quarta-feira, 21 de julho de 2010

Frigoríficos embargam compra de boi de 221 propriedades

Frigoríficos embargam compra de boi de 221 propriedades

Valor Econômico - 21/07/2010

Os três maiores frigoríficos do Brasil - JBS/Bertin, Marfrig e Minerva - anunciaram que deixaram de comprar bovinos de 221 fazendas localizadas dentro de terras indígenas, unidades de conservação ou próximas a áreas recém-desmatadas no bioma Amazônia.
A ação é resultado do compromisso assinado, em outubro passado, pelos frigoríficos com o Greenpeace e o Ministério Público Federal do Pará e do Mato Grosso: cadastrar e mapear por satélite as fazendas de seus fornecedores diretos. Dessa forma, os frigoríficos estariam aptos a não comprar mais animais oriundos de áreas de proteção ou recém-desmatadas.
De acordo com informações prestadas pelos três frigoríficos à organização ambientalista, além das propriedades embargadas há ainda outras 1.787 propriedades estão em estado de "verificação". Isso porque elas estão localizadas em um raio de até 10 quilômetros de áreas desmatadas ou protegidas por lei. As empresas declararam também ter o ponto georeferenciado de mais de 12.500 fazendas, número que, segundo elas, representa 100% da cadeia de fornecedores diretos da região.
"Desde a assinatura do acordo passamos a trabalhar mais fortemente em sustentabilidade. E fazemos isso porque a sociedade quer. Nós temos de nos adaptar à nova realidade", diz Marco Bortolon, presidente da Divisão de Carnes Mercosul do JBS, que abate cerca de 30 mil cabeças de boi por dia.
A empresa investiu no mapeamento de pelo menos um ponto georreferenciado de todas as 9.813 propriedades que fornecem gado bovino ao grupo na Amazônia. Segundo Bortolon, 31 fazendas tiveram o fornecimento interrompido - o que representa um volume inexpressivo de carne para o JBS. Elas estão localizadas em áreas protegidas nos Estados de Rondônia, Acre, Pará e Mato Grosso.
Em nota, a Marfrig Alimentos informou ontem que suspendeu o fornecimento de gado de 170 fazendas pecuárias localizadas no bioma Amazônia a pelo menos 1 quilômetro de novos pontos de desmatamento. O grupo tem cinco unidades industriais na região - duas em Mato Grosso e três em Rondônia - e adquire cerca de 7% do gado criado no bioma.
Os ambientalistas alertam, no entanto, que para que o estancamento do desmatamento na Amazônia ocorra de forma eficaz e transparente, é indispensável a realização do Cadastro Ambiental Rural (CAR). Ele prevê o georreferenciamento total da propriedade rural e, assim, possibilita a identificação precisa de fornecedores.
JBS, Marfrig e Minerva responderam por 36% do abate na Amazônia em 2009, segundo o Greenpeace. "O restante vem de pequenos, médios e grandes frigoríficos que até agora não assumiram compromisso com o desmatamento zero e vendem seus produtos para o consumidor por meio de supermercados que não limparam suas prateleiras de passivos ambientais e sociais", diz a ONG.
"Na segunda fase, vamos olhar também para os supermercados e os outros frigoríficos que não participaram do acordo", diz Márcio Astrini, da campanha Amazônia do Greenpeace Brasil. Com isso, a organização ambientalista pretende forçar práticas sustentáveis na cadeia inteira, e não somente nos signatários do compromisso.


BNDES se compromete a investir mais R$ 2,5 bilhões no Marfrig

Autor(es): Irany Tereza, Glauber Gonçalves
O Estado de S. Paulo - 21/07/2010
 http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/7/21/bndes-se-compromete-a-investir-mais-r-2-5-bilhoes-no-marfrig


O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) prepara uma nova investida em sua estratégia de formar frigoríficos transnacionais brasileiros. Ontem, o frigorífico Marfrig informou que o banco se comprometeu a subscrever integralmente uma operação de emissão de debêntures de R$ 2,5 bilhões da empresa.


Os recursos serão usados para financiar a compra da americana Keystone Foods e da O"Kane Poultry, produtora de carne de aves na Irlanda do Norte. A subscrição deve ser feita por meio da BNDESPar, empresa de participações do banco estatal.

A direção do banco confirmou, por meio da assessoria de imprensa, a disposição de adquirir 100% da oferta caso o mercado não subscreva os papéis. Foi o que ocorreu em fevereiro, quando o frigorífico JBS Friboi concluiu a oferta de debêntures para viabilizar a compra da companhia americana Pilgrim"s Pride. Diante da ausência de investidores privados, o BNDES cumpriu a garantia dada meses antes e participou com R$ 3,476 bilhões na aquisição de 99,92% das debêntures lançadas.

