quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Desembolsos do BNDES caíram 17% em 2011

Banco reduziu mais as concessões para grandes empresas e aumentou para as pequenas e médias 


18 de janeiro de 2012 | 13h 18

Daniela Amorim e Alexandre Rodrigues, da Agência Estado - Agencia Estado
RIO - O desembolsos totais do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) somaram R$ 139,7 bilhões em 2011, resultado 17% inferior ao apurado em 2010. As aprovações feitas pelo banco foram de R$ 164,46 bilhões em 2011, um recuo de 18% em relação ao resultado do ano anterior.
O BNDES aumentou o ritmo de liberação de desembolsos no final do ano, o que permitiu fechar 2011 dentro da previsão de R$ 140 bilhões.
Em relação aos enquadramentos, que incluem os pedidos a cujo trâmite de financiamento a instituição aceitou dar início, eles somaram R$ 186,71 bilhões de janeiro a dezembro de 2011, número que representa um recuo de 19% em relação ao período de janeiro a dezembro de 2010.
As consultas sobre possíveis financiamentos totalizaram R$ 195,18 bilhões em 2011, uma queda de 24% em relação a todo o ano de 2010.
Os desembolsos feitos para a indústria somaram R$ 43,85 bilhões em 2011. O montante representou uma queda de 44% em relação aos desembolsos feitos ao setor em 2010.
Os desembolsos feitos para o setor de infraestrutura somaram 56,09 bilhões em 2011, um aumento de 7% em relação ao montante desembolsado em 2010. Também houve aumento no total de desembolsos para o setor de comércio e serviços, que somou R$ 29,17 bilhões, resultado 8% maior do que o registrado em 2010.
Para o setor agropecuário, os desembolsos somaram R$ 9,76 bilhões em 2011. O resultado representou uma queda de 4% em relação ao montante desembolsado em 2010.
Cresceram os desembolsos para as micro, pequenas e médias empresas (MPMEs), que inclui ainda o grupo de pessoas físicas. O crescimento foi de 9% ante 2010. Por outro lado, os desembolsos para as grandes empresas registraram recuo de 27% em 2011, na comparação com o ano anterior.
Os desembolsos para as MPMEs totalizaram R$ 49,8 bilhões em 2011. As pessoas físicas receberam R$ 8,3 bilhões, as micro e pequenas empresas levaram 27,4 bilhões, e as médias empresas ficaram com R$ 14 bilhões. Embora tenha recuado, o total de desembolsos para as grandes empresas manteve-se em patamar bastante superior: R$ 89,1 bilhões em 2011.





Sobe 2% crédito do BNDES para caminhão

O Estado de S. Paulo - 18/01/2012
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2012/1/18/sobe-2-credito-do-bndes-para-caminhao
Após dois anos de forte crescimento, o financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para ônibus e caminhões fechou 2011 com alta de menos de 2% ante 2010, somando R$ 29 bilhões. Apesar da desaceleração, o segmento manteve uma fatia elevada no bilionário bolo de crédito do BNDES. Ficou com quase 21% do desembolso total de cerca de R$ 140 bilhões de 2011 - dado que será divulgado hoje.
Em 2009, o BNDES emprestou R$ 15,63 bilhões para a compra de ônibus e caminhões, em meio à ação anticíclica do banco após o desencadeamento da crise mundial. Em 2010, esse volume quase dobrou, saltando para R$ 28,5 bilhões, nível que se manteve estável em 2011.
Em entrevista ao Estado, o chefe do Departamento de Máquinas e Equipamentos do BNDES, Paulo Sodré, atribuiu a redução do ritmo ao reajuste, em março, das taxas do Programa de Sustentação do Investimento (PSI). Elas subiram de 8% para 10% ao ano no PSI, programa pelo qual o banco financia bens de capital com subsídios do Tesouro Nacional.
No programa Procaminhoneiro, para autônomos e pequenas empresas, a taxa que vinha sendo mantida em 4,5% desde o início do PSI, em 2009, foi elevada para 7,0%. Só o ônibus elétrico conta com 5,0%. "O crescimento foi pequeno, mas foi um bom resultado, tendo em vista o reajuste das taxas do PSI e o fato de que a economia cresceu muito mais em 2010 do que em 2011. Em 2012 é que esse desempenho pode ser menor", disse Sodré.
A retração pode ser uma consequência da lei que restringiu a produção de veículos a diesel no Brasil aos de padrão Euro 5, menos poluentes, a partir deste ano. Esses caminhões são entre 10% e 15% mais caros que os do padrão anterior, o Euro 3.
São Paulo, quinta-feira, 19 de janeiro de 2012Folha Corrida
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Alinhado com o governo, BNDES reduz empréstimos

O BNDES reduziu os empréstimos em 2011 e deve continuar pisando no freio neste ano, de acordo com o presidente do banco, Luciano Coutinho. Assim, o banco está alinhado com o governo, que tenta não estimular a economia.
Em 2011, os desembolsos do banco estatal somaram R$ 139,7 bilhões. O valor representa 17% menos do que em 2010 (R$ 168,4 bilhões).
O BNDES deu mais destaque ao setor de infraestrutura. Os financiamentos cresceram 7% (R$ 56,1 bilhões).
Para Coutinho, o desempenho geral da instituição ficou no mesmo patamar de 2010, se descontado o efeito da participação de R$ 24,7 bilhões na capitalização da Petrobras naquele ano. Excluído esse aporte, os desembolsos de 2011 caíram 3%.

