quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Economistas pedem que G-20 contenha especulação de commodities agrícolas


Manifesto reforça apelo de Nicholas Sarkozy ao combate à volatilidade dos mercados
  • Gabriela Mello
Os ministros de Finanças das 20 maiores economias do mundo (G-20) enfrentaram nesta terça, dia 11, nova pressão para intensificar a regulação dos mercados de commodities, reacendendo o debate sobre o papel dos especuladores no aumento de preços, em um momento em que deixam o setor mais rápido do que durante a crise de 2008.
Em uma carta aos ministros do G-20, 450 economistas de importantes instituições de pesquisa, incluindo as universidades de Cambridge e Oxford, pediram medidas para conter o investimento especulativo nos mercados de alimentos, que eles culpam por conduzir os preços para máximas recordes neste ano.
Eles defendem limites para as posições que investidores unicamente financeiros podem deter nos mercados de commodities agrícolas, definidos a fim de garantir liquidez suficiente para os mercados funcionarem, mas baixos o suficiente para impedir "uma concentração excessiva de atores puramente financeiros."
"Com cerca de 1 bilhão de pessoas em todo o mundo sofrendo fome crônica, a ação é urgentemente necessária para conter especulação excessiva e seus efeitos no preço global dos alimentos", disseram os economistas na carta, publicada no site do grupo de campanha antipobreza Movimento de Desenvolvimento Mundial. "Limites claros proporcionariam segurança regulatória, promovendo mercados de derivativos estáveis e sustentáveis, em benefício dos produtores e consumidores de alimentos, e estabilidade econômica generalizada."
A carta reforça apelos similares feitos pelo presidente francês, Nicholas Sarkozy, que tornou o combate à volatilidade nos mercados de alimentos a prioridade de sua liderança do G-20 neste ano. Apesar de seu posicionamento sobre o assunto, os ministros de Agricultura do grupo não conseguiram chegar a um consenso sobre isso em junho, e muitos temem que os ministros de Finanças não se sairão melhor nesta semana.
O manifesto dos economistas surge depois que a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) alertou que os preços dos alimentos devem permanecer altos e voláteis, à medida que a produção enfrenta dificuldades para acompanhar o ritmo de crescimento da demanda dos países emergentes e grãos são desviados para fabricação de biocombustíveis.
Ainda que tenha observado que "a crescente participação por exemplo, de fundos de pensão nos mercados financeiros que negociam fundos indexados a commodities possa levar ao aumento da volatilidade", a FAO se recusou a culpá-los pela elevação dos preços. "Esta é uma questão muito debatida, sem um consenso claro."
Enquanto isso, dados mostraram que a posição mantida por especuladores em muitos mercados de commodities agrícolas dos Estados Unidos atingiram o menor patamar em mais de dois anos. De acordo com os dados, o saldo líquido de posições compradas nos mercados futuros e de opções caiu de 15% para 3% nas quatro semanas até 4 de outubro. "A velocidade com a qual o capital especulativo deixou os mercados agrícolas em setembro facilmente superou 2008", disse Paul Deane, analista do ANZ Bank.

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