segunda-feira, 12 de julho de 2010

Animais Confinados - Pesquisa Top50 BeefPoint 2009/10

http://www.beefpoint.com.br/top50/PesquisaTop50BeefPointdeConfinamentos2009-10.pdf
Este ano, a Pesquisa Top 50 BeefPoint de Confinamentos chegou a sua 8ª edição, levantando anualmente dados sobre número de animais confinados, perfil das empresas e perspectivas para a atividade no Brasil.

Este levantamento, apurou que em 2009 os 50 maiores confinamentos do Brasil engordaram 1.322.764 animais, o que representa uma redução de 17,3% em relação à quantidade confinada pelos estabelecimentos listados na pesquisa anterior. Segundo perspectivas dos confinadores consultados, deverá ocorrer retração também em 2010. A expectativa é de redução de 4,3%, com uma previsão de confinamento de 1.267.250 bovinos.

Até 2007, os 50 maiores confinamentos do Brasil apontavam previsões otimistas e, de acordo com os números levantados em 2007 e 2008, houve crescimento de 34,6% e 27,2%, respectivamente. Porém, em 2008, a expectativa dos confinadores já foi mais modesta, o crescimento previsto para 2009 era de 4,6% e o que ocorreu foi um decréscimo no número de animais confinados.

Gráfico 1. Animais confinados












Dos confinamentos listados no ranking desse ano, apenas 48% pretende aumentar o número de animais confinados com relação a 2009, 40% prevêem redução desse número e os 12% restantes, manutenção da quantidade realizada em 2009.

Os motivos mais apontados pelos produtores para a manutenção ou o aumento do número de animais confinados foram:
• Redução no preço de grãos;
• Terminação de animais próprios;
• Aumento de investimento nesse setor ou o cumprimento de planejamento da empresa; 
• Expectativa positiva quanto ao mercado;
• Necessidade de ajuste de lotação das pastagens durante a seca.

Os produtores que pretendem reduzir o número de bovinos confinados ou abandonar a atividade de confinamento em 2010 apontam como principais causas para essa decisão, o alto custo de animais para reposição e expectativas negativas quanto ao preço do boi gordo em relação ao boi magro.

A reposição foi apontada por 50% dos confinadores como o principal desafio em 2010, devido à oferta reduzida de boi magro e consequente elevação dos preços. Segundo muitos confinadores, "está difícil achar boi". O segundo desafio mais apontado pelos entrevistados foi a incerteza quanto ao preço futuro da arroba do boi gordo.

Desde 2008, tem aumentado o interesse dos confinadores em realizar vendas à vista como forma de evitar o risco de inadimplência dos frigoríficos. Em 2009, 22% da produção dos 50 maiores confinadores do país foi negociada à vista e os produtores consultados prevêem aumentar essa proporção para 26% no ano de 2010.

A Equipe BeefPoint diagnosticou o aumento da participação dos frigoríficos no setor de confinamentos e incluiu na pesquisa desse ano a seguinte pergunta: "O confinamento presta serviços de engorda, ou pertence a algum frigorífico". Para 28% dos estabelecimentos a resposta a essa questão foi sim, o que confirma a crescente participação da indústria na terminação de bovinos em confinamento.

Com relação ao período de saída de animais para o abate, em 2009 a concentração ocorreu nos meses de setembro, outubro e novembro. E para 2010 existe a pretensão de uma saída mais adiantada concentrada entre os meses de agosto, setembro e outubro. Considerando-se tanto o realizado em 2009 quanto o previsto para 2010, outubro destaca-se como mês de maior saída de animais.

Vale lembrar que estes dados não abrangem a situação dos confinamentos brasileiros como um todo, e sim, apenas dos 50 maiores. A retração no número de animais confinados por esses estabelecimentos não deve ser extrapolada, estimando redução em todo esse segmento da pecuária de corte. Para acessar o relatório completo clique aqui.
http://www.beefpoint.com.br/?noticiaID=64165&actA=7&areaID=15&secaoID=129











