segunda-feira, 5 de julho de 2010

Custo de vida urbano mais caro do mundo: Luanda, em Angola


http://www.mercer.com/costofliving#Top_5






Brasil
São Paulo, 29 June 2010

  • Luanda, na Angola, é a cidade mais cara do mundo para expatriados; Karachi é a mais barata
  • As 10 primeiras cidades no ranking são dominadas pela África, Europa e Ásia
  • Nas Américas, cidades no Brasil estão entre as mais caras, com São Paulo na 21ª posição e Rio de Janeiro na 29ª

Luanda, na Angola, é a cidade mais cara do mundo para expatriados, de acordo com a mais recente Pesquisa de Custo de Vida da Mercer. Tóquio está na segunda posição e Ndjamena, no Chade, em terceiro lugar. Moscou está na quarta posição seguida por Genebra na quinta, enquanto Karachi está classificada como a cidade menos cara do mundo. A pesquisa constatou que Luanda é três vezes mais cara que Karachi.

Pela pesquisa, entre os países das Américas do Norte e Sul, São Paulo (posição 21) é a cidade com custo de vida mais elevado para expatriados. Rio de Janeiro ocupa a posição 29 como a segunda cidade mais cara da América do Sul, enquanto Brasília aparece na 70ª posição.

A pesquisa cobre 214 cidades em cinco continentes e mensura os custos comparativos de mais de 200 itens em cada local, incluindo moradia, transporte, alimentação, vestuário, utensílios domésticos e diversão. É a mais completa pesquisa mundial de custo de vida. Seus dados podem contribuir com empresas multinacionais no momento de determinarem a remuneração de seus empregados expatriados. Nova Iorque é usada como a cidade-base para o índice para efeito de comparação com todas as outras cidades pesquisadas. As movimentações em moeda são mensuradas em relação ao dólar americano. O custo de moradia – frequentemente a maior despesa para expatriados – desempenha um papel importante na determinação da posição na classificação das cidades.

Pela primeira vez, a classificação das 10 cidades mais caras do mundo inclui três centros urbanos africanos: Luanda (1), na Angola, Ndjamena (3,) no Chade, e Libreville (7), no Gabão. Os dez primeiros também incluem três cidades asiáticas; Tóquio (2), Osaka (6) e Hong Kong (empatada em 8). Moscou (4), Genebra (5) e Zurique (empatada em 8) são as cidades europeias mais caras, seguidas por Copenhague (10).

De acordo com Nathalie Constantin-Métral, pesquisadora sênior da Mercer e responsável por compilar a classificação, “nos dois últimos anos, as transferências corporativas tornaram-se verdadeiramente globais, com expatriados sendo transferidos para todas as partes do mundo. Porém, a mobilidade global ainda é um empreendimento dispendioso para as empresas, portanto a seleção dos candidatos certos e a compreensão real dos custos envolvidos no envio de pessoal para outros países são essenciais – especialmente no atual ambiente econômico.”

“Nossas cidades são selecionadas com base nas solicitações de nossos clientes multinacionais”, continuou, “particularmente, cidades africanas agora figuram de forma proeminente, refletindo a crescente importância econômica da região para empresas globais de todos os setores de negócios.”

Europa e Oriente Médio

Depois de Moscou, Genebra, Zurique e Copenhague, cidades mais caras da Europa, aparecem Oslo (11), na Noruega, Milão (15), na Itália, Londres e Paris (ambas 17), e Berna (22), na Suíça. Outras cidades europeias consideradas caras incluem Roma (26), Viena (28), São Petersburgo (30) Amsterdã (35), Baku (36) Dublin (42), Istambul (44), Barcelona (49), Frankfurt (50), Madri (52) e Lisboa (72). Riga está na posição 81, seguida por Budapeste (94), Varsóvia (96) e Talin (115). A cidade menos cara na Europa é Tirana (200), na Albânia, seguida por Skopje (197), na Macedônia, Sarajevo (196), na Bósnia-Herzegovina, Minsk (192), na Bielorússia e Belfast (182), no Reino Unido.

Tel Aviv (19) é a cidade mais cara no Oriente Médio, seguida por Abu Dabi (50) e Dubai (55). Trípoli (186), na Líbia, é o local menos caro no Oriente Médio, seguido por Jeddah (181), na Arábia Saudita, e Muscat (I76), no Omã.

