quinta-feira, 15 de julho de 2010

Brasil - China etc

Mais uma vez, varejo e construção roubam cena
De Olho na Bolsa
Autor(es): Alessandra Bellotto
Valor Econômico - 15/07/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/7/15/mais-uma-vez-varejo-e-construcao-roubam-cena
Num dia em que o mercado local parou à espera da divulgação de dados econômicos da China, marcada para a noite de ontem no horário local, foram os chamados setores cíclicos domésticos que novamente chamaram atenção. O velho conhecido varejo andou mais um pouquinho. Construção, que voltou ao foco recentemente, foi outro setor que se destacou.
A expectativa em torno dos números da economia chinesa - dada a forte dependência da Bovespa em relação às commodities - fica comprovada quando se olha o volume negociado ontem: foram R$ 4,7 bilhões, queda de 23,4% em relação à média diária de junho (R$ 5,8 bilhões). Além disso, toda empresa exportadora de matérias-primas sofreu, puxando o índice. Siderurgia e mineração ficaram entre os destaques negativos.
As preferenciais (PN, sem voto) classe A da Usiminas recuaram 3,08% e as da Vale caíram 0,64%. No caso da siderúrgica, segundo o economista da Souza Barros, Clodoir Vieira, foi um movimento de realização. O Ibovespa chegou a cair cerca de 1%, mas fechou em baixa de 0,32%, a 63.479 pontos.
"Com as dúvidas acerca do ritmo de crescimento chinês, o movimento de rotação nas carteiras continua, com a venda de commodities e migração para cíclicos domésticos", diz o estrategista para pessoa física da da corretora do Santander, Maurício Ceará. Mesmo o estrangeiro, segundo ele, tem aumentado ligeiramente a exposição em ações ligadas à economia brasileira.
As ordinárias (ON, com voto) da Natura subiram 4,73% ontem, ampliando os ganhos no ano para 18,82%. Lojas Renner ON teve alta de 4,47%. No Ibovespa, a varejista acumula a maior alta do ano, de 33,32%. Já há quem olhe para esse desempenho com um pé atrás e arrisque a falar em bolha. É o caso do sócio da Humaitá Investimentos Frederico Mesnik.
"O consumo interno virou moda e tem empresa, especialmente do varejo, que não deve entregar o que o mercado está embutindo nos preços", diz. Mas também não dá para remar contra a maré. Ao mesmo tempo que Mesnik acredita que pode haver correção, ele vê espaço para ganhar com uma última "pernada" do varejo.
A percepção, segundo Ceará, é de que não há barganha no varejo, mas trata-se de um setor com empresas que têm apresentado resultados acima das expectativas. E se elas surpreendem positivamente, merecem ter um prêmio de negociação. "Os múltiplos indicam que o setor está relativamente caro, mas o investidor aposta que ele pode ficar ainda mais caro, enquanto o país estiver crescendo."
Já o movimento recente de alta das construtoras tem a ver com a divulgação de dados preliminares melhores. "O segundo trimestre alavancou os resultados; muitas empresas já entregaram mais da metade do "guidance" (projeções) do ano", diz Ceará. Isso acabou criando uma visão de que o ano pode ser melhor do que se esperava. Ontem, as ONs da Gafisa e da MRV subiram 3,2%. Rossi Residencial ON aumentou 2,43%; Cyrela Realty ON teve ganho de 1,79% e PDG Realty ON, de 1,45%.
As aéreas também entraram na onda, com resultados operacionais melhores. As PN da Gol subiram 1,79% e as da TAM, mais 1,34%. O setor sofreu muito com o medo de uma guerra de preços, mas os dados das empresas e os de ontem da Associação Nacional de Aviação Civil (Anac) mostraram uma recuperação generalizada.
A Humaitá aumentou sua exposição a aéreas. Empresas de bens de capital como Marcopolo, Randon e Iochpe-Maxion também estão na mira da gestora. Mesnik diz que ainda não dá para apostar em commodities, apesar de acreditar que há um temor exagerado acerca da desaceleração econômica global. "Não estão fazendo contas."

Peso-pesado
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/7/15/controle-absoluto/?searchterm="peso%20pesado"
Está em Brasília, discretamente, Jiang Jianqing, presidente do Industrial & Commercial Bank of China -patrimônio de US$ 242,1 bilhões. Veio para uma rodada de conversas, entre elas, com Márcio Zimmermann, dando assim continuidade à montagem de subsidiária do banco aqui.