A seguir são apresentados os resultados tabulados e as análises sobre a atividade nos confinamentos listados.
Tabela 1. Ranking dos 50 maiores confinamento do Brasil em 2009
Nome do confinamento
Estado
N° de animais confinados em 2009
1
Cotril Alimentos S.A.
GO
208290
2
Comapi Agropecuária S.A.
SP/GO
140557
3
JBS Confinamento
SP/GO/MT
110236
4
Frigorifico Mataboi S.A.
GO/MG
57903
5
Fazenda Conforto
GO
47000
6
Confinamento Eldorado - Boitel Marca
MT
45000
7
Confinamento Santa Fé
GO
35200
8
Confinamento Goiás Verde
GO
30000
9
Confinamento BRF
MT
28000
10
Grupo Estância Bahia
MT
25500
11
Fazenda Califórnia Confinamento
GO
25000
12
Fazenda Bonança
SP
24100
13
Vanguarda do Brasil
MT
22800
14
Boitel Chaparral
SP
22500
15
Fazenda Toca do Boi
GO
22000
16
Confinamento Guimarães
MT
22000
17
Agropecuária Paquetá Ltda
MS
21400
18
Vera Cruz Confinamento
GO
20018
19
Confinamento Monte Alegre
SP
19000
20
Confinamento Rio Verde
GO
18000
21
Fazenda do Cristo Redentor
MS
18000
22
Estância Porteirinha - Confina +
MT
17800
23
Confinamento F.Salles
SP
16655
24
Fazenda Nova Sapé
SP
16000
25
Agropecuária Córrego Azul
MS
16000
26
Fazenda São Pedro
SP
15800
27
Fazenda Recreio Agropastoril
MS
15000
28
Chalet Agropecuária Confinamento
MG
14400
29
Fazenda Rancho Alegre
MT
14000
30
Fazenda Roncador
MT
14000
31
Boi Nobre Confinamento
MG
14000
32
Confinamento São Marcelo
MT
14000
33
Fazendas Reunidas Castilho
SP
13500

34
Elite Confinamento
MG
12000

35
Fazenda São João
SP
12000

36
Fazenda Mano Julio
MT
12000

37
Usina Vale do Rosário
SP
12000

38
Confinamento Medalha
GO
12000

39
Fazenda Ayres da Cunha
MS
12000

40
Fazenda Ressaca
MT
11200

41
Fazenda Campanário
MS
10806

42
Estância JR
GO
10400

43
Fazenda Santa Rosa
SP
10049

44
Fazenda Palmeiras e Crixazinho - Confinamento MP
GO
10000

45
Confinamento Don Pedro
MS
9500

46
Fazenda Fazendinha
MG
9250

47
Macaé Confinamento
GO
9000

48
Agropecuária CFM
SP/MS
9000

49
Agropecuária Ipê
PR
9000

50
Fazenda Santa Cecília da OMF
SP
8900













Em 2009 os 50 maiores confinamentos do Brasil terminaram juntos cerca de 1.322.764 animais, o que representa uma redução de 17,3% em relação à quantidade confinada entre os estabelecimentos listados na Pesquisa Top 50 BeefPoint de Confinamentos 2008/09, publicada no ano passado, que foi de 1.599.465 (Gráfico 1). Segundo perspectivas dos confinamentos consultados, deverá ocorrer retração também para 2010. A expectativa é de redução de 4,3%, com uma previsão de confinamento de 1.267.250 bovinos.

Mesmo com a retração no número de animais confinados entre 2008 e 2009, a quantidade levantada pela pesquisa apresenta crescimento acumulado de 201,8% em relação ao ano de início da pesquisa em 2003. Nos últimos cinco anos de pesquisa, o crescimento acumulado foi de 98,6% em relação aos 666.065 animais confinados em 2004.

Vale notar que quando considerados somente os participantes da Pesquisa Top 50 BeefPoint de Confinamentos 2008/09 que também integraram a pesquisa 2009/10, também há decréscimo no número de animais terminados (Gráfico 2). Essa queda no volume confinado é de 15%, tendo sido confinados 1.361.251 animais em 2008 contra 1.154.103 em 2009. Esses confinamentos também têm previsão de reduzir em 5% o número de animais confinados em 2010 com relação a 2009.









