INFLAÇÃO À BRASILEIRA | |||||||
Autor(es): agência o globo:Clarice Spitz | |||||||
O Globo - 12/01/2012 | |||||||
Transformação social dos últimos anos no país está refletida agora nos índices de preços Menos gastos com educação, mais dispêndio com bens duráveis. Menos empregados domésticos, mais passagens aéreas. A transformação social que aconteceu no Brasil nos últimos anos, com ascensão para classe média de milhões de famílias, chegou ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo IBGE, que orienta o sistema de metas de inflação do governo. A nova ponderação do indicador passa a valer a partir deste mês. Luis Otávio de Souza Leal, do Banco ABC Brasil, calcula que se a nova ponderação já tivesse começado a valer em 2011, a inflação teria ficado em 6,1% e não em 6,5%. Pela pesquisa Focus, a inflação este ano deve ficar em 5,31%. A mudança do consumo tirou do cálculo da inflação a máquina de costura, o chuchu e o chope. Também deixaram de existir para o cálculo da inflação o velho filme de máquina fotográfica e flash descartável. Em seus lugares, entram itens como o salmão e o pacote combo de TV e internet, que passaram a fazer parte da vida das famílias brasileiras nos últimos anos. Para o IBGE, os novos pesos no índice passarão a traçar um retrato mais fiel das despesas no bolso do consumidor. - O ganho de renda das classes D e E e a ascensão social mostram que a nova ponderação é coerente com a sociedade de consumo brasileira. Essas camadas pararam apenas de subsistir para também consumir - avalia Leal, do banco ABC. O aumento da renda e do emprego, a inflação sob controle e a ascensão para a chamada nova classe média são os motores dessas mudanças, avaliam especialistas. Enquanto produtos e serviços ligados à tecnologia vão pesar cada vez mais, os ligados ao emprego doméstico ficarão cada vez mais caros e raros. O crescimento da renda reduziu a parcela de pessoas dispostas a trabalhar como empregada doméstica, que agora conseguem postos mais qualificados. O computador e o automóvel próprio ganharão espaço e vão pesar mais. Só os veículos passarão de 7,33% para 10,32% do índice oficial de preços. O peso da TV e do computador vai mais que triplicar. O grupo Educação experimentará a maior queda de peso no índice. O que parece contraditório diante da alta desse grupo em 2011, de 8,09%. Agora, terá sua participação reduzida de 7,21% para 4,37% no índice de preços. Padrão de consumo deve se consolidar Para especialistas, a tendência é de consolidação desse padrão de consumo, mais próximo dos países desenvolvidos, em que há redução de gastos relacionados à Alimentação e aumento de despesas em Habitação e Transportes. Leal espera ainda por uma elevação do peso de itens como lazer e recreação. Nesta novo cálculo, o item passou de 3,43% para 3,06%. Para o economista da PUC-Rio, Luiz Roberto Cunha, o desempenho dos serviços em 2012 será fundamental para o comportamento da inflação. Além da ponderação do IBGE, eles foram reagrupados pelo Banco Central nas suas análises. Passagens aéreas que, sozinhas, tiveram alta de 52,91%, e alimentação fora de casa passarão a fazer parte do grupo. Segundo simulação do BC, os serviços que respondiam por 23,43% da inflação passarão para 31,32%. A alimentação fora de casa embora tenha perdido espaço na nova inflação ainda é um grupo importante. A refeição fora de casa, que tem o almoço como carro chefe, aumentou sua participação no orçamento. Segundo Irene Machado, técnica do IBGE, o aumento do emprego acaba levando o trabalhador a fazer as refeições fora de casa. - Por outro lado, pequenos lanches, o cafezinho, o refrigerante perderam espaço - afirma. Ex-representante comercial, o taxista Leonardo Cozzolino, de 42 anos, diz que evita até os restaurantes de comida a peso para não sofrer tanto na hora de pagar. Para evitar mais gastos, ele se acostumou nos últimos dois anos a trocar o jantar por um lanche: - Almoço fora de casa todo dia e acabo tendo que optar pelos pratos feitos. Meu gasto diário é de uns R$30, somando café da manhã reforçado. Para Alessandra Ribeiro, da Tendências, a ascensão da nova classe média pode explicar, em parte, a perda de peso do item, já que a maior parte não tem o hábito de comer fora como nas classes A e B. O anúncio da reponderação do IPCA no ano passado provocou críticas ao IBGE, já que os itens que pesaram menos no orçamento foram os que mais subiram no ano passado. Isso aconteceu no momento que a inflação ameaçava ficar acima do teto da meta de 6,5%. O IPCA acabou fechando o ano nesse patamar. Diante do novo cálculo provisório, bancos e consultorias reduziram suas projeções em até 0,5 ponto para o IPCA de 2012. Com a divulgação dos pesos definitivos, não houve alteração nas projeções. BC aumenta itens que fazem parte de serviços
