quarta-feira, 14 de julho de 2010

Fundos com ações lideram captação no 1º semestre

Fundos com ações lideram captação no 1º semestre

Autor(es): Por Antonio Perez, de São Paulo
Valor Econômico - 14/07/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/7/14/fundos-com-acoes-lideram-captacao-no-1o-semestre
 
Os fundos PGBL e VGBL com uma pitada de ações foram os destaques da previdência aberta no primeiro semestre, aponta levantamento das consultorias NetQuant e Towers Watson com 490 carteiras. Da captação líquida de R$ 8,39 bilhões do setor no primeiros semestre - valor 10% superior ao recebido em igual período de 2009 -, pouco mais da metade, R$ 4,34 bilhões, foi para as carteiras com parte do patrimônio em renda variável (até 15%, 30% ou 49% em ações).
Com os recursos recebidos no primeiro semestre, mais a rentabilidade das carteiras, o patrimônio líquido dos fundos de previdência aberta atingiu R$ 158 bilhões, crescimento de 8,48% no período. O patrimônio dos fundos com renda variável avançou 11,92%, ao passo que o das carteiras de renda fixa e multimercados sem renda variável cresceu 7,35%. Apesar do avanço da renda variável, os fundos conservadores ainda lideram com folga, representando 74,62% do patrimônio do setor.
 
Foto Destaque
A tendência é de que a participação das carteiras com renda variável cresça nos próximos anos, atingindo 50% do total no médio e longo prazos, aposta Márcio Matos, superintendente de investimentos da Brasilprev Seguros e Previdência. "Essa migração é inevitável, mas vai ocorrer lentamente", afirma. "Com a crise do euro e o cenário instável da bolsa, as captações da renda variável devem perder força neste segundo semestre", avalia.
A atração de recursos pelos fundos com ações no primeiro semestre, apesar do tombo de 11,16% do Ibovespa no período, sugere, em tese, que os investidores em previdência estão mais maduros e já não se assustam com os solavancos da bolsa no curto prazo.
Um olhar mais atento à dinâmica das captações revela, contudo, que o investidor ainda comete o erro de escolher as carteiras com base na rentabilidade passada, ressalta Marcelo Nazareth, sócio-diretor da NetQuant. Ele lembra que a captação da renda variável se concentrou nos primeiros quatro meses do ano, quando o investidor ainda estava sob o impacto da alta de mais de 80% da bolsa no ano passado. "Mesmo com a bolsa sem andar no início deste ano, os recursos continuaram indo para a renda variável", afirma Nazareth.
Em maio, contudo, quando a crise do euro derrubou o Ibovespa, os investidores começaram a se refugiar na renda fixa. Em junho, por exemplo, as carteiras com ações receberam apenas R$ 6,98 milhões, enquanto os fundos de renda fixa e multimercados sem renda variável captaram R$ 1,1 bilhão.
Mesmo que a bolsa se recupere neste segundo semestre, os aportes em carteiras com ações não devem reagir, aposta Nazareth. "Se o Ibovespa for bem este ano, isso só vai estimular a captação da renda variável no início do ano que vem", afirma. "Há um intervalo ainda muito grande entre o movimento da bolsa e a procura por fundos com ações", diz.
Para Sérgio Prates, gerente comercial da Icatu Seguros, os clientes da previdência ainda se mantêm muito sensíveis aos movimentos de curto prazo do mercado acionário. Embora a previdência seja um investimento com horizonte de longo prazo, o investidor segue acompanhando diariamente a variação das cotas de sua carteira e acaba se deixando levar pelo nervosismo. "É difícil fazer o investidor, principalmente o de varejo, entender que as quedas da bolsa podem representar uma boa oportunidade de compra", afirma Prates, que trabalha com um segundo semestre dominado pelas aplicações em renda fixa. "Esse cliente só vai voltar para a bolsa quando o mercado tiver melhorado muito", afirma ele.
No ranking das seguradoras, a Brasilprev liderou em captação líquida no primeiro semestre, atraindo R$ 2,96 bilhões. Em seguida, aparecem o Itaú Unibanco Vida e Previdência (R$ 1,61 bilhão) e o Bradesco Vida e Previdência (R$ 1,23 bilhão). A ordem de colocação se repete quando se analisa o patrimônio. A Brasilprev lidera, com R$ 442,74 bilhões, seguida por Itaú Unibanco (R$ 292,32 bilhões) e Bradesco (R$ 138,3 bilhões). O levantamento NetQuant e Towers Watson aponta, contudo, uma diminuição do peso das primeiras colocadas nos últimos doze meses. A fatia das líderes no patrimônio total do setor caiu de 74,45%, em junho de 2009, para 71,80% em junho deste ano.

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