro se havia registrado um saldo negativo das operações comerciais (de US$ 488 milhões), mas o saldo positivo de setembro (de US$ 8,758 bilhões) nunca foi tão elevado nos dois últimos anos. Tudo leva a crer que esse resultado excelente se deve a uma alta do preço das commodities, que, segundo o Banco Central, apresentou em setembro uma elevação (em reais) de 7,63% - de 8,80%, para os produtos agropecuários; de 5,08%, para os produtos metálicos; e de 8,43%, para os produtos energéticos. Nesta elevação se deve levar em conta a melhoria da taxa cambial. No entanto, quando se considera o resultado de câmbio contratado pelo mercado financeiro, o resultado é negativo em US$ 274 milhões e vem se acrescentar ao saldo negativo de US$ 2,512 bilhões de agosto. Registram-se uma saída de US$ 26,304 bilhões e uma entrada de US$ 26,030 bilhões, sendo 15,7% menor do que a do mês anterior. Desde o mês de julho registra-se uma redução das entradas financeiras que parece resultar das restrições impostas ao mercado de derivados e à turbulência internacional. Por enquanto, a situação nada tem de preocupante, como em 2008, quando o saldo financeiro ficou negativo em US$ 48 bilhões. Mas, com uma piora do quadro na Europa, pode-se temer queda maior no movimento de capitais e, especialmente, um recuo dos investimentos diretos. Seria o caso de as autoridades monetárias pensarem em rever as restrições relativas às operações de câmbio, que agora se realizam em Londres, em detrimento da Bolsa de São Paulo. |
Commodities em baixa podem ser ameaça a oásis sul-americano
Autor(es): Por John Paul Rathbone |
Valor Econômico - 06/10/2011 http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/10/6/commodities-em-baixa-podem-ser-ameaca-a-oasis-sul-americano |
Todos os dias Luis Castilla, o ministro da Fazenda do Peru, diz que acende uma vela e "reza para a China não entrar em colapso". Suas orações são repetidas por muitos numa região que é um dos poucos oásis da economia mundial. As economias sul-americanas, ricas em commodities, cresceram 5% no primeiro semestre deste ano. No ano passado, a região foi propulsora da economia mundial, acrescentando 0,5 ponto percentual à produção global. Mas a desaceleração da demanda asiática e a queda dos preços das commodities fizeram surgir o espectro de que a América do Sul, após ter ficado, em grande medida, a salvo da grande recessão de 2008-09, poderá não ter tanta sorte desta vez. Uma recessão "trará mais danos do que da última vez, já que não haverá os mesmos efeitos positivos decorrentes [do crescimento] da China e da Índia", disse Sebastian Edwards, ex-economista-chefe do Banco Mundial para a América Latina. Essa recessão "será mais mundial, e, portanto, nos afetará mais." Induzidos pelo sombrio cenário americano e europeu, os mercados logo embutiram essa possibilidade nos preços. O cobre, que sustenta as exportações do Chile e do Peru, respectivamente o maior e o segundo maior produtor mundial, caiu 27% este ano, para US$ 6.990 a tonelada, valor inferior à sua média dos últimos cinco anos. A soja, que responde por 25% das exportações da Argentina, recuou 11%. Já o petróleo, responsável por 90% das exportações da Venezuela, se manteve relativamente bem. Mas, a US$ 100 o barril, o preço do de tipo Brent está 20% inferior ao pico deste ano e apenas US$ 17 acima da média dos últimos cinco anos. Novos recuos restringirão a capacidade do presidente do país, Hugo Chávez, de elevar os gastos antes das eleições de 2012. No entanto, a apertada oferta de commodities faz com que a maioria preveja só um breve declínio dos preços, e não um colapso. "Num cenário de 12 meses a dois anos, a perspectiva é muito boa", diz Catherine Raw, gerente de carteira de recursos naturais da administradora de fundos BlackRock. Mas, se a queda do preço das commodities se revelar mais longa, haverá três consequências principais, segundo