sexta-feira, 23 de julho de 2010

AÇO, UM NEGÓCIO DA CHINA

http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/7/22/aco-um-negocio-da-china
CHINA VENCE CONCORRÊNCIA DA TRANSPETRO PARA AÇO
Jornal do Brasil - 22/07/2010
Cartel no Brasil ajuda asiáticos a levar licitação com minério daqui

A China venceu a licitação bilionária para fornecimento de 18.300 toneladas de chapas de aço à Transpetro. O material será utilizado na construção de navios pela estatal dentro do Promef - que prevê 47 novas embarcações até 2014. Quinze siderúrgicas de todo o mundo, inclusive do Brasil, participaram da concorrência. Um dos maiores exportadores de minério de ferro do mundo, o Brasil perdeu porque a cartelização do mercado interno deixa o aço nacional mais caro que o chinês, que é feito com o minério nacional. O Copom elevou a taxa básica de juros ao mês em 0,5 ponto percentual. 
A China venceu concorrência da Transpetro, braço de transporte da Petrobras, para o fornecimento de 18,3 mil toneladas de chapas de aço para a construção de navios. Mais uma vez os altos preços do metal no mercado interno favoreceram a importação de aço, cuja matéria-prima é o minério de ferro um dos principais produtos exportados pelo Brasil.

A compra visa a dar continuidade ao Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef) da Transpetro, que prevê a construção de 49 navios até 2014, com demanda total de 680 mil toneladas de aço. Duas embarcações já foram entregues.

Desta vez, o preço mais competitivo foi oferecido pela China, informou o presidente da companhia, Sergio Machado, que estava quarta-feira no Latin American Iron & Steel Trends. Segundo ele, participaram da concorrência 15 siderúrgicas de oito países, inclusive do Brasil.

"No mês passado, importamos aço da China porque o preço estava melhor", disse Machado, sem informar o preço da compra. Mas, segundo ele, o valor médio de todas as aquisições de aço até o momento é de US$ 700 a tonelada.

Em junho, desembargadores do Tribunal Regional Federal da 1ª Região decidiram manter, por unanimidade, a condenação por formação de cartel imposta pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) à CSN, Usiminas e Cosipa. As siderúrgicas terão que pagar multa de R$ 52 milhões, corrigida pela Selic.

O presidente da Transpetro disse que entre agosto e setembro será lançada mais uma licitação para a compra de 15 a 20 mil toneladas de aço, volume médio adquirido a cada licitação da empresa, que prevê comprar uma média de 150 mil a 180 toneladas por ano até 2014.

"Esperamos que as siderúrgicas brasileiras ofereceram preços competitivos, mas não vamos fazer navios a qualquer custo", disse Machado, acrescentando que só Usiminas e Cosipa produzem chapa de aço para navios no Brasil.

Produtores nacionais costumam dizer que alguns custos de produção, como a carga tributária elevada, são mais altos no país, o que tira a competitividade do aço. Além disso, com uma demanda aquecida pelo metal, as siderúrgicas não estariam propensas a oferecer descontos.



A indústria e a ameaça chinesa

Autor(es): Eloi Fernández y Fernández e Alfredo Renault
Valor Econômico - 22/07/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/7/22/a-industria-e-a-ameaca-chinesa
A oportunidade do pré-sal requer uma política industrial de horizonte multissetorial e uma lei antidumping rigorosa
A entrada de investimentos vultosos da China na América Latina e particularmente no Brasil exige uma reflexão aprofundada e crítica, sobretudo quando olhares do mundo se voltam para o setor de petróleo e gás brasileiro. O imponente pacote de encomendas de equipamentos a ser demandado pelo pré-sal e por demais projetos na área são atraentes o suficiente para aguçar o gigante chinês.
A ameaça da China surge em um momento em que a indústria brasileira fornecedora de bens e serviços para o setor de petróleo vislumbra um cenário claramente propício à sua definitiva consolidação, com investimentos de curto, médio e longo prazos. A expectativa é de aportes da Petrobras de cerca de US$ 120 bilhões somente para os projetos do pré-sal até 2020, não incluído o montante relativo aos parceiros, que deverá representar 50% desse valor. Nos próximos cinco anos, toda a cadeia de petróleo receberá investimentos de US$ 250 bilhões. Em questão está não apenas o mercado doméstico, como também o processo de internacionalização da indústria fornecedora nacional ainda em curso.
Com a roda da fortuna do setor petróleo girando no Brasil, é inquestionável que a China direcionará munição pesada para assegurar uma fatia expressiva de nosso mercado, repetindo aqui práticas adotadas em outras regiões. Gradualmente, o poderio chinês avança, já tendo conquistado contratos relevantes na prestação de serviço para os segmentos de refino e transporte de petróleo e gás, além de fornecimentos diversos de bens para o restante da cadeia e de participações acionárias na exploração de blocos marítimos e na produção.
Depois da África, o Brasil será, sem dúvida, o principal alvo na busca de recursos minerais. Com demanda crescente por óleo e seus derivados, a China parece ver o Brasil como um agente facilitador de seus problemas. A demonstração mais agressiva foi dada em maio, quando a petroleira estatal Sinochem desembolsou US$ 3 bilhões pela compra de 40% de participação no campo de óleo pesado de Peregrino, na Bacia de Campos.
O investimento chinês no Brasil cresce a passos largos. Em 2007, o aporte de recursos somava US$ 24,3 milhões, saltando para US$ 360 milhões, apenas nos três primeiros meses deste ano. Hoje, a China ocupa o quinto lugar no ranking dos países com maiores investimentos no país.
Trata-se de um concorrente de característica ímpar. A China é um dos maiores exportadores de produtos do planeta, possui milhares de bilhões de dólares em caixa. A associação de uma moeda depreciada a um investimento pesado no setor produtivo, voltado, sobretudo, à demanda externa, garante ao país robustez suficiente para deslocar qualquer indústria promissora de qualquer nação.
No Brasil, os chineses já ocupam hoje o posto de terceiro maior fornecedor externo de máquinas e equipamentos, respondendo por um percentual de 12,2% e devendo desbancar a segunda posição da Alemanha, em breve. De acordo com dados da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), há apenas seis anos, o país asiático detinha a módica fatia de 2,1% do mercado.
O capital (estatal) chinês costuma despertar o fascínio de mercados mundiais promissores com a oferta não só de acesso a crédito, como de bens, serviços e, em alguns casos, mão de obra, subsidiados por um modelo econômico que ignora as melhores práticas de mercado e de regras consolidadas de convivência com o ambiente e com o homem. Diante da concorrência desigual, setores sucumbem, outros veem desmoronar a expectativa de avanço no mercado interno e de internacionalização.
A desproporção entre os modelos de mercado dos dois países é tanta que o custo da matéria-prima no Brasil, em alguns casos, chega a superar o valor final de comercialização no Brasil de certos equipamentos produzidos na China. Com diferenças tão extremas na composição de custo, a justa concorrência só se faz viável se houver um esforço coordenado, envolvendo os mais diversos agentes de governo do Brasil e representantes da indústria.
É necessário musculatura para suportar a pressão. Dar um passo de cada vez. Para garantir o emprego e o crescimento econômico de gerações futuras, é imprescindível à indústria fornecedora nacional ultrapassar a curva de aprendizagem e conquistar sua definitiva consolidação. Não se trata de proteção descabida, mas de cautela para a construção de um futuro mais promissor.
Com o advento do pré-sal, a indústria brasileira terá a chance de fortalecer-se, já que serão asseguradas a ela duas condições fundamentais à sua expansão: escala e continuidade das encomendas. No entanto, o aproveitamento dessa oportunidade requer a elaboração de uma política industrial de horizonte multissetorial e de uma legislação antidumping mais rigorosa. Longe de qualquer reserva de mercado ou protecionismo exagerado, o país depende da adoção de regras justas e transparentes.
A experiência de países como Noruega e Coreia demonstra que o êxito está atrelado ao acesso ao crédito, a uma tributação equilibrada, à utilização de tecnologia de ponta, além de investimentos maciços em educação de qualidade, voltados para a formação de mão de obra qualificada. Dessa forma é possível construir uma política industrial que se utilize das melhores estratégias de indução do desenvolvimento industrial local e, ao mesmo tempo, estimule os investidores a desenvolver políticas de compra local e se fortalecerem como alavancadores de investimentos consistentes e saudáveis.
O Brasil depara-se com o privilégio de garantir as suas próximas gerações a oportunidade da oferta de milhões de postos de trabalho, bem como a capacidade de alavancar um aumento da geração de renda, a formação de novas empresas, fortalecer o capital local e consolidar a ótica do desenvolvimento sustentado, associado e integrado ao processo de desenvolvimento mundial.