Barreira argentina contra calçado chinês não beneficia o Brasil

Autor(es): Daniel Rittner, de Buenos Aires
Valor Econômico - 13/07/2010
A aplicação de um preço mínimo de US$ 13,38 (por par) fez as importações de calçados chineses pela Argentina recuarem 69% nos cinco primeiros meses de 2010. Estranhamente, porém, a medida antidumping argentina não aumentou em nada as vendas de calçados do Brasil ao país vizinho.
Em compensação, as exportações da Indonésia ao mercado argentino mais do que dobraram na comparação com o ano passado. O Vietnã está assumindo a segunda posição na lista de principais fornecedores. E a Malásia, que não havia mandado um único sapato à Argentina em 2008 e em 2009, já vendeu mais de 538 mil pares só até maio.
Os números evidenciam, na visão de especialistas em comércio exterior e da Associação Brasileira da Indústria de Calçados (Abicalçados), que a China está usando outros países do Sudeste Asiático como plataforma de exportação não apenas para chegar ao Brasil, mas também para burlar a medida antidumping adotada pelo governo argentino em março. Como fez o seu sócio no Mercosul, o Brasil também impôs uma barreira contra os calçados chineses, embora tenha optado por uma sobretaxa de US$ 13,85 por par, em vez do preço mínimo.
"As empresas chinesas têm feito convênios com fabricantes de calçados do Sudeste Asiático que servem de plataforma de exportação", diz o economista Alejandro Ovando, diretor da consultoria IES, que fez um estudo sobre o assunto.
Segundo ele, são falsas alianças comerciais, em que a China manda a seus vizinhos até 90% do produto terminado. Um terceiro país da região acrescenta o restante e fornece uma etiqueta, por exemplo, de "Made in Vietnam", embora não tenha a proporção mínima de conteúdo nacional . Com isso, promove-se uma triangulação para burlar as barreiras contra os calçados chineses e entrar na Argentina sem a aplicação do antidumping.
O presidente da Abicalçados, Milton Cardoso, afirma que há casos ainda mais grosseiros de irregularidades. De acordo com a entidade industrial, foram detectados escritórios de comércio exterior, na Ásia, que prometem fornecer os documentos necessários para falsificar a origem do produto. Só isso explica, diz o executivo, o avanço nas importações de países como a Malásia, que tem uma produção ínfima de calçados. "Isso exige medidas de combate aos fraudadores."
A maior preocupação da Abicalçados é com o mercado doméstico, já que a concorrência do produto chinês não diminuiu após a aplicação do antidumping. Mas há frustração também com o que vem ocorrendo na Argentina, mercado tradicional para os calçadistas brasileiros, já que se esperava recuperar boa parte das vendas perdidas para a China ao longo dos últimos anos.
No entanto, as exportações brasileiras para a Argentina ficaram estagnadas em 3,3 milhões de pares. Em relação a 2008, as vendas caíram quase 30%. Por isso, Cardoso pede que o governo brasileiro coloque o assunto em discussão com as autoridades argentinas, na próxima reunião do comitê de monitoramento do comércio bilateral, ainda sem data definida.
Ele lembra que os fabricantes brasileiros aceitaram, voluntariamente, estabelecer um limite anual de 15 milhões de pares às exportações de calçados para o país vizinho e se comprometeram com investimentos na Argentina. "Mas um dos princípios basilares é que não haja desvio de comércio", ressalta Cardoso.


Um risco cambial de US$ 15 bilhões

Por dentro do mercado
Autor(es): Euardo Campos
Valor Econômico - 15/07/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/7/15/um-risco-cambial-de-us-15-bilhoes 
Mais por especulação do que por fundamento, o mercado local se depara com um risco cambial de US$ 15,6 bilhões.
Tal cifra representa a posição vendida dos bancos no mercado à vista, estimada em US$ 10 bilhões, e dos estrangeiros em dólar futuro e cupom cambial (DDI), que na terça-feira atingiu US$ 5,66 bilhões, maior desde 1º de agosto de 2008.
Tamanha aposta no fortalecimento da moeda brasileira teria respaldo em dois pontos básicos: arbitragem de taxa de juros, já que as taxas nos Estados Unidos e Europa deverão seguir próximas de zero, enquanto a Selic deve chegar a 11,75% a 12%; e a esperada capitalização da Petrobras.


