sábado, 18 de dezembro de 2010

Agronegócios

CTNBio libera mais duas variedades de milho e gera polêmica

Autor(es): Mauro Zanatta | De Brasília
Valor Econômico - 17/12/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/17/ctnbio-libera-mais-duas-variedades-de-milho-e-gera-polemica

Em sua última reunião neste ano, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou ontem a liberação comercial de mais dois produtos geneticamente modificados e abriu uma nova polêmica que deve alimentar a guerra interna no início da gestão do futuro ministro da Ciência e Tecnologia, o atual senador Aloizio Mercadante (PT-SP).

Os membros do colegiado aprovaram, pela primeira vez no Brasil, a comercialização de um transgênico composto por um conjunto de genes produzido por duas empresas concorrentes. O milho "piramidado" criado pelas multinacionais Monsantoe Dow AgroSciences reúne três características diferentes em um só produto. O milho, batizado de "MON 89034 x TC1507 x NK603", levantou uma polêmica no plenário: alguns membros questionaram se o produto não serviria apenas para prevenir futuros processos contra eventuais cruzamentos desses genes no campo.
"Ao que parece, as duas concorrentes tentaram se antecipar para não sofrer punições legais que o cruzamento de seus milhos no campo poderia trazer", afirmou o agrônomo geneticista Leonardo Melgarejo, representante do Ministério do Desenvolvimento Agrário na CTNBio.
O presidente da CTNBio, o geneticista Edilson Paiva, defendeu a aprovação: "Isso já é comum lá fora. Temos 500 genótipos de milho aprovados pela nossa Lei de Sementes. E 136 já são transgênicos", afirmou. Procurada pela reportagem, a Monsanto informou que dará explicações sobre a parceria com a Dow apenas hoje.
A reunião também autorizou a comercialização do milho "MON88017" da Monsanto, resistente a pragas da raiz e tolerante a agrotóxicos a base de glifosato. "Essa aprovação é mais um sinal de que a agricultura brasileira caminha a passos largos para o desenvolvimento cada vez mais sustentável", disse, em nota, o presidente da Monsanto do Brasil, André Dias.
Em mais uma polêmica interna, a CTNBio debateu ontem as novas regras sobre o sigilo dos processos. Sem submeter as alterações ao plenário do colegiado, o MCT publicou a Portaria nº 979 para alterar o regimento interno da comissão. O texto determinou que o presidente decidirá sobre os casos de sigilo. Além disso, a portaria estabeleceu que os processos só poderão ser manuseados por servidores da CTNBio ou funcionários da empresa interessada.
Todos os documentos que contenham sigilo não poderão ser acessados. "Isso acaba com a transparência. Antes, eram sigilosas só partes do processo. Agora, passa a ser todo processo", afirmou Leonardo Melgarejo. Na reunião, o consultor jurídico do MCT Alessandro Stefanato afirmou que a portaria "talvez possa melhorar".
O presidente Edilson Paiva afirmou que a portaria não mudará nada nos procedimentos. "A lei permite confidencialidade. Sempre entendemos que era para partes, como proteção da cultivar e patente. E vai ser exatamente isso. Só vai ser confidencial isso. Não muda nada o que fazemos", diz. Mas admite que será necessário um consenso.

Uso de semente certificada de soja avança

Autor(es): Alexandre Inacio | De São Paulo
Valor Econômico - 17/12/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/17/uso-de-semente-certificada-de-soja-avanca

