03/10/2011 | 21h43
- Cuca Martins | São Paulo (SP)
A falta de informações com base cientifica é o principal entrave para o avanço do plantio e do consumo de transgênicos na Europa. A avaliação foi feita nesta segunda, dia 3, por pesquisadores europeus e brasileiros durante um encontro promovido em São Paulo pelo Conselho de Informações de Biotecnologia (CIB).
Os cientistas destacaram os avanços da biotecnologia no mundo. Os países europeus estão entre os pioneiros no lançamento de plantas geneticamente modificadas. O pesquisador brasileiro, Paulo Egler, explica que em 1984 foi iniciado um programa pela Comissão Europeia voltado ao desenvolvimento dos transgênicos. Segundo ele, uma sétima versão do projeto em 2007 trouxe mudanças significativas e benéficas para outros países, inclusive o Brasil.
Apesar dos investimentos em pesquisa, a Europa ainda é a região com maior resistência ao avanço dos transgênicos. As barreiras começam pela área plantada.
Em todo o mundo foram cultivados 148 milhões de hectares em 2010, um aumento de 10% em relação a 2009. Em primeiro lugar estão os Estados Unidos com 66,8 milhões de hectares, em segundo o Brasil 25,4 milhões de hectares e em terceiro a Argentina, com 22,9 milhões de hectares.Enquanto isso, na União Européia, apenas 91,438 mil hectares, distribuídos por oito países, são ocupados por transgênicos.
O bloco também tem resistência ao consumo de alimentos transgênicos. O pesquisador brasileiro que faz parte de um projeto de cooperação internacional com a União Européia, o projeto Novo Bureau Brasileiro, explica que, ao contrário de outras regiões do mundo, na Europa a opinião pública costuma ter um peso maior nas tomadas de decisão.
A pesquisadora belga, Sylvia Burssens, concorda que é necessário levar mais informação com base cientifica para os europeus. Ela afirma que este é o melhor caminho para esclarecer dúvidas, acabar com os mitos e mostrar as vantagens e a segurança do uso dos transgênicos.
– Eu acho muito importante que haja uma mudança política e que os políticos sejam mais bem informados. Os cientistas têm um papel fundamental em informar os governantes e a população para que eles tomem as decisões certas. Temos que mostrar que existem muitos benefícios no uso dos transgênicos. E que os benefícios superam os riscos no uso dessa tecnologia – afirma a pesquisadora da Universidade de Ghent.
A cientista acredita que os produtores e a população da Europa só perdem com a atual posição. Uma proposta apresentada em julho do ano passado poderá permitir que os países proíbam o uso de transgênicos, sem ao menos ter que justificar a decisão.
– Se isso se tornar uma lei, vai significar um desastre para a Europa, porque haveria uma divisão em zonas de transgênicos e zonas de não transgênicos. Seria ainda pior que hoje – opina.
CANAL RURAL
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