A China leva vantagem

Celso Ming - Celso Ming
O Estado de S. Paulo - 22/07/2010
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Os dirigentes do mundo rico estão preocupados com uma dolorosa novidade. A recuperação da crise - que é frágil, mas é recuperação - está acontecendo em detrimento da criação de empregos. As empresas produzem e vendem mais, mas não contratam. Na verdade, o desemprego está aumentando ou não está caindo.

Há dez dias, o presidente do Fed (banco central dos Estados Unidos), Ben Bernanke, fez um apelo para que os bancos americanos não deixem de conceder crédito para as pequenas empresas. É nesse segmento que pode haver aumento significativo de postos de trabalho: "Tornar o crédito acessível para as pequenas empresas é crucial para a recuperação da nossa economia e deverá ser o centro de nossos atuais desafios políticos", disse.

Se esse apelo vai ou não ser atendido é outra conversa. O que importa é que, na atual fase de convalescença da economia ocidental, o emprego não reage a despeito do despejo de US$ 10 trilhões em recursos pelos Tesouros e bancos centrais com o objetivo de reativar a economia.

Isso está acontecendo por três razões.

Primeira, porque aumentou a utilização de Tecnologia da Informação (TI), que dispensa mão de obra. Trata-se de todo aparato de comunicação eletrônica que reduz a necessidade de formação de estoques, de almoxarifados, instalações, máquinas, equipamentos e pessoal. É provável que muitas empresas já tivessem feito investimentos em TI alguns anos atrás, mas, por inércia, tenham mantido intacto seu quadro de funcionários, até que veio a crise que as levou a enxugar custos. Quando veio a reativação, essas empresas provavelmente perceberam que poderiam aumentar sua produção e seu faturamento sem necessidade de novas contratações, porque o uso intensivo de TI ajudou a aumentar a produtividade.

Segunda razão, o medo do desemprego ou, simplesmente, a falta de oportunidades no mercado de trabalho, devem estar levando os trabalhadores dos Estados Unidos e da Europa a aceitar produzir mais por menos salário. Os analistas internacionais têm feito menções frequentes desse fato.

E, terceira razão, a injeção de créditos e recursos oficiais destinados a reativar o consumo nos países de alta renda está produzindo um efeito inesperado. Está criando mais mercado para produtos chineses ou asiáticos. Excelente indicação disso é o fato de que as exportações da China no primeiro semestre deste ano comparadas com as do primeiro semestre de 2009 estão crescendo a ritmo impressionante, de 35,2%.

Essas mercadorias chegam mais em conta aos portos dos Estados Unidos e da Europa porque a crise está favorecendo a compressão de preços. E, cada vez que um americano ou um europeu compra um produto asiático, está ajudando a fechar um posto de trabalho no seu país. Não dá para sustentar que as grandes empresas americanas e europeias estejam sendo prejudicadas por essas exportações asiáticas porque praticamente todas elas estão solidamente fincadas na China e no resto da Ásia, tirando proveito da mão de obra bem mais barata.

Enfim, são coisas que vão acontecendo, sem que os dirigentes políticos tenham se dado conta dessas consequências.