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Carros, celulares e educação mudam a cara do indicador
Autor(es): Por Tainara Machado | De São Paulo |
Valor Econômico - 12/01/2012 http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2012/1/12/carros-celulares-e-educacao-mudam-a-cara-do-indicador |
O desejo de ter o veículo próprio movimenta a indústria automobilística nacional, com previsão que o setor tenha vendido 3,42 milhões de carros no ano passado. Além de mais automóveis circulando pelas cidades brasileiras, a crescente demanda por veículos alterou a composição dos gastos do brasileiro, como mostrou a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), realizada entre 2008 e 2009. A partir do resultado de janeiro, a medida oficial de inflação brasileira, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), terá sua estrutura de ponderação atualizada de modo a refletir esse novo padrão de consumo das famílias. Entre as principais mudanças está o peso que ganhou transporte no índice e no bolso dos consumidores: entre dezembro e janeiro, o peso do item irá saltar de 18,69% para 20,54%, principalmente por causa da crescente importância do veículo próprio. Despesas com a compra do automóvel novo ou usado, licenciamento e manutenção representam o segundo maior peso entre todos os que compõem o IPCA, com 10,32%, perdendo apenas para alimentação dentro do domicílio, com 15,15%. Fátima Cavalcante, vendedora de uma loja de calçados na zona sul de São Paulo, há dois anos decidiu realizar o que era um sonho e comprou seu primeiro carro, um Celta modelo 2003. Para poder arcar com as parcelas, financiadas ao longo de quatro anos, e com as despesas decorrentes, Fátima preferiu sacrificar gastos com lazer, como o churrasco que costumava dar em sua casa nos fins de semana e as idas a bares com amigos. Leslie Tesóri, analista de desenvolvimento e gestão de pessoas, também chamou de "sonho" a compra de um carro com cheiro de novo. Primeiro ela teve um veículo usado, comprado em 2007. Dois anos depois, "após muita pesquisa, adquiri meu primeiro carro zero quilômetro". Durante boa parte dos últimos dois anos, Leslie conseguiu equilibrar as parcelas do automóvel com o financiamento do seu apartamento. "Só pude conciliar, porque ainda moro com meus pais e, por enquanto, tenho poucas despesas com habitação. Mas deixei de gastar com vestuário e diminui consideravelmente minhas despesas com lazer", afirmou. De fato, para acomodar gastos maiores com habitação e transportes, a nova ponderação do IPCA mostrou que dispêndios com vestuário e despesas pessoais perderam participação na composição do índice. Com a necessidade de fazer um aporte maior para receber as chaves do imóvel, Leslie preferiu vender o automóvel. "Ter um carro novo era um sonho, mas veículo não é investimento. Hoje estou comprometida em quitar e montar meu apartamento", afirmou. Grávida, Leslie irá se casar em maio deste ano e está, com a ajuda do noivo, equipando sua nova casa. Também com a ajuda do marido, que é motorista, Valéria dos Santos equilibra no orçamento familiar a educação das três filhas, alimentação, transporte, habitação e lazer. Ela conta que a família sempre teve automóvel, usado principalmente nos fins de semana. "Com filhos, é difícil ficar sem carro", afirmou. Em 2010, Valéria vendeu o carro antigo e, com o dinheiro, comprou um veículo novo. Agora, após uma batida, estudam trocar novamente de automóvel. Para Valéria, que trabalha como cabeleireira em um salão de beleza no Morumbi, também é no lazer que a família aperta o cinto quando tem que arcar com as parcelas do veículo. "A gente acaba gastando menos em restaurante. Corta