os analistas. A receita de impostos cairá e os investimentos em projetos de mineração serão adiados ou até cancelados. Só o Peru espera mais de US$ 40 bilhões em investimentos na mineração nos próximos anos. "Estou certo de que [a queda dos preços] afetará a decisão da implementar projetos que... pareciam bem interessantes com os preços altos", diz Diego Hernández, principal executivo da estatal chilena de cobre Codelco. "Agora haverá uma atitude mais cautelosa." Em segundo lugar, os déficits em conta corrente vão aumentar. Num cenário extremo (a queda dos preços das commodities para os baixíssimos patamares a que recuaram no início de 2009), Brasil, Chile, Colômbia e Peru teriam déficit em conta corrente de mais de 5% do PIB, segundo previsão da consultoria Capital Economics. Em terceiro lugar, a queda dos fluxos de capital ligados às commodities pressionará a taxa de câmbio para baixo. Isso poderá ajudar os exportadores brasileiros e mexicanos de manufaturados, mas comprometerá o poder de compra local e desacelerará o boom do crédito ao consumidor, fatores impulsionaram o surto de crescimento da economia latino-americana, que já dura dez anos. "Infelizmente, o crédito ao consumidor e a valorização das moedas são os principais propulsores da arrancada do consumo", afirmou Walter Molano, economista de mercados emergentes da BCP Securities. "Isso significa que ela é vulnerável às mudanças nas condições externas." Para enfrentar uma desaceleração interna, as economias mais bem-administradas da região ainda contam com armas poderosas. As taxas de juros têm muito espaço para cortes, os níveis de endividamento soberano continuam baixos e as reservas cambiais, altas. Em contrapartida, os países contam com menos munição fiscal do que alguns anos atrás. O Fundo Monetário Internacional (FMI) advertiu esta semana que os gastos públicos continuaram a aumentar, especialmente na Argentina e na Venezuela. Nos outros países, boa parte da região está computando déficits públicos estruturais depois de lançar poderosos pacotes de incentivo, em 2009. Ninguém, portanto, está prevendo tempos apocalípticos para uma região que, sob muitos aspectos, está em melhor situação macroeconômica que o mundo desenvolvido. Os sistemas bancários estão saudáveis, apesar de muitos deles serem controlados por capital externo. As contas fiscais estão sólidas. E a inflação, baixa. Mas uma queda prolongada das commodities porá de fato à prova, pela primeira vez, o que quase se tornou a nova ortodoxia econômica da região. (Colaboraram Javier Blas e Jack Farchy) |
Exportação de frango cai 10% em setembro
Autor(es): Alda do Amaral Rocha |
Valor Econômico - 06/10/2011 http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/10/6/exportacao-de-frango-cai-10-em-setembro |
A crise financeira na União Europeia, as restrições da Rússia, o dólar desvalorizado em relação ao real e o "milho nas alturas" derrubaram as exportações brasileiras de carne de frango em setembro passado. Os embarques totalizaram 305,095 mil toneladas, quase 10% abaixo das 337,637 mil toneladas do mesmo mês de 2010, de acordo com a União Brasileira de Avicultura (Ubabef). A receita com as vendas externas subiu 11,4%, saindo de US$ 590,853 milhões para US$ 657,987 milhões em igual comparação. Segundo o presidente da Ubabef, Francisco Turra, o trimestre passado foi "o mais difícil dos últimos tempos para o setor" exportador. De julho a setembro deste ano, os volumes embarcados de carne de frango caíram 7,2%, para 970.306 toneladas. A receita subiu 10,2%, para US$ 2,039 bilhões. O dirigente disse que, além dos custos elevados de produção por causa do preço do milho, o setor de carne de frango viu cair suas vendas para a UE, por conta do agravamento da crise financeira no bloco. Segundo ele, Alemanha e Inglaterra, clientes importantes do Brasil, "reduziram bem as compras". Também