quinta-feira, 18 de novembro de 2010

São Paulo perde e Rio de Janeiro ganha participação na economia brasileira

http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/11/18/sao-paulo-perde-e-rio-de-janeiro-ganha-participacao-na-economia-brasileira

Autor(es): Rafael Rosas | Do Rio
Valor Econômico - 18/11/2010


A economia de São Paulo seguiu perdendo participação no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2008. As Contas Regionais, divulgadas ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que a participação do Estado na economia nacional passou de 37,3% em 1995 para 33,1% em 2008 - uma queda contínua, depois de 34,6% em 2002 e 33,9% em 2007.
"Há uma desconcentração econômica notória em função de uma perda da indústria por conta da guerra fiscal e dos incentivos dados por outros Estados", explica Frederico Cunha, gerente da coordenação de contas nacionais do IBGE.
O resultado de 2008 mostra que, pela primeira vez desde 1995, a participação somada dos PIBs de Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná fica igual à de São Paulo. Também foi a primeira vez que a participação dos demais 22 Estados, com 33,8% do total, supera a de São Paulo. Entre 2007 e 2008, o PIB paulista perdeu 0,8 ponto percentual de participação no bolo nacional, mas Cunha evita creditar essa baixa inteiramente à crise internacional.
"Não tem como dizer que o fator principal é a crise. Houve perdas no setor financeiro e na indústria em São Paulo, mas 47% da agricultura do Estado é cultivo de cana ou de laranja e os dois produtos tiveram resultado ruim em 2008", diz.
A queda entre 1995 e 2008 foi mais pronunciada na indústria, uma vez que São Paulo passou de 44,4% do total do setor em 1995 para 33,9% em 2008. O Rio passou de 8% para 12,7% e ultrapassou Minas Gerais no segundo lugar. A indústria mineira cresceu menos e passou de 9,1% do total do país para 11% entre 1995 e 2008.
O setor de serviços mostrou um nível de concentração mais próximo ao PIB nacional e São Paulo, que representava 35,6% do total em 1995, passou para 33,4% em 2008. O Rio também perdeu participação e foi de 13,4% para 11,6% no período. A administração pública contribuiu para que os 19 Estados com menor peso no setor de serviços vissem a sua fatia no bolo ir de 17,9% em 1995 para 21,3% em 2008. Na agropecuária, a participação dos Estados no PIB do setor mostra desconcentração. O Estado líder, Minas, tinha 17,3% de participação no PIB do setor em 1995 e passou para 15,3% em 2008.



Um Brasil ainda muito desigual

Autor(es): Liana Verdini
Correio Braziliense - 18/11/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/11/18/um-brasil-ainda-muito-desigual

Concentração econômica segue forte, apesar da expansão do Nordeste e do Centro-Oeste. Na contramão, Brasília se sai mal

O Brasil continua a ser um país de produção e renda extremamente concentrados, mas essa realidade começa a dar lugar a um outro país. Ao menos, é o cenário pintado pelo estudo Contas Regionais, divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os estados que mais ganharam espaço na economia brasileira em 2008 são os do Nordeste e os do Centro-Oeste. Em contraponto, o Distrito Federal teve o sexto pior desempenho naquele ano (leia mais na página 17), quando a crise financeira mundial mudou completamente o ambiente econômico.

“É um país ainda concentradíssimo”, avaliou Frederico Cunha, gerente de Contas Regionais do IBGE. “Mas começa a dar mostras de que inicia um caminho para fora do eixo central. É exatamente o que explica o desempenho acima da média das regiões Nordeste, Centro-Oeste e Norte, que ganharam participação no Produto Interno Bruto (PIB, soma de todas as riquezas do país) desde 2002, ao passo que Sul e Sudeste vêm perdendo chão. “Podemos atribuir esse processo de desconcentração ao interesse da indústria em ficar mais próxima dos centros fornecedores de matéria-prima e dos novos consumidores”, explicou Cunha.