Após retração em 2009, confinamento bovino deve cair de novo, diz pesquisa

Valor Econômico - 12/07/2010

O confinamento de gado bovino recuou em 2009 e deve voltar a cair este ano, de acordo com levantamento da consultoria Agripoint feito com os 50 maiores confinamentos do Brasil. A Pesquisa Top 50 BeefPoint de Confinamentos mostra que em 2009 esses estabelecimentos engordaram 1.322.764 animais, 17,3% menos do que haviam confinado no ano anterior - 1.599.465 bovinos.
De acordo com a pesquisa, em 2010 a retração deve ser de 4,3%, e o número de animais confinados nos 50 estabelecimentos deve alcançar 1.267.250 bovinos. Considerando apenas os confinamentos que participaram das duas pesquisas, a retração é de 15%, para 1.154.103 animais. A previsão desses confinamentos é reduzir em 5% o número de animais confinados este ano em relação a 2009.
A maior parte dos confinamentos está localizada em São Paulo (28%). Atrás, vem Goiás com 24%, depois Mato Grosso (22%) e Mato Grosso do Sul (14%). Do total de animais, 39% estão em Goiás, 28% em São Paulo e 18% em Mato Grosso.
A pesquisa mostrou que dos 50 estabelecimentos 48% pretende ampliar o número de animais sob engorda intensiva este ano em relação ao que foi confinado em 2009. Uma fatia de 40% prevê diminuir o número de bois confinados e 12% devem manter a quantidade de bois sob esse sistema de engorda.
Entre as razões para manter ou ampliar o número de animais confinados estão, segundo a pesquisa: redução no preço de grãos, terminação de animais próprios, aumento de investimento nesse setor, expectativa de mercado positivo. Os que pretendem reduzir o confinamento ou deixar de confinar apontam como principais razões o alto custo de animais para reposição e expectativas negativas quanto ao preço do boi gordo em relação ao boi magro. Os confinadores alegam, segundo a pesquisa, que "está difícil achar boi".
O levantamento mostrou ainda que aumentou o número de estabelecimentos que fazem parte da lista Traces, por conta do maior interesse dos frigoríficos para exportar à União Europeia e do ágio no preço. Em 2008, 34% dos 50 maiores confinamentos estavam habilitados; no ano passado, eram 76%.(Alda do Amaral Rocha)








[09/07/2010]

Tiago Carvalho, pesquisador do Cepea, fala sobre o Censo de Confinamentos do Estado de São Paulo







Durante a Feicorte 2010, Miguel da Rocha Cavalcanti entrevistou Tiago Carvalho, pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Eslaq/USP), sobre o Censo de Confinamentos do Estado de São Paulo.

"O Censo de Confinamentos do Estado de São Paulo foi um trabalho desenvolvido junto com a Associação Nacional dos Confinadores (Assocon) e com a Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo, esse trabalho foi realizado de outubro do ano passado até abril de 2010".

"Os dados mais interessantes foram o número de rebanho e a forma de comercialização. No ano de 2009 São Paulo teve em torno de 343 mil animais confinados e uma capacidade estática de 430 mil animais, ou seja, temos uma capacidade ociosa em torno de 25%. Isso confere ao Estado um potencial de crescimento muito interessante no setor".

"40% desses animais estão concentrados na região de Araçatuba e outros 25% na região de Ribeirão Preto".

"De setembro a novembro, 46% dos animais abatidos nos frigoríficos paulistas veio de confinamento".

"Cerca de 54% do custo do confinamento é relativo à compra de animais de reposição".

"Hoje São Paulo tem cerca de 125 confinamentos, espalhados por 77 municípios".

"Em relação à venda dos animais, cerca de 80% dos animais foram negociados com os 4 maiores frigoríficos do Estado ( JBS, Bertin, Minerva e Marfrig)".



[30/09/2009]




Pedro Eduardo de Felício comenta o processo de consolidação dos frigoríficos brasileiros


BeefPoint:O que você acha das últimas aquisições, fusões e arrendamentos de grandes frigoríficos brasileiros?

Pedro Eduardo de Felício:O que está acontecendo é a concentração de um enorme poder econômico de duas empresas que incorporam outras em dificuldade financeira. Isto terá fim? Quem sabe no dia em já não restar frigorífico fora de corporação globalizada.

O fato é que ainda não assimilei bem a idéia desse movimento. Há muita dívida a pagar e o dinheiro deve vir de investidores que, em algum momento, vão querer os seus dividendos. E nesse setor, historicamente, as contas nunca fecham. Uma indústria moderníssima até no nome, "Future Beef Operations", construída no Centro-Oeste americano fechou depois de um ano de funcionamento, em agosto de 2002, porque não conseguia sair do vermelho. Cometeu erros de planejamento e muitos outros enquanto operou e estava presa a um contrato com uma rede de supermercados que a sufocava. Serve de exemplo? Talvez, porque era uma tentativa de vencer o estigma da baixa lucratividade investindo em tecnologia e qualidade de produtos.

Eu tenho ouvido falar maravilhas da capacidade gerencial de uma dessas novas megaempresas brasileiras do setor frigorífico, mas ainda me custa acreditar que os investidores terão retorno. A menos que possam determinar os preços de compra da matéria prima e de venda de seus produtos, mais ou menos como estão fazendo a indústria farmacêutica, as grandes redes de supermercados, ou os bancos da atualidade. Desnecessário dizer como eles operam, não é mesmo? A menos, também, que consigam uma rápida desvalorização do real frente ao dólar para reduzirem sua dependência do mercado interno.