A data do lançamento das debêntures ainda não foi definida, mas o prazo para a sua conversão em ações deve chegar a cinco anos. Extraoficialmente, uma fonte do BNDES disse que o banco pretende contribuir para elevar três grupos frigoríficos nacionais ao topo do ranking mundial, ficando entre as sete ou oito maiores companhias. Além de JBS e Marfrig, a terceira aposta é a BRF - Brasil Foods, resultado da fusão entre Sadia e Perdigão.

O movimento do BNDES é avaliado como contraditório pelo presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), Péricles Salazar. "Recentemente, o frigorífico Frialto se dirigiu ao banco com pedido de recuperação judicial e a informação que obteve é de que os recursos para o setor estavam esgotados."

Ele alega que a entidade não é contrária ao apoio dado ao Marfrig, mas defende um maior apoio do banco aos pequenos e médios do setor. "Se o BNDES pode apoiar o grupo Marfrig, por que também não pode apoiar outros que apresentam garantias reais?", questiona.

Gigantes globais. O banco divulga que tem interesse em transformar abatedouros em grandes indústrias globais. No grupo JBS, que recentemente incorporou o Bertin, o banco de fomento detém 20% de participação acionária; no Marfrig a parcela é de 13,89%.

Segundo uma fonte ligada à operação, o banco considera a possibilidade de converter as debêntures em ações ao fim do prazo como um bom negócio, por apostar na valorização do ativo. "É uma boa oportunidade de compra para a BNDESPar." Ele lembra que esse tipo de operação é feito com recursos captados no mercado, não com os aportes do Tesouro e nem com verba do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), que compõem a maior parcela do funding.

A ideia no BNDES é que essas empresas só podem ser robustas quando concluírem o processo de internacionalização. Mas os técnicos do banco admitem que o fato de o mercado não acompanhar essas operações deve-se ao risco embutido nas subscrições. "O BNDES assume esse risco", diz uma fonte, citando outros setores, como petroquímica e papel e celulose, que figuram entre as prioridades do banco.

A corretora XP Investimentos avalia que o governo está aumentando sua participação no setor de alimentos porque essa indústria é estratégica para o País, uma vez que influencia diversos setores da economia e é um dos que mais emprega.


Aquisição

US$ 1,26 bi é o valor da operação de compra da companhia Keystone Foods, dos Estados Unidos, anunciado no mês passado.
A empresa é uma das maiores fornecedoras da rede McDonald"s no mundo

Pontos-chave

JBS Friboi
O primeiro grande crédito do BNDES para aquisições de frigoríficos no exterior foi em 2005, com os US$ 80 milhões para o Friboi comprar a argentina Swift. Depois disso, o BNDES continuou investindo na expansão do Friboi. Teve papel fundamental em todas as grandes aquisições do grupo, como a americana Swift, em 2007, e a Pilgrim"s Pride, no ano passado.

Bertin
Em 2008, o banco fez um aporte de R$ 2,5 bilhões no frigorífico Bertin, ficando com 27,5% da empresa. No ano passado, Bertin e JBS Friboi acabaram unindo suas operações.

Marfrig
Em 2007, o BNDESPar comprou cerca de 4% do Marfrig em seu IPO. Depois, essa participação na empresa de Marcos Molina (foto) foi ampliada para cerca de 14%.


BNDESPar e Marfrig
O BNDESPar, braço de investimentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), aprovou a compra de até 100% das debêntures ofertadas em emissão privada pela Marfrig. A companhia emitirá 250 mil debêntures conversíveis em ações ordinárias com o objetivo de levantar R$ 2,5 bilhões para financiar a aquisição da empresa americana Keystone Foods. As debêntures são obrigatoriamente conversíveis em ações daqui a cinco anos. Se não entrar com dinheiro novo na emissão, a controladora MMS Participações poderá ver sua fatia no capital da Marfrig reduzida de 41% para 31%. Segunda maior acionista da companhia, a BNDESPar possui atualmente 14% das ações(Ana Luísa Westphalen)




[23/07/2010]

Bahia ganha 15 novos frigoríficos



"O governo do Estado está realizando o maior feito da pecuária dos últimos anos", disse na última terça-feira (20) o secretário estadual da Agricultura, engenheiro agrônomo Eduardo Salles, ao assinar com 15 prefeituras um termo de compromisso para a implantação, através da Agência de Defesa Agropecuária, Adab, de 15 unidades frigoríficas de abate. "Associamos fiscalização com desenvolvimento", disse o diretor geral da Adab, Cássio Peixoto, acrescentando que os novos abatedouros vão se somar aos 30 existentes, ampliando o combate ao abate clandestino, garantindo carne saudável e de qualidade na mesa do consumidor.