ZEBRA
A pergunta que cabe aqui é a seguinte: como bancos e estrangeiros zerariam tamanha posição no caso de uma repentina piora de humor global ou no caso da oferta da Petrobras ser novamente postergada? Dá para imaginar a correria.
Cabe ressaltar que não é possível saber a posição líquida exata, pois os agentes podem estar "protegidos" por opções, swaps e outros derivativos. Ainda assim, o montante não deixa de chamar a atenção. E tal discussão ganha peso com o dólar rondando a barreira técnica e psicológica de R$ 1,75.
Olhando primeiramente a movimentação dos estrangeiros, a economista-chefe da Link Investimentos, Marianna Costa, nota que as posições vendidas vieram aumentando conforme o mercado global assistiu a uma queda na preocupação com a crise das dívidas soberanas na Europa. A exposição dólar e DDI cresce quase que diariamente desde meados de junho (veja gráfico abaixo).
No entanto, notou a especialista, o ponto contrário a essas apostas de valorização do real são os próprios fundamentos da economia.
Basta lembrar que o déficit em conta corrente segue aumentando, assim como as remessas de lucros e dividendos, ao mesmo tempo em que se espera menor ingresso de investimentos diretos e saldo comercial.
O trader de renda fixa e câmbio do Banco Modal, Luiz Eduardo Portella, aponta que os estrangeiros ignoram os fundamentos e dão mais atenção ao ganho com arbitragem de juros, já que captam dólares com taxa próximo de zero no mercado externo e investem no Brasil, que apresenta juro básico ascendente.
"Os números dos Estados Unidos estão decepcionando e se a China confirmar um menor crescimento, o cenário fica ruim para o Brasil. Tamanha posição vendida pode não acabar bem", avalia Portella.
O trader também lembra que os estrangeiros são rápidos no gatilho quando de trata de reverter posições.
No caso dos bancos, a posição vendida no mercado à vista é estimulada pelo próprio Banco Central, que sistematicamente compra mais dólares do que do fluxo cambial. Dessa forma, os bancos usam suas linhas externas, vendem os dólares para o comprador de última instância (BC) e captam reais de forma barata.
A questão aqui é que essa estratégia depende da queda de preço da moeda americana para que a posição vendida seja recomposta sem prejuízo.
Conforme notou o diretor-executivo da NGO Corretora, Sidnei Moura Nehme, certamente os bancos vão relutar em permitir a elevação do preço do dólar enquanto não conseguirem cobrir o atual volume de posição vendida, mas há sinais desfavoráveis em perspectiva. Entre eles, a possibilidade de um ajuste menor que o previsto na taxa Selic e a mudança gradativa de cenário para o fluxo cambial.


Empresas apelam a importados e temem futuro

Valor Econômico - 15/07/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/7/15/empresas-apelam-a-importados-e-temem-futuro 
Caso exemplar das adaptações na indústria do país, a Black&Decker, uma das principais empresas de eletrodomésticos de ferramentas no Brasil, prevê faturar US$ 470 milhões neste ano, quase 13% acima do faturamento em 2009 e bem além dos R$ 400 milhões de 2000. Mas vai exportar 20% a menos que no ano passado, produzirá 5,4 milhões de unidades, 400 mil a menos que em 2000, e passou a importar da Ásia produtos que fabricava localmente para venda no mercado interno brasileiro.
"O faturamento com a produção local foi substituído pelos ganhos com os importados", comenta o diretor de operações da Black & Decker, Domingos Dragone. Graças à barreira antidumping imposta a produtos da China, a empresa preservou a produção de ferro de passar, que vinha sendo reduzida "drasticamente" três anos atrás, mas produtos de menor saída, como faca elétrica e espremedor de fruta são 100% importados, diz ele. "Costumávamos fazer grill (tostadeira) aqui, hoje importamos tudo, 200 mil unidades por ano. Em ferramentas industriais, passamos a importar 65%, e algumas, como serra-mármore são totalmente importadas."
Dragone conta que já foi pior. Em 2007, a queda na competitividade em relação aos produtos chineses, mais baratos e subsidiados, quase levou ao abandono de linhas de produção inteiras. "Ainda fabricamos 60%, para 40% de importados. Essa relação já foi de 80% para 20% e caminhamos para 50% a 50% até o fim do ano", conta. O quadro de funcionários, 700 pessoas, é ligeiramente menor que os 800 de anos atrás, mas atividades antes terceirizadas, como usinagem de peças, agora são feitas na fábrica. Na prática, eliminaram-se 200 empregos na produção.
"Na indústria de máquinas e equipamentos há empresas que já tiveram 300 funcionários. Hoje têm 20, e o faturamento e rentabilidade triplicaram", diz o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimac), Luiz Aubert Neto. Ele comenta que os setores protegidos por tarifas de importação de 35% ainda mantêm percentual grande de produção local, como no caso do automotivo, mas, mesmo nesses casos, os fornecedores de partes e peças têm cedido à concorrência estrangeira. "Já não há praticamente produtora de autopeças de origem nacional. No setor aeronáutico, a Embraer tem engenharia própria, mas importa a maior parte dos componentes com tecnologia embarcada", diz, lembrando que o Brasil já foi o quinto maior fabricante mundial de máquinas e, hoje, é o 14º .
"Os equipamentos para Belo Monte serão todos importados, não temos preço para competir", comenta Humberto Barbato, da Abinee. "Em breve aparecerão, nas estatísticas, as importações de equipamentos, de negócios que a indústria nacional perdeu", prevê. A Abinee iniciou estudos para mostrar que, por baixo dos dados otimistas, há preocupantes indicadores negativos em setores importantes da indústria. "Há claramente um processo de desindustrialização acelerado", endossa o economista Márcio Holland, que coordenou estudos recentes da FGV sobre o tema.
Holland reconhece que a discussão do tema tornou-se um "quebra-cabeças" em que os dois lados do debate encontram "evidência empíricas" favoráveis e contrárias às suas teses, ao mesmo tempo. Na FGV, Régis Bonelli, que nega a desindustrialização, apresenta dados que, embora mostrem recuperação recente, apontam perda do peso da indústria em relação ao passado.
Na mesma FGV, Nélson Marconi e Fernando Barbi, que apontam indícios de desindustrialização, mostram gráficos que, ao mesmo tempo, revelam aumento da participação, no Produto Interno Bruto (PIB), de manufaturas de alta e média tecnologia.