BeefPoint: Você acredita que esse processo de consolidação da indústria frigorífica e a formação de grandes empresas multinacionais trarão mais vantagens ou desvantagens para a pecuária brasileira? Como o produtor deve agir nesse momento?

Pedro Eduardo de Felício: Vantagens para quem? Estão repetindo muito essa história de que gigantescas empresas transnacionais trarão vantagens para os produtores rurais desde a compra da Sadia pela Perdigão. O próprio governo acredita nisso, mas eu não sei que vantagem um produtor de milho de Iowa, Estados Unidos, tem com o fato de serem americanas a Monsanto e a Cargill.

Hoje, esse produtor trabalha para pagar a conta dos insumos todos e não pode parar de aumentar a produtividade para não ficar no vermelho. Acho que isso tem uma semelhança com o castigo de Sísifo, da mitologia grega, que foi condenado a rolar uma grande pedra com as mãos até o alto da montanha, e toda vez que estava quase no topo ela rolava novamente para baixo, e ele tinha que começar tudo de novo, por toda a eternidade.

Recomendar uma estratégia de ação ao produtor rural está muito além da minha competência, mas diversificar atividades para diminuir a oferta de boi pode ser o único antídoto a longo prazo. Tornar menos abundante a matéria prima como tem acontecido em outros países. Nosso rebanho não precisa ter 200 milhões de cabeças, nem ocupar 200 milhões de hectares de terra, precisa?

BeefPoint: Em relação às negociações dos últimos dias, como o Governo deve atuar para garantir que as mesmas não causem impactos negativos para o setor?

Pedro Eduardo de Felício: Eu esperava que coisas assim viessem a acontecer, mas não imaginava que teriam uma força tão grande, nem que o governo ajudasse tanto a se dar do modo como estamos vendo e a CADE - Conselho Administrativo de Defesa Econômica, autarquia vinculada ao Ministério da Justiça, serve mesmo para quê? Como a imagem da justiça, a CADE parece estar de venda nos olhos, mas quem sou eu para falar de um tema tão complexo?

O fato é que se esse governo ajuda na formação de trustes, algum governo no futuro terá que agir para acabar com eles ou o seu poder será tão imenso que ninguém, nem mesmo o próprio Estado a ele se oporá de pronto quando necessário.

A história tem exemplos disso e ao que parece ocorrem ciclicamente. Foi assim com os trustes norte-americanos do século dezenove e início do século XX, da carne, do açúcar, do aço e do tabaco, do petróleo e das ferrovias. Eles chegavam a constituir um poder paralelo que teve que ser destruído por ações consistentes do governo federal dos EUA, começando pelo destemido presidente Ted Roosevelt na primeira década de 1900, para que as negociações voltassem a ocorrer livremente. Conta-se que, em 1937, 80% de toda a carne e produtos derivados vendidos nos EUA vinham das "Big Four" (Swift, Armour, Wilson e Cudahy). A situação naquele país, mais recentemente, voltou a ser como era naquele tempo, mas já não chamam de trustes.

BeefPoint: Essas empresas têm recebido grande aporte de capital do BNDES, que inclusive vem incentivando fusões e aquisições. Para você, essa posição assumida pelo banco é correta e saudável para o desenvolvimento do setor, ou deveria ser estudada com mais cautela?





Pedro Eduardo de Felício: Eu já disse antes que, em tese, o BNDES deveria ser o banco do desenvolvimento econômico e social e eu confiava nessa parte do social. Acho que fui crédulo demais. O tal banco vai acabar financiando até mesmo os confinamentos das transnacionais da carne e, aí sim, acabará com o que restar do poder de negociação de preços dos pecuaristas. Estes últimos terão que se contentar em vender boi magro, para engorda nos confinamentos, com o preço feito em planilha da indústria. Será como criar frangos e suínos para as integradoras, não é mesmo? E que importa para esse fornecedor que a empresa que lhe compra os frangos e os porcos seja a maior do mundo? Dizem que é a garantia de acesso aos mercados; pode ser, mas continua sendo colono.







Produzir garrotes desmamados e recriados, vacinados, vermifugados, rastreados, mediante especificações de genética, com todos os testes de marcadores moleculares e certificações de toda ordem pode ser o futuro do pecuarista. Pode ser, também, que ele gaste tanto com insumos que, assim como o produtor de milho ou de batatas, não possa nunca descansar porque precisa pagar seus fornecedores de insumos.


