sábado, 10 de julho de 2010

Só a unidade da Vale de Voisey's Bay continua em greve

Unidades da Vale no Canadá encerram greve

O Estado de S. Paulo - 10/07/2010

Depois de quase um ano de negociação, sindicato que representa 3 mil funcionários aceita acordo coletivo
Mônica Ciarelli e Sabrina Valle - O Estado de S.Paulo
A greve de quase um ano em duas operações de níquel da Vale no Canadá chegou ontem ao fim, mas os trabalhadores ainda vão demorar de quatro a seis semanas para voltar ao batente. Depois de uma longa negociação, a proposta de um novo acordo coletivo apresentada pela companhia brasileira foi aceita pelo United Steelworkers (USW), sindicato que representa os cerca de 3 mil funcionários em greve desde 13 de julho de 2009.
Segundo o USW, 75% dos trabalhadores das áreas de manutenção e produção das unidades de Sudbury e Port Colborne, em Ontário, votaram a favor do novo contrato coletivo, que terá validade de cinco anos. "Estamos satisfeitos. Não conseguimos tudo o que queríamos, mas a Vale certamente também não conseguiu tudo o que queria", disse Wayne Fraser, representante do sindicato canadense.
O novo acordo coletivo inclui melhorias salariais e mudanças no plano de previdência complementar e no sistema de pagamentos de bônus. Pelo acerto, os empregados vão receber um pagamento extra de US$ 2 mil pelo retorno ao trabalho e um bônus adicional de US$ 2 mil por produtividade, pagos de acordo com metas pré-definidas de produção, após seis meses de trabalho.
"O acordo estabelece uma nova relação de trabalho com nossos empregados e o sindicato, e nos permite avançar com planos de longo prazo para o crescimento sustentável", disse o diretor executivo da Vale para Metais Básicos, Tito Martins. Segundo ele, as mudanças permitem à companhia focar no longo prazo. "Tem sido um ano longo e difícil para todos, e agora é hora de se unir e focar na construção de operações fortes e sustentáveis."
Mudança. Um dos pontos considerados cruciais pela Vale foi a instituição de um plano de previdência de contribuição definida que valerá para novos funcionários. Pelo modelo antigo, o funcionário sabe quanto vai receber no final, enquanto no segundo modelo, apenas o valor da contribuição é estipulado. Além disso, ficou estabelecido um limite para a remuneração variável.
Cory McPhee, vice-presidente de assuntos corporativos da Vale no Canadá, preferiu não comentar o efeito da retomada da produção no preço do níquel. Porém, afirma que, com o fim da greve, as unidades de Sudbury e Port Colborne voltarão a operar a plena capacidade. Durante a greve, lembra, as unidades produziam a 50% de sua capacidade. Segundo McPhee, a maior parte da produção durante a greve estava sendo mantida com funcionários próprios. Mineiros terceirizados contratados durante o período deixarão a empresa após a volta dos funcionários da empresa. A unidade da Vale de Voisey"s Bay continua em greve