Quando empréstimo vira receita primária

Autor(es): Ribamar Oliveira
Valor Econômico - 19/01/2012
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2012/1/19/quando-emprestimo-vira-receita-primaria
 

Um dos fatos mais importantes na área fiscal brasileira, ocorrido na década passada, foi que as empresas estatais passaram a depender cada vez menos de recursos do Tesouro Nacional e a dar lucro, muito lucro. O bom resultado das estatais ao longo dos últimos anos encheu os cofres públicos, sob a forma de dividendos.
Até mesmo a Petrobras, a maior empresa estatal brasileira, pagava poucos dividendos ao Tesouro. Em 1997 foram apenas R$ 181,9 milhões. Naquele mesmo ano, os dividendos pagos pelo Banco do Brasil foram de R$ 60,98 milhões, enquanto a Caixa Econômica Federal (CEF) simplesmente não pagou nada. Atualmente, todas as grandes estatais federais apresentam lucros expressivos e transferem recursos consideráveis ao Tesouro.
A receita do Tesouro com dividendos em 1997 foi de apenas R$ 822,4 milhões. No ano passado, ela ficou em R$ 19,7 bilhões, tendo chegado a R$ 26,7 bilhões em 2009, de acordo com dados da Secretaria do Tesouro Nacional (STN). Hoje, essa receita passou a ser essencial para o fechamento das contas do governo federal.
Há uma questão, no entanto, que merece ser analisada. Os dados da STN mostram que a "explosão" da receita anual com dividendos ocorreu a partir de 2008, quando ela superou, pela primeira vez, a marca dos R$ 10 bilhões. Em 2007, a receita do Tesouro com dividendos foi de R$ 6,98 bilhões, passando para R$ 13,4 bilhões no ano seguinte, R$ 26,7 bilhões em 2009, R$ 22,4 bilhões em 2010 e R$ 19,7 bilhões no ano passado.
Embora todas as grandes estatais tenham elevado muito o valor dos dividendos pagos ao Tesouro, pois os lucros delas cresceram muito no período considerado, a "explosão" coincide com o aumento dos pagamentos feitos pelo BNDES. Em 2007, o BNDES pagou R$ 923,6 milhões ao Tesouro, sob a forma de dividendos. Isto equivalia a 13,2% da receita total da União com dividendos. Em 2008, o valor subiu para R$ 6,02 bilhões, o que correspondeu a 45% do total.
Nos anos seguintes, a participação do BNDES no total continuou significativa, tendo chegado a incríveis 54,1% do total em 2009. Toda receita do Tesouro, inclusive os dividendos, é apurada pelo regime de caixa. As estatais, por sua vez, contabilizam os lucros em seus balanços pelo conceito de competência. Isto significa que parte dos recursos que ingressam no caixa do Tesouro é proveniente de pagamentos referentes a exercício anterior.
Nos últimos quatro anos (de 2008 a 2011), o BNDES pagou um total de R$ 37,5 bilhões em dividendos ao Tesouro (veja tabela abaixo). Para se ter uma ideia, essa receita é maior do que toda a arrecadação do governo federal com o Imposto sobre Operações Financeira (IOF) no ano passado e muito próximo do que foi arrecadado também em 2011 com a Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS).
O aumento do pagamento de dividendos pelo BNDES decorreu da elevação da lucratividade dessa instituição financeira. Em 2007, o lucro líquido do BNDES foi de R$ 7,3 bilhões. Em 2010 (último dado disponível, pois o balanço de 2011 ainda não foi divulgado), o lucro já estava em R$ 9,9 bilhões.
Mas esse aumento da lucratividade do BNDES resultou, em grande medida, dos empréstimos que o Tesouro Nacional passou a fazer para a instituição financeira a partir de 2008. Daquele ano até 2011, os empréstimos totalizaram R$ 287,5 bilhões. A justificativa do governo para eles é que a crise financeira internacional reduziu os recursos disponíveis para as empresas brasileira e que os bancos não conseguem oferecer financiamentos de longo prazo para os investimentos.
Essa montanha de dinheiro permitiu um aumento significativo das operações do banco no mercado, o que turbinou o seu lucro operacional. Ampliou-se, concomitantemente, um outro componente do lucro. Os empréstimos são feitos pelo Tesouro por meio da emissão de títulos públicos. Os papéis são entregues ao BNDES, que não monetiza todos os títulos de uma única vez. Enquanto isso não acontece, a instituição financeira lucra com esses papéis, que são, geralmente, remunerados pela Selic.
Ao analisar as contas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva relativas a 2010, o Tribunal de Contas da União (TCU) observou em seu relatório que "o lucro do BNDES foi de R$ 9,9 bilhões (naquele ano), dos quais R$ 8,4 bilhões como "resultado com aplicações em títulos e valores mobiliários", de acordo com as demonstrações financeiras da estatal".
Dito de uma forma mais direta: parte expressiva do lucro do BNDES decorreu da remuneração dos títulos que lhes foram repassados pelo Tesouro. Esse lucro deu origem aos dividendos pagos. Falta calcular que proporção dos dividendos pagos de 2008 a 2011 decorreu desse ganho financeiro.
O fato, no entanto, é que operações financeiras (empréstimos ao BNDES) deram origem a uma receita primária do Tesouro Nacional (dividendos), que pagou despesas primárias durante os últimos quatro anos. Essa é, certamente, uma questão polêmica na área técnica.

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