Nathalie Constantin-Métral comentou: “Os custos residenciais continuam decrescentes em Abu Dabi e Dubai, empurrando para baixo o custo de vida de expatriados. As classificações também são muito suscetíveis a flutuações das taxas de câmbio. Entretanto, em lugares como Jeddah e Tripoli, a carência de residências adequadas para expatriados, combinada a uma forte demanda, estimularam os custos para cima.

África

Refletindo a crescente importância econômica dessa região em todos os setores de negócios, a classificação preparada pela Mercer para este comunicado à imprensa agora inclui muitas cidades africanas. Várias estão em posições altas na pesquisa de 2010, refletindo o elevado custo de vida para empregados expatriados. Depois de Luanda, Ndjamena e Libreville, as cidades mais caras na região são Vitória (13), em Seychelles, Niamey (23), no Níger, e Dakar (32), no Senegal. Na África do Sul, Johanesburgo e Cidade do Cabo estão nas posições 151 e 171, respectivamente. No final da classificação, Adis Abeba (208), na Etiópia, é a cidade africana mais barata, seguida por Windhoek (205) e Gaborone (203), na Namíbia e Botsuana, respectivamente.

“Temos visto um aumento da demanda por informações sobre cidades africanas em todos os segmentos – mineração, serviços financeiros, linhas aéreas, manufatura, empresas de serviços públicos e de energia,” comentou a Sra. Constantin-Metral.

Muitas pessoas supõem que cidades no mundo em desenvolvimento são baratas, mas isso não é necessariamente verdade para expatriados que trabalham nelas. Para atrair talentos para essas cidades, as multinacionais precisam proporcionar o mesmo padrão de vida e benefícios que esses empregados e suas famílias teriam no país de origem. Em algumas cidades africanas, o custo disso pode ser extraordinariamente alto – particularmente o custo de residência de boa qualidade e segurança,” acrescentou ela.

As Américas

Cidades no Brasil estão entre os locais mais caros das Américas, com São Paulo (21) classificada como a cidade mais cara do continente (tanto da América do Norte quanto do Sul), como resultado do fortalecimento do real brasileiro em relação ao dólar americano. Na América do Sul, o Rio de Janeiro (29) é a segunda cidade mais cara, seguida por Havana (45), em Cuba, Bogotá, na Colômbia (66), e a capital do Brasil, Brasília (70). Buenos Aires está na posição 161. Manágua, na Nicarágua (212), La Paz, na Bolívia (211), e Assunção (204), no Paraguai, são as cidades menos caras na América do Sul.

Nos Estados Unidos, Nova Iorque (27) é a cidade mais cara, seguida por Los Angeles (55). Washington está na posição 111. A cidade menos cara nos Estados Unidos é Winston Salem (197). A Cidade do México (166) é a cidade mais cara no México, enquanto a mais barata é Monterrey (193). Vancouver (75) é a cidade mais cara no Canadá, seguida por Toronto (76) e Montreal (98). Ottawa (136) é a cidade menos cara no Canadá.

O enfraquecimento do dólar americano em relação a outras moedas, combinado com uma diminuição no custo dos aluguéis residenciais, fez as cidades americanas despencarem na classificação,” comentou a Sra. Constantin-Metral. “Entretanto, a partir de março de 2010, o dólar se fortaleceu, de modo que a situação está oscilando.”

Ásia-Pacífico

Duas cidades japonesas, Tóquio e Osaka, são as mais caras na região. Outras cidades asiáticas em posições altas são Hong Kong (8), Cingapura (11), Seoul (14), Beijing (16), Nagoya (19), no Japão, Shanghai (25) e Taipei (78). Sete cidades chinesas aparecem na classificação de 2010, destacando a crescente importância comercial para multinacionais de outros locais que não são apenas Beijing, Shanghai e Hong Kong.

Nova Délhi (85) é a cidade mais cara na Índia, seguida por Mumbai (89) e Bangalore (190). Em outros lugares, Jakarta, na Indonésia, está na posição 94, seguida por Hanói, no Vietnã, Bangkok na Tailândia (ambas 121), e Kuala Lumpur (138), na Malásia. Islamad (212) e Karachi (214), no Paquistão, são as duas cidades menos caras na região.

