11/10/2011 | 18h40
- Cristiano Dalcin | Porto Alegre (RS)
Atualizada às 21h22
Os agricultores e consumidores de baixa renda podem ficar ainda mais vulneráveis à pobreza e à insegurança alimentar se o governo não aumentar as políticas públicas de apoio ao setor. A conclusão é de um grupo de economistas, pesquisadores e nutricionistas que participou nesta terça, dia 11, da abertura da Semana da Alimentação, no Rio Grande do Sul.
Os gaúchos pagam mais pela cesta básica do que os moradores de outros Estados brasileiros. Entre 17 capitais pesquisadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Porto Alegre aparece no topo da lista. Só o arroz subiu mais de 11% em setembro.
– A estrutura de produção do Rio Grande do Sul se especializou em produzir para exportação, então, a soja realmente tomou conta da agricultura gaúcha. E nós temos uma concentração na distribuição, ou seja, as redes de supermercados acabam sendo duas e estas redes acabam se abastecendo em São Paulo e isso acaba trazendo um custo maior para boa parte dos produtos de alimentação – relata o supervisor do Dieese-RS, Ricardo Franzoi.
O custo da cesta básica é a principal preocupação da semana da alimentação. De acordo com os economistas, ele pode ficar ainda mais alto por causa da dificuldade de recuperação da economia mundial.
– Nós tivemos uma reversão do quadro nas últimas semanas, a partir do agravamento da crise de endividamento na Europa. Eu diria que o aumento do preço dos alimentos passa pela elevação do preço das commodities e isto repercute, entra na economia brasileira impactando sobre a inflação – aponta o economista Antonio Carlos Fraquelli.
No Brasil, os programas adotados pelo governo federal na última década, como Bolsa Família e Fome Zero, ajudaram a melhorar a distribuição de alimentos.
– Pela primeira vez, as políticas públicas têm um impacto grande sobre a desnutrição infantil e a desnutrição materna, por exemplo. Os dados, os indicadores do Ministério da Saúde já apontam isso como um grande avanço pelo que o Brasil ganhou reconhecimento internacional por aglutinar políticas públicas que impactaram na diminuição da fome entre crianças de zero a cinco anos em um curto espaço de tempo. A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação diz que é preciso democratizar o acesso aos alimentos e que isso passa por investimentos em agricultura –ressalta a presidente do Conselho Estadual de Segurança Alimentar do Rio Grande do Sul, Regina Miranda.
Mas ainda é preciso mais investimento no campo, segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).
– A agricultura familiar é fundamental no combate à fome porque as últimas estatísticas demonstram que 70% das pessoas que passam fome são agricultores familiares, agricultores de subsistência, na África do Sul, na Ásia, mas também na América Latina. Então, é importante que nós possamos integrar as pessoas na economia, através daquilo que elas sabem fazer que é a agricultura e que possam produzir com diversidade, ajudar a combater a fome e também a combater a pobreza – afirma o representante da ONU para FAO no Brasil, Hélder Muteia.
CANAL RURAL
12/10/2011 | 09h00
Preço das commodities agrícolas deve continuar em elevação, afirma representante da Bunge
Diretor de assuntos corporativos e sustentabilidade da companhia, Adalgiso Telles, prevê que real valorizado pressione custos do agronegócio
O diretor de assuntos corporativos e sustentabilidade da Bunge, Adalgiso Telles, declarou que a tendência é que o preço das commodities agrícolas mantenham o viés de alta.
– Os preços devem continuar subindo, mas, em compensação, o custo de produção com o real valorizado ante o dólar pressiona a estrutura de custos do agronegócio – observa Telles.
A safra 2011/2012 da companhia não apresenta nenhuma surpresa e deverá fechar dentro dos planos da Bunge (os números não revelados pelo executivo).
– A nossa safra, tanto de cana como de grãos, está boa e deve se manter assim. A novidade tem sido a volatilidade do mercado com esses picos de cotação do dólar. Para o agronegócio, mais importante que o real valorizado ante o dólar é a questão da oscilação, ela sim que não é boa – diz Telles.
Telles diz ainda que a expectativa é de que a safra 2012/2013 da companhia deva alcançar incremento no volume de produção, devendo ser destinado para a produção de açúcar e etanol, conforme a demanda de mercado.
