quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Bolsa 'socialista' da Venezuela será puxada pela PDVSA

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Autor(es): Rodrigo Uchoa | De São Paulo
Valor Econômico - 17/11/2010
 

O presidente Hugo Chávez anunciou no fim de semana a criação da primeira bolsa de valores pública, socialista. Seria a resposta da Venezuela à "crise terminal do capitalismo" e um modo de os cidadãos investirem nas empresas estatais e nas de economia mista.
A nova instituição deve começar a funcionar no mês que vem, nas dependências da Econoinvest, a maior corretora do país, que foi fechada pelo governo sob a acusação de cometer fraudes no mercado financeiro. A bolsa socialista deve ter como carro-chefe a PDVSA, estatal de petróleo que é a maior empresa do país, e companhias estatizadas nos últimos anos, como a Cantv, de telecomunicações, e a siderúrgica Sidor. Economistas dizem que essas empresas estão sofrendo com a falta de capacidade de investimento do governo.
Segundo o deputado Ricardo Sanguino, presidente da Comissão de Finanças da Assembleia Nacional, "a Bolsa Pública de Valores não procura rendimentos na concepção capitalista, e sim se tornar um veículo para que os excedentes da economia possam ser investidos nos setores produtivos". Sanguino, que é do partido de Chávez, o PSUV, disse que será uma bolsa "sem a concepção mercantilista".
A estratégia de Chávez é dar um retorno maior do que o mercado financeiro. As oportunidades de investimento na Venezuela são muito limitadas, já que a inflação beira os 30% e há taxas de juros reais negativas. Por causa disso, os venezuelanos vêm se tornando cada vez mais consumistas, num círculo vicioso que alimenta ainda mais a inflação. O presidente porém não disse como pretende dar retornos melhores aos investidores.
"Quando vocês receberem seus bônus de fim de ano, não gastem. Vamos nos organizar e investir", disse Chávez. Parte dos trabalhadores venezuelanos recebe bônus equivalente a três meses de trabalho no Natal.
Analistas entretanto põem em dúvida a viabilidade da nova bolsa e de sua atratividade. "A meu ver, não há nenhuma chande de um investidor privado [procurar a bolsa socialista]", disse à Bloomberg Alejandro Grisanti, analista de América Latina no Barclays Capital de Nova York.
A Bolsa de Valores de Caracas, que a chamada Bolsa Bicentenária criada por Chávez pretende substituir, vem registrando uma decadência contínua na última década e suas operações diárias se resumem a uns poucos milhares de dólares em média.
A Bolsa de Valores de Caracas é uma associação das corretoras e foi fundada em 1976, unificando as operações das bolsas de comércio do país. No início da década de 90, ela atingiu seu ápice e se tornou a bolsa "de mercado emergente de maior crescimento do mundo", segundo ela própria.

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