Com praticamente toda a área de soja da safra 2010/11 já semeada no país, as primeiras estimativas da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem) indicam que o uso de sementes certificadas é um dos mais altos dos últimos dez anos. Dos pouco mais de 24 milhões de hectares cultivados, cerca de 70% receberão variedades certificadas.
O resultado representa um avanço de seis pontos percentuais em relação à safra 2009/10, quando 63,6% dos 23,5 milhões de hectares de soja foram plantados com sementes certificadas. Assim, quase dois milhões de hectares a mais estão sendo plantados com variedades registradas e aprovadas pelo governo, fato que tende a melhorar as condições sanitárias das lavouras e garantir melhores níveis de produtividade.
 "No Rio Grande do Sul existe uma tendência de retorno das variedades certificadas. No Estado, onde as sementes "salvas" ainda são maioria, observamos uma redução nessa tradição", diz Narciso Barison Neto, presidente da Abrasem.
O aumento no uso de sementes certificadas coloca o Brasil à frente da Argentina, porém, ainda muito distante dos Estados Unidos, os dois maiores concorrentes na produção e exportação de soja. Segundo Barison, enquanto os argentinos utilizam variedades certificadas em metade da área plantada, nos EUA o percentual supera 90%.
"Infelizmente, com a atual legislação, acho difícil chegar a um patamar semelhante ao americano. Precisaríamos alterar o marco legal existente para avançar", diz Barison, ao se referir à possibilidade de o produtor utilizar parte da sua produção como semente.
Junto com o maior uso de sementes certificadas, cresce também a demanda por variedades transgênicas, segundo as empresas do setor. A estimativa é que 80% da área de soja no Brasil na safra 2010/11 tenha sido plantada com transgênicos ante 65% no ciclo anterior. Até no Paraná, onde o governo estadual tentou criar um polo livre dos transgênicos, o uso da tecnologia ficou perto de 80%.
"Na região de Londrina, 90% da área de soja é transgênica. Houve um grande salto, tanto que neste ano houve uma sobra maior de sementes convencionais nas prateleiras", diz Wilian Guerreiro, gerente de sementes da Belagrícola, revenda com sede no município.
Segundo Guerreiro, no ano passado, a empresa vendeu cerca de 40 mil sacas de sementes convencionais de soja. Já neste ano foram comercializadas 18 mil sacas, uma retração de 55%. No casos das variedades transgênicas, as vendas passaram de 230 mil para 300 mil sacas, aumento superior a 30%.
Na região do Cerrado, a demanda por transgênicos também é maior. A goiana Tecnoseeds, que abastece os mercados da Bahia, Maranhão, Piauí, Tocantins e Mato Grosso e Goiás produz por safra cerca de 250 mil sacas, das quais 85% são transgênicas e apenas 15% são de variedades convencionais. "O potencial produtivo dos transgênicos para o Cerrado melhorou muito. A maioria dos novos materiais são geneticamente modificados, o que fez esse tipo de tecnologia ganhar espaço", diz Laerte Baechtold, diretor da Tecnoseeds.


Importação de trigo sobe 24% em plena safra

Autor(es): Fabiana Batista | De São Paulo
Valor Econômico - 17/12/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/17/importacao-de-trigo-sobe-24-em-plena-safra

O dólar favorável à importação estimulou a entrada no país de um volume crescente de trigo do exterior, sobretudo do Paraguai e do Uruguai. Desde setembro, pico da safra no Brasil, foram importadas 1,351 milhão de toneladas do cereal, 24% mais do que em igual intervalo de 2009. Diante disso, produtores brasileiros pediram que o governo crie restrições à importação do cereal durante a safra no Brasil.
O trigo brasileiro, já 100% colhido, está sendo preterido mesmo com preços menores. O que ocorre, segundo Élcio Bento, analista da Safras & Mercado, é que a diferença no valor não consegue compensar algumas vantagens do trigo importado dos vizinhos do Mercosul, como homogeneidade - no Brasil há mistura de trigo em armazéns.
O trigo do Paraguai chega a São Paulo valendo US$ 330 por tonelada - o produto paranaense está em US$ 320. Já o produto argentino, cuja colheita tem pico este mês, chega a São Paulo por entre US$ 340 e US$ 350 a tonelada.
Em setembro, quando o produto importado começou a entrar no país, a colheita do trigo paranaense já estava em seu pico. No entanto, desde então, pouco vem sendo comercializado de cereal nacional, afirma Flávio Turra, gerente técnico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar).
A produção brasileira está estimada em 6,5 milhões de toneladas. A venda, no entanto, atinge 35% desse total, quando, deveria estar entre 40% e 45%, diz Turra. "Ainda assim, do total de 2 milhões de toneladas vendidas até agora, 1,5 milhão foram via leilões do governo, incluindo as 442 mil toneladas vendidas no leilão de ontem".
Por isso, na quarta-feira o setor triticultor fez uma série de pedidos ao governo para a safra 2011 de trigo. Uma das reivindicações é a restrição à importação do cereal durante a safra no Brasil, que vai de 1 de setembro e 31 de janeiro, afirmou Turra.
Ontem, o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), o embaixador Sérgio Amaral, considerou a restrição prematura. "Neste momento, o trigo tem perspectiva altista", diz Amaral.

A travessia latino-americana :: José Graziano da Silva

Valor Econômico - 17/12/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/17/a-travessia-latino-americana-jose-graziano-da-silva
 