caíram as vendas de frango à Rússia, que embargou estabelecimentos exportadores de carnes do Brasil. Os custos altos de produção e o dólar, que caía em relação ao real até setembro, afetaram a competitividade do setor e levaram alguns exportadores a redirecionar vendas para o mercado doméstico, de acordo com Turra. No acumulado de janeiro a setembro, os volumes exportados totalizaram 2,898 milhões de toneladas, alta de 1,66% sobre o mesmo período em 2010. A receita subiu 21%, para US$ 6,038 bilhões. Apesar do trimestre difícil, a expectativa dos exportadores é encerrar o ano com crescimento entre 3% e 5% nos embarques, já que o último trimestre é historicamente aquecido para as vendas externas e o dólar está se valorizando em relação ao real. "A receita com as exportações deve alcançar US$ 8 bilhões em 2011, um aumento de US$ 1,1 bilhão sobre o ano passado", estimou Turra. Ainda que o horizonte seja incerto em importadores tradicionais de frango, a Ubabef está confiante em novos mercados, como a China. "Só não cresce mais porque só temos 24 plantas habilitadas a exportar". O setor pretende obter a autorização para que outras 41 possam vendar à China. |
No pior cenário, Brasil perderia 1,5% do PIB, diz FMI
Autor(es): Carolina Oms |
Valor Econômico - 06/10/2011 http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/10/6/no-pior-cenario-brasil-perderia-1-5-do-pib-diz-fmi |
No pior entre os dois possíveis cenários de crise previstos pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pelo Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês) o Brasil sofreria redução de 1,5 ponto porcentual no Produto Interno Bruto (PIB), causada pela desalavancagem dos bancos internacionais e uma consequente redução no crédito. Diante dos crescentes riscos apresentados à economia latino americana pela crise, o FMI recomendou que os países da região relaxem a política monetária enquanto aprofundam ou iniciam um aperto fiscal. Citado como exemplo em relatório divulgado ontem pelo fundo, o Brasil age corretamente. "A decisão de aumentar o superávit primário em 0,25% do Produto Interno Bruto é um passo na direção correta, mas uma ação fiscal maior pode ser necessária para fortalecer o mix da política fiscal e monetária". Em relatório sobre a América Latina e Caribe, o fundo defende que a redução do déficit dos países da região daria credibilidade à redução dos juros enquanto reconstrói reservas que podem ser usadas caso o cenário se agrave ainda mais. Para realizar essa meta, o FMI recomenda que sejam evitados gastos desnecessários com infraestrutura ou pressões para aumentar a despesa corrente, como o aumento de salários. Dessa vez, o Brasil, cuja nova regra do salário mínimo aumentará os gastos com salário do setor público e com pensões em 0,5% do PIB, surge como exemplo a não ser seguido. A crise também levou o fundo a reduzir 0,1 ponto percentual do que havia previsto em julho para o crescimento da região nos próximos dois anos. Haverá uma "piora modesta" das condições nos países que mais crescem na América Latina em 2011 e 2012, nesse caso, a política monetária deve ser a primeira estratégia de defesa. O fundo, no entanto, só recomenda essa "defesa" em países onde "as expectativas inflacionárias estão ancoradas e as instituições monetárias possuem credibilidade". De acordo com o fundo, a região deve expandir 4,5% em 2011 e 4% em 2012. Ainda que a desaceleração nas economias desenvolvidas projete um efeito moderado na maioria dos países, o FMI vê grandes riscos se aproximando. O medo vindo da crise internacional já afeta os mercados financeiros e as moedas locais. Além disso, uma desaceleração mais acentuada na Ásia pode atingir os preços das commodities, impactando fortemente esses países, analisa o relatório. |
Reservas têm primeira queda em 30 meses