Novo ritmo
A decisão de ontem do Copom não trouxe nenhuma surpresa. A dose do aumento dos juros básicos (Selic) foi reduzida para 0,50 ponto porcentual, o que dá juros de 10,75% ao ano.

O que vem aí
Se nada de errado acontecer logo à frente, é possível esperar mais uma alta em agosto, desta vez de apenas 0,25 ponto porcentual, para que, em setembro, o juro pare de subir e assim permaneça até o final do ano. A ata do Copom a ser divulgada no dia 29 poderá deixar isso mais claro.


Governo quer frear China em licitação pública

Autor(es): Sergio Leo, de Brasília
Valor Econômico - 22/07/2010
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Preocupado com a crescente competitividade de produtos da China nas licitações públicas, especialmente nos ministérios da Saúde e da Defesa, o governo vai chamar representantes da indústria, em setores como o têxtil, o farmacêutico e o de calçados, para definir uma "margem de preferência" ao fornecedor nacional. Essas margens serão fixadas na regulamentação da medida provisória editada nesta semana com alterações na legislação de compras governamentais. Segundo a medida, o governo pode optar por preços de fornecedores nacionais até 25% superiores aos dos concorrentes internacionais.
Manufaturas e serviços com inovações e avanços tecnológicos desenvolvidos no país poderão ser beneficiados com margens de preferência ainda maior que os 25% previstos. Além disso, o governo poderá definir como "estratégicos" bens e serviços de tecnologia de informação e comunicação que só poderão ser fornecidos por empresas que desenvolverem no país a tecnologia fornecida, como já se faz em outros países, como nos Estados Unidos, com encomendas do Pentágono.
Outra novidade da medida, a ser regulamentada nos próximos meses, é a permissão a instituições de ensino superior federal e centros tecnológicos para contratarem obras e comprarem sem licitação, por meio de fundações de apoio à pesquisa, equipamentos, materiais e outros insumos. As compras terão de se destinar a laboratórios para atividades de inovação e pesquisa científica e tecnológica.
A medida provisória, anunciada em maio dentro do pacote de medidas de apoio à indústria, foi justificada pelo governo como uma forma de reproduzir, no Brasil, o tipo de preferência aos fornecedores nacionais adotado por Estados Unidos, China e Colômbia, entre outros países, usando o poder de compra governamental para incentivar investimentos e geração de empregos. Os empresários nacionais em setores como o têxtil se queixam de que não conseguem competir com fornecedores asiáticos, que têm apoio oficial e condições de produção mais favoráveis que as do mercado brasileiro, submetido a alta carga tributária, juros elevados e câmbio valorizado.
Os ministérios da Defesa e da Saúde já vinham trabalhando em propostas próprias de mudança na lei de licitações para dar competitividade aos fornecedores nacionais. No Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), o Ministério da Educação conseguiu explorar os limites da lei para dar preferência a fornecedores nacionais de uniformes, móveis e outros materiais de uso.
No FNDE, entre outras medidas, as compras passaram a ser feitas em lotes menores, com exigências de padrões técnicos específicos, de acordo com os órgãos nacionais de metrologia, o que reduziu o interesse dos concorrentes estrangeiros. Mas os responsáveis pelas compras do governo se queixavam da falta de amparo legal para dar preferência a fornecedores nacionais, especialmente pequenas e médias empresas, como explicitado na política industrial do governo.
O Exército chega a prever compras superiores a R$ 105 milhões anuais em uniformes, segundo argumentou o ministro da Defesa, Nelson Jobim, ao determinar aos assessores a elaboração de uma proposta para compras do setor, que ele pretendia ver concluída ainda no ano passado. Jobim foi alertado para o problema há cerca de um ano, quando uma licitação de cerca de R$ 10 milhões foi vencida pela empresa que optou por usar o tecido chinês, muito mais barato que o similar nacional. Essa tem sido a norma na compra de uniformes para as Forças Armadas, segundo os responsáveis pela medida provisória publicada terça.
O limite de 25% de preferência para os fornecedores nacionais foi fixado por insistência do Ministério da Fazenda, e o decreto de regulamentação da medida provisória fixará limites de acordo com estudos setoriais ainda em preparação. O governo prevê também a cobrança de "compensações" comerciais, industriais ou tecnológicas por parte dos fornecedores beneficiados, sob a forma de facilidades de financiamento, por exemplo. Segundo um técnico que participa das discussões, não há interesse em adotar, sem sérios ajustes, os estudos preparados pela própria iniciativa privada, que reivindica margens muito maiores que a de 25% - em têxteis, por exemplo, os empresários alegam que necessitam margens superiores a 30% para competir com os chineses.