Vale comemora redução do poder do sindicato no Canadá

Autor(es): Vera Saavedra Durão, do Rio
Valor Econômico - 13/07/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/7/13/vale-comemora-reducao-do-poder-do-sindicato-no-canada
Ao fazer um balanço da longa greve dos mineiros de Sudbury e Port Colborne, no Canadá, encerrada sexta-feira, Tito Martins, diretor-executivo de Metais Básicos da Vale, avaliou que a empresa conseguiu tudo que queria na queda-de-braço de quase um ano com os trabalhadores. "O que era importante para a Vale nessa negociação era conseguir o alinhamento dos empregados do Canadá como um todo ao tipo de relação que a empresa mantém com seus funcionários no resto do mundo, que envolve três pontos cruciais: plano de pensão, bonus e linha de comando entre empregador e empregado sem intervenção direta do sindicato." Para Martins, "a grande discussão não foi econômica. Foi, na verdade, uma briga por poder".
Além de ter conseguido a introdução do regime de contribuição definida no plano de pensão dos novos empregados de Sudbury e Port Colborne, que para Martins faz parte de um movimento natural na América do Norte, pois a contribuição definida é mais ajustada à dinamica do contrato atual de trabalho, a Vale teve aprovação dos empregados à proposta de amarrar a bonificação a performance da empresa e não ao preço do níquel.
Antes do acordo, aceito pelo UnitedSteelWorkers (USW) e acatado por 75% dos 3 mil trabalhadores de Sudbury, o direito do bonus era deflagrado a partir de um gatilho de cotação de US$ 2,2 por libra peso no preço do níquel. Segundo Martins, não havia teto. Agora, nas novas regras, a bonificação está ligada ao resultado da empresa. Os mineiros terão direito a 25% da performance da Vale como um todo no mundo e mais 75% ligados ao resultado do negócio de níquel. O gatilho subiu para US$ 3,75 por libra peso e foi introduzido teto no valor da bonificação. "O empregado não pode ganhar mais do que 25% da sua remuneração anual". Segundo o executivo, "entre 2007 e 2008, quando o preço do níquel disparou, tinha empregado ganhando mais de 100% de remuneração de bonus".
A mudança que mais agradou a Vale foi a alteração sensível no relacionamento entre empresa, empregado e sindicato. O novo acordo tem mais de 30 páginas e nelas há muitas cláusulas que limitam o poder do USW na relação empregador e empregado, disse Martins. "A interferência do sindicato passa a ser menor na gestão da empresa. Antes, qualquer reclamação da empresa o empregado levava direto ao sindicato, ao invés de fazê-la ao supervisor ou gerente. Até quando queria mudar de mina quem decidia era o sindicato. Agora vai ter que esperar dois anos para isto ser aprovado".
"Foi a quebra desse paradigma que levou a Vale a ir para o confronto com os trabalhadores por tanto tempo", afirmou Martins. "Não chamaria isto de vitória, porque nesta disputa não tem vencedores nem vencidos, mas esta foi a grande mudança neste acordo." O executivo, que comanda hoje a Vale no Canadá, disse que em Sudbury a relação entre comunidade, sindicato e empresa é "meio família com preponderância do sindicato". Mas no conceito da Vale, se é ela quem administra o negócio isto tem de mudar. "Não digo que esta relação não deixou de ter esta conotação, mas agora vamos começar a mudar isto. Estamos numa fase de transição. Nós é que temos de dar o caminho do negócio. Agora, a linha de comando não será mais cortada pelo sindicato. O sindicato estará ao lado e não entre o empregador e o empregado."
O executivo espera que a negociação com o sindicato de Voyce " s Bay, ainda em greve no Canadá, termine nas próximas duas semanas. Este caso não envolve mudança em plano de pensão. Daqui a seis semanas os mineiros de Sudbury e Port Colborne devem voltar ao trabalho.