Sydney (24) é a cidade mais cara na Austrália, seguida por Melbourne (33) e Brisbane (55), enquanto Adelaide (90) é a cidade menos cara no país. Auckland (149) é a cidade mais cara na Nova Zelândia, enquanto Wellington (163) é a mais barata. O dólar australiano e o dólar neozelandês valorizaram-se fortemente em relação ao dólar americano, o que fez com que as cidades subissem na classificação.

“No final de 2009 e começo de 2010, os preços de imóveis residenciais em muitos países asiáticos se elevaram, à medida que o ambiente econômico começou a se estabilizar e a demanda por boas residências para expatriados cresceu,” comentou a Sra.Constantin-Metral. “O fortalecimento tanto do dólar australiano quanto do neozelandês em relação ao dólar americano tornou as cidades australianas e neozelandesas mais caras para expatriados vindos dos EUA.”

Relatórios individuais sobre custo de vida e custo de aluguel são produzidos para cada uma das cidades pesquisadas. Informações adicionais podem ser obtidas com Renata Herrera, tel.: (11) 3048-4404, e-mail: r...@mercer.com ou Denise Perassoli, tel.: (11) 3048-1895, e-mail: d...@mercer.com, ou pelo site www.imercer.com/col.

-Fim-

Notas para Editores Importante: A classificação é fornecida aos jornalistas para fins de consulta e não deve ser publicada na íntegra. As 10 primeiras e as 10 últimas cidades de qualquer uma das listas podem ser reproduzidas em forma de tabela. Os números da Mercer para comparações de Custo de Vida e de aluguel residencial são baseados em uma pesquisa realizada em março de 2010, com as taxas de câmbio do mesmo período. As taxas de câmbio de março correspondem à taxa de câmbio mensal média de fevereiro. As comparações para 2010 são baseadas em uma pesquisa semelhante realizada em março de 2009. Entretanto, a ponderação da cesta de bens usada em 2009 foi mudada para 2010; já que foram acrescentados alguns itens. Novas cidades foram acrescentadas à classificação 2010. Portanto, uma comparação direta com a classificação 2009 não é possível.

É importante ressaltar ainda que como a pesquisa leva em consideração o valor da moeda local, convertida em dólar americano, no mês de março de 2010, e existem oscilações cambiais diárias, seria possível que o ranking apresentasse um resultado totalmente diferente se a pesquisa fosse realizada em junho, por exemplo. Ou seja, a pesquisa reflete uma realidade vivenciada em março de 2010, podendo ser diferente de hoje.

As informações são usadas por grandes empresas para proteger o poder de compra de seus funcionários quando transferidos para o exterior. Os dados sobre custo de aluguéis residenciais são usados para avaliar os subsídios para moradia de expatriados no local de destino. A escolha das cidades é baseada na demanda por dados por parte de empresas e organizações governamentais.


Pesquisa Mercer sobre Custo de Vida – Classificação Mundial 2010

Nota: Os índices são estabelecidos de acordo com a base de dados sobre custo de vida da Mercer, modificada para incluir moradia. Os resultados podem divergir daqueles calculados para clientes da Mercer que utilizam os resultados apenas para remuneração de expatriados.

Importante: A classificação é fornecida para a mídia apenas para consulta e não deve ser publicada na íntegra. As 10 primeiras e as 10 últimas cidades podem ser reproduzidas em forma de tabela.

Cidade base: Nova Iorque, EUA (= 100)