Para ele, isso justifica a migração da indústria leve, como a de alimentos e bebidas, inaugurando novas plantas nas regiões que se expandiram. O avanço da Região Norte deveu-se, principalmente, à expansão do polo industrial de Manaus, à ampliação da extração de minério e do setor de metalurgia no Pará, acrescentou o economista do IBGE. No Centro-Oeste, o fator decisivo para o ganho de espaço foi o avanço da fronteira agrícola e o crescimento da agroindústria.

No caso do Nordeste, segundo Cunha, houve a instalação de novas indústrias. “Historicamente, essa região respondia por 12,6% do PIB brasileiro. Em 2005, ela ampliou essa participação para 13,1% e manteve essa fatia, mesmo com a economia do país em franco crescimento”, ressaltou. “Podemos dizer que o Nordeste teve um grande desempenho nesse período.”

Piauí na frente
Contribuiu para esse comportamento destacado do Nordeste o estado do Piauí, que apresentou um crescimento real do PIB de 8,8% de 2007 para 2008, justamente o que mais cresceu, consideradas as 27 unidades da Federação. Mas também colaboraram os estados do Ceará, com evolução de 8,5%, da Paraíba (5,5%) e de Pernambuco (5,3%), todos com desempenho acima da média nacional, de 5,2%.

De acordo com o IBGE, os bons resultados do Piauí em 2008 foram consequência da agricultura, responsável por 7,3% da economia do estado contra 4,5% em 2007. O que mais pesou para esse efeito foi o cultivo de soja, que teve crescimento real de 546% em seu valor agregado. A atividade agrícola também impulsionou a economia do Ceará, que se destacou pela produção de cereais, com aumento de 136% em relação ao ano anterior, período em houve uma queda de 64%.

A terceira maior expansão foi registrada pelo estado de Goiás, que apresentou crescimento real de 8% de seu PIB, e foi seguido de perto por Mato Grosso, com evolução de 7,9%, e Espírito Santo, com aumento de 7,8%. Para o IBGE, tanto Goiás quanto Mato Grosso tiveram um comportamento diferenciado devido à agricultura.

Periferia se destaca
Os estados campeões de crescimento entre 1995 e 2008 foram Mato Grosso, Amazonas, Amapá e Espírito Santo. Em quinto lugar no ranking da ampliação real do Produto Interno Bruto (PIB, soma de todas as riquezas do país) em 13 anos estão empatados o Acre e o Tocantins. Mato Grosso, com taxa de 128,4%, foi o estado que mais expandiu-se em termos reais, quase três vezes a média nacional (47%). Mas ele enfrentou períodos difíceis, como em 2006, quando a atividade econômica, influenciada pela queda em volume de 17,9% da atividade de agropecuária, encolheu 4,6%.

O Amazonas teve expansão de 104,9%, impulsionado pela indústria de transformação, que responde por cerca de 30% de sua economia. Entre 1995 e 2008, a atividade cresceu 86% em termos reais e 50,3% entre 2002 e 2008, totalizando um salto de 174,9%. O estado foi seguido por Amapá (91%), Espírito Santo (82,2%), Acre e Tocantins, empatados com crescimento real do PIB de 78,9%. Na ponta oposta da tabela, aparecem Rio de Janeiro (30,7%), Rio Grande do Sul (34,5%), Alagoas (36,2%), São Paulo (39,8%) e Pernambuco (43,9%), que cresceram abaixo da média nacional (47%).

Vez do Norte
Em termos de regiões, o Norte foi o que apresentou a maior expansão real do PIB (81,9%) no período de 13 anos. Foi seguido pelo Centro-Oeste, com evolução de 73,3%, do Nordeste (51,9%), do Sul (44,6%) e Sudeste (40,6%). Mas, considerando o avanço na contribuição para a economia nacional, a Região Nordeste teve melhor desempenho. Houve uma ampliação de 1,1 ponto percentual — de 12% em 1995 para 13,1% em 2008. Em seguida, a Região Norte foi a que mais avançou sobre o PIB nacional (0,9 ponto percentual), acompanhada de perto pelo Centro-Oeste, com aumento de 0,8 ponto percentual. A Região Sul também acabou conquistando espaço (0,4 ponto percentual).