Quais são as linhas de passagem entre as tensões do presente e as possibilidades do futuro na América Latina e Caribe após a maior crise da economia mundial desde 1929?
Uma primeira e auspiciosa constatação mostra que a região sai dessa crise em situação mais favorável do que emergiu em episódios anteriores. Não há uma única explicação para isso, mas o ciclo de alta das commodities encontra-se na origem de um novo padrão exportador.
Entre 2006 e 2008, os preços de algumas matérias-primas praticamente dobraram no mercado mundial. Foi o ápice de um processo que gerou especulação, fome e pobreza em vários pontos do globo. Mas alteraria sensivelmente a relação de troca da economia latino-americana, responsável por quase metade da safra mundial de soja; 40% da produção de cobre e quase 10% da oferta mundial de petróleo cru.
O saldo em conta corrente e a relação entre a dívida externa e as exportações, bem como o acumulado de reservas internacionais - cujo volume quintuplicou nos países em desenvolvimento nos últimos anos - registrariam transformações inéditas nessa travessia. O destaque adquirido pelos Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) ofuscou a amplitude dessa mutação, em que oito de cada dez economias em desenvolvimento cresceriam mais que o mercado americano.
A singularidade regional é que muitos governos souberam aproveitar a margem de manobra extra para inaugurar um ciclo de crescimento comprometido com a redução de um passivo social mundialmente imbatível e um crescimento econômico mais inclusivo.
A inédita convergência de menor vulnerabilidade e maior inclusão gerou frutos menos perecíveis do que supunha o diagnóstico da febre passageira, atrelada ao surto altista das matérias-primas. Diferentemente dos ciclos exportadores anteriores, o atual abarcou múltiplos produtos e estimulou também os demais setores da economia - superando o velho antagonismo entre agricultura e indústria -, o que permitiu capilarizar o emprego e a renda em diferentes cadeias produtivas.
Quando estourou a bolha financeira, em setembro de 2008, essa nova dinâmica já se desdobrara em dois movimentos interligados: o florescimento do mercado de consumo local e uma incipiente, mas sensível, retomada do investimento público e privado.
O Brasil, melhor referência desse novo ciclo regional, não é um caso único. Terceira menor economia da região, o Paraguai, por exemplo, deve liderar o crescimento latino-americano em 2010, empurrado pela construção civil e as exportações agrícolas.
A Cepal calcula que o gasto com políticas sociais na América Latina dobrou de US$ 445 per capita em 1990, para US$ 880 em 2008.
A mesma resiliência é observada na ponta dos avanços sociais, como indica o Panorama Social da América Latina 2010, publicado pela Cepal. O estudo mostra que apesar da contração global, os índices de pobreza mantiveram-se praticamente inalterados em 2009 na América Latina. Porém, num universo em que a exclusão abarca 33% da população, estabilidade ainda quer dizer urgência.
Ela atinge seu grau mais elevado no contingente de 53,1 milhões de pessoas que estavam submetidas à lógica da fome no fim de 2009, um retrocesso diante dos 47,1 milhões registrados entre 2005-2007. A Food and Agriculture Organization (FAO) projeta pequena redução, menos de 1%, nesse total em 2010 e destaca o sinal auspicioso de um chão de resistência favorável a novos avanços.
Mas a menor porosidade social às turbulências externas não garante automaticamente a retificação das assimetrias seculares ainda existentes. Elas se desdobram entre países, replicam-se no interior deles e se reproduzem no amplo gradiente de uma retomada que oscila de uma expectativa de crescimento do PIB de 10% para o Paraguai e 7,5% para o Brasil este ano, a uma média inferior a 1%, no caso de países do Caribe.
Esses impulsos contraditórios ressaltam a importância das políticas públicas na coordenação de qualquer ciclo econômico. A linha de passagem mais promissora hoje consiste em reforçar os vetores endógenos de expansão que assegurem a margem de autonomia na longa e instável convalescença mundial.
Não se trata de apostar em mais do mesmo. O financiamento externo voltou ao patamar pré-crise na América Latina, mas a liquidez internacional revela-se agora um canal de instabilidade que penaliza o câmbio, a balança comercial e a indústria doméstica, ademais de inibir as trocas intrarregionais.
Ampliar o espaço integrado para além do comércio, de modo a compor interações agrícolas e industriais, é um dos requisitos à continuidade da retomada regional. Outro, fortalecido pela experiência recente, é o aprofundamento de políticas sociais, que resgatem o impulso autonomista mais poderoso ainda adormecido na região: a demanda reprimida de 180 milhões de pessoas, apartadas da cidadania pela fome e a pobreza extrema. Incorporar os pobres ao consumo de massa revelou-se um ótimo negócio, não apenas do ponto de vista econômico, mas também para a estabilidade social e política, como estamos vendo no Brasil.

Cai consumo de arroz no domicílio

Autor(es): Rafael Rosas | Do Rio
Valor Econômico - 17/12/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/17/cai-consumo-de-arroz-no-domicilio