Clasificación
Ciudad
País
1
LUANDA
ANGOLA
2
TÓQUIO
JAPÃO
3
NDJAMENA
CHADE
4
MOSCOU
RÚSSIA
5
GENEBRA
SUÍÇA
19
NAGOYA
JAPÃO
21
SÃO PAULO
BRASIL
27
NOVA IORQUE
ESTADOS UNIDOS
40
ATENAS
GRÉCIA
45
HAVANA
CUBA
50
ABU DABI
EMIRADOS ÁRABES UNIDOS
61
BERLIM
ALEMANHA
66
BOGOTÁ
COLÔMBIA
70
BRASÍLIA
BRASIL
80
BEIRUTE
LÍBANO
88
NAIROBI
QUÊNIA
96
VARSÓVIA
POLÕNIA
100
CARACAS
VENEZUELA
104
PORT 0F SPAIN
TRINIDAD & TOBAGO
111
WASHINGTON
ESTADOS UNIDOS
121
BANCOC
TAILÂNDIA
123
SANTIAGO
CHILE
127
CIDADE DO PANAMÁ
PANAMÁ
129
MONTEVIDÉU
URUGUAI
129
SAN JUAN
PORTO RICO
135
LIMA
PERÚ
141
PORT AU PRINCE
HAITÍ
147
SANTO DOMINGO
REPÚBLICA DOMINICANA
151
JOHANESBURGO
ÁFRICA DO SUL
161
BUENOS AIRES
ARGENTINA
165
KINGSTON
JAMAICA
166
CIDADE DO MÉXICO
MÉXICO
168
CLEVELAND
ESTADOS UNIDOS
169
CIDADE DE GUATEMALA
GUATEMALA
171
CIDADE DO CABO
ÁFRICA DO SUL
183
SAN JOSÉ
COSTA RICA
193
MONTEREY
MÉXICO
194
QUITO
EQUADOR


Overview

The Mercer survey covers 214 cities across five continents
and measures the comparative cost of over 200 items in each
location, including housing, transport, food, clothing,
household goods and entertainment. It is the world’s most comprehensive cost of living survey and is used to help
multinational companies and governments determine
compensation allowance for their expatriate employees.

New York is used as the base city for the index and all cities are compared against New York. Currency movements are measured against the US dollar. The cost of housing – often
the biggest expense for expats - plays an important part in
determining where cities are ranked.


For the first time, the ranking of the world’s top 10 most expensive cities includes three African urban centres: Luanda (1) in Angola, Ndjamena (3) in Chad and Libreville (7) in Gabon. The top ten also includes three Asian cities; Tokyo (2), Osaka (6) and Hong Kong (jointly ranked 8). Moscow (4), Geneva (5) and Zurich (joint 8) are the most expensive European cities, followed by Copenhagen (10).

Top 5 cost of living ranking cities worldwide

Top 5 cities – Overall
  • Luanda, Angola (1st)
  • Tokyo, Japan (2nd)
  • N'Djamena, Chad (3rd)
  • Moscow, Russia (4th)
  • Geneva, Switzerland (5th)

Top 5 cost of living ranking cities by region

AmericasAsia PacificEuropeMiddle East & Africa
  • Sao Paolo, Brazil(21st)
  • New York, United States(27th)
  • Rio de Janeiro, Brazil (29th)
  • Havana, Cuba(45th)
  • Los Angeles, United States(55th)
  • Tokyo, Japan(2nd)
  • Osaka, Japan(6th)
  • Hong Kong, Hong Kong (8th)
  • Singapore, Singapore(11th)
  • Seoul, South Korea (14th)
  • Moscow, Russia(4th)
  • Geneva, Switzerland(5th)
  • Zurich, Switzerland(8th)
  • Copenhagen, Denmark (10th)
  • Oslo, Norway(11th)
  • Luanda, Angola(1st)
  • N'Djamena, Chad (3rd)
  • Libreville, Gabon(7th)
  • Victoria, Seychelles(13th)
  • Tel Aviv, Israel(19th)




Escritórios brasileiros ajudam na construção da advocacia angolana

Autor(es): Luiza de Carvalho, de Brasília
Valor Econômico - 12/07/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/7/12/escritorios-brasileiros-ajudam-na-construcao-da-advocacia-angolana


Angolanos se inspiram na advocacia brasileira
Os advogados angolanos estão se espelhando nos colegas do Brasil. Depois de uma longa guerra civil, que terminou oficialmente em 2002, a Angola tenta construir uma advocacia privada inspirada no modelo brasileiro. A Ordem dos Advogados de Angola (OAA), que surgiu há pouco mais de dez anos, está levando profissionais para ministrar cursos e ajudar os advogados angolanos a se especializar. Hoje, todos fazem um pouco de tudo.

