sábado, 10 de julho de 2010

BNDES tem mais R$ 14 bilhões para exportações

Autor(es): Alexandre Rodrigues
O Estado de S. Paulo - 10/07/2010

Programa de Sustentação do Investimento (PSI) será usado para financiar vendas de máquinas, equipamentos e bens de consumo.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deve liberar R$ 14 bilhões em crédito para exportação no segundo semestre deste ano sob as condições especiais do Programa de Sustentação do Investimento (PSI). Além de novo orçamento de R$ 7,3 bilhões para a exportação de bens de capital, o banco já começou a operar uma nova linha de R$ 7 bilhões para bens de consumo.
As linhas para exportação do PSI são do tipo pré-embarque, que financia a produção do exportador. Apesar de os primeiros R$ 7,5 bilhões destinados pelo BNDES para a exportação de bens de capital pelo PSI, com juros reduzidos a 4,5% ao ano, terem se esgotado rapidamente nos três primeiros meses do programa, entre julho e setembro de 2009, só no dia 11 de junho um novo montante foi autorizado e as operações reiniciaram.
Apenas R$ 800 milhões foram liberados em junho, ainda sob as condições de 2009, mas a expectativa da superintendente da Área de Comércio Exterior do BNDES, Luciene Machado, é que os recursos se esgotem no terceiro trimestre de 2010, a exemplo do que aconteceu em 2009. A partir deste mês, a taxa sobe para 5,5%, mas continua competitiva em relação à média do mercado, estimada em 7% pela Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).
"Há uma demanda reprimida. As empresas ficaram durante todo o primeiro semestre esperando a segunda tranche (parte) da linha", disse Luciene, em entrevista ao Estado. Segundo ela, muitos bancos repassadores dos recursos já tinham empréstimos pré-operacionalizados, o que deve acelerar as liberações.
Exportações. A executiva espera que as liberações via PSI impulsionem o desembolso total do BNDES para exportação, fechando o ano em cerca de R$ 20 bilhões. Em 2009, foram pouco mais de R$ 15 bilhões. No primeiro semestre, o banco liberou cerca de R$ 5 bilhões nas linhas convencionais de exportação, que incluem a modalidade pós-embarque, que financia o importador de produtos brasileiros. O desempenho foi quase 40% acima do mesmo período de 2009.
"O aumento dos pedidos, principalmente nas linhas pré-embarque, mostra que o financiamento de baixo custo como forma de garantir a competitividade externa é hoje um fator crítico para as empresas desses segmentos", diz Luciene.
As linhas do PSI, cuja maior parte é direcionada para o financiamento de bens de capital no mercado interno, têm sofrido críticas pelo custo fiscal que geram ao oferecer taxas de juros abaixo das praticadas pelo BNDES com base na Taxa de Juros de Longo Prazo (6%). O Tesouro Nacional cobre a diferença com recursos captados pela taxa básica, a Selic, hoje em 10,25%.
A vertente de exportação foi incluída no PSI em 2009 para recuperar a produção de máquinas e equipamentos após a crise. O setor começou a reagir já no primeiro mês. Entre janeiro e maio deste ano, a produção de bens de capital acumulou alta de 30,6%. Mesmo assim, o BNDES repetirá o subsídio às exportações este ano, além de uma linha para bens de consumo. Mas nesse caso, a taxa é diferente: sobe 7% para 8% ao ano este mês.
Segundo o vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, os grandes exportadores não têm encontrado dificuldades para obter no mercado crédito para exportação, mas diz que as condições mais favoráveis do BNDES são bem-vindas.
"O mercado continua líquido para os grandes exportadores, mas o juros do BNDES são fixos, mais baixos e não têm o risco cambial. Em ano de eleição, qualquer suspiro no câmbio é um problema e as empresas ficam mais cautelosas. E pode ajudar o combalido setor de manufaturados", diz Castro.