 
O combinado de arroz e feijão, símbolo da culinária brasileira, vem perdendo espaço nas mesas das famílias do país. A Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) "Aquisição Alimentar e Disponibilidade de Alimentos", divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que o volume per capita de arroz adquirido pelas famílias caiu 40,5% nos domicílios entre os anos 2003 e 2009. Já a aquisição de feijão apresentou um recuo de 26,4% em igual período. Essa queda reflete novos hábitos e, principalmente, aumento das refeições fora de casa.
Em termos absolutos, a aquisição de arroz pelas famílias recuou de 24,5 quilos anuais per capita observados pela POF referente aos anos 2002 e 2003 para 14,6 quilos na POF dos anos 2008 e 2009. Já o feijão teve redução de 12,4 quilos para 9,1 quilos em igual período.
O analista sócio-econômico da POF, José Mauro de Freitas, ressaltou que o resultado mostra o avanço da alimentação fora de casa. Em 2002-2003, as famílias brasileiras destinavam 24,1% dos seus gastos com alimentação para a refeição fora de casa. No POF 2008-2009 esse percentual saltou para 31,1%. O maior aumento foi na região Sudeste, com as despesas com alimentação fora do domicílio passando de 20,9% do total gasto com comida e bebida para 37,2% entre 2003 e o ano passado.
Freitas ponderou que os resultados indicam uma queda no consumo de arroz e feijão pelos brasileiros, mas os dados mais abrangentes e definitivos poderão ser analisados no primeiro semestre do ano que vem, quando o IBGE divulgará o último questionário da POF 2008-2009, que incluiu a anotação, em um caderneta, dos hábitos alimentares - qual refeição, quantidade, modo de preparo e horário - de 25% da amostra da pesquisa.
"No momento temos apenas uma indicação do que vai ser visto quando analisarmos o último questionário da POF", afirmou Freitas. O analista do IBGE lembrou que a queda na aquisição de arroz pelas famílias chega a 60% entre as POFs de 1975 e 2008-2009. No caso do feijão, o recuo é mais suave, de 49%.
Freitas também citou o crescimento da aquisição de alimentos congelados e industrializados, que, segundo ele, explicam parte da queda da aquisição de arroz e feijão pelos consumidores.
Individualmente, o grupo alimentos e misturas industriais - que inclui desde lasanhas e pizzas congeladas a massas prontas para bolos - foi o que mais cresceu proporcionalmente entre as POFs 2002-2003 e 2008-2009, com um salto de 37%. Em termos absolutos, a aquisição per capita por ano passou de 2,560 quilos para 3,506 quilos.
"Aumentou nos últimos anos a oferta desse tipo de alimento nos supermercados e a melhora da renda também aumenta a possibilidade de consumo pela população", frisou Freitas.

Em casa, brasileiro come pouca fruta e verdura

Autor(es): Clarissa Thomé
O Estado de S. Paulo - 17/12/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/17/em-casa-brasileiro-come-pouca-fruta-e-verdura

Além disso, consumo de açúcar ultrapassa o recomendado, diz pesquisa do IBGE; arroz e feijão estão em declínio

O brasileiro está comendo mal em casa. Frutas e verduras, que deveriam corresponder de 9% a 12% das calorias diárias, representam 2,8%. Açúcares livres equivalem a 16,4% das calorias, quando a recomendação é de 10%. Os alimentos essencialmente calóricos (óleos e gorduras vegetais, gordura animal, açúcar de mesa e refrigerantes) atingem 28% das calorias consumidas. Entre os 20% mais ricos, o consumo desses alimentos ultrapassa a proporção recomendada, de 30%, chegando a 31,8%.
Os dados estão no levantamento Avaliação Nutricional da Disponibilidade Domiciliar de Alimentos no Brasil, feito com base na Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008/2009. Para chegar a essas informações, os técnicos do IBGE analisaram os alimentos nas residências, divulgados na pesquisa Aquisição Alimentar Domiciliar Per Capita.
"Está mal preparado o cardápio dos brasileiros", resume o gerente da POF, Edilson Silva. "Há uma interferência na disponibilidade e preço dos produtos - frutas e legumes são normalmente alimentos de difícil acesso e o preço interfere." Ele ressaltou que a pesquisa demonstra que o consumo de proteína é satisfatório - 12,1% das calorias disponíveis diariamente, quando o ideal é entre 10% e 15%. "Faltando educação alimentar, uma política para ensinar o cidadão a consumir mais legumes, mais frutas."
Ana Beatriz Vasconcellos, coordenadora geral da Política de Alimento e Nutrição do Ministério da Saúde, disse que esse esforço deve incluir o setor produtivo. "É preciso garantir oferta melhor: aumentar o crédito para que produtores façam com que suas frutas, verduras e legumes possam ser distribuídas em todas as regiões. E a melhoria da qualidade dos alimentos industrializados: redução da gordura, do sódio, do açúcar."
No período avaliado - maio de 2008 a maio de 2009 -, a disponibilidade média per capita de alimentos foi de 1.611 calorias. Na pesquisa anterior, era de 1.791. A diferença pode ser atribuída aos alimentos consumidos fora de casa. Comparando-se os resultados com os da POF anterior, de 2002/2003, a despesa com alimentação em casa caiu de 75,9% dos gastos mensais para 68,9%.
O levantamento mostra que o teor de ácidos graxos saturados, cujo consumo está associado a doenças cardiovasculares e diabete, está próximo do limite de 10% das calorias na faixa de renda que vai de R$ 2.491 a R$ 4.150 (9,1%) e de R$ 4.150 a R$ 6.225 (9,5%). A faixa de renda mais alta, acima de R$ 6.225, já ultrapassou o limite recomendado - chega a 10,6%.
A nova POF mostra o aumento da participação no total de calorias de alimentos como pão francês (aumento de 13%), biscoito (10%), queijos (16%), refrigerantes (16%), bebidas alcoólicas (28%) e refeições prontas e misturas industrializadas (40%). Tiveram menor presença arroz (queda de 6%), feijões (18%), farinha de trigo (25%), leite (10%) e açúcar (8%).
Arroz e feijão em queda. O feijão com arroz não é mais o prato-símbolo do cardápio brasileiro. De 1975 para 2009, a compra desses itens caiu drasticamente. O arroz polido perdeu 60% na quantidade anual per capita adquirida - de 31,6 quilos para 12,6 quilos. A do feijão passou de 14,7 quilos anuais para 7,4 quilos (redução de 49%).

