Os investimentos de empresas brasileiras no exterior, que nos últimos cinco anos somaram quase US$ 50 bilhões, ainda não se reverteram em ganhos para os acionistas. A cada ano retorna uma média de US$ 1 bilhão na forma de lucros e dividendos, volume que deve se repetir em 2010, segundo estimativa do Banco Central (BC). Neste ano, o volume soma pouco mais de US$ 260 milhões, até maio, metade do total remetido no mesmo período do ano passado (US$ 519 milhões). As aplicações no exterior, que em 2009 recuaram como reflexo da crise, voltaram a crescer neste ano, somando, até maio, US$ 8 bilhões. A expectativa do BC é de fechar o ano com US$ 12 bilhões (o investimento estrangeiro direto no país deve atingir US$ 35 bilhões, segundo estimativa do mercado). Boa parte é dirigida para empresas de alimentos, metalurgia e petróleo. Mas a principal opção ainda é a aplicação em serviços financeiros. Não por acaso Ilhas Cayman é o destino preferido, seguido por Estados Unidos e Luxemburgo, de acordo com dados da autoridade monetária. A tendência é que ao longo dos anos os investimentos ampliem os retornos e cresça a repatriação de lucros e dividendos. Hoje, no entanto, os ganhos que voltam ao país não compensam os retornos auferidos por estrangeiros aqui no Brasil. Em 2009, US$ 1,2 bilhão remunerou acionistas brasileiros, enquanto US$ 26,5 bilhões retornaram para seus países com lucro. Essa diferença, tanto dos investimentos quanto das remessas, é uma das contribuições para o déficit em transações correntes. Em 2010, o saldo negativo deve ficar em torno de 2,5% do PIB, crescendo nos próximos anos, dada a necessidade de financiamento externo. Mas não está no cenário dos economistas uma necessidade urgente de ajuste nas contas externas. Apesar de sempre existir uma preocupação, a condição do balanço de pagamentos brasileiro é hoje bastante diferente do passado, tanto por conta de o país ser credor externo líquido (reservas maiores do que a dívida), quanto pelos menores gastos com juros em um regime de câmbio flutuante. Segundo Luis Otavio Souza Leal, economista-chefe do Banco ABC Brasil, a estrutura atual é procíclica. Em momentos de crise, quando há menos recursos na economia, há uma série de acontecimentos que reduzem também a necessidade de divisas: queda nos lucros que puxa para baixo as remessas, mercado interno deprimido derruba as importações, serviços como frete e aluguéis são menos demandados e as pessoas viajam menos para o exterior.
Participação de estatais cresceu 34,4%
Autor(es): Agencia o Globo/Geralda Doca |
O Globo - 14/07/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/7/14/participacao-de-estatais-cresceu-34-4 |
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Professor de economia da USP considera esse aumento um atraso
A participação das estatais na economia brasileira cresceu no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, revela estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Lula iniciou o segundo mandato com as empresas públicas abocanhando uma fatia de 34,4% do patrimônio líquido dos 350 maiores grupos econômicos do país. No primeiro mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, as estatais representavam 51,4%. Com as privatizações, o índice caiu para 31,8%.
O grupo formado pelas empresas mais importantes do país, que foi a base de comparação do estudo, produz o equivalente a 40% do Produto Interno Bruto (PIB). A pesquisa mostra também que a participação do faturamento das estatais no conjunto das 350 empresas também subiu na comparação entre os dois governos: saiu de 22,5%, no fim do período FH, para 25,4% no início do segundo mandato do governo Lula.
A pesquisa faz parte da tese de doutorado de Eduardo Pinto, com o título "Governo Lula e bloco no poder", e que será defendida no Departamento de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em agosto.
- Há uma tendência de aumento da participação das estatais - disse o pesquisador.
Segundo ele, parte desse aumento está relacionado à Petrobras. Além de ter criado subsidiárias, influenciou no resultado da estatal o aumento do preço internacional do petróleo.
A mesma observação é feita pelo professor do Departamento de Economia da UFRJ Reinaldo Gonçalves. Para ele, o que deve ser levado em consideração não é o fato de o governo do PT ter aumentado o número de estatais, mas a ingerência política nessas empresas:
- É grave a forma pela qual o governo usa essas empresas para atingir objetivos políticos. O aparelhamento crescente das estatais é muito ruim para o Brasil.
