sexta-feira, 23 de julho de 2010

União cortará crédito para deter desmate no Cerrado

http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/7/23/uniao-cortara-credito-para-deter-desmate-no-cerrado

Governo vai cortar crédito rural de produtor que derrubar Cerrado
Autor(es): Marta Salomon
O Estado de S. Paulo - 23/07/2010

O governo prepara medidas para limitar o crédito rural a produtores com imóveis em área de quase 24% do território nacional como forma de conter o desmatamento no Cerrado, informou a ministra Izabella Teixeira (Meio Ambiente). O decreto sai em setembro. No Cerrado, o ritmo de corte da vegetação é mais acelerado do que na Amazônia: entre 2002 e 2008, a taxa ficou em 0,69%, ante 0,42%
Decreto do presidente Lula com medidas de combate à devastação no bioma será editado em setembro, afirma a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. Medida semelhante foi adotada em 2008 para deter o ritmo de abate da Floresta Amazônica

O governo prepara medidas para cortar o crédito rural de produtores com imóveis em uma área de quase 24% do território nacional como forma de conter o desmate no Cerrado, informou ao Estado a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. No Cerrado, o ritmo de corte da vegetação é mais acelerado que na Amazônia.

Decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com medidas de combate à devastação no bioma será editado em setembro, disse a ministra. O Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento no Cerrado também estimulará a proteção por meio de pagamento de serviços ambientais.

O corte de crédito aos produtores que desrespeitam a lei ambiental foi a medida mais polêmica adotada pelo governo em 2008 para deter o ritmo de abate da Floresta Amazônica. Pressões contra a medida levaram à demissão da então ministra Marina Silva. A resolução do Banco Central com as restrições entrou em vigor em julho de 2008, dois meses após a queda da ministra.

Na época, o avanço das motosserras havia interrompido um período de três anos na queda das taxas de desmate. Com o corte do crédito aos desmatadores, associado à ação dos fiscais, a Amazônia deverá exibir, pelo segundo ano consecutivo, a menor taxa de devastação desde que começou a medição, em 1988.

Estudo do Ministério do Meio Ambiente divulgado ontem apontou o Cerrado como o mais sensível dos biomas brasileiros. A taxa de desmate entre 2002 e 2008 superou a da floresta, proporcionalmente à extensão do bioma: 0,69% contra 0,42% na Amazônia. Em tamanho, o Cerrado só perde para a Amazônia, que domina mais de 49% do território nacional. O Cerrado detém quase 24% e abrigou a principal fronteira agrícola do País.

Metas. O combate ao desmatamento no Cerrado faz parte das metas do clima. Lei aprovada pelo Congresso pouco antes da Conferência de Copenhague, em dezembro, prevê queda de 40% no ritmo de corte da vegetação no Cerrado até 2020.

O combate ao desmate no bioma enfrenta dificuldades adicionais porque ainda há margem para o corte legal da vegetação. O Código Florestal prevê proteção de 20% da área dos imóveis rurais no local, porcentual inferior aos 80% exigidos na Floresta Amazônica e aos 35% impostos às áreas de Cerrado localizadas no Bioma Amazônia.

No período de seis anos analisado pelo MMA, o Cerrado perdeu 4,17% de sua vegetação ? ou cerca de 85 mil quilômetros quadrados, o que equivale a 57 vezes o tamanho da cidade de São Paulo. O porcentual da Amazônia foi de 2,54% e dos Pampas, 0,2%.


O que falta é um pouco de cabeça

Autor(es): Agencia o Globo/Marcos Sá Correa
O Globo - 23/07/2010
 http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/7/23/o-que-falta-e-um-pouco-de-cabeca

Parem as motosserras. Vem aí o mapa-múndi das florestas, lembrando que as árvores mais altas da terra estão espetadas na costa oeste dos Estados Unidos e no Sudeste Asiático.

As da Amazônia mal batem no peito desses gigantes.

Não é bem esse o planeta que o governo brasileiro desenha, quando descreve para a opinião pública o estado do planeta. Nos outros países nem existem mais árvores, não é mesmo? Pena que o mapa seja o tipo da informação que passa de fininho pelo noticiário, enterra-se nos anais acadêmicos e lá desaparece.