Especialistas se dividem sobre ameaça à indústria

Valor Econômico - 15/07/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/7/15/especialistas-se-dividem-sobre-ameaca-a-industria
O debate sobre a possivel desindustrialização do país divide economistas e empresários e é provocado pela valorização do real, pelo aumento recorde nas importações e pela insatisfação de associações industriais com empresas em dificuldades. Os indicadores da indústria parecem contrariar a tese: o emprego em maio cresceu em 15 das 18 regiões pesquisadas pelo IBGE e aumentaram o número de horas trabalhadas, os investimentos, o faturamento e a ocupação das fábricas. Mas cresce também o componente importado nos produtos, e dirigentes empresariais afirmam que o vigor industrial é desigual e ameaça acabar.
A maioria dos especialistas reconhece como ameaça o aumento de importações e a perda de competitividade das empresas no país. Essa, tem crescido principalmente graças ao apoio do governo e ao abrupto crescimento do mercado interno nos últimos meses. Um consenso é a necessidade de medidas de melhoria da infraestrutura de produção e exportação, de redução de tributos e de mecanismos para favorecer a inovação, sem a qual será impossível sobreviver à competição estrangeira. Não há certeza, porém, sobre o futuro da indústria.
"Essa é uma área em que, como muita coisa em economia, assim é, se lhe parece", ironiza o economista Régis Bonelli, autor, com Samuel de Abreu Pessoa, de um estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV) sobre "Desindustrialização no Brasil". Bonelli está entre os que acreditam que os dados disponíveis no país não confirmam a desindustrialização. Admite que existe o risco, mas considera remoto. Há uma tendência mundial de perda de importância da indústria no Produto Interno Bruto (PIB) dos países, até na China, onde é alta a parcela industrial do PIB, argumenta.
No estudo da FGV, ele mostra que as flutuações no desempenho da indústria têm acompanhado fatores conjunturais, como as crises externas, e defende, apoiado em estatísticas mundiais, que, além de próxima ao padrão internacional, a perda real de participação da indústria no PIB do Brasil, foi pequena, de apenas cinco pontos percentuais do PIB desde a década de 70 - a perda de emprego no setor industrial foi mais forte no período liberalizante da década de 90 e reduziu-se desde então.
Bonelli defende que, embora o dólar desvalorizado afete a competitividade da indústria, a única maneira de superar esse problema seria aumentar a taxa de poupança no país, com políticas de menor gasto público, por exemplo. Como Bonelli, os céticos em relação à tese da desindustrialização citam os dados de crescimento da indústria no Brasil, especialmente os de produção de máquinas e equipamentos, como prova da resistência do setor industrial, apesar da maior presença de bens primários, como soja e ferro na pauta de exportações.
"As estatísticas não informam verdadeiramente o que ocorre; ainda não apareceram os efeitos da perda de mercado para os importados", discorda o presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Humberto Barbato. "O crescimento que ocorre é em relação à pior base histórica em 30 anos", concorda o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Luis Aubert Neto. Os empresários têm apoio de economistas como Nélson Marconi e Fernando Barbi, da FGV, para quem a menor importância da indústria, no PIB e nas exportações, veio cedo demais e ameaça tornar o país excessivamente dependente de produtos de menor valor agregado, com menor geração de emprego e renda.
Para o Instituto Econômico de Desenvolvimento Industrial (Iedi), os últimos dados sobre o crescimento da indústria mostram, na maioria das regiões, desaceleração no crescimento verificado recentemente; a cada mês, o aumento da produção é inferior ao mês anterior, e, em maio, houve queda em relação a abril.
A emergência da China como grande poder econômico é menção obrigatória no debate sobre as ameaças à indústria, e é, paradoxalmente, o que leva o economista Antônio Barros de Castro, um dos maiores especialistas em indústria e desenvolvimento no país, a afirmar que o Brasil "não corre risco de desindustrialização". O país, com sua indústria diversificada, grau razoável de proteção tarifária e políticas governamentais ativas, tem condições de prevenir a deterioração do parque industrial, acredita o economista.
"Investimentos estão sendo anunciados, o que prova que o país tem oportunidades mesmo com o câmbio atual (real valorizado em relação ao dólar)", diz Barros de Castro. Ele alerta, porém, que a imensa competitividade chinesa obrigará todos os países a remodelar seu parque industrial, buscando vantagens competitivas. "O ponto central é que tem de haver transformação na indústria, não mais do mesmo", defende Barros de Castro. "Não há risco de industrialização, mas o coeficiente de sobrevivência da indústria será afetado por políticas mais preservadoras ou menos preservadoras", avalia.
Entre os que negam o risco de desindustrialização há quem ressalte a necessidade de políticas específicas do governo, como Barros de Castro, os que acreditam que a ênfase deve ser em políticas microeconômicas, como Bonelli, que defende estímulos à inovação e ajustes de eficiência nas empresas, e os que chamam atenção para a capacidade de adaptação das empresas brasileiras, que, como defende o economista-chefe do Bradesco, Octávio de Barros, poderia ser "potencializada" com melhores políticas de infraestrutura, educação e tributos, por exemplo.
"O que ocorre muitas vezes com algumas empresas, e até mesmo setores, diante da maior inserção do Brasil na economia global, é um penoso processo de reestruturação, que pode gerar custos econômicos e sociais elevados", diz Octávio de Barros. "Não quer dizer, contudo, que o tecido industrial corra o risco de definhar". Baseado nas pesquisas com empresas industriais feitas por sua equipe, ele afirma que o "patamar ótimo" de câmbio para os exportadores reduziu-se nos últimos anos. "O câmbio não é o problema em si, mas é apontado como tal porque desnuda as ineficiências da economia brasileira, tais como o sistema tributário e a infraestrutura", insiste.