BID quer parceria com BNDES para a infraestrutura

Autor(es): Alex Ribeiro, de Washington
Valor Econômico - 12/07/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/7/12/bid-quer-parceria-com-bndes-para-a-infraestrutura
 
O presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Luis Alberto Moreno, estabeleceu como prioridade no seu segundo mandato, para o qual acaba de ser eleito, firmar parcerias com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em duas novas frentes: o financiamento de obras de integracão física da América do Sul e o apoio à construção da infraestrutura da Copa do Mundo e das Olimpíadas.
A nova orientação foi fechada em conversa de Moreno, há algumas semanas, com o presidente Lula, que pediu prioridade do BID para a construção de estradas, ferrovias e hidrovias ligando o Brasil aos seus vizinhos. Nessa semana, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, estará em Washington para falar com Moreno sobre esses e outros pontos de interesse comum.
Atualmente, a operação conjunta entre o BID e o BNDES, que é o maior cliente individual do organismo multilateral, restringe-se basicamente ao financiamento de micro, pequenas e médias empresas. O BID acaba de receber um reforço de capital de US$ 70 bilhões e tem fôlego para conceder cerca de US$ 12 bilhões anuais de financiamentos, dos quais cerca de 25% devem ser dirigidos ao Brasil
Em entrevista ao Valor, Moreno cita um exemplo bem concreto de possível parceria: a finalização de uma rodovia ligando o Estado de Roraima à Guiana, num projeto estimado em US$ 150 milhoes. A Guiana é um dos países mais pobres do continente e, nessa condição, teria acesso a financiamentos com prazo e juros privilegiados dentro do BID.
Um dos problemas, porém, é que a Guiana tem baixa capacidade para contrair endividamento. Assim, o BNDES entraria financiando as construtoras brasileiras que tocariam a obra. "O Brasil tem algumas das construtoras mais eficientes do mundo", afirma Moreno.
Há muitos obstáculos a serem vencidos para levar o projeto adiante, reconhece o BID. Um deles é assegurar que a estrada seja economicamente viável e capaz de gerar receita que sirva de garantia ao empréstimo. "O desafio ambiental também é bastante importante, e não dá para ignorar que houve conflitos envolvendo garimpeiros na região", observa Kurt Focke, chefe da divisão de mercados de capitais do BID.
Se bem sucedida, essa parceria entre o BNDES e o BID poderá ser replicada em outros projetos de infraestrutura ligando o Brasil a outros países. Há alguns anos, o BID elegeu uma carteira de 510 projetos prioritários, num investimento estimado em US$ 74,5 bilhões, na chamada Iniciativa para a Integração da Infra-estrutura Regional Sul-Americana (IIRSA). "Estamos avaliando outros projetos que, potencialmente, podem ser tocados por meio de parcerias com o BNDES", afirma Jose Luis Lupo, diretor do escritório do BID no Brasil.
Hoje, já há alguns projetos bancados pelos dois bancos, porém sem a coordenação entre as duas partes, informa o BNDES. É o caso, por exemplo, do gasoduto de Camisea, no Peru, obra financiada pelo BID e que conta com uma linha de empréstimo do BNDES para a construtora Odebrecht, que toca as obras.
"O BNDES fez um movimento recente de internacionalização, com a abertura de unidades em Londres e no Uruguai", afirma Jaime Mano, representante do BID baseado em Brasília. "Isso poderá ajudar muito no financiamento de obras de integração regional."
Na agenda oficial, Coutinho vem a Washington para tratar de uma linha de financiamento de US$ 3 bilhões do BID ao BNDES, com uma tranche inicial de US$ 1 bilhão, destinada ao financiamento de micro, pequenas e médias empresas. Ao longo dos últimos 12 anos, o BID emprestou US$ 6,5 bilhões ao BNDES, o que faz do banco brasileiro o maior cliente do organismo, excluindo governos soberanos. Parte dos empréstimos já foi amortizada e, hoje, a exposição do BID ao BNDES é de cerca de US$ 4 bilhões.
Ministério do Planejamento indicou ao BID que umas das prioridade do país são as obras de infraestrutura para a Copa de 2014 no Brasil e as Olimpíadas no Rio em 2016. Ao que tudo indica, o BNDES será o principal financiador desses projetos. O BID espera fechar parcerias com o banco oficial pra financiar obras de transportes, desenvolvimento urbano, saneamento e segurança nas 12 cidades que serão sede na Copa. "Todos queremos estar no Brasil em 2014", afirma Moreno. "É o retorno da Copa do Mundo à América Latina."

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