Aí, ligam-se as motosserras.

O que mais poderia fazer com essa informação quem vive num tempo em que a ciência empurra sem parar a natureza para além do senso comum? Onde havia monstros, prodígios e portentos demarcando os limites do mundo conhecido na cartografia medieval, agora há biomas, efeitos antrópicos e aquecimento global disputando espaço com velhas lendas.

E não será só com notícia ligeira que se pisa em terra incógnita. Falta munição em português para desbravá-la, porque os livros em que os naturalistas aprenderam a traduzir para leigos os segredos da realidade saem, geralmente, em inglês. E em inglês permanecem. Só em inglês dá para ler de enfiada e com prazer a história da complicação em que se meteu o biólogo Bernd Heinrich, comprando no estado do Maine em 1977, para cultivar uma floresta, terras que fazendas antigas e madeireiras recentes haviam deixado no osso.

Restaurá-la só com salário de professor era, de cara, um projeto falido. Heinrich decidiu reflorestar a propriedade com o dinheiro e a técnica da exploração comercial de madeira.

Tiradas num intervalo de três décadas, fotos aéreas do terreno comprovam que ele acertou a mão. Porque essa mão teve cabeça para fazer em cada metro quadrado de suas colinas um considerável investimento de curiosidade e pesquisa. O trabalho lhe rendeu, fora o prazer de morar numa clareira onde hoje alces e ursos vêm comer maçãs, dúzias de livros cotados pela crítica como obras-primas da divulgação científica.

E alguns sucessos de livraria.

Como autor, Henrich pode ser tudo, menos sedentário. Costuma zanzar por suas matas a qualquer hora do dia e da noite, como se estivesse em casa. Controla a cada estação a chegada e a partida dos pássaros, anfíbios e insetos. Sobe em pinheiros com lápis e papel na mão, para rascunhar, lá do último galho, vistas panorâmicas que acompanham a evolução da paisagem.

Aponta, pessoalmente, as árvores condenadas às serrarias, para que outras retomem o território que originalmente lhes cabia.

Sua floresta tornouse um modelo vivo de ciência aplicada à conservação. Ele costuma usá-la em aulas de campo. E suas aulas soam convincentes, porque anos atrás um ex-aluno desenganado pediu-lhe para deixar seu corpo apodrecer ao relento na mata (o que Heinrich recusou), acreditando que assim chegaria diretamente à única vida após a morte que se pode conferir molécula por molécula.

Não há assunto obscuro e abstrato que Heinrich não torne claro e concreto em duas ou três páginas. A conversa fiada sobre sequestro de carbono, por exemplo. Ela paira no ar há tanto tempo que parece incapaz de pegar na terra. Heinrich a materializa num galho que cresce diante de sua janela, absorvendo por segundo em cada célula 4,6 milhões de moléculas de dióxido de carbono, possivelmente expelidos por um tronco em decomposição na Amazônia, um carro nas avenidas de Los Angeles, uma usina a carvão no Utah, um hornbill na Indonésia e um babuíno na Tanzânia.

Portanto, cada célula de madeira em cada árvore de sua propriedade é um permanente dá-e-toma com o resto do mundo. Dito assim, parece simples, não? Pois é o mesmo cálculo que o tal mapamúndi da massa florestal pretende converter à escala planetária. Para que ninguém mais possa dizer que não tem nada a ver com isso.