China acata decisão da OMC 
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/7/15/novos-estimulos-nos-eua

Depois de muito relutar, finalmente a China concordou em abrir seu mercado para produtos de entretenimento em 19 de março de 2011, em linha com o estipulado pela Organização Mundial do Comércio (OMC). Os Estados Unidos haviam desafiado as barreiras chinesas à importação e distribuição de livros, música, filmes e outros produtos de entretenimento. Em dezembro passado, o governo chinês finalmente perdeu um recurso na OMC. A China alegou que os bens de entretenimento devem ser tratados de forma diferenciada em relação a outras importações, devido ao seu impacto cultural. Mas os EUA disseram que os chineses estavam errados ao impor monopólios de importação que foram autorizados para venda ou são vendidos por meio de cópias piratas. Uma carta dos embaixadores dos dois países mostra que a China concordou em adotar a decisão da OMC no prazo de 14 meses, a contar da aprovação pelo órgão de comércio global em 19 de janeiro deste ano. 








Para Fazenda, matéria-prima deve aliviar inflação

Autor(es): Fabio Graner, Adriana Fernandes
O Estado de S. Paulo - 15/07/2010
Estudo do ministério indica que a redução das compras chinesas vai afetar o preço das commodities

As commodities devem se transformar daqui para a frente num aliado do governo no combate à inflação. Diante de uma economia chinesa crescendo em ritmo menos intenso, o Ministério da Fazenda enxerga nos próximos meses um cenário sem pressão de preços nas commodities (produtos básicos negociados no mercado internacional), até mesmo com tendência de baixa nas cotações.
Levantamento da área técnica do Ministério da Fazenda, obtido pelo Estado, mostra que a redução da demanda chinesa por importações de commodities já é uma realidade e deve ajudar a segurar os preços.
No caso do minério de ferro (produto básico não negociado em bolsa), a Fazenda avalia que o excedente que não for exportado para a China ajuda a conter (ou até reduzir) os preços do mercado interno.
No cenário traçado pela área técnica da pasta, segundo informou uma fonte ao Estado, esse quadro favorável deve levar a uma menor elevação dos índices gerais de preços (IGPs), contribuindo para conter a inflação dos preços administrados e reforçando a previsão de que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2011 ficará em 4,5%, no centro da meta.
A área técnica da Fazenda acompanha com atenção a evolução dos preços das commodities. Se de um lado o cenário de estabilidade e até de recuo de preços segura a inflação, de outro, pode pesar negativamente no resultado da balança comercial. Os últimos dados da balança já evidenciam isso, capturando o recuo nos preços verificado nos últimos meses em menores números de exportação.
O desempenho da China tem sido decisivo para a evolução dos preços das principais matérias-primas e também dos alimentos. Se a economia que mais cresce no mundo diminui seu ritmo, a tendência é que a demanda para esses produtos caia e os preços também.
A uma menor intensidade da economia chinesa deve-se somar o fraco crescimento dos países desenvolvidos e as expectativas de que uma retomada vai demorar para acontecer por conta da crise europeia.
O impacto desse ambiente econômico não tão favorável nos preços das commodities em grande medida já aconteceu e, por isso, o Ministério da Fazenda acredita agora em uma estabilidade, com ainda alguma eventual queda.
Para o minério de ferro, os técnicos já detectam um menor volume de importações da China, que até mesmo já teria formado estoques do produto. Isso deve pôr um freio no ímpeto das empresas para remarcação de preços, diminuindo o impacto inflacionário.
As exportações de minério não aglomerado para o país asiático, que em 2009 representavam 74,5% das exportações brasileiras do produto, neste ano caíram para 53,5%. Além disso, a menor demanda chinesa pelo produto, que não deve ser compensada por uma maior procura dos países desenvolvidos, tende a criar um excedente de minério de ferro nas empresas brasileiras, cuja tendência é ser direcionado para o mercado interno, com chances até de obtenção de preços menores.
Segundo a fonte, isso eventualmente poderá ter até uma repercussão positiva no preço do aço.
O novo cenário traçado na área técnica da Fazenda considera que, sem pressão de preços de commodities, a tese de alguns analistas de que o IPCA de 2011 já teria contratado uma inflação de 1,25% a 1,5% por conta de preços administrados não se sustenta.
Pelas contas da Fazenda, a contribuição dos administrados para o IPCA, nesse novo quadro, seria da ordem de 1 ponto porcentual. Além disso, a estabilidade das commodities também deverá ter impacto favorável nos preços livres, embora a Fazenda não tenha feito uma estimativa sobre isso.
PARA ENTENDER
Crescem as evidências de que a China está reduzindo o ritmo de crescimento. Há poucos dias o Goldman Sachs baixou suas previsões sobre o PIB chinês pela primeira vez desde a crise de 2008. As evidências, segundo o banco, mostram que as medidas destinadas a conter o boom imobiliário podem estar funcionando. Analistas acreditam que a desaceleração, a ser confirmada hoje com novos dados, é apenas a primeira freada de uma série.


