domingo, 22 de janeiro de 2012

Vale investe em megacentro de distribuição

Veículo:
FOLHA DE S. PAULO - SP 
Editoria:
MERCADO  
Data:
21/01/2012 
Assunto:
OUTROS 
Tamanho
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Objetivo é ter uma base de operações que permita chegar mais rápido à China; terminal ficará situado na Malásia
Investimento no complexo, que inclui terminal portuário e pátio de estocagem, é de US$ 1,4 bilhão
PEDRO SOARES
DO RIO
Para encurtar a distância até a China, competir com as mineradoras australianas (mais próximas desse principal mercado) e reduzir a volatilidade dos preços, a Vale vai construir megacentros de distribuição de minério de ferro no exterior.
A maior aposta é num complexo que inclui terminal portuário e pátio de estocagem situado na Malásia, cujo investimento é de US$ 1,4 bilhão (R$ 2,5 bilhões).
Lá, a Vale poderá manter, a partir de 2014, até 30 milhões de toneladas de minério de ferro -cerca de 10% de sua produção anual.
Com esse estoque estratégico, a Vale atenderá mais rapidamente os clientes chineses. A partir dos terminais brasileiros, um navio da Vale leva 45 dias para chegar à China, enquanto suas concorrentes australianas BHP e Rio Tinto não demoram mais do que 12 dias.
Sozinho, o país asiático absorve 45% das vendas da Vale e poderá ser atendido em menos de dez dias a partir da Malásia.
"O objetivo é, primeiro, reduzir o custo de chegar à Ásia. Segundo, possibilitar a blendagem [mistura] de diferentes minérios para melhorar a qualidade. E, terceiro, atender os clientes em tempo igual ou inferior ao dos concorrentes mais próximos (australianos, indianos e sul-africanos)", disse à Folha José Carlos Martins, diretor-executivo de Ferrosos e Estratégia da Vale.
Motivo não menos importante, afirma, é diminuir a volatilidade do frete e do preço do minério -graças ao elevado estoque. "A volatilidade é ruim para produtores e consumidores e só favorece especuladores e intermediários", diz Martins.
Segundo Victor Pena, analista do Banco do Brasil, a Vale poderá aproveitar mais rapidamente momentos de preço em alta para atender em prazo mais curto os clientes chineses -a maioria sem contratos longos e com preços fixados no curto prazo.
Com o crescimento da produção própria de minério de ferro das siderúrgicas brasileiras, diz, a Vale terá excedente ainda maior para exportação e se prepara para colocar o produto no exterior a um custo menor.
A empresa já instalou outro centro de distribuição em Omã para atender África, Oriente Médio e Índia. Investiu US$ 300 milhões (R$ 530 milhões). No local, já havia um porto adaptado às necessidades da Vale -por isso, a alocação de recursos foi menor do que na Malásia.
No terminal portuário da Malásia, poderão atracar os megacargueiros Valemax -navios do mesmo tipo do que sofreu rachaduras e passa por reparos na costa do Maranhão.
Desse modo, a mineradora equaciona outro problema: nenhum desses navios teve ainda autorização para parar nos portos chineses.
Para proteger as mineradoras locais, a China barrou os supercargueiros alegando falta de dados sobre os riscos ambientais.
Martins diz que a estratégia de contratar esses supernavios -verdadeiros estoques flutuantes- é integrada à dos centros de distribuição.
Frase
"A volatilidade [do frete e do preço do minério] é ruim para produtores e consumidores e só favorece especuladores e intermediários"
JOSÉ CARLOS MARTINS
diretor-executivo de Ferrosos e Estratégia da Vale
Análise Conjuntura


Crise leva os investidores a fugir dos produtos básicos
GERALDO BARROS
ESPECIAL PARA A FOLHA
Investidores em fundos vinculados a commodities ficaram escaldados depois da queda acentuada de preços no decorrer de 2011, em direção contrária a que apontam os fundamentos de médio e longo prazo (de preços elevados estáveis ou em alta).
De abril a dezembro, o índice CRB de preços em dólares de commodities em geral caiu 18%. Segundo o FMI, o índice de metais caiu 23%, o de alimentos e bebidas, 16%, e o de energia, 8%.
Os investidores, contando com abundante liquidez acumulada ao longo da última década, aumentaram as aplicações em commodities nos últimos três a quatro anos, estimulados pelo boom de preços iniciado em 2007 e que se prolongou até parte de 2011.
Desde então, a cautela foi redobrada -deixando o mercado, mudando posição e reduzindo investimentos em índices de commodities.
No caso das commodities agropecuárias, pesam também informações do Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) de que 2012 poderá ser um ano com suprimento mundial um pouco menos apertado e alguma recuperação de estoques.
Enfatize-se, porém, que, mesmo diante de quedas importantes, os preços agropecuários permanecem em níveis historicamente elevados.
É interessante observar, no entanto, que, diferentemente dos investidores, os produtores brasileiros não tomaram grandes sustos.
No mesmo período, abril a dezembro de 2011, enquanto caíam as cotações em dólares da soja em grão (16%), do café (20%), do milho (19%), os preços em reais no mercado interno da soja subiram (1%) e os do café (6%) e do milho (6%) cederam comparativamente pouco.
Para o açúcar e a carne bovina, os preços externos e internos tiveram quedas moderadas: 2% para ambos em dólares e 4% para o açúcar e 2,4% para o boi em reais.
O que levou à suavização da queda de preços no mercado interno foi a desvalorização do real (16%), que mantém seu "efeito gangorra" com os preços externos.
Por enquanto, os investidores potenciais em commodities permanecem em aplicações muito mais seguras, como fundos de "money market" e mesmo em ouro e metais preciosos.
Para o agronegócio, isso quer dizer que a liquidez continua existindo e a crescer, ficando reservada para uso oportuno, quando ficar mais claro que os mercados de commodities retomarão as tendências de alta.
Quando isso vai acontecer? Essa é a pergunta que os administradores de fundos gostariam de poder responder, mas não sabem como. Enquanto isso, a liquidez permanece empoçada.
GERALDO BARROS é professor titular da USP/Esalq e coordenador científico do Cepea/Esalq/USP.
Eike capta R$ 600 mi para bacia de gás natural
OGX Maranhão planeja produzir no 2º semestre
DO RIO
A OGX Maranhão, do empresário Eike Batista, informou ontem que captou R$ 600 milhões para financiar o desenvolvimento dos campos Gavião Real e Gavião Azul, na bacia do Parnaíba (MA). Eike anunciara que na área havia achado "meia-Bolívia", referindo-se ao potencial de reservas de 11 trilhões de pés cúbicos de hidrocarbonetos -formadores de gás natural.
A amortização do empréstimo -feito pelo Itaú, Santander do Brasil e Morgan Stanley Bank N.A.- será em dois anos. Os juros semestrais serão pagos pela OGX e pela MPX -respectivamente, subsidiárias de petróleo e energia elétrica do grupo EBX.
A produção de gás natural da OGX na bacia do Parnaíba deve começar no segundo semestre deste ano.

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