União 'acha' desmatamento fora das florestas

Autor(es): Mauro Zanatta, de Brasília
Valor Econômico - 23/07/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/7/23/uniao-acha-desmatamento-fora-das-florestas
Após décadas de devastação das florestas brasileiras, só agora o governo começa a ter um "quadro geral" sobre a dimensão da destruição dos principais biomas do país. Apenas no período entre 2002 e 2008, foram derrubados 218,2 mil quilômetros quadrados na Amazônia, Cerrado, Caatinga, Pantanal e Pampa. É uma área equivalente a 90% do território do Estado de São Paulo ou cinco vezes o tamanho do Estado do Rio de Janeiro. E ainda falta medir o tamanho da derrubada na Mata Atlântica.
Os dados, divulgados ontem pelo Ministério do Meio Ambiente, mediram o inédito desmatamento do Pampa gaúcho, que chegou a 54% até 2008. Ainda mais alarmante são os números oficiais sobre o ritmo da devastação. Em sete anos, o Cerrado perdeu 85 mil km2 - pouco menos do que o território dos Estados de Pernambuco ou Santa Catarina. Nesse período, 4,2% do bioma foram derrubadas. A taxa de desmatamento bateu em 0,7% ao ano.
A Amazônia teve 2,5% de suas florestas derrubadas - foram 110 mil km2, ou duas vezes o tamanho da Paraíba. E o Pantanal registrou devastação em 2,8% de sua área. "O problema extrapola a Amazônia. Está em todos os biomas. Agora, começamos a ter um quadro geral do país com esses outros biomas", afirmou o diretor de Conservação da Biodiversidade do ministério, Bráulio Dias. "O maior problema é o Cerrado, que deve ser uma das principais frentes de batalha na redução do desmatamento".
A medida da devastação deve levar o governo a tomar ações mais específicas para os demais biomas. "Sabíamos, mas não tínhamos a magnitude do problema no Pampa", afirmou a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. "Vamos mudar o patamar, otimizar áreas degradadas e dar corresponsabilidade no Cerrado". O monitoramento do governo mostrou a necessidade de melhorar a atuação estatal por meio de tecnologia e formulação de políticas públicas "orientadas" para inibir a ação de desmatadores.
Em defesa de sua atuação, que reduziu em 47% o desmatamento na Amazônia no período entre agosto de 2009 e maio de 2010, o governo avisa que não dará trégua em ano eleitoral. "O Ibama está aprendendo a lidar com o desmatamento em operações focadas", admitiu o diretor de Proteção Ambiental do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama), Luciano Evaristo. Segundo ele, a redução da devastação na Amazônia está ligada à "neutralização" das ações predatórias na faixa da rodovia BR-163 (Cuiabá-Santarém), sobretudo em localidades como Novo Progresso e Castelo de Sonhos, no Pará. "Pela primeira vez, planejamos nossas ações de combate com um ano de antecedência", afirmou Evaristo.
Para comprovar a eficácia das ações do Ibama neste ano eleitoral, o diretor apresentou alguns dados colhidos no período de agosto de 2009 a maio de 2010. O Ibama embargou 139,5 mil hectares, 65 serrarias e 108 mil metros cúbicos de madeira. Também aplicou 1.632 autos de infração e multas de R$ 859,6 milhões. "Ano eleitoral para a gente não existe. É o ano que eu gosto de bater mais. Se falar em palanque que pode desmatar, vai levar repressão", afirmou Luciano Evaristo. "Fizemos 226 operações no total. Hoje, temos 14 operações na Amazônia onde 200 homens se revezam no combate ao desmatamento", disse.
Mesmo com os índices da devastação na Amazônia em regressão, o governo detectou um aumento de 6% do desmatamento no Estado do Amazonas. "Deu um salto e vamos ver o que é. Se é a região de Lábrea ou outro vazamento de desmate, além de identificar se é uma tendência ou não", afirmou a ministra Izabella Teixeira. "É preciso avaliar a dinâmica dos fatores econômicos e sociais para reorientar as políticas públicas na regão". O Ibama prepara uma megaoperação na região Sul do Amazonas para os próximas dias, informou o diretor Luciano Evaristo, sem declinar o que será colocado em prática na região.


O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) faz planos para fomentar o mercado de fundos ambientais.

O banco está investindo R$ 389 milhões em três fundos voltados para empresas de energia renovável, reflorestamento e projetos que possam gerar créditos de carbono (certificados que indicam a redução na emissão de gases do efeito estufa e que podem ser negociados no mercado internacional).
Segundo Otávio Lobão, chefe do departamento de Operações de Meio Ambiente do BNDES, o banco já tinha empréstimos nos moldes tradicionais para esses segmentos, mas identificou a necessidade de aportar capital por meio da compra de participações em empresas com potencial de crescimento.
"Faltava investimento acionário. Queremos ter uma carteira de seis a sete fundos na área ambiental", disse.

Nenhum comentário:

Postar um comentário