Indústria festeja, mas especialista acha que medida pode ser contestada

Autor(es): João Villaverde, de São Paulo
Valor Econômico - 22/07/2010
Quando instituída, a Medida Provisória (MP) que dá prioridade ao produto nacional nas licitações de compras públicas será a "Buy Brazilian Act", diz Júlio Gomes de Almeida, consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), em referência ao "Buy American Act", lei aprovada pelos Estados Unidos em 1933, durante a recuperação do pós-crash de 1929. "Em economia, especialmente no campo industrial, temos sempre de olhar com atenção para o que vem dos EUA, porque eles se industrializaram com estratégias desse tipo", diz Almeida, que foi secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, durante o primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva. O apoio da indústria, contudo, não é partilhado por outros segmentos. Além do risco de aumento de preços, a medida poderia ser contestada nos organismos multilaterais de comércio.
Para Almeida, a medida é acertada porque desarticula as "desigualdades de competição" entre o produto nacional e o importado. "A principal diferença é que o governo não paga Imposto sobre Produto Importado (IPI), o que deixa o competidor estrangeiro com um produto mais barato", diz ele. A ideia de colocar um teto de preço de até 25%, portanto, fica "no meio do caminho" entre "a diminuição de desigualdades e o incentivo à ineficiência". Segundo o Valor apurou, a medida divide analistas industriais, especialistas em comércio exterior e políticos.
Segundo José Botafogo Gonçalves, presidente do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), a MP será contestada "tão logo receba o decreto presidencial". O país é signatário da Organização Mundial do Comércio (OMC), cujo regimento interno incentiva a participação de todos os países em licitações públicas. Além disso, por fazer parte do Mercosul, o Brasil também não pode inibir que empresas argentinas, uruguaias ou paraguaias disputem licitações do governo. "A OMC e o Mercosul vão criticar a medida brasileira, que, pior de tudo, vai atrapalhar futuras negociações bilaterais ou mesmo acordos com os países da União Europeia, que poderão usar essa medida como subterfúgio", diz Gonçalves, que foi ministro da Indústria e Comércio em 1998.
Para o especialista em relações exteriores, o país precisa "se habituar com uma economia aberta e competitiva, onde estrangeiros podem ter produtos mais baratos, reduzindo inclusive os gastos públicos, que serão mais elevados com um equivalente nacional mais caro", diz Gonçalves.
Segundo Luiz Paulo Vellozo Lucas, presidente do Instituto Teotônio Vilela, órgão de discussões políticas do PSDB, a medida vai encarecer os produtos nacionais, além de desestimular a competição. "O instrumento é muito bom, pois compras públicas de fato estimulam o desenvolvimento econômico, mas não nas mãos de gente sem preparo para tanto. Do jeito como as coisas foram levadas na compra dos jatos franceses, que não transferem tecnologia nem geram empregos, e na alteração da Lei do Petróleo, temo que essa MP incorra no erro de sempre, isto é, de direcionar as compras públicas", diz.
Para Paulo Francini, diretor de Pesquisas Econômicas da Fiesp, a ideia de países privilegiarem sua produção industrial doméstica por meio de contas públicas "é mais antiga que andar a pé". Para Francini, trata-se de expediente "usado incansavelmente por todos os países que se industrializaram", não constituindo, portanto, medida antiquada ou heterodoxa. "A China têm os melhores equipamentos e os mais baratos. Mas alguém acha que ela supre as compras do governo americano? Claro que não.




China vira preocupação para exportadores de commodities

Autor(es): Andrew Batson, The Wall Street Journal, de Pequim
Valor Econômico - 23/07/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/7/23/china-vira-preocupacao-para-exportadores-de-commodities/?searchterm=aço
Uma desaceleração do ebuliente crescimento econômico chinês, ainda que moderada até o momento, está reverberando nos mercados mundiais por causa do enorme papel do país como um comprador de metais, minerais e outras commodities.
Desde que o governo chinês começou a reprimir o superaquecido mercado imobiliário, em meados de abril, os preços mundiais do alumínio caíram 18%; os do cobre, 13%; chumbo, 19%; e níquel, 27%, embora as cotações de todos esses metais tenham se estabilizado nas últimas semanas. Os preços do aço na China encolheram 15% no período. Analistas dizem que eles podem cair mais, na medida em que a expansão do gigantesco setor de construção chinês continue a desacelerar.
O boom da construção na China teve um papel crucial na demanda global por matérias-primas, beneficiando muitos países exportadores de recursos naturais como Austrália, Brasil, Canadá e grande parte da África. O governo chinês reafirmou na semana passada seu compromisso com políticas voltadas para restringir os altos preços dos imóveis residenciais e a especulação imobiliária, que se tornaram uma fonte crescente de descontentamento entre a classe média nos últimos meses. Os analistas agora esperam que as condições no mercado imobiliário chinês piorem ainda mais.
Dados divulgados em 15 de julho mostraram que o crescimento da China caiu para 10,3% no segundo trimestre, ante 11,9% no primeiro trimestre.
Ben Simpfendorfer, economista do Royal Bank of Scotland, diz que o consumo de commodities na China deve cair mais rapidamente que o crescimento econômico geral. "A indústria pesada e as commodities são mais afetadas, já que se beneficiaram mais do início da onda de crescimento estimulada pelos investimentos", diz ele. "Os mercados financeiros podem não estar reconhecendo os riscos de uma queda abrupta. Eles ainda não estão acostumados às grandes oscilações na China."
A China respondeu por 66% das importações mundiais de minério de ferro e 40% do consumo global de alumínio, cobre e zinco em 2009, de acordo com a Agência de Agricultura e Recursos Econômicos da Austrália, uma entidade de pesquisa do governo. A Agência Internacional de Energia ressaltou esta semana ainda mais o importante papel da China em recursos naturais, afirmando que o país ultrapassou os Estados Unidos como o maior consumidor mundial de energia - uma declaração que a China contesta.
Por outro lado, a China responde por apenas 3% das importações mundiais de bens de consumo, de acordo com estimativas do Fundo Monetário Internacional, de modo que seu desaquecimento não será percebido pelos países que fazem esses produtos. E os indícios, em sua maioria, são de que o esfriamento da economia chinesa é modesto até o momento.
"O crescimento econômico da China contribuiu de forma significativa para a recuperação econômica mundial", disse o porta-voz da Agência Nacional de Estatísticas Sheng Laiyun, ressaltando um crescimento de 53% nas importações totais do país no primeiro semestre.
Os embarques de commodities contam uma história diferente: em volume, as compras de minério de ferro da China caíram 15% ante um ano atrás, e as de cobre encolheram 31%. As importações de carvão, embora ainda altas, estavam em maio no nível mais baixo em 12 meses. A indústria pesada parece estar reduzindo a marcha, com a produção de aço tendo crescido em junho no seu menor ritmo em 12 meses.
"A demanda de aço caiu", disse na terça-feira o ministro da Indústria, Li Yizhong, em comentários publicados pela agência de notícias estatal Xinhua. Ele alertou para o impacto da piora do ambiente de negócios no país, que é o maior produtor e consumidor mundial de aço. "Algumas siderúrgicas estão perdendo dinheiro, e se elas não tomarem medidas efetivas rapidamente isso pode afetar a duramente conquistada recuperação de todo o setor."
Na Austrália, o banco central elevou os juros em maio, citando em parte o estímulo que os altos preços das commodities estavam dando à economia australiana. A China comprou quase 22% das exportações da Austrália no ano passado e absorveu cerca de um terço das principais exportações minerais do país. O banco central do Canadá, outro grande exportador de commodities, seguiu com o seu próprio aumento do juro em junho.
Mas, ao anunciar este mês que o Federal Reserve da Austrália estava mantendo o juro inalterado, o presidente do banco central, Glenn Stevens, ressaltou que "existem indicações de que o crescimento na China está agora começando a cair para uma taxa mais sustentável". Ainda assim, ele não expressou alarme em relação à recente baixa dos preços das materiais-primas. "Os preços das commodities já saíram do seus picos, mas aqueles mais importantes para a Austrália permanecem bastante altos", disse.
A demanda em crescimento nos mercados desenvolvidos ainda pode dar sustentação aos preços globais das commodities, embora existam preocupações em relação à força da recuperação nos EUA e na Europa. Em um relatório de abril, o Banco do Canadá, o banco central, informou que prevê que os preços de commodities fora do setor de energia subirão cerca de 30% nos próximos três anos. Embore projete que o crescimento da China vai se desacelerar para 9% em 2011 e 2012, à medida que os efeitos do estímulo desapareçam, o banco espera que outras grandes economias globais estejam crescendo com vigor até lá e que possam compensar outras baixas no mercado de commodities.
Muitas empresas ainda estão otimistas, calculando que mesmo um crescimento menor em um mercado tão grande quanto o chinês ainda represente muitas vendas. "As pessoas que estão negativas em relação à China, essas dizem "estou esperando [crescimento de] 8,5%". O que quero dizer é que 8,5% é um número bastante susbtancial", disse Klaus Kleinfeld, presidente da Alcoa, a produtora de alumínio, em um seminário este mês. "Eu continuo otimista em relação à China e acredito que eles estão lidando muito bem com o aquecimento excessivo em alguns mercados.