Programas oficiais amenizam crise do setor

Valor Econômico - 15/07/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/7/15/programas-oficiais-amenizam-crise-do-setor
Citada pelo candidato oposicionista José Serra (PSDB) como um problema a ser enfrentado pelo sucessor de Luiz Inácio Lula da Silva, a desindustrialização é negada com veemência no governo, que garante ter tomado providências para garantir sustentação à indústria. "Houve um tranco na indústria com a crise em 2007 e 2008, mas ela já vem se recuperando", resume o presidente da associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Reginaldo Arcuri.
"A taxa de crescimento da indústria, na produção de bens intensivos em engenharia, cresceu 7,7% ao ano, segundo estudo da Cepal", comenta o diretor de Planejamento do BNDES, João Carlos Ferraz. "Há uma estabilidade nos bens de alto conteúdo tecnológico, não estamos nos movendo em direção a um regime de maquiadoras", afirma. "As commodities ganham muito peso na pauta de exportações porque são competitivas, e mais de 50% da perda da produção industrial se deve à retração dos mercados para nossas exportações de manufaturas", calcula.
Arcuri lembra que no primeiro quadrimestre o crescimento da produção industrial aumentou 18%. No primeiro trimestre, a indústria se expandiu 4,2% em relação ao trimestre anterior, a maior taxa de crescimento desde o terceiro trimestre de 2003. O aumento é de 14,6% em relação ao mesmo período do ano anterior. "A valorização cambial é uma ameaça, mas não há evidências de desindustrialização", afirma.
No primeiro trimestre de 2010, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, medida dos investimentos em capacidade produtiva) cresceu 26% em relação ao mesmo período de 2009, voltando ao patamar anterior à crise, no terceiro trimestre de 2008, compara o presidente da ABDI. "O crescimento da produção industrial tem sido maior que outros setores, maior que o PIB."
O governo evitou o agravamento da crise com o lançamento do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), que financia com juros reduzidos a compra de máquinas para a indústria, desde junho de 2009, com prazo de extinção em dezembro deste ano. De janeiro a abril, o BNDES chegou a desembolsar US$ 15,6 bilhões para a compra de máquinas e equipamentos, nível recorde, pequena parte do qual destinado ao PSI.
"Se não fosse o PSI estaríamos chorando sangue", diz o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Luis Aubert Neto, que chama atenção, porém, para o caráter temporário da medida e para o nível ainda baixo da FBCF, 18% do PIB. Os integrantes do governo argumentam que são variados os indicadores favoráveis ao investimento, como a recente Sondagem de Inovação da ABDI, que apontou expectativa entre grandes indústrias de aumento do percentual das firmas que realizaram inovações tecnológicas, de 71,4% para 74,3% no segundo trimestre.
Os dados favoráveis não convencem o setor privado. "A desindustrialização não se dá da noite para o dia, ela reduz aos poucos a cadeia de suprimento no país", diz o diretor-superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), Fernando Pimentel. É crescente o déficit de comércio no setor têxtil, e deve chegar neste ano a US$ 3,5 bilhões na avaliação da Abit. "Isso representa a não geração de 130 mil empregos no país", argumenta Pimentel. Ele admite, porém, que o aumento nas importações do setor se deu paralelamente ao aumento de vendas e até exportações dos fabricantes nacionais. Neste ano, prevê, o setor deve investir R$ 1,5 bilhão, 50% acima de 2008, "quando a economia vinha aquecida". A produção física da indústria deve crescer 12%. "O mercado interno nos tirou da crise".