Sindicato canadense diz que mantém seu poder de negociação com a Vale

Autor(es): Vera Saavedra Durão, do Rio
Valor Econômico - 16/07/2010
O sindicato canadense Local 6500, que representa os trabalhadores da Inco, controlada pela Vale, diz que continua no papel de representante dos funcionários da mineradora e não teve seu papel reduzido. John Fera, presidente do sindicato, vinculado ao UnitedSteelWorkers (USW) , discorda da avaliação do diretor-executivo de Metais Básicos da Vale, Tito Martins, feita ao Valor, de que o sindicato teve seu poder diminuído após quase um ano de greve nas minas de níquel. "O sindicato não teve seu poder diminuído de forma alguma. Permanecemos no papel de único e exclusivo agente negociador em nome de todos os integrantes do USW Local 6500 e do Local 6200. Somos a voz coletiva dos trabalhadores da Vale", rebateu Fera em entrevista por email.
A declaração de Martins de que a greve foi uma "briga pelo poder" foi entendida pelo sindicalista como parte "da arrogância da Vale para com os trabalhadores e as comunidades canadenses que não tem precedentes em nosso país". Segundo Fera, após enfrentar os ataques da Vale por um ano inteiro, "o sindicato permanece unido e forte".
Do seu ponto de vista, o acordo assinado com a mineradora não alterou a relação sindicato, empregado e empregador. "Negociamos um acordo coletivo que inclui concessões nossas em algumas questões, mas também prevê muitas melhorias, inclusive em nossos salários e em nosso plano de pensão", explicou. O acordo coletivo com a Vale foi assinado e aprovado pelos trabalhadores das minas de Sudbury e Port Colborne porque representou aumentos salariais anuais mais a reposição de perdas inflacionárias. E significou a retirada, por parte da Vale, de todos os processos judiciais contra os mineiros.
Os termos do novo contrato não desvincula o preço do níquel dos benefícios dos trabalhadores, disse. Os trabalhadores da Vale nas minas de Sudbury ainda receberão o abono que reflete o preço do níquel. "O abono do níquel agora permitirá que nossos membros ganhem até 15 mil dólares canadenses por ano, além de seus ganhos regulares". Do total, 75% do abono são determinados pelo preço do níquel e 25%, pelo lucro geral da Vale. O gatilho foi fixado em 3,75 dólares canadenses, o que é mais alto que o nível anterior de 2,25 dólares canadenses.
Sobre a falta de envolvimento do governo do Canadá na greve, o sindicalista disse que muitos trabalhadores e trabalhadoras canadenses creem que é uma total "irresponsabilidade" o governo de Stephen Harper - primeiro ministro canadense - se manter calado, "enquanto uma empresa multinacional de grande porte descumpre suas promessas legais e trava uma batalha perniciosa contra os trabalhadores e as comunidades canadenses".
A greve teve repercussões nas relações nacionais e internacionais do USW, informou Fera. "Essa luta ajudou a criar o movimento internacional dos atingidos pela Vale, que trabalha no Brasil, Canadá, Moçambique, Chile, Peru, Argentina, Nova Caledônia e Indonésia para resistir ao que ele denominou de "táticas truculentas que a Vale emprega onde chega".


Fim da greve não reduz críticas à gestão adotada na Inco

Valor Econômico - 16/07/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/7/16/fim-da-greve-nao-reduz-criticas-a-gestao-adotada-na-inco
O fim da greve não colocou um ponto final nas críticas do sindicato à forma como a empresa brasileira tentar administrar a Inco

Valor: Na avaliação de Tito Martins, diretor-executivo da área de Metais Básicos, a greve foi uma "briga por poder". Vocês concordam?
John Fera: Foi uma luta muito difícil - uma das mais difíceis por que já passamos - devido à agenda da Vale de atacar os trabalhadores e as comunidades canadenses. Como disse o presidente internacional do USW, Leo Gerard: "Eu nunca, nunca mesmo lidei com uma empresa tão torpe, sem sentimento e gananciosa quanto a Vale Inco". A arrogância da Vale para com os trabalhadores e as comunidades canadenses não tem precedentes em nosso país. A Vale demonstrou desprezo pelas tradições canadenses de direitos dos trabalhadores, democracia no local de trabalho e negociação coletiva justa. A Vale provocou a greve ao tentar ditar e impor sua agenda aos trabalhadores canadenses. O sindicato não teve seu poder diminuído de forma alguma. Temos hoje todos os mesmos direitos, privilégios e poderes que tínhamos no passado. Em muitos países onde tem operações, a Vale pode pisotear os direitos dos trabalhadores e os interesses das comunidades. Mas neste quesito ela não teve êxito no Canadá.
Valor: Martins disse que a Vale quebrou o poder do sindicato de intermediar na relação dos empregados com a empresa.
Forte: Após enfrentar os ataques da Vale por um ano inteiro, o nosso sindicato permanece unido e forte. Negociamos um acordo coletivo que inclui concessões nossas em algumas questões, mas prevê muitas melhorias, inclusive nos salários e no plano de pensão. E o nosso sindicato retém poder e capacidade - sob o acordo coletivo, além de sob a legislação canadense - de representar integralmente os seus membros e defender os direitos no local de trabalho.
Valor: O preço do níquel foi desvinculado dos benefícios?
Forte: Não. Nossos membros na Vale receberão o abono que reflete o preço do níquel. O abono é uma parte importante dos benefícios. Ele permite que os trabalhadores participem dos lucros quando a época é boa para os negócios da empresa. O abono do níquel agora permitirá que nossos membros ganhem até 15 mil dólares canadenses por ano, além de seus ganhos regulares.
Valor: O que levou o sindicato a fechar o acordo coletivo?
Forte: O acordo fechado não é tudo que gostaríamos, mas inclui concessões de parte a parte. Ele inclui aumentos salariais anuais e reposição das perdas inflacionárias e melhorou o plano de pensão de benefícios definidos, aumentando o valor da aposentadoria para 41,4 mil dólares canadenses ao ano, além de cobertura de benefícios de saúde até o fim da vida. Contém plano de pensão de contribuição definida muito significativo para novos funcionários. E cobertura para quaisquer deficiências físicas que nossos membros eventualmente venham a adquirir.
Valor: Houve alguma decisão com respeito aos 9 trabalhadores demitidos durante a greve?
Forte: Devido à insistência do sindicato, o caso dos nove trabalhadores foi encaminhado à Comissão de Relações Trabalhistas da Província de Ontário, que ainda não se decidiu. (VSD)