Votorantim quer crescer em aço longo na América do Sul

Autor(es): Vera Saavedra Durão, do Rio
Valor Econômico - 23/07/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/7/23/votorantim-quer-crescer-em-aco-longo-na-america-do-sul/?searchterm=aço
A Votorantim Siderurgia, braço de aços longos do grupo Votorantim, que já responde por 10% da receita do conglomerado, planeja ampliar a atual capacidade de produção de 2,5 milhões de toneladas anuais para 3 milhoes de toneladas para se firmar como um grande "player" no mercado sul-americano, disse Ricardo Henrique Leal, diretor da empresa, durante palestra no seminário de mineração e siderurgia do CRU Group.
Leal informou que o aumento projetado de 500 mil toneladas, nos próximos anos, será alcançado apenas por meio de melhorias de desempenho e de produtividade das usinas da Colômbia e da Argentina. "O plano de expansão não contempla nenhum investimento novo em unidades industriais", afirmou. Atualmente, a VS tem capacidade de produção de 1,8 milhão de toneladas de aço bruto no Brasil nas usinas de Resende, com 1,02 milhão de toneladas, e de Barra Mansa (800 mil), ambas no Rio. As unidades do exterior somam capacidade total de 750 mil, sendo 400 mil toneladas na usina Paz del Rio, em território colombiano, e 350 mil na usina argentina.
Além disso, no Brasil a VS está investindo numa unidade de laminação apta a fazer 400 mil toneladas de produtos laminados, em Três Lagoas (MS). A companhia tem como parceiro no negócio, com 50% cada um, Alexandre Grendene. Leal não informou o valor do investimento. Informou que a usina deve começar a operar no fim de 2012.
O grupo Votorantim tem a siderurgia uma das prioridades de negócios. O mercado de aços longos vem crescendo fortemente desde o ano passado, disse Leal. "Está num nível bom e vai continuar; para aço longo o mercado siderúrgico está bom", destacou. Com perspectivas favoráveis no futuro, por conta de investimentos a serem feitos em obras de infraestrutura de grandes empresas e na construção civil para atender os eventos da Copa de 2014 e Jogos Olímpicos de 2016, a VS planeja expandir sua capacidade. Em 2009, a companhia vendeu 1,2 milhão de toneladas. Com isso, atingiu receita de R$ 2,2 bilhão, resultado operacional de R$ 632 milhões e uma margem de 28%.
A VS planeja ainda ampliar suas exportações para passar a operar à plena capacidade nos próximos anos. Atualmente, exporta só 5% do total comercializado de vergalhões, fios-máquina e perfis. No ano passado, a companhia criou um departamento de exportação para atender a um mix completo de produtos para construção civil e mecânica. "Vamos exportar bastante", prevê Leal. Ele informou ainda que a VS pretende investir forte em tecnologia e logística, criou uma área de assistência técnica e está ampliando a área de vendas. "Queremos ser a siderúrgica de melhor relação com o cliente e a primeira em qualidade de aço na América do Sul", declarou o executivo.
A VS não sofre as pressões de preço das matérias primas (minério de ferro, carvão metalúrgico, dentre outras) da mesma forma que as siderúrgicas integradas a alto-forno, que fazem aços planos, caso de galvanizados e chapa grossa. A companhia produz longos e suas usinas operam com o processo de redução direta e forno elétrico, usando sucata como principal insumo. Leal explicou que o custo da energia nesse processo é pesado, mas o grupo Votorantim tem uma base energética alta para suprir suas fábricas no Brasil. A unidade da Paz del Rio, na Colômbia, é autosuficiente em carvão, minério de ferro e calcário. Já a usina da Argentina, segundo disse, tem sofrido problemas de abastecimento de energia devido o inverno rigoroso no país, que está dando prioridade ao consumo residencial.

Destaques - Empresas

Valor Econômico - 22/07/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/7/22/destaques-empresas/?searchterm=aço
Transpetro importa aço
A China venceu uma concorrência lançada pela Transpetro para o fornecimento de 18,3 mil toneladas de aço para a construção de navios da empresa, informou ontem o presidente da companhia, Sergio Machado, segundo a Reuters. De acordo com o excecutivo, participaram da concorrência 15 siderúrgicas de oito países, inclusive do Brasil, e o preço chinês foi o mais competitivo. Ele não deu mais detalhes.