Desaceleração chinesa gera temor em investidores

Autor(es): Geoff Dyer, Financial Times, de Pequim
Valor Econômico - 16/07/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/7/16/desaceleracao-chinesa-gera-temor-em-investidores
A China cresceu 10,3% no segundo trimestre, comparado ao mesmo período do ano passado. Foi uma desaceleração em relação ao trimestre anterior, à medida que começam a fazer efeito os esforços do governo para esfriar o mercado imobiliário e os investimentos em infraestrutura. O ritmo de crescimento e outros dados divulgados ontem criaram temor entre os investidores de que a China pode estar desacelerando demais.
O número comparável do primeiro trimestre foi de 11,9%, quando muitos economistas temiam que a China estivesse perto de um superaquecimento. No primeiro semestre do ano, a economia cresceu 11,1%.
Foto Destaque
Embora o desaquecimento fosse esperado, outros indicadores sugeriram, ontem, que a economia pode estar esfriando mais rápido do que previsto, com uma queda na expansão da produção industrial de 13,7% em junho, ano a ano, dos 16,5% em maio.
O governo disse estar tranquilo quanto à redução no ritmo da atividade econômica. "A desaceleração ajudará a evitar o superaquecimento de nossa economia e ajudará na transformação do nosso modelo econômico", disse Sheng Laiyun, porta-voz do Birô Nacional de Estatísticas.
No entanto, o desaquecimento deixou nervosos os investidores, numa hora em que muitos esperavam que a China pudesse ajudar a sustentar uma recuperação mundial que mostra sinais perda de sustentação nos EUA e na Europa.
Isso também poderá colocar Pequim sob pressão interna para relaxar algumas de suas recentes medidas de contenção, especialmente no setor habitacional.
"Conseguir uma aterrissagem suave para o mercado imobiliário será realmente um sério problema", disse Liao Qun, economista-chefe do Banco Citic International. Uma desaceleração prolongada no setor imobiliário terá um impacto sobre muitos setores - do siderúrgico ao da produção de aparelhos elétricos de uso doméstico -, disse ele, mas as autoridades não querem relaxar a política antes de estarem convencidas da queda do preços.
A China publica números de crescimento em base anual, mas não divulga estatísticas sequenciais com ajustes de sazonalidade, que dariam uma ideia mais precisa do rumo da atividade econômica. As estimativas do setor privado variam consideravelmente: o Goldman Sachs estima a taxa de crescimento implícita no quarto trimestre em 8%, numa base anualizada, ao passo que o Standard Chartered a estima em 10%.
Embora o ritmo de novos empréstimos venha caindo desde o segundo semestre passado, a principal iniciativa de aperto econômico é a campanha que começou em meados de abril, como tentativa para limitar a especulação no mercado imobiliário e frear empréstimos a empresas de investimento operadas por governos locais.
O esfriamento da atividade parece ter tolhido o aumento da inflação. O IPC caiu de 3,1% em maio para 2,9% em junho.


