Pouca colaboração entre setores, burocracia e ineficiência do setor público dificultam a criação de centros de pesquisa no país
DE SÃO PAULO
DE SÃO PAULO
Há dez dias, enquanto executivos da GE anunciavam um aporte de US$ 100 milhões para a criação de um centro de pesquisa no Rio de Janeiro, o presidente mundial da companhia, Jeff Immelt, estava na China anunciando mais US$ 500 milhões para o centro da companhia em Xangai, inaugurado há dez anos.
A diferença na dimensão dos investimentos se explica, em grande parte, pelo porte das duas economias. Mas não só. Na China, a criação de centros de P&D (pesquisa e desenvolvimento) é uma precondição imposta para empresas que querem se instalar no país.
Ainda que o Brasil tenha avançado no sentido de se tornar mais atraente para P&D, há ainda muitos gargalos a serem superados.
"Terreno e isenção de IPTU não fazem diferença para esse tipo de investimento", diz Naldo Dantas, secretário-executivo da Anpei (Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras).
A primeira motivação, explica Dantas, é de pessoal. Refere-se ao ambiente e à quantidade de doutores. A segunda é justamente o tamanho do mercado e o potencial de clientes.
"No Brasil, temos tecnologia, mas o desafio é justamente levar a tecnologia para as empresas e transformá-la em inovação, em produtos que gerem riqueza."
Para se tornar realmente atraente para o investimento em inovação, o país precisa superar velhos problemas. O maior é a ineficiência na concessão de patentes.
O tempo médio de concessão de uma patente no Brasil é de 8,6 anos. Esse prazo inviabiliza a indústria de fundos de capital de risco.
"O investidor põe dinheiro em um projeto que está saindo da universidade para vender dali a cinco, seis anos. Sem a garantia da patente, você não fecha o negócio."
A transferência tecnológica entre universidades e empresas privadas também é prejudicada pela falta de dinamismo do setor público.
Outro gargalo importante é a falta de incentivos para atrair pesquisadores estrangeiros, que acabam entrando no Brasil com visto de turista.
(MARIANA BARBOSA)
A diferença na dimensão dos investimentos se explica, em grande parte, pelo porte das duas economias. Mas não só. Na China, a criação de centros de P&D (pesquisa e desenvolvimento) é uma precondição imposta para empresas que querem se instalar no país.
Ainda que o Brasil tenha avançado no sentido de se tornar mais atraente para P&D, há ainda muitos gargalos a serem superados.
"Terreno e isenção de IPTU não fazem diferença para esse tipo de investimento", diz Naldo Dantas, secretário-executivo da Anpei (Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras).
A primeira motivação, explica Dantas, é de pessoal. Refere-se ao ambiente e à quantidade de doutores. A segunda é justamente o tamanho do mercado e o potencial de clientes.
"No Brasil, temos tecnologia, mas o desafio é justamente levar a tecnologia para as empresas e transformá-la em inovação, em produtos que gerem riqueza."
Para se tornar realmente atraente para o investimento em inovação, o país precisa superar velhos problemas. O maior é a ineficiência na concessão de patentes.
O tempo médio de concessão de uma patente no Brasil é de 8,6 anos. Esse prazo inviabiliza a indústria de fundos de capital de risco.
"O investidor põe dinheiro em um projeto que está saindo da universidade para vender dali a cinco, seis anos. Sem a garantia da patente, você não fecha o negócio."
A transferência tecnológica entre universidades e empresas privadas também é prejudicada pela falta de dinamismo do setor público.
Outro gargalo importante é a falta de incentivos para atrair pesquisadores estrangeiros, que acabam entrando no Brasil com visto de turista.
(MARIANA BARBOSA)
RJ alia incentivos fiscais a pré-sal e atrai empresas
Centro de pesquisa da GE é novo elemento em polo da cadeia do petróleoParque Tecnológico da UFRJ tem pesquisa da Schlumberger e estão previstas ações da FMC e da Baker and Hughes
RODRIGO RÖTZSCH
DO RIO
Impulsionado pela descoberta do pré-sal e pela escolha de sua capital para sede da Olimpíada de 2016, o Rio de Janeiro vem recebendo uma série de investimentos estrangeiros sem precedentes nos últimos anos.
Para ampliar essa onda, o Estado se engaja no que Regis Fichtner, senador e futuro secretário da Casa Civil, chama de "guerrinha fiscal", concedendo benefícios tributários às empresas que pretendem aí se instalar.
Maior símbolo dessa nova onda de investimentos, a General Electric anunciou há dez dias a instalação de um centro de pesquisas na Ilha do Bom Jesus, nos arredores da Ilha do Fundão, zona norte. A instalação faz parte de um pacote de investimentos de US$ 500 milhões no país.
A fim de atrair a empresa para a cidade, a Prefeitura do Rio comprou um terreno de 13 mil metros quadrados que era do Exército e irá cedê-lo por 50 anos para a GE.
A companhia também será beneficiada pela redução do ISS, de 5% para 2%.
O Estado do Rio ofereceu isenção de ICMS na compra de equipamentos e insumos para o centro.
O pacote ajudou o Rio a derrotar São Paulo e Minas Gerais, que também ambicionavam abrigar o centro.
Ao lado, no Parque Tecnológico da UFRJ, já entrou em funcionamento um centro de pesquisas da Schlumberger e estão acertadas iniciativas semelhantes da FMC e da Baker and Hughes.
Todos estão voltados para avanços tecnológicos nas áreas de petróleo e gás e obtiveram condições semelhantes às oferecidas à GE.
A cidade do Rio não é a única beneficiada pela política de incentivos. Em janeiro deste ano, Queimados, na Baixada Fluminense, foi incluída numa lei estadual que reduziu a alíquota do ICMS de 19% para 2%.
Em localização estratégica, ao lado da via Dutra, a cidade já conseguiu atrair 22 novas empresas, entre elas as estrangeiras RHI (Áustria) e Procter & Gamble (EUA). No total, os novos investimentos na cidade se aproximam de R$ 500 milhões.
O secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Julio Bueno, minimiza a importância da política de incentivos e enfatiza as questões estruturais.
"Estamos isentando os equipamentos, são detalhes. A GE veio pelos dois motivos que empurram a economia do Rio: o pré-sal e a agenda esportiva. A isenção de impostos é irrelevante", afirma.
Fichtner, porém, admite que o Rio é "agressivo" na política de incentivos.
ACESSO A CLIENTES
De olho nas novas oportunidades, a Prefeitura do Rio criou em maio a agência Rionegócios, dedicada a atrair investimentos como o da GE.
"É claro que, se for uma empresa com margem de lucro pequena, os incentivos são fundamentais. Mas um dos motivos principais para eleger um local é a possibilidade de acesso a clientes como a Petrobras e a Vale", diz Marcelo Haddad, que comanda a agência.
A Rionegócios trabalha com 60 projetos de empresas estrangeiras que podem se instalar na cidade.
Piratas do Tietê
Laerte |
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