Transpetro vai comprar mais aço da China

Autor(es): Mônica Ciarelli
O Estado de S. Paulo - 22/07/2010
Siderúrgicas chinesas venceram licitação feita pela subsidiária da Petrobrás para fornecer o açopara a construção de navios no País


A China venceu mais uma disputa feita pela Transpetro para o fornecimento de aço para a construção de navios no País. Desta vez, foram 18,3 mil toneladas, dentro do Programa de Modernização e Expansão da Frota da Transpetro (Promef), que prevê a construção de 49 navios até 2014.


O presidente da companhia, Sérgio Machado, diz que participaram da concorrência 15 siderúrgicas de oito países, inclusive do Brasil, mas que o preço chinês foi o mais competitivo. A importação de aço pela subsidiária da Petrobrás tem sido motivo de embates frequentes entre siderúrgicas nacionais e a Transpetro.

Para tornar viável a construção das embarcações que irão ampliar a frota petroleira serão necessárias 680 mil toneladas de aço. Desse total, a companhia já fechou a compra de 150 mil toneladas, sendo que apenas um terço desse volume foi adquirido de siderúrgicas brasileiras. O restante veio da China, da Ucrânia e da Coreia do Sul.

Em palestra ontem, num seminário sobre mineração e siderurgia, Machado anunciou que a empresa aumentou em 30 mil toneladas a necessidade de aço para os próximos anos. Com isso, subirá para 710 mil toneladas o volume de encomendas da empresa à indústria siderúrgica.

A expansão se deve ao Programa de Modernização e Expansão da Frota-Hidrovia, que prevê a construção de 20 empurradores e 80 barcaças para a hidrovia Tietê-Paraná.

Machado calcula que o projeto permitirá reduzir pela metade os custos de transporte e vai consumir cinco vezes menos combustível. O executivo informou que, até agosto, abre as propostas encaminhadas pelas siderúrgicas para as 30 mil toneladas a serem compradas pela empresa.

Segundo ele, até o fim do ano serão compradas mais 50 mil toneladas. A intenção é fechar entre agosto e setembro a primeira etapa dessa negociação, feita em lotes de 15 mil a 20 mil toneladas.

Ele argumentou ainda que a importação do produto se deve a preços mais competitivos oferecidos pelos concorrentes estrangeiros. A compra de aço tem sido feita a um custo US$ 700 por tonelada, segundo o presidente da Transpetro.

Machado disse esperar que as companhias nacionais possam começar a oferecer valores mais atraentes nas próximas concorrências. "Não posso fazer com que a indústria naval, que está começando, seja penalizada por um preço de aço mais caro", afirmou o executivo.

Disputa. No início do ano passado, ainda no auge do impacto da crise mundial sobre a produção siderúrgica brasileira, a indústria de aço protestou contra as importações da Transpetro e chegou a pedir audiência à então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, para tratar do assunto.

Na ocasião, os empresários do setor siderúrgico argumentaram que as encomendas internacionais da empresa confrontavam com a política do governo de redução dos impactos da crise sobre a indústria.

A alegação do setor é que as siderúrgicas chinesas são, em sua maioria, estatais. E, como empresas subsidiadas pelo governo, estariam baixando os preços a um nível que as empresas privadas nacionais não poderiam acompanhar sem que isso acarretasse prejuízo financeiro.

Naquela ocasião, o aço era importado por um valor em torno de US$ 600 a tonelada, o que o mercado nacional chegou a classificar de "preço predatório".

A direção da Transpetro, por sua vez, contra-argumentou, acusando de lobby as siderúrgicas nacionais, que estariam tentando impor preços. A subsidiária da Petrobrás chegou a divulgar comunicado repudiando "articulações da Usiminas".

Concorrência
A Transpetro já fechou a compra de 150 mil toneladas de aço das 680 mil que serão necessárias para a construção das embarcações. Só um terço foi adquirido de siderúrgicas brasileiras.