O Estado de S. Paulo - 06/10/2011 http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/10/6/reservas-tem-primeira-queda-em-30-meses |
Mudança de estratégia do Banco Central fez o montante acumulado cair US$ 3,68 bilhões em setembroApós 30 meses de aumento ininterrupto das reservas internacionais brasileiras, a mudança de estratégia do Banco Central com relação ao dólar fez com que a trajetória dos números mudasse de rumo: em setembro, o montante caiu US$ 3,68 bilhões na primeira redução mensal desde fevereiro de 2009. A queda coincide com o agravamento da crise financeira e com a decisão do BC de deixar de atuar como comprador da moeda estrangeira. Depois de saltar impressionantes 89% desde o fim fevereiro de 2009, as reservas alcançaram a marca de US$ 353,46 bilhões no primeiro dia de setembro de 2011. Esse foi o maior valor das reservas internacionais do Brasil até hoje na história. Em 30 meses, as reservas aumentaram expressivos US$ 166,5 bilhões - ou cerca de US$ 5,5 bilhões a cada mês. Mas, desde então, as reservas têm caído gradativamente com a mudança de atuação do BC e pelo efeito da valorização do dólar e da volatilidade dos ativos que compõem as reservas, em especial os títulos da dívida americana. A retirada do BC na compra de dólares foi vista desde os primeiros dias de setembro, quando os leilões para aquisição da moeda passaram a ter volumes cada vez menores. Em 13 de setembro, aconteceu o último leilão de compra e, no dia seguinte, o Banco Central parou com as compras porque a oferta da moeda estava cada vez menor e a demanda entre os outros agentes do mercado crescia. Sozinha, a decisão de interromper as compras da moeda não explica a queda das reservas em setembro. Sem comprar a moeda e também sem vender dólares, o montante deveria permanecer parado. Mas o volume é atualizado diariamente conforme o valor de mercado dos ativos que compõem as reservas. É isso que explica a queda em setembro. No mês passado, enquanto a crise apertava os mercados, muitos investidores passaram a migrar recursos para os Estados Unidos atrás de um "porto seguro" para o dinheiro. A transferência valorizou a moeda americana em detrimento de outras divisas. Isso prejudicou as reservas já que cerca de 25% desse montante está em ativos fora dos Estados Unidos, como na Europa, Austrália e Japão. Investimentos nessas moedas, quando convertidos para dólar, ficaram menores nas últimas semanas. Além disso, há a influência da volatilidade que recai sobre o preço dos títulos emitidos pelo Tesouro dos Estados Unidos, o principal ativo das reservas do Brasil. Outro fato que comprova a reversão da estratégia do BC foi visto em 22 de setembro. Naquela data, em meio à forte disparada das cotações que se aproximaram de R$ 2 por dólar, o BC anunciou que retornara à ponta "vendedora" da moeda com a oferta de contratos de swap cambial tradicional, que equivalem à venda da divisa no mercado futuro. Desde então, realizou três operações, sendo a última ontem. / F.N. |
A dança das moedas
Autor(es): Silvia Rosa |
Valor Econômico - 06/10/2011 http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/10/6/a-danca-das-moedas |
Os fundos multimercados com aplicações em ativos no exterior têm aproveitado a volatilidade no mercado de moedas para obter retornos diferenciados. Diante do aumento das incertezas em relação à crise da dívida soberana na Europa e o receio de um eventual calote do governo da Grécia, muitos gestores passaram a apostar, por exemplo, na queda do euro. E como o dólar também subiu bastante, alguns passaram a acreditar na alta de moedas de emergentes. Na Grau Gestão de Ativos, cerca de um terço da rentabilidade de 1,50% do fundo África - um multimercado que pode aplicar até 20% lá fora - em setembro veio de posições que apostavam na queda do euro em relação ao dólar, conta o gestor Jorge Dib. Em setembro, a queda da moeda europeia foi de quase 7% ante a divisa americana. "Como o