Para o professor do Departamento de Economia da Universidade de São Paulo Fábio Kanczuk, o avanço das estatais é um retrocesso, porque representa um maior peso para o Estado e para a sociedade.
- É um atraso para o país - criticou.
Equador: Odebrecht de volta
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/7/14/confusao-em-alto-mar
A construtora brasileira Odebrecht aceitou as exigências do Equador e vai retomar as operações no país, de onde tinha sido expulsa em 2008 por causa de pendências no contrato para construir uma hidrelétrica. O presidente Rafael Correa saudou o acordo como “tremendamente positivo”: “Eles tiveram de aceitar tudo o que exigimos. Reconheceram o que tinham feito, pagaram o que tinham de pagar ao país e voltarão a trabalhar”, afirmou, sem definir uma data. A empreiteira comprometeu-se a consertar a hidrelétrica de San Francisco, paralisada um ano depois de ter sido entregue, e ofereceu pagar indenizações. O Equador chegou a impugnar, diante da Câmara de Comércio Internacional, o pagamento de um empréstimo de US$ 243 milhões liberado pelo BNDES para o financiamento da obra, medida que levou o Itamaraty a convocar o embaixador em Quito para consultas, entre novembro de 2008 e janeiro de 2009.
Contas externas vão piorar
Alberto Tamer - Alberto Tamer |
O Estado de S. Paulo - 15/07/2010 |
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/7/15/contas-externas-vao-piorar |
Há sinais de agravamento nas contas externas. Não só pela redução do superávit comercial insignificante, mas pela retração dos investimentos diretos e o aumento das remessas de lucros. Restam apenas os investimentos financeiros, em bolsa (instável) e renda fixa, atraentes pela elevada taxa de juros e remuneração do capital. Mas é uma dependência que, se antes apenas incomodava, agora preocupa. A soma desses fatores, com nítidos sinais de que já chegou a hora de, em vez de sair por aí criando uma estatal por dia, o governo deveria desonerar as empresas que quiserem investir mais para produzir aqui, atender ao mercado interno e exportar. >>> PSDB A política de estímulo aos investimentos diretos externos já deveria ter sido fixada há muito tempo, com a meta principal de sustentar o crescimento econômico e reduzir o déficit em conta corrente. Há as reservas de US$ 255 bilhões que garantem a solvência no exterior, mas não o aumento da produção industrial, que gera produção, emprego, renda, e divisas, quando exportada.
Ou seja, o governo está falhando em duas áreas vitais para um desempenho equilibrado das contas externas: estímulo ao investimento externo direto e comércio exterior, ambas afetadas pela crise financeira mundial e, agora, a crise europeia.
Novas tendências. Estaríamos diante de uma nova fase? O presidente da Sobeet, Luis Afonso Lima, que acompanha a evolução dos investimentos externos no Brasil, admite que, de fato, o balanço de pagamentos vem passando por significativas alterações não apenas quantitativas. Entre outras mudanças, ele aponta pelo menos duas tendências. "Primeiro, são os investimentos diretos de empresas brasileiras no exterior, que se internacionalizaram. No ano passado, elas repatriaram US$ 10 bilhões (em lucros e dividendos). Trata-se do maior retorno de Investimentos Brasileiros Diretos (IBD) em toda a série do Banco Central, iniciada em 1947.
Remessas vão aumentar. A segunda tendência [oposta àquela], é o aumento das remessas de lucros e dividendos das subsidiárias de empresas estrangeiras instaladas no Brasil. Até maio, essas remessas totalizaram US$ 10.8 bilhões e os investimentos diretos US$ 11,4 bilhões, de acordo com o Banco Central. "Enquanto a economia brasileira continuar mostrando que as empresas transnacionais não podem prescindir de investirem no Brasil, os fluxos de remessas brutas tende a aumentar", afirma Luis Afonso Lima. Não vai mudar. A conclusão da coluna é que o déficit em transações correntes vai aumentar por causa das remessas de lucros e dividendos e a queda do superávit comercial, entre outros fatores. Não assusta, ainda, mas começa a ficar mais sério. As grandes empresas brasileiras continuarão investindo mais no exterior, proporcionalmente menos que as estrangeiras aqui. Esse é um fato novo que o atual governo deve enfrentar. Governo que tem acertado tanto aqui e errado tanto na área externa. |
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