Estoque elevado pode frear reajuste de preço das usinas
Autor(es): Vera Saavedra Durão, do Rio
Valor Econômico - 22/07/2010
O reajuste de preço do aço anunciado esta semana pela Usiminas, em duas tranches - uma de 3% e uma de 6% - , foi classificado como "fora de época" por Christiano Freire, diretor da Frefer MetalPlus e ex-presidente do Instituto Nacional de Distribuidores de Aço (INDA). O executivo prevê um período de "guerra de preços" entre distribuidoras e clientes de agosto até outubro por causa do elevado estoque de 1,2 milhão de toneladas de produtos siderúrgicos planos em poder destas empresas. "Com os estoques batendo níveis recordes, este é um momento ruim para se falar de aumento de preço", disse Freire, durante palestra no seminário de mineração e siderurgia organizado pelo CRU Group.
O executivo acredita que até outubro os preços do aço devem permanecer estáveis, pois as distribuidoras vão ter que traçar uma estratégia para desovar os estoques. Isso, diz, certamente vai gerar uma "pressão de preços" no mercado doméstico nos próximos 90 dias. Isso será acompanhado de uma freada brusca nas compras das distribuidoras junto às usinas nacionais. "Vamos viver até o início do ultimo trimestre um cenário de preços externos em queda, estoques muito altos e demanda em bom nível, mas sem chegar ao que era em 2008". Freire atribui esta situação ao aumento das importações de aço no primeiro semestre por causa da aceleração da economia e também à antecipação de compras pelas distribuidoras, temendo novos reajustes.
Os números do INDA no primeiro semestre, divulgados pelo executivo, apontam que até junho foram importadas 1,72 milhão de toneladas de aço plano de diversos tipos, ante 603 mil toneladas em igual periodo em 2009, auge da crise global. O total de compras das distribuidoras entre janeiro e junho somaram 2,35 milhões de toneladas, comparado a 1,27 milhão de toneladas um ano atrás, alta de 85% no volume de compras no país. "Isso é muito maior do que o que foi comprado em 2008", observou. O total de vendas de produtos de aço nos primeiros seis meses de 2010 somou 1,9 milhão de toneladas ante 1,2 milhão de toneladas em 2009, ou 28% a mais.
Até fim de julho, este números deverão continuar subidos. Segundo projeções do INDA, as compras de aço em julho devem alcançar 455 mil toneladas e de vendas, enquanto as vendas devem ter caído 5% em relação a junho, quando somaram 320 mil toneladas. Com isso, o volume estocado vai alcançar quase 1,3 milhão de toneladas.
No entender de Freire, o quadro que ele desenha para os próximos 90 dias não indica que a economia brasileira está desacelerando. "O que ocorre é que a economia não está mais neste segundo semestre acelerada como estava no primeiro. Estamos adquirindo velocidade de cruzeiro". O que ele diz é que hoje a economia está passando a ter uma demanda mais condizente com a realidade. "A demanda acelerada do primeiro semestre criou uma procura por bens mais forte do que a realidade do país comporta. Por isso, estamos agora com estas sobras e temos de nos desfazer delas". havia uma expectativa de grandes obras de infraestrutura, como pré-sal, e projetos da Vale que foram retardados, afirmou.
Ele destacou que além do setor de distribuição de aço, também o setor automotivo está superestocado. "A sensação que tenho é que esta cadeia produtiva está passando por um momento de ajuste de preços, que vai passar". A seu ver, a indústria siderúrgica não deverá cortar produção neste período, devendo se limitar a fazer algum estoque, pois estava com o volumes quase zerados por causa das compras das distribuidoras até junho.
As usinas locais certamente não vão conseguir repassar seus reajustes até outubro, apesar da alta que vêm enfrentando nas matérias-primas. "As usinas que dependem do minério de ferro vão sofrer mais, com redução de margem no próximo trimestre e lucros menores, mas deverão começar a recuperar as perdas a partir de novembro. A partir daí prevejo um cenário mais favorável, com recuperação de preços do aço lá fora e economia em alta aqui dentro e redução nas importações de aços planos", afirma Freire.

MINERADORA - Vale anuncia capacidade máxima na produção de ferro graças à China

A Vale disse que está usando o máximo de sua capacidade de produção de minério de ferro devido à demanda, especialmente da China, pelo produto (usado na fabricação de aço).
     Segundo Cláudio Alves, diretor de vendas de minério para as Américas, a China está começando a recompor seus estoques de aço, enquanto os EUA e a Europa provavelmente vão começar esse processo no quarto trimestre.

      A Vale é a maior produtora mundial de minério de ferro, que foi o item mais vendido pelo Brasil para o exterior em 2009, representando 8,7% das exportações -e teve a China como principal destino.

      A cotação do minério no "spot" (à vista) chinês, que chegou a US$ 190 por tonelada em maio, hoje está em torno de US$ 116. O presidente da mineradora MMX, Roger Downey, disse que a demanda continua forte e que a baixa no preço pode estar associada a uma "artificialidade" do mercado.

      Ele prevê que o preço vai se recuperar até o fim do ano.

Trilhos de fora
Brasília-DF
Autor(es): Luiz Carlos Azedo e Leonardo Santos
Correio Braziliense - 16/07/2010
Espetacular o “desbalanceamento” do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), no qual o governo aporta bilhões em infraestrutura e parte considerável do dinheiro migra para fora do país na compra de máquinas e equipamentos. É exemplar o caso do trem-bala Rio-São Paulo, orçado em R$ 33 bilhões, cujo edital foi lançado nesta semana. O Brasil não fabrica trilhos faz muito tempo, importa-os da Polônia e da China. É de lá, por exemplo, que vem o aço para a construção da Ferrovia Transnordestina.

“Estamos discutindo essa questão. A Usiminas parou de fabricar trilhos porque não havia demanda, mas agora eles estudam reativar a produção”, minimiza o ministro do Planejamento,Paulo Bernardo, um tanto incomodado com a situação. O Brasil exporta para os dois países o minério que depois compra de volta como produto industrializado, apesar de ter um dos maiores e mais competitivos parques siderúrgicos do mundo.

Paulo Bernardo acredita que o projeto do trem-bala provoque um grande avanço tecnológico no país, uma vez que sua construção implicará na modernização do setor ferroviário brasileiro. O problema é que as empresas que disputam esse tipo de licitação costumam entrar na briga com fornecedores já pactuados. E nenhuma empresa brasileira tem pegada para ganhar a licitação.

Gigante BlackRock vende ações da Petrobras
Autor(es): Agencia o Globo/Lucianne Carneiro
O Globo - 23/07/2010
Maior gestora mundial não liga decisão à capitalização, mas incertezas incomodam mercado

A BlackRock, maior gestora de fundos do mundo, reduziu seus investimentos em ações da Petrobras.

O gestor de ativos para a América Latina, William Landers, não relaciona a decisão às incertezas ligadas à capitalização da Petrobras e afirmou ontem que a empresa ainda está entre as cinco principais posições dos fundos ativos dedicados à América Latina. Mas as perdas registradas pelos papéis da empresa e as incertezas em torno da operação incomodam o mercado.

Apenas este ano, Petrobras PN (preferencial, sem voto) caiu 22,60%, enquanto a ON (ordinária, com voto) recuou 22,48%.

Ontem, os papéis subiram 1,75% e 1,05%, respectivamente.

Decidi para os fundos que eu administro diminuir Petro (Petrobras) para aumentar outras posições, mas a Petro continua entre as minhas cinco maiores posições e superimportante para nossos fundos disse ele.

Landers é responsável pela administração de US$ 8 bilhões em fundos na América Latina e a Petrobras representa cerca de 8% desse total.

Para o superintendente da Associação de Investidores no Mercado de Capitais (Amec), Edison Garcia, a capitalização da Petrobras é pouco transparente e está em constante mutação.

Vários associados vêm mostrando resistência à capitalização disse.