mercado está muito difícil, temos mantido posições de curto prazo, embora ainda acredite numa queda do euro ante todas as moedas", afirma Dib. Ele vê também vê oportunidades de ganho com o dólar canadense. "A desaceleração da China, assim como da economia mundial, traz um ambiente ruim para as commodities", explica. Desde setembro, o Dollar Index - que mede o desempenho da moeda americana ante uma cesta de divisas - apresenta valorização de 6,51%. O aumento da aversão a risco, aliado a uma perspectiva de crescimento menor da economia mundial, mudou o cenário no mercado de moedas em setembro, com os investidores diminuindo as posições nas divisas de países emergentes, depois de um longo período de alta desses ativos. O real acumulava desde agosto queda de 13,05% em relação ao dólar, uma das maiores desvalorizações entre as principais moedas. Só perde para o peso chileno. Por aqui, o dólar chegou a bater R$ 1,95 em 22 de setembro, maior nível desde setembro de 2009. A alta foi acentuada principalmente pela adoção de medidas de tributação pelo governo, como a incidência do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para derivativos cambiais anunciada em julho. "A falta de previsibilidade sobre as regras do jogo é muito negativo para o Brasil", afirma Eduardo Camara Lopes, da Ashmore Brasil. O multimercado Ashmore Brasil 30, por exemplo, que pode investir em cotas de fundos que aplicam no exterior, apresentava ganho de 9,30% no ano, até 4 de outubro, ante 8,79% do CDI no período. Apesar do fluxo cambial encerrar o mês passado positivo em US$ 8,484 bilhões, ajudado pelo superávit da balança comercial, a conta financeira brasileira ficou negativa em US$ 274 milhões. Outras moedas como o peso chileno e mexicano, além do rand sul-africano, também sofreram desvalorização, com os investidores buscando refúgio em ativos considerados como proteção em momentos de aversão a risco como o dólar, iene e franco suíço. Mas, a partir de agora, a expectativa é de que as moedas dos mercados emergentes devem se valorizar, mas não será um movimento linear, diz Lopes, da Ashmore. O gestor destaca potencial de ganho com moedas como o won, da Coreia, e o yuan, da China. "Esses países têm conta corrente positiva e, no caso da China, o aumento da inflação é mais um fator para o governo acelerar a apreciação da moeda", diz Lopes. A Quest Investimentos também tem buscado oportunidades de ganhos com a arbitragem de moedas, apostando na valorização de divisas de mercados emergentes em relação ao dólar e ao euro. "Vemos oportunidades em moedas de países com consumo doméstico forte como o dólar canadense, o dólar australiano e o won da Coreia", diz Walter Maciel, sócio da Quest. O gestor destaca, no entanto, que, se a crise da dívida soberana na Europa piorar, poderá haver uma deterioração do sistema financeiro europeu, levando a uma procura por proteção, fortalecendo o dólar. Já Claritas Investimentos tem apostado na valorização do franco suíço - considerado um refúgio para os investidores em momentos de crise - em relação ao euro. A gestora também chegou a ganhar com a queda do euro em relação ao dólar. Desde agosto, a moeda da Suíça acumula valorização de 6,42% ante o euro, o que levou o Banco Nacional Suíço (BNS, o banco central do país) a fixar uma cotação mínima de € 1,00 para 1,20 franco suíço para frear a valorização da moeda. Fabiano Rios, gestor da Claritas acredita, no entanto, que, no caso de um eventual calote da Grécia ou de uma piora da situação da dívida soberana dos países europeus, o BNS não terá como conter a valorização da divisa. Em relatório do mês de agosto do fundo Verde, da Credit Suisse Hedging-Griffo - um dos maiores do mercado e que acumula ganho de 9,14% no ano até setembro -, o gestor da carteira Luis Stuhlberger destacou que a próxima operação será a de se posicionar contra o euro. No dia 4 de outubro, a