Produtores de etanol vão à OMC contra os EUA

Autor(es): A gência O globo / : Karina Lignelli e Fernando Eichenberg
O Globo - 17/12/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/17/produtores-de-etanol-vao-a-omc-contra-os-eua
 
Brasileiros reclamam da decisão do Senado americano de taxar produto importado e da concessão de subsídios

SÃO PAULO e WASHINGTON. A Unica, associação que reúne as usinas de açúcar e etanol da região Centro-Sul, informou ontem que vai entrar com um processo na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra as barreiras comerciais que os Estados Unidos impõem ao etanol brasileiro. Em comunicado, o presidente da Unica, Marcos Jank, disse que o setor se decepcionou com a decisão do Senado americano de manter por mais um ano a tarifa de US$0,54 por galão (3,17 litros) de etanol importado, além dos subsídios que protegem a indústria do etanol de milho americana, estimados em US$6 bilhões anuais.

Jank lembrou que nem "os apelos da sociedade civil americana", que incluíram editoriais de jornais e artigos de opinião, além de mais de 80 mil cartas enviadas por cidadãos ao Congresso americano, foram considerados pelos parlamentares.

"Enquanto assistimos decepcionados à decisão dos senadores, sabemos que os dias de proteção comercial e de subsídios para a produção americana de etanol estão contados, em razão do seu término previsto para o fim de 2011, ou por meio de um litígio na OMC", afirmou Jank no comunicado.

O presidente da Unica destacou ainda que os EUA "não estão comprometidos com um comércio livre e justo que envolve energias limpas".

De acordo com o comunicado, a Unica vai discutir com o governo brasileiro a abertura de uma ação na OMC, já que foram esgotadas as demais opções para resolver as diferenças entre os países pelo diálogo e dentro da legislação americana. "É chegado o momento para que a OMC resolva a questão, à luz do direito internacional e de medidas cabíveis", finaliza a nota.

Joel Velasco, representante da Unica nos EUA, no entanto, não considera a batalha perdida:

- É obviamente decepcionante, mas não um nocaute. Acredito que no próximo round o outro lado (EUA) perderá pontos.

No pacote de medidas aprovado no Senado americano, por 81 votos a favor e 19 contra, foi prorrogada por mais um ano a tarifa de US$0,54 por galão (equivalente a 3,78 litros) de importação do etanol brasileiro. As medidas, a um custo estimado de até US$6 bilhões - de um total de mais de US$1 trilhão do pacote inteiro -, agora deverão ser apreciadas pela Câmara.

- Numa árvore de Natal de US$1 trilhão, puseram um enfeitezinho de US$6 bilhões que não conseguem tirar - queixou-se Velasco.

Para ele, a manutenção da tarifação terá efeito sobre os investimentos no Brasil:

- Ninguém estava planejando aumento das exportações sem a queda da tarifa. O que (a manutenção da tarifa) pode afetar é o nível de investimento no setor sucroenergético no Brasil. Sem o imposto aqui, haveria mais recursos para aumentar a produção para exportação.

No terreno político, o Brasil conta com as alterações no tabuleiro político americano no ano que vem para alcançar seus objetivos. A avaliação é a de que com a nova maioria republicana na Câmara e a relevância do alto déficit fiscal americano, "as chances de uma nova extensão dos subsídios são mínimas", aposta Velasco.

No ano passado, o Brasil exportou cerca de 72 milhões de galões de álcool para os EUA

Produtores de cana temem perder ainda mais terreno

Autor(es): Fabiana Batista | De São Paulo
Valor Econômico - 17/12/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/17/produtores-de-cana-temem-perder-ainda-mais-terreno