Entre diversos pontos, Garcia questiona a escolha da Petrobras de levar a decisão da capitalização para o conselho de administração, fora do fórum legítimo, que é a assembleia de acionistas. Com isso, prejudica os minoritários. Ele afirma ainda que há desigualdade de condições, já que os controladores participarão da operação com títulos públicos, enquanto os minoritários terão que desembolsar dinheiro.
Participação em empresas brasileiras
A Petrobras anunciou que informações sobre posições acionárias são confidenciais e está em período de silêncio por causa da capitalização.

A BlackRock que no ano passado se uniu à Barclays Global Investors administra US$ 3,15 trilhões em todo o mundo. Seu lucro avançou 167% no primeiro semestre, frente a igual período de 2009, para US$ 932 milhões.

Com a união, ganhou posição importante em companhias brasileiras. Segundo dados de dezembro, a BlackRock detinha 6,16% do capital preferencial da Petrobras e 9,49% no da Vale.


Brasil lidera crescimento de exportação de commodities
Autor(es): Jamil Chade
O Estado de S. Paulo - 24/07/2010

Segundo a Organização Mundial do Comércio, o Brasil já é o quinto maior fornecedor de produtos primários para a China

O Brasil registrou o maior crescimento, entre as maiores economistas, das exportações de recursos naturais na década, apesar das promessas de políticas para garantir um aumento no valor agregado das vendas nacionais.

O País, segundo a Organização Mundial do Comércio (OMC), já o quinto maior fornecedor de produtos primários para a China e avançou mais que qualquer outra economia no setor.

Diante da alta nos preços, 26% da arrecadação da pauta de exportação nacional é com produtos primários. Mas por conta da importação de petróleo, o Brasil já é também o 12ª maior importador de recursos naturais no mundo. >>> o modelo.

A OMC constatou que o comércio de recursos naturais volta a dominar um quarto do fluxo internacional de bens, taxa que não era vista desde 1950.

No caso do Brasil, o País é o 29º colocado entre os maiores exportadores de recursos naturais do mundo. Mas ampliou suas vendas em 23,7% em média ao ano na década, a maior taxa entre as 30 principais economias. Só em 2008, aumentou suas vendas em 32% e totalizou US$ 51 bilhões em vendas. Hoje, 26% das exportações nacionais são de bens primários, sendo 12% no setor de minérios.

Mesmo sem ter petróleo para exportar, a expansão no Brasil na década foi superior à da Venezuela, Arábia Saudita, Irã e Austrália. O Brasil já aparece como quinto maior fornecedor para China, com 6% do suprimento do país. O primeiro fornecedor é a Austrália, com 10%.

Na década, a China já ultrapassou europeus e se transformou no terceiro maior importador de recursos naturais do mundo, comprando por ano US$ 330 bilhões. Os Estados Unidos são ainda os maiores consumidores, com US$ 585 bilhões.

O Brasil também é o décimo maior fornecedor de matérias primas para a Europa e o 12ª para os EUA. O País também já conquistou a quinta posição entre os maiores exportadores de produtos florestais e o sétimo de minérios, com US$ 25 bilhões em vendas.

Importação. Mas se o País avança como exportador, o Brasil é também é destaque entre os importadores. Hoje, o Brasil é o 12º maior importador de recursos naturais do mundo, se a Europa for contada como uma economia.

A média de 19% de crescimento nas importações de produtos primários no País por ano ainda revela a necessidade do País por recursos para abastecer o crescimento.

Expansão. A expansão brasileira não vem num vácuo. Para a OMC, a constatação é de que, em dez anos, o comércio do setor de minérios, petróleo, pesca e produtos florestais se multiplicou por seis no mundo, diante da corrida de potências e de novas economias emergentes por garantir um abastecimento que assegure que seus mercados possam continuar crescendo.

O volume de vendas passou de US$ 613 milhões há dez anos para US$ 3,7 trilhões. Nesse mesmo prazo, o comércio mundial em geral se multiplicou por apenas três.

"O mercado de recursos naturais mudou, refletindo a demanda crescente da Ásia", disse Pascal Lamy, diretor da OMC.


OMC diz que balança do País depende do preço de itens básicos
O Estado de S. Paulo - 24/07/2010
 

Estudo mostra que a alta das cotações dos minérios e de outros recursos sustentaram superávit comercial

O Brasil estaria perigosamente dependente dos preços de commodities para garantir um bom desempenho de sua balança comercial. Dados da Organização Mundial do Comércio (OMC) indicam que, durante a recessão, o telhado de vidro da balança comercial brasileira foi evidenciado. As altas dos preços de minérios e outros recursos naturais teriam sido o que sustentaram o superávit, e não a competitividade internacional do País.

Em 2009, a queda nos preços dos produtos fez as vendas brasileiras despencarem e sofrer uma das quedas mais acentuadas entre os países emergentes. O Brasil chegou a cair duas posições no ranking dos maiores exportadores elaborado pela OMC.

O que chama a atenção a partir dos números publicados ontem pela OMC é a volatilidade dos preços de commodities. Minérios tiveram seus preços reduzidos em 29% em 2009, contra 17% na agricultura. Entre julho de 2008 e fevereiro de 2009, a queda no valor dos minérios chegou a 50%.

Para o Brasil, que tem 12% de sua pauta de exportação no setor de minérios, a queda foi sentida na balança comercial. O resultado foi a perda de posições do Brasil na classificação dos maiores exportadores, passando da 22.ª posição em 2008 para a 24.ª posição no ano passado. Índia e Austrália superaram o Brasil. O primeiro lugar é da China, seguida por Alemanha e Estados Unidos.

A dependência do Brasil nos preços internacionais ainda explicita o fato de que, nos anos de boom das exportações, a expansão das vendas nacionais não estava baseada em um maior volume de exportações, mas apenas na valorização dos preços de commodities.

A constatação de economistas, portanto, é de que o Brasil não se tornou mais competitivo nos últimos anos nem ganhou espaço nos mercados internacionais.

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