sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Recursos do BNDES vão substituir falta de investimento no setor

Autor(es): Cenário: Eduardo Magossi
O Estado de S. Paulo - 12/01/2012
 
Os recursos do BNDES para a renovação dos canaviais do setor sucroalcooleiros, de R$ 4 bilhões, devem arejar e impulsionar a reforma das lavouras de cana-de-açúcar existentes, maltratadas pela falta de manutenção por mais de dois anos por causa da crise econômica e pelas adversidades climáticas sofridas neste período.
Sem cana-de-açúcar suficiente, a produção de etanol do Brasil recuou de 30 bilhões de litros na safra 2010/11 para cerca de 24 bilhões de litros na safra 2011/12, que termina agora. A produção de açúcar também foi afetada, caindo de 38,9 milhões de toneladas para 36,7 milhões de toneladas. A menor oferta tanto de etanol como de açúcar fez com que os preços dos dois produtos atingissem níveis historicamente elevados no último ano.
No caso do açúcar, o setor aproveitou os preços melhores para elevar suas exportações no período, de 25 milhões de toneladas em 2010/11 para 28 milhões de toneladas em 2011/12, mesmo com a queda na produção de açúcar. A elevação das exportações de açúcar ajudou muitas empresas endividadas pela crise financeira a reduzirem seu passivo.
Já no mercado de combustíveis, a alta de preços de etanol não se reflete em aumento de receita, já que o preço da gasolina - congelado artificialmente há cerca de 5 anos - serve como teto da cotação do hidratado. Quer dizer, quanto mais o preço do hidratado sobe, mais o consumo cai, em um mercado cada vez mais lotado de carros bicombustíveis.
O setor reclama que o preço estável da gasolina afasta investidores para o etanol. Em cinco anos, o aumento de custos de produção de cana, como fertilizantes, máquinas e mão de obra, foi incluído no preço do hidratado, enquanto a alta do petróleo e outros custos não foram adicionados ao preço da gasolina na bomba.
Na prática, isso faz com que o preço do etanol hidratado apenas se torne competitivo em relação à gasolina quando fica abaixo do custo de produção. É difícil pensar que um investidor queira pôr seu dinheiro em um empreendimento cujo produto é viável apenas abaixo do custo de produção.
Sem uma luz no fim do túnel para essa questão e sem matéria-prima, investimentos em novas usinas pararam. A principal empresa de máquinas e equipamentos do setor, a Dedini, não tem nenhuma encomenda para nova usina no horizonte. O faturamento da empresa caiu de R$ 2 bilhões em 2008 para R$ 1 bilhão em 2011 e no período a participação do setor sucroalcooleiro na operação total caiu de 75% para 45%.
A prioridade do setor, no momento, é plantar cana para recuperar a quantidade de produto perdida nas duas últimas safras, estimada em 150 milhões de toneladas. Nesse sentido, o programa do BNDES para renovação do canavial é positivo, assim como o fim do imposto de importação de etanol dos Estados Unidos, potencial mercado de até 13 bilhões de litros em 2020, que poderá ser atendido inteiramente pelo Brasil.

Para produtor, efeito do financiamento só virá a longo prazo

O Estado de S. Paulo - 12/01/2012
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2012/1/12/para-produtor-efeito-do-financiamento-so-vira-a-longo-prazo
 

Os efeitos da linha de crédito do BNDES para a renovação de canaviais apenas serão sentidos no longo prazo, de acordo com o presidente do Grupo São Martinho, Fábio Venturelli. Em um primeiro momento, ressalta, as empresas que optarem por reformar seu canavial pelo programa terão uma redução da quantidade de cana a ser moída e, consequentemente, menos receitas.
Venturelli explica que, para renovar o canavial, a cana precisa ser plantada novamente. "Há necessidade de mudas e o produtor acaba utilizando a cana que seria moída para o plantio, reduzindo o processamento final da usina." O executivo ressalta que a linha é extremamente bem-vinda, mas o mercado não deve esperar um aumento na produção já na safra 2012/13, que começa em abril. "Na verdade, em um primeiro momento, o resultado é de queda na quantidade de cana moída", reforçou.
Por causa desse efeito imediato, Venturelli diz que o grande desafio das usinas que vão reformar o canavial é equacionar o ajuste da renovação no curto prazo com os benefícios que serão obtidos no longo prazo. "Essa equação deve levar em conta que a maior produtividade e maior quantidade de cana apenas estarão disponíveis em duas ou três safras." / E.M.

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