moeda comum europeia atingiu o menor nível em oito meses ante o dólar. Para os gestores, a valorização do dólar não deve se sustentar no longo prazo, uma vez que são esperada novas medidas de afrouxamento monetário por parte dos BCs dos países desenvolvidos para estimular a recuperação da economia. "A compra de dólar no longo prazo não é uma boa opção; o Fed [Federal Reserve, banco central americano] tem feito um grande esforço para desvalorizar a moeda americana", diz Rios, da Claritas. O presidente do Fed, Ben Bernanke, anunciou nessa semana que está pronto para tomar medidas adicionais de estímulo econômico. A Claritas também desmontou as posições compradas (apostando na alta) no real contra o dólar, depois que o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu reduzir a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, sinalizando o início do ciclo de afrouxamento monetário. "Com o juro real mais baixo, diminui o incentivo para a realização das operações de "carry trade" (que consiste em tomar o dinheiro emprestado em moeda em mercados onde a taxa de juros é baixa, ou até negativa, e aplicar em países com taxas elevadas, como o Brasil)", afirma Rios, da Claritas. A moeda americana, na opinião de Rios, deve se estabilizar entre R$ 1,70 e R$ 1,80, refletindo uma nova postura do BC de trabalhar com juros mais baixos, diante da expectativa de um crescimento menor da economia global. Mesmo com a queda da taxa Selic para 12% ao ano, o Brasil ainda apresenta a maior taxa real de juros do mundo, e deve segundo Maciel, continuar atraindo capital. "As taxas de juros reais no exterior continuam negativas", lembra o gestor. Além disso, Rios, da Claritas, acredita que a recente desvalorização do preço das commodities é uma apenas um movimento de correção. O índice CRB - composto por uma cesta diversificada de commodities - acumula queda de 11,62% nos últimos 30 dias. (Colaborou Luciana Monteiro) |
Dólar e juros favorecem os ganhos de multimercados
Autor(es): Luciana Monteiro |
Valor Econômico - 06/10/2011 http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/10/6/dolar-e-juros-favorecem-os-ganhos-de-multimercados |
Setembro marcou uma recuperação dos fundos multimercados. Depois de meses e meses com rentabilidades pífias, a alta de 18,14% do dólar ante o real e a queda dos juros no mercado futuro trouxeram oportunidades para os gestores de recursos, que aproveitaram para ir à forra. Resultado: no mês, essas carteiras conseguiram obter retornos diferenciados. Os números mostram que quatro das seis categorias de multimercados acompanhadas pela Anbima conseguiram superar, no mês, a variação do Certificado de Depósito Interfinanceiro - CDI, o juro interbancário que serve de referencial para as aplicações mais conservadoras. Muitas carteiras, inclusive, conseguiram rentabilidades tão atraentes que setembro deve salvar o desempenho do ano todo. Foi o caso do fundo da Vinci Partners, o Vinci FICFI Multimercado, que ganhou 7,34% em setembro e já acumula 14,02% no ano. Outro, o Fram Capital Amundsen, rendeu 4,15% em setembro e 11,15% no ano. Mas, num mês marcado pelo aumento da aversão ao risco, o bom desempenho dos multimercados não foi suficiente para atrair os investidores. Os dados da Anbima mostram que essa categoria de fundos encerrou setembro com resgates líquidos (aplicações menos saques) de R$ 8,176 bilhões. O setor de fundos em geral encerrou setembro com captação líquida - aplicações menos saques - de modestos R$ 58,86 milhões, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). O valor é bem inferior aos R$ 32,3 bilhões captados no mesmo mês do ano passado. O ingresso em setembro é o menor desde maio deste ano, quando houve resgates líquidos de R$ 428,9 milhões. É preciso considerar, no entanto, que esses números se mostram um pouco distorcidos já que, na semana passada, houve uma cisão de um