Entre 2005 e 2009, mais de cem novas usinas de açúcar e álcool entraram em operação no país. O boom de investimentos totalizou aportes da ordem de US$ 20 bilhões, segundo a União da Indústria da Cana-de-açúcar (Unica) e ajudou a colocar o setor produtor de derivados da cana-de-açúcar em novo patamar no contexto energético brasileiro.
Nesta década, a participação do petróleo e seus derivados na matriz brasileira de energia diminuiu cerca de oito pontos percentuais, de acordo com levantamento da Unica: passou de 45,5%, em 2000, para 37,9%, em 2009. Ao fim desse período, cerca de 18% da energia consumida no país já provinha de derivados da cana-de-açúcar.
Essa ascensão, em boa parte, é explicada pelo largo uso de carros-flex, que permitem que o consumidor opte por etanol ou gasolina, conforme o preço lhe convier. Esse modelo contribuiu para que o consumo de etanol, que em 2000 não chegava a representar metade do consumo de gasolina, superasse a demanda do combustível fóssil pela primeira vez, em 2009.
Apesar do forte fluxo de investimentos, ainda há incertezas sobre se esse ganho de participação da cana na matriz vai perdurar.
Em 2010, por exemplo, as vendas de etanol caíram 3,86% de abril até 1º de dezembro, e a participação das usinas nos leilões de biomassa também vem declinando.
Parte desse movimento de relativa retração no ritmo de crescimento do setor se explica pelo forte movimento de consolidação em curso. Nos últimos dois anos, segundo dados do Itaú BBA, cerca de 120 milhões de toneladas de capacidade de moagem de cana foram negociados e trocaram de mãos. O movimento foi decisivo na entrada de capital estrangeiro no setor, que passou a deter 25% da capacidade instalada no Centro-Sul, ante 6% de cinco anos atrás.
A consolidação trouxe profissionalismo na gestão e contribuiu para robustez financeira do setor, que vinha de um período de crise. Mas também está trazendo um longo período de baixos investimentos em aumento da capacidade instalada - o setor ainda está na fase de "digerir" os ativos incorporados.
Antes da crise mundial se tornar aguda, em 2008, as usinas, que já vinham de uma safra de preços baixos para etanol e açúcar, passaram a entrar no vermelho, pois vinha justamente de uma forte fase de alavancagem.
Em apresentação feita em novembro na Conferência da Datagro, em São Paulo, Alexandre Figlioni, diretor do Itaú BBA, informou que uma parcela importante de usinas já saiu da crise, e estariam aptas a investir.
Mas não é o que está ocorrendo, pelo menos por enquanto. Em 2010, foram raros os projetos de usinas novas que começaram a ser executados. No total, nove usinas foram concluídas e entraram em operação no Centro-Sul na safra 2010/11, ante 19 em 2009/10 e 30 em 2008/09. Para 2011, estão sendo esperadas entre três e quatro novas unidades, segundo a Unica.
O presidente da associação das usinas, Marcos Jank, também não vê apetite de indústrias de açúcar e álcool em investir em novos projetos. Isso porque, de acordo com ele, ainda há uma preocupante instabilidade das políticas públicas para o etanol e para a bioeletricidade.
Para Jank, a retomada dos investimentos em expansão dependerá do nível de segurança que a indústria terá para voltar a gastar. "Os custos de produção estão altos, em patamares que neste ano foram suportados pelos preços recordes do açúcar - e que não vão durar para sempre."

Apesar das melhoras nos portos, as filas persistem

Autor(es): Francisco Góes | Do Rio
Valor Econômico - 17/12/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/17/apesar-das-melhoras-nos-portos-as-filas-persistem


O Brasil vive uma situação de dualidade em relação aos portos: houve avanços nos últimos anos, mas continuam as filas e as esperas de navios. É como se o país tivesse percorrido apenas metade do caminho. Para os empresários do setor, é preciso dar um salto: investir em infraestrutura, sobretudo nos acessos rodoviários e ferroviários, e criar novos terminais, além de expandir a capacidade existente. Também é necessário reduzir a burocracia, com a ajuda da tecnologia da informação (TI), aumentar a produtividade e cortar custos.
A melhoria dos portos também passa por um melhor planejamento. A ideia é fazer com que o escoamento das cargas, a partir das zonas produtoras, seja sincronizado com a chegada dos navios aos portos, evitando longas filas no mar e em terra. Todos esses temas são importantes para empresas, em especial as que operam no comércio exterior.
Com tantos gargalos, as oportunidades de investimento no setor são enormes, tanto para expandir como para criar novos terminais portuários. Os recursos financeiros estão disponíveis no país e lá fora, pois é grande o interesse dos capitais estrangeiros, incluindo os asiáticos, em investir no Brasil. A tendência é de maior competição no setor portuário brasileiro, com possibilidades de operações de fusão e aquisição.