Com a planta padrão desenvolvida pela Seagri, os novos abatedouros são modulares e terão capacidade para abater de 30 até 100 animais por dia. Este projeto está sendo executado com parceria dos ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário. A planta padrão está à disposição, gratuitamente, das prefeituras, e acessível também à iniciativa privada. O principal objetivo dessa medida inovadora, e já referenciada pelo Ministério da Agricultura, é criar micro pólos de abate, fortalecer as cadeias produtivas regionais, melhorar a qualidade da carne, combater o abate clandestino no Estado, além da gerar emprego e renda para a população.

Contando com a presença da secretaria da Casa Civil, Eva Chiavon, corpo técnico da Adab e representante do Sebrae, o secretário e o diretor geral da Adab realizaram uma reunião técnica com os prefeitos dos municípios de Itanhém, Barra, Santa Rita de Cássia, Medeiros Neto, Valente, Iguaí, Araci, Itaberaba, Jaguaquara e Paramirim para a elaboração do modelo de gestão.

Os novos frigoríficos deverão ser geridos por cooperativas, com a participação de pecuaristas, das prefeituras e de marchantes. "Estamos investindo dinheiro público, e queremos garantir que os frigoríficos terão perenidade", disse o secretário. As outras unidades, com capacidade de 100 animais/dia, serão implantadas nos municípios de Bom Jesus da Lapa, Valença, Remanso, Morro do Chapéu e Itabuna.

"É preciso lembrar que governa melhor quem não governa sozinho", ressaltou a secretária da Casa Civil, Eva Chiavon, destacando que as ações só alcançarão êxito se as prefeituras atuarem em conjunto. Para ela, a implantação dos novos frigoríficos, que faz parte do Programa de Regionalização do Abate, representa um grande avanço para a pecuária baiana. De acordo com o secretário Eduardo Salles, os 15 municípios onde as novas unidades serão instaladas foram definidos depois de um estudo das zonas do Estado que mais necessitavam do equipamento, em função das distâncias dos já existentes e do rebanho da região.

Os novos frigoríficos serão construídos baseados numa planta padrão desenvolvida pela Seagri/Adab, respeitando as exigências da Portaria 304 do Ministério da Agricultura, que regula o abate de bovinos, caprinos e ovinos, visando combater o abate clandestino, e impõe normas à construção dos equipamentos e a existência de câmaras de refrigeração. Além de ser mais barata, com custo em torno de R$ 1,2 milhão, a planta padrão contempla características peculiares, como o aproveitamento das vísceras brancas e vermelhas, que no interior do Estado é feito pelas mulheres, chamadas de fateiras. "É uma identidade cultural, e com os novos frigoríficos estamos dando oportunidades e dignidade a estas profissionais para que esse produto chegue à mesa do baiano com mais qualidade". As vísceras são usadas em pratos como dobradinha e sarapatel.

O modelo defendido pela Seagri é inverso ao praticado no passado, que era a centralização do abate através de grandes frigoríficos e entrepostos. Já na visão atual, a centralização peca por não contemplar os pequenos pecuaristas, que não conseguem despertar o interesse dos grandes frigoríficos para seus animais que eventualmente não se enquadrem nas exigências de carcaça ideal. No modelo de descentralização, o abate acontece na própria região do produtor, inserindo todos os pecuaristas, grandes e pequenos, reduzindo os custos do frete dos animais, que muitas vezes inviabiliza o abate.

As informações são do Governo do Estado da Bahia, adaptadas pela Equipe AgriPoint.



Frigoríficos terão R$ 18,5 bi do BNDES

Aposta de R$ 18,5 bilhões do BNDES em frigoríficos assusta concorrentes
Autor(es): Raquel Landim e David Friedlander
O Estado de S. Paulo - 25/07/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/7/25/frigorificos-terao-r-18-5-bi-do-bndes
 

A estratégia oficial de turbinar frigoríficos brasileiros para transformá-los em gigantes mundiais está prestes a consumir R$ 18,5 bilhões do BNDES. A maior parte desse dinheiro vem sendo aplicada no JBS e no Marfrig para financiar aquisições de concorrentes no Brasil e no exterior.
JBS e Marfrig receberam cerca de 25% de tudo que o banco investiu na compra de participações em empresas nos últimos quatro anos


A estratégia oficial de turbinar frigoríficos para transformá-los em gigantes mundiais está prestes a bater a marca de R$ 18,5 bilhões recebidos do Banco Nacional de Desenvolvimento e Econômico e Social (BNDES). A maior parte desse dinheiro vem sendo aplicado no JBS e no Marfrig para financiar uma campanha agressiva de aquisições de concorrentes no Brasil e no exterior.

