Autor(es): Sergio Leo |
Valor Econômico - 04/10/2011 |
O grande aumento nos preços das commodities, somado a um surpreendente desempenho na venda de produtos industrializados, como semimanufaturados de ferro e aço, ferro-gusa e motores de veículos, garantiu ao Brasil resultado surpreendente no comércio exterior nos primeiros nove meses do ano: com exportações e importações recordes para o mês de setembro, o país obteve saldo positivo de US$ 27 bilhões na balança comercial de janeiro a setembro. Só no mês passado, o superávit chegou a US$ 3 bilhões, 85% acima do resultado de setembro de 2010. "Se estivéssemos concentrados apenas no mercado europeu e no americano, estaríamos sentindo a turbulência e o arrefecimento do crescimento", reconheceu o secretário-executivo-adjunto do Ministério do Desenvolvimento, Ricardo Shaefer. Em setembro, um dos destaques da exportação foram as vendas de óleo de soja em bruto, que aumentaram 155%, especialmente para China, Índia e Irã. Segundo o ministério, o aumento nas exportações de minério de ferro, petróleo, soja em grão, café em grão e carne de frango - que representam mais de um terço das vendas brasileiras ao exterior - se explica principalmente pelos altos preços, entre 20% a 61% acima dos patamares verificados nos nove primeiros meses do ano passado. O maior aumento nas quantidades exportadas foi de apenas 6% para o minério de ferro e 4% para o café em grão. O volume de petróleo exportado até caiu, 1%, o que foi compensado com o aumento de 40% nos preços. "Tivemos um bom resultado na balança comercial de setembro", avaliou o vice-presidente da Associação de Comércio Exterior Brasileiro (AEB), José Augusto de Castro. "Mas é claro que, em 2012, o cenário vai mudar completamente, com queda nas importações e exportações." As vendas de produtos manufaturados, sensíveis à desaceleração econômica, subiram 12,3%. Somadas a elas as vendas dos semimanufaturados (produtos usados no processo industrial), que cresceram 40% em setembro, o aumento nas exportações de produtos industrializados chegou a 19,6%, pouco acima da média do crescimento no comércio mundial previsto para este ano pelo FMI. "As exportações de produtos industrializados cresceram 22,6% até setembro, um aumento expressivo comparado ao crescimento do comércio mundial previsto pelo FMI", comparou a secretária de Comércio Exterior, Tatiana Prazeres. Ela enfatizou que o saldo comercial, de US$ 23 bilhões nos primeiros nove meses do ano, é o maior dos últimos quatro anos. Segundo Tatiana, só no começo do próximo ano deverá fazer efeito a variação do dólar, que, ainda instável, impede qualquer previsão. As importações, em setembro, aumentaram apenas 13,8%, mas ficaram acima de US$ 1 bilhão diário, o que reflete a comparação com as médias de importação muito altas de setembro do ano passado. Um desempenho que chamou a atenção do governo foi a queda, pela primeira vez em muitos meses, das importações de máquinas e equipamentos para a indústria, os bens de capital. O governo rejeita, porém, a interpretação de que esse resultado reflita uma desaceleração dos investimentos. A queda se deve, segundo o Ministério do Desenvolvimento, à comparação com setembro de 2010, quando um número reduzido de empresas fez compras "muito expressivas" no exterior de equipamentos siderúrgicos e de energia elétrica. "Se descontarmos as operações atípicas de setembro do ano passado, as importações de bens de capital teriam crescido 8,5%, dentro da média", disse Tatiana. Para Shaeffer, a queda nas vendas de automóveis, de 13% em setembro, comparadas aos resultados de setembro de 2010, devem se explicar pela preferência pelo mercado interno, que fez aumentar em 40% as importações de veículos no mês. "É cedo para chegar a qualquer conclusão em relação às exportações de manufaturados", disse. "O que se verifica é que é as exportações brasileiras não estão sofrendo impacto da retração nos mercados", disse. |
Superávit do Brasil com a Argentina cresce 80%
Valor Econômico - 04/10/2011 http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/10/4/superavit-do-brasil-com-a-argentina-cresce-80 |
O superávit comercial do Brasil com a Argentina aumentou para US$ 4,5 bilhões neste ano, um aumento de 80% em relação ao saldo de US$ 2,5 bilhões em favor do Brasil registrado no mesmo período em 2010. O aumento do saldo, que incomoda o governo argentino e acende pressões protecionistas no país vizinho se deve principalmente à perda de competitividade da indústria argentina. O Brasil, mesmo desfavorecido pelo real valorizado, aumentou bem mais as vendas que as compras aos argentinos. Entre os principais parceiros comerciais do Brasil, a Argentina foi um dos que conseguiram registraram o menor aumento de suas vendas ao país, 18% de janeiro a setembro an comparação com o mesmo período de 2010. A União Europeia, em crise, aumentou em 17% as compras do Brasil, quase o mesmo percentual da Argentina, enquanto as vendas dos EUA cresceram 28,6%, sempre na mesma comparação. Especialistas do governo já preveem, informalmente, que o superávit no comércio bilateral poderá superar US$ 6 bilhões neste ano. O Brasil, que exporta principalmente produtos manufaturados à Argentina, aumentou em 28,4% suas vendas ao país, apesar da queda na venda do principal item de exportação, os automóveis. As exportações de carros a todos os mercados do Brasil caíram 6% de janeiro a setembro, comparadas ao resultado no mesmo período do ano passado (a queda foi de 13% em setembro, em relação a setembro de 2010). Entre os principais produtos exportados à Argentina estão tratores e máquinas agrícolas, aviões, motores, autopeças, pneus e polímeros plásticos. A Argentina segue como o terceiro maior mercado de origem das importações brasileiras, principalmente automóveis e autopeças, nafta para petroquímica, gás, trigo, plásticos, farinha de trigo e hortigranjeiros. "O Brasil tem interesse em importar da Argentina. Quanto maior o fluxo de comércio dos dois lados, melhor", disse a secretária de Comércio Exterior, Tatiana Prazeres. Ao comentar a licença prévia que o Brasil passou a exigir no dia 10 para importar doces e chocolates, a secretária argumentou que a medida foi resultado do "monitoramento e análise interna do movimento nesse setor". Técnicos do ministérios dizem que a medida é uma represália ao represamento das vendas brasileiras desses produtos aos argentinos - ela afeta principalmente a Arcor, maior exportador argentino dessas mercadorias ao Brasil. Empresas brasileiras como a Bauducco chegaram a aumentar o percentual de componentes argentinos, como passas, em seus panetones, para buscar a boa vontade das autoridades que seguem bloqueando sem justificativa a entrada desses produtos no país vizinho. Tatiana nega, porém, que o protecionismo argentino ameace o comércio bilateral. "O comércio entre os dois países cresce, e cresce de maneira importante", argumenta, citando o superávit crescente do Brasil com a Argentina. Ela reconhece, porém, que as barreiras ao comércio têm exigido atuação constante do governo brasileiro. (SL) |
Nenhum comentário:
Postar um comentário