Com a reconstrução do país e a chegada de multinacionais, a demanda por serviços de advocacia cresceu. Mas não há pessoal suficiente. Com isso, escritórios brasileiros passaram a se associar aos angolanos. O mercado local tem apenas 1.250 advogados e cerca de 50 bancas. Em diversas províncias do país, não há um só advogado. (Págs. 1 e E1)
Os 1.250 advogados angolanos, organizados em pouco mais de 50 escritórios, fazem de tudo um pouco. Não são especialistas. E muitos trabalham parte do dia no serviço público. Mas essa realidade deve mudar. Com a ajuda de profissionais brasileiros, a Ordem dos Advogados de Angola (OAA) tenta estruturar uma advocacia capaz de atender a um país em reconstrução, que saiu de uma longa guerra civil em 2002, e que atraiu inúmeras multinacionais. Advogados estão ministrando palestras e cursos, à convite da entidade, e oferecendo estágios aos colegas africanos. "Existe uma real admiração pela advocacia brasileira, principalmente quando se fala de gestão legal e estratégias", diz o consultor Rodrigo Bertozzi, sócio do escritório Selem, Bertozzi & Consultores Associados, que proferiu em junho uma palestra sobre gestão de escritórios no país.
O sistema jurídico ainda não acompanha o desenvolvimento do país. O código penal, por exemplo, é de 1886. O comercial, de 1888, época em que Angola ainda era colônia portuguesa. Há diversos projetos de lei em andamento no país para reformular os códigos e, só em 2004, foi reformado o marco regulatório para o setor petrolífero. E, mesmo a nova Constituição, que passou a incluir as prerrogativas dos advogados, entrou em vigor somente neste ano.
O atendimento às empresas estrangeiras está concentrado em dez escritórios angolanos de médio porte. Cerca de 80% dos advogados do país que atuam em escritórios privados, no entanto, trabalham parte do dia no setor público ou em outras atividades. Para o presidente da Ordem dos Advogados de Angola, Manuel Inglês Pinto, isso é consequência da transição de um regime socialista para uma economia liberal, em que o Estado ainda é o maior empregador. "Há muita oportunidade para os advogados, mas a atividade ainda não inspira segurança em termos financeiros", diz. Segundo ele, 90% dos advogados estão concentrados na capital, Luanda. Em algumas províncias, como Huambo e Huíla, não há nenhum advogado. "O ideal seria termos seis mil advogados no país para dar conta da demanda atual", afirma.
Realidade bem diferente do Brasil, que conta com 627,9 mil advogados. Em 2008, de acordo com dados do Ministério da Educação (MEC), 85 mil alunos concluíram o curso de direito em universidades públicas e privadas, três mil a mais do que no ano anterior. A experiência brasileira tem despertado grande interesse nos angolanos. De acordo com o consultor Rodrigo Bertozzi, o marketing jurídico, por exemplo, é uma enorme novidade para os advogados angolanos, que começam agora a separar o escritório por áreas de atuação e a concentrar a força em determinados segmentos. "Hoje não há especialização, o que impede que surjam grandes nomes na advocacia do país", diz a consultora Lara Selem, também sócia do escritório Selem, Bertozzi & Consultores Associados.
Pela falta de mão de obra, as empresas estrangeiras chegam ao país assessoradas por escritórios de advocacia estrangeiros - quase todos portugueses e brasileiros, pela facilidade do idioma - que, no entanto, precisam se associar aos poucos escritórios locais, únicos autorizados a atuar em direito angolano. O escritório Tauil & Chequer Advogados associado a Mayer Brown, é associado desde 2002 à banca angolana Carlos Feijó & Raul Araújo Advogados, com cerca de 20 profissionais, que atua nas áreas societária, trabalhista e de imigração. "Há grande dificuldade de encontrar mão de obra qualificada, poucos angolanos têm acesso ao ensino superior", diz o advogado Gonçalo Falcão, sócio do Tauil & Chequer responsável pelas atividades em Angola, que viaja todos os meses para o país africano para monitorar o trabalho dos advogados locais.
Todos os anos, alguns advogados angolanos passam seis meses no escritório brasileiro, que oferece uma espécie de estágio em direito brasileiro. De acordo com Falcão, a falta de especialização dos profissionais angolanos é fruto de um mercado imaturo, natural para um país que por 30 anos permaneceu "morto" economicamente, sobrevivendo basicamente da venda de petróleo. Para o advogado Maurcir Fregonesi Junior, sócio do Siqueira Castro Advogados, escritório que está em Angola há três anos associado a uma banca com cerca de dez advogados angolanos, os profissionais evoluíram muito, especialmente nas áreas de direito regulatório, societário e trabalhista. "No início, tivemos um pouco de dificuldade pela grande diferença entre o nosso modo de trabalhar e o deles."


