terça-feira, 13 de julho de 2010

Tormenta pode ter destruído meio bilhão de árvores

http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/7/13/tormenta-pode-ter-destruido-meio-bilhao-de-arvores
Autor(es): Folhapress, de São Paulo
Valor Econômico - 13/07/2010
Em três dias de janeiro de 2005, meio bilhão de árvores podem ter sido mortas por tempestades enfileiradas que varreram a Amazônia de sudoeste a nordeste. A área do estrago, estimada em 9.000 km2, equivale a quase uma Jamaica. É mais do que tudo o que se desmatou na Amazônia em 2009.
Para os pesquisadores responsáveis por descrever o fenômeno, o desastre pode ser uma amostra incômoda do que o aquecimento global pode trazer para a floresta no futuro. Numa Terra mais quente, eventos do tipo podem ficar mais comuns. Isso poderia causar, por sua vez, um círculo vicioso: mais calor mataria mais árvores, o que liberaria mais carbono no ar, aumentando o calor.
O estudo descrevendo a megaderrubada será publicado na revista científica "Geophysical Research Letters" e tem coautoria de cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e da Unesp.
"Creio que se trate de um fenômeno meteorológico relativamente comum. O que ocorre é que ele ainda não havia sido reportado", disse o meteorologista Carlos Raupp, da Unesp.
O meteorologista explicou que os pesquisadores detectaram uma grande linha de instabilidade - aglomerados de tempestades que se alinham por até 1.000 km de extensão.
Entre 16 e 18 de janeiro de 2005, um "monstro" desses saiu da Bolívia e partiu rumo à ilha de Marajó. No caminho, ventos de até 145 km/h causaram mortes em Manaus, Manacapuru e Santarém.
Tempos depois, a equipe usou dados de satélite e observações de campo para comprovar o estrago deixado pelo vento na região de Manaus. Os pesquisadores estimam que, só ali, a linha de instabilidade causou a morte de umas 500 mil árvores - o que ajudou o grupo a fechar as contas da destruição da mata em 2005.
Isso porque, embora a grande mortalidade de árvores na Amazônia nesse ano tenha sido atribuída à seca severa que também assolou a região, "a área de Manaus não chegou a ser afetada", lembra Raupp. A explicação mais plausível, pelo tipo de dano à vegetação, é que a tempestade seja a culpada.
Embora o número de meio bilhão de árvores seja uma extrapolação, já que os cientistas não possuem dados para a Amazônia inteira, Raupp diz que ele faz sentido diante do trajeto da tormenta. "Em geral, um clima mais quente pode trazer mais tempestades severas, porque a atmosfera consegue reter mais vapor d"água", diz Raupp.
Supertormentas como essa verificada em 2005, portanto, poderiam causar estragos piores na Amazônia do futuro.

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