Até agora, o banco estatal já desembolsou R$ 16 bilhões com o setor - R$ 6 bilhões em empréstimos e R$ 10 bilhões na aquisição de participação acionária. Outros R$ 2,5 bilhões foram prometidos na semana passada ao Marfrig, para financiar mais uma compra: a da americana Keystone Foods.

A política do governo de criar grandes multinacionais brasileiras voltou ao debate com a campanha eleitoral e a discussão sobre o papel do BNDES no próximo governo. Nos frigoríficos, a tática de "engorda" começa a entusiasmar os investidores, que enxergam oportunidades de lucro com os papéis dessas empresas. Mas incomoda concorrentes menores e pecuaristas, aborrecidos com a concentração de poder nas mãos de JBS e Marfrig (leia abaixo).

Uma das críticas é que o BNDES estaria subsidiando empresários que poderiam se virar sozinhos. O banco, porém, afirma que a maior parte do dinheiro investido nos frigoríficos não é subsidiado pelo Tesouro Nacional, nem sai do Fundo de Amparo do Trabalhador (FAT). São recursos captados com investidores pela BNDESPar, subsidiária do banco, e repassados aos frigoríficos a custos de mercado.

Empresários do setor, que pedem anonimato por medo de contrariar o governo, questionam a escolha dos parceiros do BNDES. Cerca de três anos atrás, outro frigorífico importante, o Minerva, procurou o banco na tentativa de conseguir apoio para sua expansão. Saiu de mãos vazias. Enquanto isso, apoiado pelo banco estatal, o JBS tornou-se o maior produtor de carne processada do mundo.

No setor, circula a versão de que um dos pontos fortes de JBS e Marfrig são suas conexões políticas. Líderes num setor que exibe margens de retorno baixas e riscos altos, a avaliação do mercado é que essas empresas não teriam ido tão longe sem o BNDES - já que os investidores passaram a olhar os frigoríficos com mais interesse há pouco tempo.

Executivos da área também questionam o perfil das aquisições internacionais - boa parte são companhias em dificuldades financeiras. Há dúvidas sobre a capacidade dos brasileiros de operar as novas aquisições e ganhar dinheiro com elas. Procurados, JBS, Marfrig e BNDES não deram entrevista.

Até 2007, quando essas empresas abriram o capital em bolsa, os frigoríficos eram pouco profissionalizados. Diferentes pecuaristas relataram ao Estado que já foram "roubados na balança" (os bois pesavam menos na balança do frigorífico que na fazenda) e que o uso de caixa dois era uma prática comum.

Cartel. O setor já foi investigado por prática de cartel. Em 2007, o Conselho Administrativo de Defesa da Concorrência (Cade) condenou os frigoríficos Bertin, Minerva, Franco Fabril e Mataboi por manipularem os preços pagos aos pecuaristas. O Friboi ( atual JBS) selou acordo para encerrar as investigações e pagou R$ 13,7 milhões de multa. O Bertin foi incorporado pelo JBS no ano passado.

Nos últimos quatro anos, a BNDESPar investiu mais de R$ 40 bilhões na compra de participações em empresas de setores como telecomunicações, celulose e energia. Cerca de 25% disso foi parar em apenas quatro frigoríficos. A instituição tem 21% do capital do JBS, 14% do Marfrig, 22% do Independência (em recuperação judicial) e uma pequena fatia, de 2,6%, na Brasil Foods (fusão de Sadia e Perdigão).

Os R$ 10 bilhões que o BNDES gastou em compra de participações nos frigoríficos equivalem à metade do valor de mercado do JBS. É também o dobro do que o frigorífico dos irmãos Batista - José, Joesley e Wesley - valia quando abriu o capital, em 2007.

O BNDES diz ter escolhido o setor porque o Brasil é altamente competitivo. Aposta que, com destaque lá fora, JBS e Marfrig vão gerar remessas de lucro e empregos qualificados no País. Nos últimos anos, o JBS comprou empresas como as americanas Swift e Pilgrim"s Pride.

O professor Sérgio Lazzarini, do Insper, entende que o País teria mais benefícios se, em vez de capitalizar os frigoríficos, aplicasse mais dinheiro em infraestrutura. "O setor de frigoríficos é pouco dinâmico. Se é para escolher, faria mais sentido investir em tecnologia de ponta".

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