Elevado déficit de capital deixa os bancos europeus mais vulneráveis
Autor(es): Assis Moreira, de Genebra | |||||||
Valor Econômico - 21/07/2010 | |||||||
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/7/21/elevado-deficit-de-capital-deixa-os-bancos-europeus-mais-vulneraveis | |||||||
Bancos europeus enfrentam "funding gap" - a diferença entre ativos e depósitos - de € 15,8 trilhões, quatro vezes mais que os bancos americanos, e estão mais vulneráveis à reação dos investidores, mostra um novo relatório do Instituto Internacional de Finanças (IIF) ao qual oValor teve acesso. Segundo a entidade que reúne as maiores instituições financeiras do mundo, analistas no mercado estimam entre € 75 bilhões e 95 bilhões a necessidade adicional de capital a ser exigida de bancos que não passarem no teste de estresse que serão anunciados nesta sexta-feira. Mas nota que, mesmo se um resultado positivo dos testes possa melhorar na compreensão sobre a força do capital do sistema bancário na Europa, o exercício vai deixar sérios problemas inter-relacionados em aberto, como funding e qualidade de ativos enfrentados por várias instituições financeiras. Pelos cálculos do IIF, os bancos europeus enfrentam um "funding gap" total de € 15,8 trilhões, ou seja, depósitos de € 16,9 trilhões ou 52% dos ativos de € 32,7 trilhões. Em comparação, o déficit de funding dos bancos nos Estados Unidos é de US$ 2,4 trilhões, com depósitos de US$ 4,5 trilhões representando 66% dos ativos de US$ 6,9 trilhões. Assim, os bancos europeus são muito mais dependentes dos mercados de funding e mais vulneráveis à prudência de investidores em relação a papéis das instituições financeiras. Sobretudo, dependem muito do "money market funds" americanos, enquanto os bancos dos EUA dependem do mercado interbancário para obter dinheiro de curto prazo. Só que, por várias razões, incluindo pressões regulatórias, essas categorias de instituições financeiras reduziram suas exposições nos bancos e preferem aplicar em títulos dos governos. Como resultado, muitos bancos europeus continuam sofrendo de problemas de liquidez, especialmente de recursos em dólares americanos, apesar das enormes operações de financiamento feitas pelo Banco Central Europeu (BCE). O IIF exemplifica que o BCE chegou a substituir o mercado de papéis comerciais em euro como fonte de funding de curto prazo. Outro sério problema é a qualidade de ativos de bancos europeus. Existe a percepção no mercado de que eles estão bem atrás dos bancos americanos no reconhecimento de perdas e depreciação de suas exposições. E isso se reflete na atitude dos investidores, agravando as dificuldades de funding de muitos bancos do velho continente. Depois de terem perdido de 15% a 20% de seu valor no auge da crise de endividamento na zona do euro, os bancos europeus se recuperaram um pouco, antecedendo os resultados dos testes de estresse, que serão anunciados na sexta-feira. No entanto, como nota o IIF, a percepção de risco dos bancos permanece elevada, sobretudo para as instituições da Grã-Bretanha, que enfrentam "riscos regulatórios" sob o novo governo britânico. Os testes vão mostrar a capacidade de resistência de 91 bancos europeus a dificuldades financeiras e econômicas extremas. A necessidade adicional de capital deve atingir principalmente bancos regionais alemães e as caixas de poupança espanholas. Isso justamente num cenário de dívidas dos bancos a vencer de mais de € 1,1 trilhão em 2011, dos quais os Landesbanks alemães representam € 145 bilhões e as caixas espanholas outros € 33 bilhões. O capital adicional, em todo caso, deve ser "acomodado" pelos mercados, recapitalização pelos governos ou por uma terceira linha de defesa, como o uso dos empréstimos de estabilidade financeira europeia (EFSF). Obama lança bases de novo sistema
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