Agradeço ao BeefPoint pela oportunidade que sempre me oferece de tornar público o que penso dessas grandes questões que afetam o setor da carne, visando, sobretudo, mostrar os temas por outros ângulos, mesmo porque a unanimidade costuma ser pouco inteligente e até perigosa.


[11/03/2005]

Geraldo Perri Morais: a qualidade como força na negociação com o frigorífico














Geraldo Perri Morais é engenheiro eletrônico formado em 1970, tendo trabalhado nessa área por 10 anos. Em 1980 voltou para Araçatuba/SP, começando a trabalhar com a família e desde então está no ramo de recria e engorda de gado. Tem duas fazendas no Mato Grosso do Sul.







Foi da diretoria da UDR de Araçatuba de 1986 a 1994, fez parte do conselho fiscal da Cobrac









COOPERATIVA AGROPECUÁRIA DO BRASIL CENTRAL 









durante 4 anos e agora é vice presidente da ABRAPEC, associação recém-criada em Araçatuba.







Geraldo Perri Morais concedeu essa entrevista ao BeefPoint, onde fala sobre o mercado atual do boi e perspectivas para melhoria das negociações entre produtores e frigoríficos. Mostrou uma visão inovadora do problema e aponta algumas soluções ainda não utilizadas pelo setor, que já trazem bons resultados para a Abrapec.








BeefPoint: O senhor poderia nos falar sobre o funcionamento, objetivos e número atual e máximo de associados da ABRAPEC?








Geraldo Perri Morais: A Abrapec é uma associação de produtores, a maioria pecuaristas sediados em Araçatuba. Temos aproximadamente 90 associados, com perspectiva de abater acima de 50 mil animais/ano. Os associados têm suas fazendas na grande maioria no Mato Grosso do Sul, uma boa parte em Mato Grosso e alguns em Goiás, Paraná e em São Paulo. Uma parte das fazendas em São Paulo está sendo deslocada para outras localidades. A maioria dos produtores faz recria e engorda e alguns o ciclo completo.





A ABRAPEC foi fundada em novembro de 2004 e visa obter uma melhor remuneração do nosso produto. Boi não é commodity para ter preço igual, sem distinção de qualidade.




A associação não possui numero máximo de associados, porém de acordo com o estatuto, os novos associados devem ser indicados por um associado da ABRAPEC e serem aprovados pelo conselho. 




O intuito não é ter um número excessivo de participantes, pois se espera que todos os membros sejam ativos e participem das discussões e da formulação de planos e estratégias. A idéia não é só entrar, é entrar e participar. 




A ABRAPEC visa aumentar o valor agregado do produto, não brigamos por preço com o frigorífico, discutimos formas de melhor remuneração pelo produto diferenciado que produzimos.







BeefPoint: Quais são os maiores problemas encontrados pela entidade até o momento?








Geraldo Perri Morais: O maior problema é a conscientização. É muito difícil convencer os pecuaristas que é mais fácil eles se reunirem em associação do que resolverem seus problemas sozinhos





O pecuarista não sabe o poder que tem. O produto dele é um produto importante e de alto valor agregado, importante no mercado externo e interno. Eu acho que nós temos muito a fazer ainda, para mostrar a força do setor.




A idéia da formação da associação começou a partir do momento que se viu a desigualdade do setor. Os produtores começaram a se juntar para aumentar o poder de barganha.




Varias idéias surgiram e a que teve mais aceitação foi bater forte na negociação do produto, já que temos um produto de qualidade. A partir disso, o pessoal começou a chegar num ponto comum.




Com a parceria e a valorização do produto, a receptividade do projeto aumentou. A partir daí surgiu um número ainda pequeno de pessoas, se eu não me engano foram 30 pessoas, que fundaram a associação. Desde então estamos crescendo lentamente e chegamos a 90.




Estamos neste momento tentando ampliar a conversa com o setor. O pecuarista é muito individualista, quando uma pessoa vai se associar a primeira pergunta é sobre o ganho e não é isso que a associação procura. Isto será uma conseqüência do modo de produção de cada um e do trabalho em conjunto.







BeefPoint: Como está ocorrendo a negociação com os frigoríficos? Recentemente a Abrapec realizou um abate experimental em um grande frigorífico exportador, quais foram os resultados desse início de relacionamento entre produtor e frigorífico, tendo a associação como facilitador para o produtor?








Geraldo Perri Morais: Nós fizemos uma lista de empresas para procurar. O Bertin já tinha o interesse de abater e tinha o interesse de dar uma premiação pelo nosso produto, desde que atendesse as exigências do mercado. 





