quarta-feira, 14 de julho de 2010

Bom Gosto [leite] busca reduzir ociosidade no país

http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/7/14/bom-gosto-busca-reduzir-ociosidade-no-pais
Autor(es): Sérgio Bueno, de Porto Alegre
Valor Econômico - 14/07/2010
Ao mesmo tempo em que espera pela garantia dos incentivos fiscais do governo uruguaio para iniciar as obras da fábrica no país vizinho, a Laticínios Bom Gosto prepara-se para lançar um programa destinado a reduzir a ociosidade das plantas no Brasil. O chamado "Plano 300" pretende elevar a produtividade média de no mínimo cinco mil produtores de leite, de menos de 200 para 300 litros por dia num prazo de dois a três anos, disse ontem o diretor-presidente da empresa, Wilson Zanatta.
Segundo ele, a empresa deve ter receita bruta de R$ 2 bilhões neste ano, ante R$ 1,6 bilhão em 2009, devido à consolidação da Cedrense (SC), da unidade da Nestlé em Barra Mansa (RJ) e da Parmalat em Garanhuns (PE), adquiridas em 2009. A projeção é R$ 200 milhões menor do que a estimativa inicial devido à queda nos preços do leite e derivados, disse Zanatta. Já a captação total do ano deve crescer de 5% a 10% sobre os 1,224 bilhão de litros de 2009.
No Uruguai, a Bom Gosto planeja construir uma fábrica com capacidade inicial de 600 mil litros por dia para produzir leite em pó para exportação. Dois anos após o início da operação, a meta é alcançar um faturamento local de R$ 200 milhões anuais e ampliar a capacidade para 1 milhão de litros/dia com a introdução de uma linha de queijos.
Em junho, a empresa pediu ao Ministério da Economia do Uruguai a "declaração de interesse nacional" para o investimento orçado em US$ 30 milhões, o que, se aprovado, proporcionará isenção temporária de imposto de renda sobre a importação de equipamentos.
A Bom Gosto também negocia o financiamento de parte do projeto com o Banco da República Oriental do Uruguai (BROU). A empresa anunciou a intenção de se expandir para país vizinho em agosto de 2007, mas o primeiro terreno adquirido para as instalações, em San Jose de Mayo, teve que ser substituído por outro na mesma cidade porque não dispunha de água subterrânea suficiente para suprir a operação.
No Brasil, enquanto permanece "atento" a novas oportunidades de aquisições ou fusões "estratégicas", Zanatta busca preencher a capacidade atual de processamento de 6 milhões de litros de leite por dia em suas 22 plantas em três anos. Hoje a ociosidade média equivale a um terço da capacidade e boa parte da meta será perseguida com o "Plano 300", a ser deflagrado este ano.
Segundo Zanatta, o programa prevê a realização de diagnósticos das propriedades que aderirem à iniciativa e o apoio da Bom Gosto na liberação de financiamentos para investimentos em correção de solo, instalações e genética, com dois anos de carência e seis para pagamento. A operação, incluindo juros, está sendo negociada com o Sicredi, o Banrisul, o Banco do Brasil e o BNDES, que detém 33% do capital da empresa por meio da BNDESPar.
A Bom Gosto recebe leite de 20 mil produtores diretos (e de outros 8 mil por intermédio de cooperativas). Destes, apenas 20% fornecem 70% do total de leite captado enquanto 16,5 mil produzem menos de 200 litros por dia. "Para garantir o patamar mínimo de rentabilidade e a manutenção da propriedade no longo prazo são necessários 300 litros diários", explicou o diretor de política leiteira da empresa, João Carlos Barbieri. Com esse nível de produtividade, o produtor tem uma renda bruta de R$ 6 mil e líquida de R$ 1,8 mil.


Após acordo com GP, Laep planeja fazer aquisições

Autor(es): Alda do Amaral Rocha, de São Paulo
Valor Econômico - 16/07/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/7/16/apos-acordo-com-gp-laep-planeja-fazer-aquisicoes
 