China assume riscos para comprar minas pelo mundo

Autor(es): Phred Dvorak, The Wall Street Journal
Valor Econômico - 21/07/2010



Na caça mundial por ativos de mineração, a China surgiu como o líder das compras: poucos anos depois de notórios fracassos na tentativa de fechar grandes aquisições, compradores chineses de todos os tamanhos estão selando negócios mais sofisticados com uma taxa maior de sucesso.
Empresas sediadas na China e em Hong Kong participaram no ano passado de aquisições internacionais na área de mineração e investimentos avaliados em US$ 13 bilhões - 100 vezes o nível de 2005, de acordo com empresa de acompanhamento de dados Dealogic.
As empresas sediadas na China estão mantendo um ritmo semelhante em 2010. Na semana passada, o Shandong Iron & Steel Group Co. anunciou um investimento de US$ 1,5 bilhão em um projeto de minério de ferro da African Minerals Ltd. em Serra Leoa, o mais recente de 76 negócios internacionais anunciados por compradores da China neste ano, até o momento, no valor de US$ 8,3 bilhões, de acordo com a Dealogic.
A fome da China por metais e minerais será um dos principais motores a puxar os investimentos no exterior para mais de US$ 100 bilhões em 2014, prevê Derek Scissors, um pesquisador da Heritage Foundation, que montou um banco de dados para acompanhar esses negócios.
O sucesso da China em abocanhar produtores de minério de ferro, níquel, molibdênio e outros minerais acontece depois que a maioria do mundo aprendeu com a crise financeira global. Em 2009, a China respondeu por um terço do valor de todas as fusões e aquisicões na área de mineração envolvendo países diferentes, ante 7,4% em 2007 e menos de 1% em 2004, apurou a Dealogic.
Na Austrália, que sempre foi um grande destino dos investimentos chineses em mineração, compradores da China responderam por quase 40% do negócios no setor com capital estrangeiro ano passado, segundo a análise anual de fusões e aquisições feita pela PricewaterhouseCoopers. No Canadá, um mercado mais recente para os chineses, o número foi de cerca de um quarto.
Os negócios recentes introduzem uma nova classe de pretendentes. Nos últimos anos, os compradores chineses de ativos de petróleo e minério no exterior eram normalmente grandes empresas estatais que favoreciam aquisições completas e tinham reputação de fechar negócios que não exigiam muita habilidade - e sofreram uma série de rejeições públicas, como a tentativa fracassada da China Minmetals Corp. de comprar a mineradora canadense Noranda Inc., em 2005.
Agora, os investidores em potencial vão da indústria privada a investidores de Hong Kong e ao fundo soberano da China, a Corporação para Investimento da China. Os que acompanham os negócios da China dizem que esses investidores são mais espertos e mais flexíveis do que eram poucos anos atrás, testando joint ventures e participações minoritárias.
Há apenas um ano, o CST Mining Group Ltd., de Hong Kong, era chamado de China Sci-Tech Holdings LTD., uma empresa de capital aberto, formada por 15 pessoas, que investia principalmente no setor imobiliário. Este ano, a empresa comprou duas minas de cobre por US$ 380 milhões - uma canadense e outra australiana -, contratou um punhado de veteranos ocidentais do setor de mineração para administrá-las, captou US$ 600 milhões por meio de uma colocação privada de ações e mudou o nome para CST Mining Group Ltd.
Os investidores chineses estão encontrando "mais e mais maneiras de fazer negócios com o mundo", diz Amy Cheng, banqueira do CST e líder do grupo de mineração do BOC International, braço de banco de investimentos do estatal Banco da China Ltd.
Cheng estima que os investidores chineses do setor de mineração tenham conseguido fechar cerca de três quartos dos negócios que tentaram fazer; poucos anos atrás, diz ela, eles eram quase sempre recusados. A crise financeira criou uma abertura. "Todo projeto [que precisa de dinheiro] olha para as empresas chinesas", disse ela.
O governo chinês não fez pressão pública para essas aquisições, mas a explosão de negócios nos últimos anos, muitos fechados por companhias estatais, sugere que eles são uma prioridade.
A China já consome um terço de todo o cobre do mundo e 40% dos metais básicos, e produz metade do aço do mundo. Embora a demanda por commodities tenha sofrido uma baixa com a desaceleração da expansão chinesa este ano, é esperado que ela se mantenha forte no longo prazo.
A China já se queixou de que as empresas estrangeiras cobram muito pelo minério de ferro e outras commodities, uma preocupação que se tornou aguda em 2007, quando a maior mineradora do mundo, a BHP Billiton Ltd., tentou comprar a Rio Tinto, um negócio que prometia criar uma fornecedora com enorme poder de estabelecer preços.
A tentativa fracassou, mas logo depois a China fechou o que continua a ser sua maior aquisição internacional na área mineral, a compra de 9% da Rio Tinto pela Chinalco, um negócio de US$ 14 bilhões. Graças a esse investimento, as companhias chinesas e de Hong Kong realizaram um recorde de US$ 17,5 bilhões em fusões e aquisições no exterior em 2008, de acordo com a Dealogic.
O surto comprador da China pode em algum momento aumentar a oferta mundial de muitos minérios, diz Tim Goldsmith, líder da área global de mineração da PricewaterhouseCoopers, que vive na Austrália e diz que seu trabalho exige que ele passe uma semana por mês na China. Se a demanda chinesa continuar forte, e outras economias com a da Índia também crescerem rapidamente, o aumento da oferta poderá ajudar a amenizar as altas dos preços das commodities, diz ele.
Uma demanda global mais fraca poderia levar a quedas de preços, um cenário que Goldsmith acredita ser menos provável. Os grandes mineradores mundiais devem se sair bem de uma forma ou de outra, diz ele, uma vez que suas minas tendem a ser mais rentáveis, com retornos esperados mais altos, que aquelas em que muitas empresas chinesas estão investindo.
Alguns investidores chineses estão comprando empresas com minas ainda em estágio inicial de desenvolvimento e exploração, uma proposta mais arriscada mas potencialmente mais rentável.
"Houve um tempo em que eles não investiam em nada que ainda não estivesse produzindo", lembra Howard Balloch, ex-embaixador canadense na China, que fundou, em 2001, o Balloch Group, um banco de investimento butique sediado em Pequim. Agora, "os chineses estão dispostos a (...) experimentar níveis de risco um pouco mais altos".
Isso está trazendo mais negociadores chineses para Toronto e Vancouver, onde ocorrem muitas operações para levantar dinheiro para a exploração mineral. "Do lado chinês, é quase como se alguém tivesse virado um botão há poucos anos e o interesse foi de zero para um signicativo investimento em empresas canadenses", diz o advogado David Redford, que atua na área de mineração da Goodmans LLC.
O interesse é recíproco: Redford estima que cerca de 80% dos clientes atuais da área de mineração estejam buscando investimentos de fontes chinesas.

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