A negociação com o frigorífico passou por várias etapas, desde o conhecimento dos produtores até o abate. Durou de novembro até dezembro onde o frigorífico solicitou 500 cabeças para um abate experimental. 




Neste abate eles classificaram de acordo com o que eles queriam e mostraram a tabela para a gente. Foram ao todo 18 níveis de classificação, resultando em 18 gradações no prêmio. De acordo com a porcentagem de classificação que os animais atingissem, eles pagariam mais.




Dos 450 animais abatidos quase 50% passaram no padrão deles. Após o abate a tabela foi discutida e algumas restrições foram impostas. O premio máximo do frigorífico era 6% e o mínimo 1%. Questionamos o mínimo (1%), pois achamos muito baixo. Uma tabela nossa foi feita e nesta discussão foram 2 meses.




Antes do carnaval eles passaram uma tabela para gente, uma intermediária entre a proposta deles e a nossa. Aceitamos para começar os abates e a parceira logo. Aí ocorreu a baixa violenta do boi e todos os problemas decorrentes desde então.




Após isso o frigorífico abriu a tabela para todos e nós voltamos à negociação.



O prêmio máximo continua em 6% e o mínimo foi para 2%. O bom é que começou, só não deslanchou mais por causa do preço do mercado hoje.




A base da parceria foi não discutir preço, este problema é individual. O prêmio é tabelado e cada um tem que se adequar aquilo para ter o prêmio. O frigorífico vai preparar relatórios sobre os abates dos produtores e assim serão feitas tentativas de melhoria generalizada do produto.




Vamos ver como vai andar com o Bertin, para depois tentar com outros frigoríficos. Eu acredito que os outros frigoríficos já pegaram esta tabela de premiação e espero que haja uma concorrência para que assim os prêmios melhorem. Cada frigorífico premia de acordo com as suas preferências.




Você consegue um prêmio no Bertin de até 3,5% num boi de 260 Kg. É isso que queremos. Poderemos escolher para qual vender, escolheremos o que o nosso gado mais se adeque à tabela de premiação. Mesmo que as tabelas estejam longe do ideal, é bom para abrir espaço de conversa.







BeefPoint: Na sua opinião, como o frigorífico está encarando essa nova realidade? A venda em grupo está sendo bem recebida? Quais as principais exigências dos frigoríficos?








Geraldo Perri Morais: O Bertin está adorando, esta fazendo até propaganda dessa nossa parceria.





Eu acredito que quanto mais associações desse tipo existirem, melhor. Tanto para nós quanto para eles. Nós não somos contra se formar outras associações. Acredito que assim o mercado pode melhorar.




A exigência deles é de acordo com a qualidade do gado, e o mais importante foi a melhoria da 1a tabela. Conversas bilaterais estão acontecendo e isto é um ponto positivo.







BeefPoint: Como o senhor vê a evolução do poder de negociação do produtor e do trabalho da Abrapec?








Geraldo Perri Morais: Eu acho que o mais importante é pecuarista se conscientizar que em associações a força dele aumenta muito. Porém você tem que ter um produto de qualidade para oferecer. É uma força do número de animais, conjugado com qualidade. Tendo os dois, você terá um poder de fogo muito maior.





O trabalho da Abrapec é reunir o maior número de produtores e elevar a qualidade do produto oferecido, para negociar na qualidade e não na quantidade oferecida.




No nosso caso não houve pressão por quantidade por que eles conhecem os produtores e sabem que produzimos um volume grande e de qualidade.







BeefPoint: Recentemente a CNA organizou uma reunião, que teve como resultado 3 resoluções: boicote por 30 dias, criação de centrais de venda e aquisição/arrendamento de plantas frigoríficas pelos produtores. Qual a sua opinião sobre isso?








Geraldo Perri Morais: Nós somos associados do sindicato rural de Araçatuba, e o sindicato aqui não se definiu ainda em relação a isso. Não temos uma posição. Vamos esperar a posição do sindicato.





Eu sou muito favorável, como produtor, a esta iniciativa, a um fortalecimento da causa. Mas a Abrapec não tem posição pública, como associação.







BeefPoint: Como o senhor vê a denúncia de formação de cartel?








Geraldo Perri Morais: Acho que ainda está presa a detalhes jurídicos, exame de documentos. Esta ameaça de denúncia servirá como forma de pressão política para a partir daí se abrir uma conversa com os frigoríficos. A situação chegou em um ponto insustentável. Pela movimentação do setor você percebe que a coisa é grave. A união dos pecuaristas denuncia isto, é uma coisa que nunca ocorreria em outra situação.








BeefPoint: Qual é a sua opinião sobre a alternativa de formação de centrais de venda?








