sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Empresas têm caixa de US$ 7,7 tri


Empresas de países desenvolvidos contam com colchão de US$ 7, 7 tri
Autor(es): Por Assis Moreira | De Genebra
Valor Econômico - 06/01/2012
 

Empresas não financeiras nos Estados Unidos, Japão, Grã-Bretanha e na zona do euro têm em caixa US$ 7,75 trilhões. O valor sem precedentes, em dinheiro e depósitos, revelado pelo Instituto Internacional de Finanças (IIF), contrasta com a fragilidade financeira de governos e bancos europeus e americanos. O caixa das companhias é equivalente às dívidas (US$ 7,6 trilhões) que os principais países do mundo precisam refinanciar em 2012. Empresas de países emergentes também estão "robustas" financeiramente, mas o relatório do IIF não menciona cifras nesse caso

Empresas dos Estados Unidos, da zona do euro, do Japão e da Grã-Bretanha acumulam um nível sem precedentes de US$ 7,75 trilhões em dinheiro e depósitos, em enorme contraste com a fragilidade financeira de governos e bancos europeus e americanos, segundo cálculos do Instituto Internacional de Finanças (IIF).
A liquidez das empresas não-financeiras é equivalente a dívida de US$ 7,6 trilhões que os principais países do mundo precisam refinanciar em 2012, conforme levantamento da "Bloomberg".
Refletindo a diferença de situação financeira, em plena crise global, os spreads de CDS (credit default swap, que funciona como contratos de seguro contra default de dívida) dos títulos soberanos, setor financeiro e empresas na Europa foram completamente alterados nos últimos dois anos.
As empresas têm agora o mais baixo spread e os títulos soberanos o mais alto, com o setor financeiro no meio mas com tendência de alta. No Japão, as empresas estão igualadas com o os soberanos em termos de spreads de CDS, enquanto nos EUA o seguro para empresas é ligeiramente mais alto.
A conclusão é que as grandes empresas não dependem de financiamento bancário para investimentos, se constatarem oportunidades para expansão. Essa situação por sua vez atenua o impacto da redução de dívida dos bancos sobre as perspectivas econômicas.
Economistas do IIF, representante dos maiores bancos do mundo, notam que o enorme volume de dinheiro das empresas precisa de instrumentos seguros e líquidos para investir, provavelmente evitando os bancos.
Eles consideram provável que nas atuais circunstâncias um "montante formidável" do dinheiro das empresas tome o rumo do "sistema bancário sombra ou paralelo" (shadow banking system).
O sistema dito na sombra inclui fundos de hedge, corretoras, fundos de investimentos, fundos de private equity, veículos especiais de investimentos, fundos de pensão, além de instituições focadas em crédito hipotecário. Os países do G-20, que formam uma espécie de diretório econômico do planeta, definiram recentemente a extensão de regras e controle de supervisão do Acordo de Basileia III sobre essas atividades, mas ainda falta sua implementação.
Mas a situação atual indica que o "shadow banking system" continuará a "crescer fortemente". Atualmente, seu peso representaria US$ 60 trilhões em 11 países, superando o sistema bancário tradicional, segundo diferentes fontes.
Para economistas do IIF, a questão central em 2012 é se as partes resilientes da economia global - os mercados emergentes e as empresas não-financeiras - são robustas o suficiente para amortecer o impacto do alto risco de crédito nos países desenvolvidos.
O ano começa com um número importante de emissões de dívida soberana e dos bancos. A zona do euro tem o desafio de refinanciar 1 trilhão de euros de títulos de curto e longo prazos que vencem este ano. Somente a Itália precisa refinanciar 400 bilhões de euros.
Por sua vez, os bancos europeus precisam refinanciar 665 bilhões de títulos que vencem apenas no primeiro semestre do ano.
Para os economistas da representação dos bancos, a rolagem dos papéis soberanos foi dificultada ainda mais após as medidas regulatórias que eles dizem ter revertido os incentivos para bancos europeus comprarem e deterem títulos soberanos europeus.
Por causa de mais exigências de capital pelas autoridades reguladoras e dificuldade de acesso ao funding, a expectativa é de que instituições europeias continuarão a reduzir sua exposição nos títulos de dívida soberana, agravando os problemas para esses países.
Até recentemente, os bancos europeus eram importantes investidores em papéis governamentais, detendo um terço do total. Apesar de começarem a se desfazer deles, sua exposição continua enorme na dívida dos governos, totalizando 2,6 trilhões, ou 7,5% de seus ativos totais. Nos EUA, a exposição dos bancos aos títulos americanos equivale a 1,25% de seus ativos.

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