"O aumento da concorrência é uma das maneiras mais eficientes de reduzir custos, e isso também se aplica aos serviços logísticos", diz Lauri Ojala, professor de logística da faculdade de economia de Turku, na Finlândia. Um ambiente regulatório mais previsível também ajuda. Ojala diz que estudos na área de comércio sugerem que custos menores em transporte e logística tendem a ter impacto mais profundo na competitividade das exportações do que a redução de tarifas em igual percentagem.
Nos portos, as privatizações dos anos de 1990 levaram a uma primeira onda de modernização do setor. "Os ganhos de eficiência e o aumento de movimentação foram enormes", diz Richard Klien, vice-presidente do conselho de administração da Santos Brasil, que controla o maior terminal de contêineres da América do Sul, em Santos.
Em 1999, o Brasil movimentou 1,5 milhão de contêineres, volume que este ano deve chegar a quase 5 milhões de unidades. O número reflete o crescimento do comércio exterior, mas ainda existe potencial de expansão. A previsão se apoia no grau de abertura da economia, calculado com base no Produto Interno Bruto (PIB) sobre a corrente de comércio (exportações e importações).
O grau de abertura da economia brasileira era de 12% em 1996 e deve ficar em 21% este ano, diz Klien. Esse percentual é de 39% na Índia e de 59% na China. "A presidente [Dilma Rousseff] herda uma grande melhora na infraestrutura portuária em relação aos acessos marítimos", diz Klien. Só em dragagem, o governo federal comprometeu investimentos de R$ 1,6 bilhão na primeira fase do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), de 2007 a 2010. E estimou R$ 1 bilhão para 2011-2014.
Tiago Lima, diretor da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), diz que este ano a movimentação de cargas nos portos e terminais privativos vai ficar próxima dos patamares de 2008, antes da crise. Naquele ano, o país registrou um volume recorde no movimento de cargas: 768,3 milhões de toneladas. A previsão é de que em 2010 os portos e terminais privativos movimentem cerca de 761 milhões de toneladas, 3,8% a mais do que as 732,9 milhões de toneladas de 2009. Para 2011, a Antaq projeta crescimento de 5,3% sobre este ano.
Lima diz que a infraestrutura existente nos portos e terminais deve atender a demanda de forma adequada, mas reconhece que pode surgir um ou outro gargalo. Ele diz que a agência está pronta para responder as solicitações das empresas, seja para analisar e aprovar ampliações de terminais existentes, permitindo novos arrendamentos, seja para autorizar novas outorgas de terminais privativos.
Na visão das empresas de navegação, a situação continua complicada. O Centronave, entidade que reúne armadores responsáveis por 70% do comércio marítimo brasileiro, diz que houve grande número de cancelamentos de escalas de navios nos portos este ano. "Foram mais de três mil dias à espera de atracação e embarque e desembarque nos portos do país", diz Elias Gedeon, diretor-executivo do Centronave. O cálculo é feito multiplicando-se o número de navios que escalam os portos pelo tempo que as embarcações gastam para realizar a carga ou descarga.
José Eduardo Carvalho, da gestora BRZ Investimentos, entende que a redução de custos nos portos passa pelo aumento da oferta e por uma maior competição entre os terminais. O Logística Brasil, fundo de investimentos em participações gerido pela BRZ, bancou R$ 420 milhões em projetos portuários, recursos que alavancaram investimentos totais de R$ 1,6 bilhão.
Para Nelson Carlini, consultor da BRZ, é necessário dar um novo salto e investir mais em terminais públicos e privados.
Fabrizio Pierdomenico, secretário de planejamento e desenvolvimento portuário da Secretaria Especial de Portos (SEP), diz que continuar a investir em infraestrutura é fundamental, mas deve-se dar prioridade também ao investimento em TI para reduzir a burocracia. A SEP assinou convênio com o governo americano para contratar uma consultoria que vai desenvolver projeto de rastreabilidade de carga. Está prevista a instalação de chips em contêineres para abastecer os portos com informações sobre as cargas. O BNDES também está encomendando estudo de outra consultoria com objetivo de, entre outras coisas, definir como estimular investimentos nos portos.

Campo vive um período de otimismo

Autor(es): Fernando Lopes | De São Paulo
Valor Econômico - 17/12/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/17/campo-vive-um-periodo-de-otimismo