Geraldo Perri Morais: Em vez de central de vendas deve-se fazer uma central de informação, onde todo mundo tem acesso aos dados. Assim os pecuaristas verão que é importante fornecer a informação precisa e não sonegar informação.





Os pecuaristas têm que entender o valor da informação, ninguém vai entrar em competição direta. Depois que você fechou o negócio, transfere a informação. Com informações precisas, pode-se analisar o mercado e prever o que acontecerá.




Este é um serviço que vários órgãos oferecem. A nossa diferença é que o nosso será feito pelos próprios produtores, os reais interessados no assunto.







BeefPoint: Qual o conselho o senhor daria para os pecuaristas que estão pensando em criar uma associação ou cooperativa? Quais são os pilares fundamentais? 








Geraldo Perri Morais: Ler seu artigo sobre negociação (risos). Acho que as associações têm que se concentrar em suas regiões, fazer um trabalho localizado.





O interessante seria a troca de informação entre as associações dos grandes centros de comercialização.




Temos que diferenciar nossa associação dos sindicatos. Nós visamos a parte econômica e deixamos a política para os sindicatos. A Abrapec atua só na parte econômica. Os integrantes da Abrapec participam e apóiam o Siran (sindicato rural), mas o Siran fica com a parte política e a Abrapec com a econômica.







BeefPoint: Na sua opinião, o que está melhorando na cadeia da carne? E o que está piorando?








Geraldo Perri Morais: A melhoria da cadeia é visível. Melhoria genética, precocidade dos animais, qualidade do produto, entre outros fatores. O ponto vulnerável é a comercialização, o relacionamento com a indústria.





Isto só melhorará com a transparência da relação entre frigoríficos e produtores. Acho que exemplos de outras cadeias produtivas podem ajudar a abrir o caminho.




Os frigoríficos poderiam adotar índices que indicassem um caminho, uma tendência. Índices que fossem semelhantes ao índice BM&F/ESALQ. Um exemplo interessante de ser estudado é o do Consecana, da cadeia produtiva do açúcar e álcool.







BeefPoint: Qual a sua visão de futuro da cadeia da carne?








Geraldo Perri Morais: O futuro é enorme para a carne. A Europa retirando o subsídio que fazia com que o produto deles se tornasse muito competitivo, o produto nosso fica mais competitivo e com melhores chances no mercado mundial.





Geograficamente o Brasil é privilegiado, territorialmente é imbatível a única comparação é com a África, que tem terras, apesar de baixa disponibilidade de água.




O mercado interno também tem futuro, está melhorando. Temos que acreditar que o poder aquisitivo da população irá melhorar. O consumo interno tem um grande potencial.




Exportações brasileiras crescem 23% no semestre

Autor(es): Alda do Amaral Rocha, de São Paulo
Valor Econômico - 14/07/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/7/14/exportacoes-brasileiras-crescem-23-no-semestre
Entre janeiro e junho deste ano, as exportações brasileiras de carne bovina somaram US$ 2,352 bilhões, 23% mais do que o vendido no mesmo intervalo de 2009, de acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec). Em volume, o aumento foi bem menor na mesma comparação, de 2%, para 971,9 mil toneladas (equivalente-carcaça).
Só em junho, as exportações alcançaram US$ 455 milhões, alta de 19% sobre igual mês de 2009. Já o volume caiu, 2%, para para 177 mil toneladas (equivalente-carcaça), principalmente por conta da suspensão das exportações de carne industrializada para os EUA .


Otávio Cançado, diretor-executivo da Abiec, disse que os resultados mostram que há uma recuperação dos preços da carne bovina no mercado internacional. O preço médio do produto in natura, por exemplo, subiu para US$ 3.986 por tonelada em junho, 24% mais do que em igual mês de 2009.

Diante dos resultados até junho, Cançado considera ser possível atingir novamente os níveis de 2007, quando o Brasil exportou US$ 5 bilhões em carne bovina in natura e derivados. "Entre julho e dezembro, a exportação costuma crescer", comentou.
O mercado da União Europeia, para onde o Brasil exportou US$ 148,7 milhões em carne in natura de janeiro a junho deste ano, continua a preocupar os exportadores. Muito mais do que as restrições impostas às exportações brasileiras, o problema é a "grave crise econômica" no bloco, disse Cançado.
A Rússia segue como o maior importador de carne bovina in natura do Brasil. De janeiro a junho, o país importou 203 mil toneladas (equivalente-carcaça) ou US$ 455,2 milhões. O Irã vem atrás, com 139, 6 mil toneladas ou US$ 367,818 milhões.