Oito maiores caem
Jorge Freitas
Especial para o Correio


Oito estados respondem por 78,2% da geração de riquezas no Brasil. Três são da Região Sudeste — São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais —, outros três da Região Sul — Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina —, um do Nordeste (Bahia) e um do Centro-Oeste (Distrito Federal). Na avaliação de Frederico Cunha, gerente de Contas Regionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), essa concentração diminuiu em relação a 2002, quando a participação do grupo era de 79,7%.

O IBGE apontou que São Paulo foi o estado com a maior perda de espaço na economia brasileira, de 1,5 ponto percentual. Ainda assim, o Produto Interno Bruto (PIB, soma de todas as riquezas) do estado ultrapassou, pela primeira vez em 2008, a marca de R$ 1 trilhão. “Esse encolhimento de São Paulo está relacionado ao comportamento da indústria de transformação”, explicou o gerente do IBGE. O segmento participou com 43,7% do total da atividade no estado em 2008, depois de perder 5 pontos percentuais desde 1995. “Essa indústria sai de São Paulo e instala-se nos outros estados de economia mais ativa no país. São aqueles que disputaram as plantas na base da concessão de incentivos fiscais”, acrescentou.

Pelos cálculos do IBGE, a indústria de transformação perdeu participação de 0,4 ponto percentual na economia brasileira (17% em 2007 para 16,6% em 2008), o que impactou diretamente o estado, que detinha cerca de 44% dessa atividade.

Laranjas e finanças
Outro aspecto que contribuiu para a perda de espaço de São Paulo, segundo o IBGE, foi a agricultura, que apresentou queda de participação, influenciada pela redução dos preços da cana-de-açúcar e da laranja, cultura cujas atividades correspondiam a 48,6% da agropecuária paulista em 2007 e passaram a representar 40,5% em 2008. Também o serviço de intermediação financeira perdeu espaço. Passou de 7,7% em 2007 para 6,8% em 2008, quando SP concentrava 51% dessa atividade. (Colaborou Liana Verdini)

SP derruba Sudeste
A desconcentração pode ser medida mesmo pela redução da participação da Região Sudeste, que diminuiu 3,1 pontos percentuais no PIB brasileiro. “Mais uma vez, destaque para a perda de participação de São Paulo, estado que, sozinho, teve queda de 4,2 pontos percentuais de participação em 2008, quando comparado a 1995”, disse Frederico Cunha, gerente de Contas Regionais do IBGE.

A dívida pública aumenta com os juros não pagos

O Estado de S. Paulo - 18/11/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/11/18/a-divida-publica-aumenta-com-os-juros-nao-pagos

Fala-se que o programa da presidente eleita, Dilma Rousseff, ainda muito indefinido, prevê uma redução da dívida pública e a decorrente redução dos juros a pagar. É difícil imaginar como se conseguiria este milagre, mas isso não nos impede de examinar o peso dos juros para o governo federal (Tesouro e INSS).
Segundo os dados publicados pelo Banco Central relativos às contas públicas nos nove primeiros meses do ano, os juros nominais pagos pelo governo federal somaram R$ 105,60 bilhões, enquanto o superávit primário, que deveria cobrir esses juros (inclusive o INSS), somou apenas R$ 54,835 bilhões.
Os juros nominais representam 4,06% do Produto Interno Bruto (PIB); o superávit primário, 2,1% do PIB. Sabe-se, no entanto, que esse resultado foi conseguido por meio de um truque contábil vinculado ao aumento de capital da Petrobrás.
O que se leva menos em conta é que, para pagar os juros sobre a dívida pública do governo federal, o Tesouro tem um recurso muito curioso: emite títulos da dívida para amenizar o custo dos juros. Nos nove primeiros meses do ano, o que o Tesouro chama de "apropriação positiva de juros" somou R$ 114,74 bilhões, mais do que os juros nominais de R$ 105,6 bilhões.
Isso representa 7,05% da dívida pública e explica 89% do aumento da dívida em relação a dezembro de 2009!
Essa análise nos leva a considerar alguns pontos da política da dívida pública. Com os juros nominais equivalendo a 4% do PIB, pode-se imaginar que o nosso crescimento econômico, sem uma dívida tão alta, seria, em tese, o dobro do que é. Um aspecto importante a considerar é que o custo elevado da dívida tem origem, em grande parte, na taxa Selic, fixada pelas autoridades monetárias (em razão do déficit nominal do governo), que serve de indexador para uma parte importante da dívida.
No entanto, se houvesse um superávit primário suficiente para pagar os juros, nossa dívida pública seria muito menor, pois no sistema atual aumentamos a dívida, sobre a qual incidem juros, para pagar juros...!
O próximo governo precisará examinar com realismo a política de endividamento do setor público. Não há dúvida de que uma reforma, das mais urgentes, seria da política do INSS, uma vez que esse organismo tem um déficit primário, e não um superávit. Caberia reduzir as despesas de custeio no financiamento de investimentos, para os quais podemos obter recursos externos mais baratos. São reformas prioritárias para melhorar a posição do Brasil no mundo.