algumas saídas, deixa de pedir a pizza no fim de semana", explicou. Ainda assim, segundo Valéria, é com alimentação que a família gasta mais, tanto dentro quanto fora de casa. As despesas com habitação, que ficam majoritariamente a cargo de seu marido, são importantes, pois a família paga aluguel. Sempre que pode, Valéria renova os eletrodomésticos da casa. Recentemente, aproveitou os descontos oferecidos na internet e a desoneração de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para a linha branca para atualizar a cozinha. Em dezembro, trocou fogão, geladeira e forno de micro-ondas. Como reflexo da nova POF, o peso dos eletrodomésticos passou de 0,94% para 1,09% no IPCA entre dezembro e janeiro. A educação, por outro lado, perdeu peso no orçamento doméstico. Para Valéria, a fatia gasta com ensino está concentrada em instrução superior e em cursos extracurriculares. A filha mais velha cursa administração de empresas em uma faculdade privada e Valéria a ajudou a pagar as mensalidades durante o primeiro ano do curso. Ela terá que dar a mesma contribuição às filhas mais novas, que estão na escola pública. As meninas ainda frequentam cursos de inglês e informática, pagos pela mãe. Para Simão Carvalho, o aluguel, principalmente, pesa no orçamento desde que saiu de Londrina, no Paraná, para trabalhar em uma empresa que presta serviços de tecnologia da informação em São Paulo. Mas ele ressalta a despesa mensal que tem com a conta do celular. Embora tenha linha fixa no apartamento que divide com três amigos, Simão afirma que praticamente não a usa. Para otimizar seu tempo, optou por um plano pós-pago com acesso à internet. "Em São Paulo, não tenho muito tempo livre no horário comercial. E, mesmo quando tenho, tudo aqui é mais longe. Então tento realizar todas as tarefas que posso, como pagamento de contas e compra de passagens, pelo celular. Por isso, tenho um plano de dados que me permite navegar na internet e o uso para qualquer coisa que preciso", afirmou Carvalho. |
12/01/2012 - 19h44
Índice Big Mac mostra real como a 4ª moeda mais cara do mundo
DE SÃO PAULO
http://www1.folha.uol.com.br/poder/1033693-indice-big-mac-mostra-real-como-a-4-moeda-mais-cara-do-mundo.shtml
http://www1.folha.uol.com.br/poder/1033693-indice-big-mac-mostra-real-como-a-4-moeda-mais-cara-do-mundo.shtml
O índice Big Mac, calculado pela revista "The Economist", aponta que o real é a quarta moeda mais cara do mundo.
O sanduíche brasileiro só custa menos que o vendido na Suíça, na Noruega e na Suécia, em uma lista de 44 países.
Nova fórmula para calcular índice baixaria inflação em 2011
Aumento do mínimo no Brasil fica abaixo de vizinhos, aponta OIT
Aumento do mínimo no Brasil fica abaixo de vizinhos, aponta OIT
Divulgação |
Comparação do preço do Big Mac mostra real como 4ª moeda mais cara do mundo; sanduíche custa US$ 5,68 no Brasil |
No Brasil, o Big Mac custa o equivalente a US$ 5,68 --nos EUA ele sai por US$ 4,20.
Pela paridade do poder de compra, isso indica que o real está sobrevalorizado em 32% em relação ao dólar. Ou seja, levando-se em conta o índice utilizado pela "Economist", o dólar deveria atualmente estar cotado em R$ 2,44.
A revista considera que o ideal é que o sanduíche custe o mesmo que nos Estados Unidos. Isso porque, para a "Economist", como o sanduíche usa os mesmos itens nos países em que é feito, o "valor justo" na conversão para o dólar seria o mesmo cobrado nas lojas norte-americanas.
O real figurava como a moeda mais cara do mundo na divulgação anterior do índice, em julho do ano passado, quando a "Economist" considerou não apenas o preço do sanduíche, mas também o PIB (Produto Interno Bruto) per capita dos países. Na versão atual do índice divulgado hoje no site da revista, o PIB não foi considerado.
Na mesma comparação, o sanduíche vendido na Índia aparece na lista como sendo o mais barato, valendo apenas US$ 1,62. Lá, no entanto, o Big Mac não é vendido e a pesquisa é feita com base no preço do Maharaja Mac, feito com carne de frango.
O Big Mac mais caro do mundo é o vendido na Suíça, que custa US$ 6,81. De acordo com o índice, o franco suiço está 62% sobrevalorizado.
Arte/Folhapress | ||
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