Demanda firme e preços em geral remuneradores nos mercados doméstico e internacional deverão garantir resultados positivos ao agronegócio brasileiro em 2011. Entre representantes do setor, o otimismo é grande sobretudo quanto ao desempenho no primeiro semestre, quando será colhida uma safra de grãos que tende a render margens melhores e dar fôlego novo a economias regionais importantes, com reflexos positivos em outras cadeias produtivas.
Ao mesmo tempo, as transformações que ganharam força no campo nos últimos anos deverão se aprofundar. Inexoráveis, os movimentos de profissionalização e concentração deverão recrudescer em segmentos tão distintos quanto o sucroalcooleiro e o de carnes, e questões relacionadas à governança dos players do setor ganharão ainda mais importância, enquanto a preocupação quanto à responsabilidade socioambiental nas diversas atividades também será maior.
Na pior das hipóteses, apontam as projeções, o agronegócio tem pela frente um ano de manutenção de seu ritmo de crescimento. No melhor cenário, 2011 pode sedimentar as bases para que o país confirme, ao longo da próxima década, um potencial de crescimento na produção e nas exportações de alimentos e biocombustíveis que já colabora para o fortalecimento geopolítico do país no tabuleiro internacional.
Não é para menos. Se em 2011 o Brasil de fato colher 148,8 milhões de toneladas de grãos, como prevê a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o crescimento em relação a 2001 será de 48,4%. No caso da soja, o carro-chefe do agronegócio nacional, o salto na mesma comparação poderá chegar a quase 80%, desde que a próxima colheita não sinta substancialmente os efeitos do fenômeno climático La Niña.
No caso da cana, matéria-prima para açúcar e etanol que puxa a produção de culturas perenes no Brasil, a colheita passará de 293 milhões de toneladas, em 2001, para até 650 milhões no próximo ano, também a depender do clima. A bienalidade que reserva ao café uma safra cheia e outra menor estará no polo negativo, mas os preços estão elevados, enquanto para a laranja, dependerá das cotações do suco, que hoje também estão em elevado patamar.
A partir dessas e outras projeções, o Ministério da Agricultura projeta o valor bruto da produção das 20 principais lavouras do país em R$ 185 bilhões em 2011, um novo recorde histórico, quase R$ 7 bilhões acima da marca alcançada em 2008, quando commodities como soja, milho e trigo atingiram patamares nunca antes vistos. A trinca voltou a subir fortemente em julho passado, alimentando negociações de vendas antecipadas e a expectativa de bons negócios na colheita.
Conforme Fabio Silveira, economista da RC Consultores, a soja, por exemplo, segue sob forte pressão altista, também "advinda da intensificação de movimentos especulativos" em tempos de ações financeiras globais que mantêm o dólar fraco. Mas Silveira espera "algum declínio" dos preços da oleaginosa ao longo do ano que vem, o que corrobora a visão de que o primeiro semestre poderá ser melhor que o segundo, quando estará sendo comercializada uma nova safra do Hemisfério Norte.
"O setor vive um bom momento. O mundo tem que aumentar a produção de alimentos, e esse aumento será no Brasil", afirma Mário Barbosa, presidente da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) e da Vale Fertilizantes, maior fabricante de matérias-primas para a produção de adubos do país.
Após o reaquecimento da demanda pelo insumo para o plantio da safra atual desde setembro, Barbosa espera que o consumo siga firme em 2011. Projeções indicam que até 2050 a população mundial será de 9 bilhões de pessoas, e que a demanda por alimentos aumentará 70% com essa expansão.
Nesse contexto, vale realçar que o fortalecimento do mercado doméstico continua incentivando uma nova dinâmica no agronegócio. Seja com o fortalecimento de agroindústrias no Nordeste, seja pelas compras crescentes de produtos de alto valor, como a carne bovina. Com preços e demanda em ascensão, contudo, os reflexos sobre os índices inflacionários têm sido inevitáveis - e vão perdurar nos próximos meses.
O governo federal sabe disso, e prepara novas medidas relacionadas a estoques e preços para tentar evitar disparadas generalizadas. Na última década intervenções como essas voltaram a aumentar, como também aumentaram as opções de linhas de financiamento com juros subsidiados, a participação do BNDES como fomentador de atividades no campo e o montante de crédito rural com juros subsidiados concedido às agriculturas empresarial e familiar. Neste ciclo 2010/11, o valor de crédito rural à disposição alcança R$ 100 bilhões, outro recorde histórico.
Mas, como ressalva Alexandre Mendonça de Barros, do braço agrícola da MB Associados, ainda é preciso avançar muito na integração das distintas políticas que orientam o campo, inclusive ambientais, para que o Brasil possa voltar a elevar sua área plantada total e consiga, assim, atender as expectativas globais em torno das exportações de alimentos do país. "O governo ainda carece de um entendimento melhor da agricultura", diz Cesário Ramalho, presidente da Sociedade Rural Brasil (SRB). À presidente eleita Dilma Rousseff, Ramalho alertou que não é mais possível o Brasil continuar com políticas diferentes para pequenos, médios e grandes produtores.
Os desafios ambientais para o avanço do agronegócio também são grandes. Prova disso são as discussões em torno do novo Código Florestal e as exigências cada vez maiores dos consumidores de alimentos, que movem os esforços do governo e da iniciativa privada pela adoção de boas práticas ambientais.
O Ministério da Agricultura pretende incentivar a continuidade dos investimentos estrangeiros no agronegócio brasileiro, apesar das discussões em Brasília para impor limites às compras de terras.
Ao mesmo tempo em que quer atrair aportes estrangeiros, o ministério visa acelerar a abertura de mercados para os produtos brasileiros e, assim, manter o setor como o principal produtor de superávit comercial do país. De janeiro a novembro, as exportações do agronegócio renderam US$ 70,4 bilhões, 17,7% mais que em igual intervalo de 2009, e o saldo positivo da balança setorial atingiu US$ 58,3 bilhões, quase 15% maior. Puxados por soja, carnes e açúcar e etanol, os embarques deverão totalizar o recorde de US$ 75 bilhões em todo o ano de 2010.

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