Brasil negociará com Mercosul tarifa maior para brinquedo

Autor(es): Agência Brasil, de Brasília
Valor Econômico - 18/11/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/11/18/brasil-negociara-com-mercosul-tarifa-maior-para-brinquedo


O Brasil pedirá ao Mercosul para aumentar o imposto de importação de brinquedos acabados e diminuir a tarifa sobre as peças e os insumos usados na produção nacional. A Câmara de Comércio Exterior (Camex) autorizou o governo a iniciar as negociações.
De acordo com o secretário-executivo da Camex, Hélder Chaves, a medida tem como objetivo proteger o setor da concorrência dos produtos importados, principalmente chineses. "A concorrência com os importados afeta não só o Brasil. Estamos atendendo a uma demanda da indústria nacional, que quer preservar os investimentos e os empregos." Atualmente, tanto as partes de brinquedos como os produtos finais pagam alíquota de importação de 20%. O Brasil quer aumentar para 35% a alíquota sobre o brinquedo final e reduzir para 16% a tarifa sobre as peças e os componentes.
As novas alíquotas precisam ser aprovadas pelos demais países do Mercosul para entrar em vigor. Segundo o secretário, a medida não quebra as regras internacionais, porque a Organização Mundial do Comércio (OMC) autoriza a tarifação máxima em 35%.
A Camex decidiu também manter zerada, até 10 de fevereiro de 2010, a alíquota do Imposto de Importação do ácido tereftálico purificado (PTA), um dos principais insumos usados na produção de garrafas, vasilhames e resinas à base de politereftalato de etileno (PET). De acordo com Chaves, a prorrogação é necessária para evitar o desabastecimento de garrafas PET enquanto o Brasil não começa a produzir a matéria-prima.
O Brasil recorreu à Comissão de Comércio do Mercosul para assegurar um regime especial de importação do PTA, enquanto a produção nacional não se inicia. O pedido será avaliado na próxima reunião da comissão, que vai ocorrer de 8 a 10 de dezembro.
A Camex decidiu também zerar até fevereiro o Imposto de Importação sobre a juta, fibra usada na fabricação de sacos de armazenagem de produtos agrícolas e que hoje paga 8% para entrar no Brasil. Segundo o órgão, há risco de desabastecimento do produto nos próximos meses, porque o país produz 10 mil toneladas e consome 19 mil toneladas por ano.
A Camex retirou ainda os pneus importados usados e recauchutados da lista de exceções à tarifa comum do Mercosul, porque a importação está proibida pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que considerou a compra desses produtos perigosa para a saúde e o meio ambiente.