Avançam negociações sobre carne com UE

Valor Econômico - 14/07/2010
O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, garantiu ontem ter avançado nas negociações políticas com autoridades da Comissão Europeia para reduzir as exigências para a importação da carne bovina brasileira in natura. E, mesmo em Bruxelas, informou ter alcançado um acordo técnico com os Estados Unidos para retomar "em algumas semanas" as vendas de carne processada ao mercado americano, suspensas desde o fim de maio.
Após encontros na comissão e no Parlamento Europeu, Rossi estava otimista, mas ainda cauteloso. "Eles não quiseram flexibilizar critérios porque há pressão política forte do setor agrícola. Mas tivemos uma conversa franca", disse.
O ministro convenceu os europeus a transferir ao Brasil, "sob argumentos técnicos ainda pendentes de acordo", a administração da lista de fazendas credenciadas a vender gado a frigoríficos habilitados. "Mas eles se reservam o direito de auditar o processo a qualquer momento. Ainda remanesce no imaginário do consumidor europeu os resultados de uma campanha insidiosa sobre as condições da agropecuária brasileira, de trabalho escravo, desmatamento ou de que não temos todos os controles, como bem-estar animal".
O ministro Rossi informou, ainda, ter feito acordo para permitir uso de ração vegetal na alimentação de gado cujos cortes nobres são vendidos dentro da chamada "Cota Hilton". "Eles aceitaram a suplementação da ração animal, mas nada de alimento processado e só em épocas de seca. Isso também ficará a cargo de um acordo técnico", disse.
Na Bélgica, o ministro Wagner Rossi teve relatos de auxiliares sobre as negociações nos EUA. "Eles estão dispostos a retomar a compra, mas acabamos de apresentar um plano de ação e quiseram um prazo para ver resultados disso", afirmou, em referência ao plano oficial para monitorar resíduos na carne, como traços de vermífugos usados no gado abatido.
O governo brasileiro esperava retomar as vendas aos EUA ainda nesta semana. Mas os americanos querem um prazo para garantir a efetividade do plano de ação. "Vamos acompanhar a execução do plano com análises laboratoriais. Também quero ver o resultado negativo dos exames. Eles querem e eu também quero", afirmou.
O ministro minimizou a demora na retomada: "Estão com boa vontade, não fixaram prazo, mas em algumas semanas retomaremos as vendas". E os frigoríficos terão mais encargos, segundo ele. "Já cobrei das empresas que elas têm que ser responsáveis pelo que exportam. Vamos ser mais ativos, mas tem que ter mais laboratórios de empresas, do governo e até de terceiros".
A conversa do ministro com as indústrias, representadas na comitiva que viajou a a Bruxelas, também passou por uma proposta de alteração na relação com pecuaristas no caso específico das vendas dentro da "Cota Hilton", cujo montante de 10 mil toneladas não tem sido atingido nos últimos dois anos por questões sanitárias e desconfianças mútuas na cadeia produtiva.
"Vamos voltar gradativamente a vender, mas não será tão rápido quanto gostaríamos", afirmou. "Mas os frigoríficos precisam fazer contratos antecipados para entrega futura na Cota Hilton. Senão, os produtores não têm condições de investir durante 30 meses num boi para ver se no final conseguem vender ao frigorífico".
Acompanharam a comitiva o presidente do grupo JBS, Joesley Batista, além do diretor-executivo da Abiec, Otávio Cançado; o presidente da Abipecs, Pedro de Camargo Neto; e dirigentes da Seara e da Brasil Foods.



JBS compra empresa de carne bovina na Bélgica

Autor(es): Fabiana Batista, de São Paulo
Valor Econômico - 14/07/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/7/14/jbs-compra-empresa-de-carne-bovina-na-belgica
 
A JBS, o maior produtor de carne bovina do mundo, informou ontem à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que finalizou a aquisição do Grupo Toledo, localizado em Gent, na Bélgica. O valor da empresa - indicador que considera o valor de mercado mais a dívida líquida - é de € 11 milhões.
O Grupo Toledo, que teve receita líquida de US$ 50 milhões no ano passado, é especializado em pesquisa, desenvolvimento e comercialização de produtor cozidos e customizados de carne bovina, de acordo com a JBS. O grupo tem uma carteira de mais de 100 clientes entre food service, cozinhas industriais e grandes empresas de alimentos na Europa Ocidental.
Em nota, o presidente da JBS, Joesley Batista disse que o negócio permite ampliar as vendas e a carteira de clientes da empresa, "assim como nosso portfólio de produtos de valor agregado".

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