multimercado, no qual criou-se uma carteira de renda fixa, numa movimentação total de R$ 4 bilhões. No acumulado do ano, os resgates somam R$ 39,539 bilhões. Os multimercados macro - que procuram ganhar com a tendência dos ativos - foram os maiores beneficiados pela percepção de queda futura dos juros e da valorização do dólar. Essas carteiras encerraram setembro com rentabilidade média de 3,51%, ante variação de 0,94% do CDI no período. No ano, a categoria tem retorno médio de 9,34%, ante 8,70% do CDI. Os gestores conseguiram lucrar, principalmente, com o mercado de juros, já que poucos apostavam numa manutenção da Selic na reunião realizada no fim de outubro, lembra Mauricio Pedrosa, sócio da Queluz Asset Management. No dia 31 de agosto, o Banco Central (BC) surpreendeu o mercado ao reduzir a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual. Naquele momento, a maioria dos gestores já acreditava numa queda, mas de 0,25 ponto. Apesar de a queda ter sido maior que a esperada, o mercado ganhou dinheiro já que apostava num corte dos juros. De acordo com Pedrosa, mais ou menos 70% dos ganhos dos multimercados no mês vieram de juros. "Apesar de tanta volatilidade, o mercado conseguiu ver um pouco mais de tendência nos ativos no mês de setembro." A valorização do dólar ante o real também trouxe ganhos para muitos. A volatilidade no mercado de câmbio favoreceu as operações mais curtas, de "trading" mesmo, diz gestor Jorge Dib, gestor da Grau Gestão de Ativos. Tanto que os multimercados classificados como "trading" - que adotam posições direcionais, mas em que o gestor busca capturar os movimentos de curto e médio prazos constantemente - fecharam setembro com retorno de 1,18%, também acima do CDI. No ano, essas carteiras têm ganho de 9,25%. O alto endividamento da Grécia preocupa e o próprio ministro das Finanças do país, Evangelos Venizelos, já afirmou que tem recursos até meados de novembro. Como se não bastassem as notícias ruins, as preocupações com a exposição do setor bancário europeu à dívida grega aumentaram. Problemas de liquidez e dificuldade de financiamento podem levar a uma nova ajuda financeira ao banco franco-belga Dexia. Em discussão está uma possível fragmentação das operações em dificuldades, criando um "banco ruim", com os ativos problemáticos. A instituição tem forte exposição a títulos gregos. "O cenário ainda continua muito difícil e há uma expectativa de ação das autoridades europeias, mas o problema é que não se consegue vislumbrar o que eles podem fazer de forma a melhorar a situação de forma sustentável", avalia Dib, da Grau. Os números da Anbima mostram ainda que os multimercados que seguem uma estratégia específica encerraram o mês com retorno médio de 1,19%. No ano, entretanto, rendem 8,23% - abaixo do CDI no ano. Os fundos que podem adotar várias táticas de investimento, sem o compromisso de se dedicar a uma em particular, os multiestratégia, ganharam em média 1,19%. A categoria, entretanto, ainda sofre no ano, acumulando rentabilidade média de 6,19% - bem abaixo do CDI. A expectativa de novas quedas da taxa de juros trouxe ganhos também para os fundos de renda fixa que podem aplicar em papéis prefixados. A categoria encerrou o mês com rendimento médio de 1,01%, elevando para 9,34% o ganho no ano. Já os DIs - recheados de papéis com juros pós-fixados - registraram ganho de 0,96% em setembro e, no ano, rendem em média 8,86%. As grandes ganhadoras de setembro em termos de rentabilidade foram as carteiras cambiais, com ganho médio de 17,63%, ante 16,83% do dólar. No ano, elas rendem 15,21% em média para 11,30% da moeda americana. Já os fundos de ações Ibovespa ativo - que buscam superar o índice - perderam menos que o indicador: queda de 4,73% ante desvalorização de 7,38. No ano, a perda pe de 19,43% para 24,50% do referencial. |
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