Fed ameaça demanda dos emergentes

Por dentro do mercado
Autor(es): Eduardo Campos
Valor Econômico - 18/11/2010


Veja quão irônico é o momento atual. A política do Federal Reserve (Fed), banco central americano, para salvar os Estados Unidos, pode acabar matando a única fonte de demanda no mundo atual.
Vamos ao raciocínio. O Fed toma medidas para estimular seu crescimento. Juros zero a perder de vista e dinheiro jogado de helicóptero na economia. Assim, o dólar perde força, estimulando as exportações. Outro resultado da estratégia é uma corrida para commodities. Os preços dos ativos explodem e, com isso, o Fed minimiza o risco de deflação, garante alta nas bolsas e sustenta a confiança do consumidor.
No entanto, essa estratégia já leva os emergentes a repensar suas políticas monetárias. A alta das commodities traz consigo o aumento da inflação. Inflação em alta tem um elevado custo político e social nessas economias e será combatida com elevação nas taxas de juros. Austrália e Coreia do Sul já se mexeram e a China indica que pode tomar o mesmo caminho. O Brasil, por enquanto, está em modo de espera.
Acontece que essa alta de juros pode conter a demanda nas economias emergentes, justamente o pedaço do mundo que ainda não apodreceu com a crise de 2008. São os emergentes que apresentam o excedente de consumo, que os EUA querem capturar para sair do buraco.
Mas parece que já entrou areia nessa engrenagem. Desde a confirmação do plano de US$ 600 bilhões para a compra de títulos nos EUA, as commodities perderam ímpeto de alta e o dólar, que vinha sendo surrado no mundo todo, tomou um pouco de fôlego. O que ficou latente, ainda, é a inflação dentro dos emergentes, que pode se mostrar persistente ou geradora de "efeitos de segunda ordem."
Fica a dúvida, agora, sobre qual será a próxima estratégia adotada pelos EUA e quais reflexos poderá ter sobre a formação de preço dos ativos ao redor do mundo. Parece que o modelo atual, de fazer todo o necessário, caiu em descrédito.
Barack Obama está enfraquecido politicamente, então pacotes fiscais não estão na agenda. Já o Fed foi criticado no mundo todo após o plano de US$ 600 bilhões e colocou a China em modo de ataque. Vale lembrar que o país asiático rebaixou a nota soberana dos EUA, instituiu controles mais rígidos ao capital externo e deu a entender que está vendendo títulos americanos. Imagine qual a reação se o Fed jogar ainda mais dólares no mercado.
Nesse vazio de ações, uma das possibilidades em pauta é, justamente, um enfraquecimento das commodities - o que pode ajudar os emergentes no quesito inflação - e uma alta do dólar. O porém desse cenário é que fica reforçada a percepção de que a economia americana continuará se arrastando. Junto de tudo isso há o efeito liquidez global, que parece já ter se retraído um pouco e/ou estar mais seletiva, pois voltou a faltar dinheiro disposto a financiar as endividadas economias europeias.
No mercado local, com uma ajudinha do ministro da Fazenda, Guido Mantega, o dólar marcou o primeiro dia de baixa ante o real em oito pregões. O dólar comercial encerrou a jornada 0,80% mais barato, valendo R$ 1,726 na venda.
As vendas ganharam fôlego após Mantega dizer que, por ora, o governo não vê necessidade de novas medidas na área cambial.
Nos juros, o dia foi de leve ajuste de baixa após o salto da terça-feira. No entanto, segue a preocupação com a inflação e a ansiedade sobre a composição da nova equipe econômica.


Indústria vê ameaça em avanço de importados

Autor(es): Agencia o Globo/Karina Lignelli e Gustavo Paul
O Globo - 18/11/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/11/18/industria-ve-ameaca-em-avanco-de-importados

Com dólar fraco, produtos do exterior já respondem por 22,7% do consumo interno. Empresários falam em desindustrialização

O aumento acelerado das importações, estimuladas pelo dólar baixo, colocou em alerta os empresários brasileiros, que alegam que há um risco de desindustrialização no país. Especialistas, porém, afirmam que esse risco não é generalizado. Os analistas avaliam que o câmbio tem, sim, provocado danos à indústria nacional. Mas, afirmam, a ameaça de desindustrialização está localizada em alguns setores.

Pesquisa que será divulgada hoje pela Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), mostra quer os produtos importados já respondiam por 22,7% do consumo interno do Brasil em setembro, acima da fatia de 20,7% que detinham do final de junho. O índice é o maior da série histórica, iniciada em 2003, superando o recorde anterior, de setembro de 2008, antes do estouro da crise internacional, que era de 20,5%.