Vale Inco não consegue fechar acordo com trabalhadores em Voisey ' s Bay

Valor Econômico - 21/07/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/7/21/vale-inco-nao-consegue-fechar-acordo-com-trabalhadores-em-voisey-s-bay
 
Terminaram em impasse as discussões entre a Vale Inco e os trabalhadores da região de Voisey ' s Bay, que permanecem em greve desde agosto do ano passado. Segundo o United Steelworkers (USW) Local 9508, que representa os 130 trabalhadores da empresa na região, as conversas foram interrompidas às 16 horas de hoje, hora local.
"Esta empresa (Vale Inco) não parece séria com relação a fazer um acordo", disse, em nota, Boyd Bussey, representante dos funcionários do USW. "A Vale está oferecendo um sistema de bônus menor do que o concedido ao sindicato Local 6500 de Sudbury, há apenas duas semanas", acrescentou o sindicalista.
Também em nota, a Vale Inco respondeu à crítica e se disse desapontada com o que considerou falta de comprometimento dos negociadores do sindicato.
"Estamos totalmente preparados para entrar em uma negociação coletiva, entretanto precisa haver comprometimento e vontade das duas partes em discutir todos os pontos e trabalhar para chegar a um ponto comum", informou Tom Paddon, gerente-geral das operações da Vale Inco em Newfoudland e Labrador.
Para o representante dos trabalhadores, no entanto, o sistema de bônus proposto é inaceitável, "inteiramente baseado em incentivos, ao invés do atual com base unicamente no preço médio real do níquel ou na lucratividade da empresa".
"O bônus oferecido em Sudbury tem um componente de níquel bem como componentes mundiais de lucratividade da empresa", ressaltou Bussey, afirmando que a mineradora se recusou a discutir outras questões pendentes na mesa de negociações até que o sindicato concorde com o novo sistema de bônus.
A empresa frisou que, até o momento, o USW rejeitou três propostas colocadas na mesa pela companhia nos 12 meses de negociação e destacou que as demandas atuais do USW aumentariam os custos trabalhistas da Vale em Labrador em cerca de 45% em relação ao acordo coletivo anterior.
"Nós entramos nesta rodada de negociações com o objetivo de alcançar um acordo que atingisse as necessidades dos empregados e das nossas operações em Labrador. Infelizmente, a falta de flexibilidade do USW na mesa de negociação diminuiu essa possibilidade", disse Paddon, lembrando que não há outras negociações agendadas.

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