Petrobras vai disputar pré-sal de Angola

Autor(es): Agencia o Globo/ Ramona Ordoñez
O Estado de S. Paulo - 20/07/2010
Empresa participará de licitação. Maiores rivais são chineses e indianos


A Petrobras está de olho no pré-sal "além-mar", em Angola. Segundo uma fonte, a companhia está se preparando para participar da licitação de blocos no pré-sal angolano, que está sendo realizada pelo governo local. O prazo para a entrega das propostas termina no próximo dia 31.



De acordo com fontes, apesar de ter reduzido seus investimentos no mercado internacional, a Petrobras tem interesse estratégico em descobrir petróleo no pré-sal de Angola. Com menos recursos para investir no exterior, a ideia da Petrobras é participar da licitação associada a outras empresas. A Petrobras participaria como operadora, com 20% do projeto, e os demais parceiros ficariam com 80%.



A Petrobras sabe que vai enfrentar dois fortes competidores no leilão do pré-sal em Angola: a China e a Índia. O país africano tem estabelecido relações mais próximas nos últimos anos com esses gigantes asiáticos, usando, inclusive, as linhas de crédito do China Eximbank. No entanto, o governo angolano tem sinalizado que deseja diversificar os investidores, buscando interessados de outros países, em especial do Brasil.

Governo angolano já teria feito convite informal

O governo de Angola já teria feito um convite informal à Petrobras para participar da exploração de petróleo em seu pré-sal. Essa aproximação também poderá viabilizar uma possível aquisição da Petrobras da participação da italiana ENI na portuguesa Galp, da qual a estatal de Angola Sonangol também é acionista.

A Petrobras já explora alguns blocos no pré-sal angolano, mas ainda não fez descobertas. Segundo fontes, dados geológicos indicam que o pré-sal de Angola tem características semelhantes ao da Bacia de Santos. No entanto, a camada de sal é bem menor do que os dois mil metros em Santos, e a perspectiva é de as reservas de óleo também serem menores. Um fator que tem atraído maior interesse das petrolíferas é a qualidade do óleo, que é muito leve.

A Petrobras atua em Angola desde 1979 e é considerada uma das maiores empresas operadoras de petróleo no país africano.




Um eldorado chamado África

Autor(es): Mariana Mainenti
Correio Braziliense - 19/07/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/7/19/um-eldorado-chamado-africa
 
Crise nos mercados tradicionais faz com que brasileiros mirem oportunidades no continente que não para de crescer.

Crise? Que crise? Enquanto vários países europeus derretem com a crise financeira internacional e os Estados Unidos experimentam uma redução da atividade econômica, africanos preparam-se para atingir níveis de crescimento consistentes, próximos a 7% este ano — o mesmo estimado para o Brasil. De olho nesta tendência, empresários brasileiros estão ampliando os negócios com o continente. A Copa do Mundo acabou, mas o interesse pela África vai além da paixão pelo futebol: em vez arrumar as malas para voltar para o Brasil, eles continuaram com os pés muito bem fincados em solo africano.

Na reunião de seu Conselho Administrativo, que acontece esta semana, a Camargo Corrêa Cimentos vai aprovar o estabelecimento de uma plataforma fixa de trabalho em Moçambique, para acompanhar de perto os mercados da região e as possibilidades de novos negócios — especialmente na Tanzânia, na Zâmbia e na África do Sul. “Estamos em processo de prospecção. Temos olhado potenciais fábricas de cimento já existentes. Se houver oportunidade, vamos em frente”, diz o presidente do Conselho Administrativo da empresa, José Édison Barros Franco.