A Laep Investments pretende voltar às compras. Concluída a operação no setor de lácteos com a Monticiano, controlada pela GP Dairy, o fundo presidido pelo empresário Marcus Elias, prepara-se para fazer aquisições. Em entrevista exclusiva, Elias declara estar "olhando oportunidades" em setores como usinas de açúcar e álcool e infraestrutura no país. A Laep também avalia a compra de um ativo de alimentos na Espanha. "Nosso foco é comprar empresas com problemas para serem resolvidos", afirma Elias.
A nova investida da Laep, que em 2006 comprou a Parmalat - em recuperação judicial -, acontece depois de um período crítico, quando teve de se desfazer de ativos e que culminou na operação com a Monticiano.
No acordo com a companhia dona da marca Leitbom, a Laep aportou fábricas e marcas das empresas Glória e Ibituruna e recebeu ações ordinárias da Monticiano, equivalentes a 40% do capital votante e a 26,67% do capital total, além de ações preferenciais, correspondentes a 100% do capital não votante e a 33,33% do total.
A Laep também transferiu para a Monticiano o licenciamento da marca Parmalat até 2017. Ativos que já pertenciam à Parmalat antes da recuperação judicial não entraram no negócio. São duas unidades, uma em Santa Helena de Goiás (GO) e outra em Ouro Preto d"Oeste (RO), ambas arrendadas para a Italac.
Elias, que não tem cargo executivo na Monticiano (uma S.A, sem papel em bolsa), afirma estar pronto para novos investimentos após a "penúria" de 2009, quando a Laep ficou sem capital de giro por conta da crise e da necessidade de pagar dívidas com fornecedores.
Para fazer novas aquisições, o plano é utilizar recursos obtidos em operações de capitalização, segundo ele. Ontem, por exemplo, a empresa concluiu uma operação, anunciada em janeiro, com o GEM Group (Global Emerging Markets). O fundo fez um aumento de capital na companhia de R$ 190 milhões.
Falando como acionista da Monticiano, Elias avalia que a empresa - a quinta maior em captação de leite do país - tem hoje uma capacidade de produção e portfólio de marcas suficientes para avançar no mercado. Ele diz que o faturamento da Monticiano deve ficar na casa dos R$ 2 bilhões a 2,5 bilhões nos próximos dois anos, não muito diferente dos R$ 2,2 bilhões alcançados pela Laep em 2008, antes do agravamento da crise. "A companhia tem de brigar para colocar produtos com margem [no mercado] e não brigar por faturamento", defende.
Um segmento de maior valor agregado no qual a Monticiano investirá é o de iogurtes, e a expectativa é de lançar o produto com a marca Parmalat, segundo Elias. Hoje, a BRF (resultado da união entre Perdigão e Sadia) tem a licença do uso da marca para iogurtes, que é renovada anualmente.
O empresário não esconde o alívio por ter solucionado a operação de leite após o negócio com a Monticiano. "Estou contente porque conseguimos sobreviver sem dar calote e conseguimos fazer a fusão com a GP aportando ativos que não têm ônus nem herança da recuperação judicial [da Parmalat]".
Ele também reconhece que houve erros de avaliação e de estratégia que levaram a Laep a enfrentar problemas desde que abriu o capital em outubro de 2007. "Se pudesse voltar atrás, seria mais cauteloso com a possibilidade de o mundo mudar drasticamente de 2007 para 2008", afirma, referindo-se ao período de oferta farta de recursos no mercado de capitais e que foi seguido por uma crise.
O que Elias também não esperava era que outros players, como a gaúcha Bom Gosto, avançariam tão rapidamente no segmento de leite.
A Laep buscou crescer depois de abrir o capital na bolsa e obter R$ 540 milhões, bem abaixo dos R$ 1 bilhão esperados [ver texto nesta página]. Além de adquirir, em abril de 2008, os ativos da Poços de Caldas, a Laep comprou três laticínios - Sonata, Ibituruna e Montelac - , quatro fazendas de pecuária leiteira e uma empresa especializada em fertilização in vitro e em transferência de embriões.
Já sentindo os efeitos da crise, teve de vender a Poços de Caldas para a própria Monticiano, cinco meses depois de adquiri-la. Também acabou se desfazendo da então maior fábrica da Parmalat - a de Carazinho (RS) -, que foi inicialmente arrendada e depois vendida à Nestlé para que pudesse quitar dívidas com fornecedores e driblar a falta de crédito no mercado.
"Em 2007, havia fartura no mercado de capitais e saímos para uma expansão acelerada", diz Elias. Ao mesmo tempo, a empresa carregava o "ônus" da recuperação judicial da Parmalat, acrescenta. Ele afirma que "no meio do esforço" para solucionar as questões da recuperação judicial veio a crise financeira de 2008, queda das cotações internacionais de lácteos e guerra de preços no mercado interno. Naquele momento, a Laep estava alavancada e tinha uma dívida de R$ 600 milhões. Para pagá-la, desfez-se de ativos e converteu parte dos débitos em ações da Laep.
Acostumado a comprar e a vender empresas, Marcus Elias não descarta alienar a participação na própria Monticiano algum dia. Questionado sobre o tema, diz: "No dia e no momento em que tiver oportunidade favorável de alienação de qualquer ativo, vou vender", afirma, sem citar o nome da Monticiano.

Na bolsa paulista, uma trajetória cheia de percalços

Valor Econômico - 16/07/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/7/16/na-bolsa-paulista-uma-trajetoria-cheia-de-percalcos/?searchterm=leite
 
A trajetória da Laep Investments na Bovespa foi marcada por percalços desde a abertura do capital, em outubro de 2007. A expectativa inicial era captar R$ 1 bilhão, mas pouco antes da oferta de ações, denúncias da Polícia Federal sobre adulteração de leite cru respingaram na Laep, afetando a operação.
Segundo as investigações da PF, cooperativas mineiras que forneciamleite cru à Parmalat, a controlada da Laep, teriam adulterado leite com água oxigenada e soda cáustica. Apesar de as investigações indicarem que a Parmalat não tinha relação com o caso, a empresa teve um prejuízo estimado em R$ 120 milhões em decorrência do episódio, segundo Marcus Elias, presidente da Laep.
No segundo semestre de 2008, a empresa começou a viver um novo inferno astral. As ações chegaram a bater a mínima de R$ 0,22 na bolsa depois que relatórios de analistas recomendaram venda dos papéis. Com o agravamento da crise financeira internacional, os hedge funds que detinham as ações da Laep "fritaram os papéis da companhia", nas palavras de Elias. Ele comemora o fato de que agora a empresa tem 16 mil acionistas. "Em 2009, purgamos tudo".
Indagado sobre a recente recuperação dos papéis da Laep na bolsa, Elias diz que é "difícil responder". Afirma, porém, que tem ouvido de analistas que as ações têm espaço para se valorizar, já que, apesar de toda a crise que enfrentou, o negócio lácteos continua praticamente do mesmo tamanho após o acordo com a Monticiano e com menor dívida.
Os últimos dados disponíveis do balanço da Laep mostram uma receita de R$ 902,9 milhões até o terceiro trimestre de 2009 e prejuízo de R$ 151,8 milhões.

Nenhum comentário:

Postar um comentário