AGÊNCIA SAFRAS
11/10/2011 | 17h48
Apreensão de agrotóxicos ilegais cresce 91% em 2011
Autoridades brasileiras tiraram de circulação 45 toneladas de produtos
- Daniela Castro | Brasília (DF)
Atualizada às 21h17
A apreensão de agrotóxicos ilegais aumentou 91% neste ano. Nos primeiros nove meses, as autoridades brasileiras tiraram de circulação 45 toneladas de produtos, contra 23 toneladas entre janeiro e setembro do ano passado. O aumento se deve a uma campanha nacional contra os agrotóxicos ilegais. Há dez anos recebe denúncias anônimas e dá suporte para as autoridades policiais.
De acordo com o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola, de janeiro a setembro, 45 toneladas de agrotóxicos ilegais foram apreendidas no país, 58% correspondem a produtos falsificados, e o restante, a contrabando. O volume é 91% maior na comparação com o mesmo período do ano passado, quando 23 toneladas foram retiradas de circulação. Nos últimos dez anos, 400 toneladas de agrotóxicos ilegais foram apreendidas e 40 pessoas condenadas por crimes ambientais, de sonegação e contrabando.
O serviço Disque-Denúncia já recebeu mais de 15 mil chamadas. O número é o 0800-940-7030. A ligação é de graça e não é preciso se identificar.
CANAL RURAL
A complexa questão da fome mundial
Correio Braziliense - 11/10/2011 http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/10/11/a-complexa-questao-da-fome-mundial |
A cada novo relatório mundial sobre segurança alimentar, um choque e uma constatação: a persistência de uma tragédia humanitária e a incapacidade das Nações Unidas de enfrentá-la. Como em outras graves questões do planeta, falta decisão política para mudar o quadro. Sem uma governança global, da qual a ONU não dá conta, os problemas mais do que se agravam, se entrelaçam. A crise financeira nos países ricos, o comprometimento do meio ambiente e a fome caminham juntos. A diferença é o poder que são capazes de mobilizar. Para evitar a quebradeira de bancos e instituições de crédito, centenas de bilhões de dólares foram gastos nos últimos três anos. Para conter as mortes provocadas pela desnutrição, o Programa Alimentar Mundial (WFP, na sigla em inglês) teve de se virar diante da elevação dos preços dos alimentos em 2008 e conseguir reles US$ 60 milhões para completar o orçamento. As adversidades não são gratuitas. Só o desastre internacional provocado pelo efeito cascata do escândalo dos títulos podres do mercado imobiliário norte-americano incluiu mais 70 milhões de pessoas entre aquelas que vivem abaixo da linha de pobreza. Isso, do ano passado para cá, segundo o Banco Mundial. Por sua vez, a resistência ao fechamento de um acordo climático global resulta em secas, enchentes e pragas, que destroem plantações e encarecem os preços dos produtos. A equação responde hoje por 6 milhões de mortes anuais de pessoas que simplesmente não têm o que comer, e por um contingente de 925 milhões de famintos. São os dados mais recentes da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), antecipados ontem pelo Correio. O relatório ressalva ter sido o Brasil um dos raros países em que a segurança alimentar avançou positivamente, apesar das turbulências financeiras mundiais. Além do crescimento da produção de comida, contribuíram para o resultado positivo políticas públicas como o Bolsa Família. Aliás, foi o reconhecimento ao sucesso brasileiro que levou à eleição de José Graziano da Silva, primeiro ministro de combate à fome do governo Lula, a diretor-geral da FAO para o período de janeiro de 2012 a julho de 2015. Embora o desafio monumental, ele é otimista e considera "razoável e alcançável" a meta de erradicar a fome. Mas, sem uma conjunção mundial de esforços, é difícil acreditar nessa possibilidade. Um passo fundamental seria profunda reformulação da ONU — bandeira brasileira que já vai se tornando antiga —, com melhor equilíbrio de forças entre as nações. O passo seguinte seria aumentar a produção de alimentos, que precisa suprir as necessidades de 9 bilhões de pessoas até 2050. Para tanto, urge levar a sério os compromissos com o desenvolvimento sustentável, conforme definido há quase duas décadas, na Eco-92. A etapa seguinte seria democratizar a distribuição da comida, garantindo que todos tenham acesso a ela. Mas sem assegurar renda, educação e boas condições de saneamento às populações pobres, essas permanecerão vulneráveis, como massa de manobra dos poderosos. |
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