Segundo os dados da Fiesp, o peso das importações no consumo nacional tem crescido mais rapidamente do que a parcela da produção brasileira destinada às exportações. Na avaliação da entidade, isso é um indício preocupante da perda de espaço da indústria local.

Para o professor de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV-SP), Nelson Marconi, os danos à indústria nacional só não ocorrerão se o governo mexer no câmbio. Hoje, para se proteger da valorização do real, a indústria vem aumentando as importações de componentes para conseguir reduzir custos e manter a produtividade. Processo que já afeta os fornecedores desses insumos.

- Se olharmos a indústria como um todo, ela está crescendo. Mas poderia crescer mais se não dependesse tanto disso. Por isso torço para (o governo) mexer no câmbio - afirma.

Setores eletroeletrônico e têxtil entre os mais afetados

Sérgio Lazzarini, professor de estratégia empresarial do Insper (ex-Ibmec SP), por seu lado, vê o aumento das importações não como algo "necessariamente ruim". Cita os benefícios das importações sobre a inflação, e, também, para a incorporação de novas tecnologias ao país. Mas admite que nesse processo é inevitável que setores da indústria percam mercado.

Os setores têxtil, de maquinário e de eletroeletrônicos são os mais pressionados pelo avanço atual dos importados, segundo Lazzarini.

- As empresas têm que readequar seu posicionamento, como aconteceu com a (têxtil) Santista, que investiu em produtos de maior valor agregado e no mercado interno - diz.

De acordo com a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecções (Abit), o déficit da balança comercial do setor alcançou US$2,5 bilhões entre janeiro e setembro, o que seria um claro sintoma de desindustrialização, diz a entidade.

- Temos que resolver os problemas estruturais crônicos de forma urgente, como a carga tributária elevadíssima, principalmente na folha de pagamentos, reduzir juros e os gargalos de logística - diz Aguinaldo Diniz Filho, presidente da Abit.

Segundo Marconi, da FGV, com a atual sobrevalorização do câmbio, as empresas acabam mudando suas estratégias. Ele cita os setores de química e de siderurgia como alguns dos mais afetados:

- Isso diminui a participação da indústria no Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos pelo país), porque o investimento não aumenta nesses setores, como acontece no de mineração ou agrícola. É um movimento negativo, que gera problemas por desmontar a cadeia produtiva.

Para Lazzarini, o mais eficiente para evitar que determinados setores definhem seria estimular a competitividade.

- A redução de impostos também seria uma alternativa, basta cortar gastos do governo. Mas em geral, o empresário reluta, não consegue fazer pressão para isso. Como não conseguem redução de impostos, muitos pedem proteção do governo para o setor ou procuram linhas de crédito subsidiadas - afirma.

Presidente da CNI pede IR para estrangeiro e quarentena

O novo presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) , Robson Andrade, defendeu ontem a adoção de um período de quarentena para o capital estrangeiro que entra no país, como uma das medidas para conter a valorização do real. Ele alertou que o Brasil está perdendo competitividade no mercado internacional , o que coloca em risco o parque industrial brasileira.

Para Andrade, que assumiu formalmente o cargo ontem, além da tributação sobre aplicação financeira já adotada pelo governo, seria importante cobrar Imposto de Renda sobre as aplicações de estrangeiros no país. Ele admite que as medidas são polêmicas, dentro e fora do setor privado, mas ressalta que o problema do câmbio é bastante sério e não tem uma única solução.

Empresário mineiro, dono da Ortemg, empresa de equipamentos para distribuição de energia, Andrade também sugeriu que o governo direcione os investimentos estrangeiros no Brasil, voltando-os, por exemplo, para a adição de valor agregado, introdução de altas tecnologias e também para a exportação:

- O investimento não deve ser apenas para aproveitar o mercado interno, mas ter compromisso para se voltar para exportação.
Segundo ele, a perda de competitividade internacional é real.

- O Brasil está se desindustrializando realmente pela queda das exportações - alertou.

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