Do novo escritório permanente da empresa será possível prospectar negócios nos países do sul do continente, uma região com um Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 500 bilhões e uma população de quase 300 milhões de pessoas. No mês passado, a Camargo Corrêa Cimentos comprou do grupo moçambicano Insitec 51% das ações da Cimentos Nacala (Cinac), cimenteira sediada em Moçambique. A empresa adquiriu jazidas de calcário próximas e fará a recuperação da ferrovia que ligará a planta até o porto. A obra também beneficiará o projeto de exploração da Vale na mina de carvão de Moatize. Além disso, em Angola, a cimenteira brasileira tem uma associação com o Grupo Gema em uma nova fábrica da Cimentos Palanca, que está sendo construída em Benguela. “É só o comecinho”, diz Franco.

Primeira brasileira a aventurar-se em Angola — em 1984, bem antes da pacificação do país — a concorrente Odebrecht atua também na Líbia, na Libéria, em Moçambique e no Djibuti. A companhia tem ainda projetos concluídos no Congo, em Botsuana, na África do Sul e no Gabão e está iniciando operação em Gana, com a construção de uma usina de açúcar e etanol. Em 2009, a África foi responsável por um faturamento de R$ 4,2 bilhões, correspondente a aproximadamente 10% do total da organização.

A Odebrecht possui 43 contratos em países africanos. Em Angola, atuou fortemente na reconstrução do país. Em Moçambique, constrói o Aeroporto de Macala e as instalações de Moatize para a Vale – um projeto cujo investimento total estimado é de US$ 1,3 bilhão. A mineradora, por sua vez, também vem ampliando sua aposta na África e está presente em Moçambique, Angola, Guiné, Gabão e África do Sul.

Etanol
Até mesmo países com regiões de conflito são alvo de investimentos das brasileiras. No ano passado, a Dedini, líder mundial no setor sucroalcoleiro, forneceu uma usina completa para a sudanesa Kenana. “Fizemos projeto de viabilidade, análise de risco e não tivemos problema algum. As peças foram produzidas no Brasil e os volumes maiores, em campo. Utilizamos engenheiros brasileiros e mão de obra local de empresas terceirizadas”, conta o presidente da Dedini, Sérgio Leme.

Segundo ele, a empresa aposta no potencial da produção de etanol da África, uma vez que o continente já é produtor de cana-de-açúcar. Por isso, tem planos de ampliar as operações em breve no território africano. Já neste semestre, tem entrega prevista de duas plantas completas, para empresas de Angola e de Moçambique. “Queremos, a curto prazo, estar em Angola, Moçambique, Gana, Nigéria e Serra Leoa”, revela Leme.

Luanda terá centro

Empresários brasileiros estarão circulando durante toda a semana pela Feira Internacional de Luanda (Filda), que começa amanhã em Angola. Não é para menos. Segundo o presidente da Agência de Promoção de Exportação e Investimentos (Apex-Brasil), Alessandro Teixeira, a presença de empresários do Brasil no edição de 2009 da feira gerou negócios que resultaram em US$ 30 milhões em exportações. Diante dos números positivos, a agência decidiu montar em Luanda um centro permanente de negócios.

“Queremos intensificar os contatos na região e fazer análises dos mercados locais”, diz Teixeira. Da Filda deste ano, participarão, por exemplo, empresários do setor de franchising(1), em expansão no continente. “O franchising está em franco desenvolvimento na África, no Egito, na África do Sul, em Angola e no Marrocos”, ressalta o diretor executivo da Associação Brasileira de Franchising (ABF), Ricardo Camargo, que está na África desde a semana passada, acompanhado de representantes da escola de idiomas Wizard, da Vivenda do Camarão e da Global Franchising, consultoria do Habib’s e da Hope, de lingeries.

As empresas visam a tendência de crescimento da classe média consumidora africana, decorrente do próprio crescimento dos países da região. Para Camargo, até mesmo a falta de mão de obra qualificada no continente pode abrir novas oportunidades de negócio: “Empresas que vêm atuando no ramo do ensino profissionalizante, como a Wizard, podem ajudar no aperfeiçoamento da mão de obra”. (MM)

1 - Franquias do Brasil
Em Angola, já estão presentes franquias das brasileiras Sapataria do Futuro, Livraria Nobel, Mundo Verde, Bob’s, Richards, Green (de roupas infantis), Combate (de dedetização) e O Botícário. Na África do Sul, estão Via Uno, O Boticário e Totvs, de computação. Em Moçambique, há Pouco Pano, de moda praia, O Boticário e Totvs.

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