sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Agronegócios

BBM registra a sua primeira operação de financiamento na 'bolsa eletrônica da carne'

Autor(es): Mauro Zanatta | De Brasília
Valor Econômico - 30/12/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/30/bbm-registra-a-sua-primeira-operacao-de-financiamento-na-bolsa-eletronica-da-carne
 


A Bolsa Brasileira de Mercadorias (BBM), controlada pela BM&FBovespa, registrou nesta semana a primeira operação de financiamento para a aquisição de gado bovino em seu novo sistema eletrônico de comercialização.
A inédita transação de R$ 258 mil, registrada na terça-feira pelo frigorífico Boibras, levará a bolsa a encerrar 2010 com um giro de R$ 911,5 mil em negócios na chamada "bolsa eletrônica da carne". A operação, financiada por convênio com o Banco do Brasil, foi contratada dentro da linha de crédito agroindustrial de R$ 8 bilhões, criada em agosto deste ano para alavancar os negócios agropecuários em bolsas de mercadorias.
Mesmo em ritmo ainda lento, o volume de operações na "bolsa da carne" aponta uma tendência de migração da comercialização de produtos agropecuários para meios eletrônicos. "Esse negócio inaugura uma nova fase. Passou um boi e agora queremos que passe a boiada toda", diz o diretor-geral da bolsa, Ivan Wedekin.
Em 2011, a instituição não terá metas, mas apostará na "popularização" desses serviços em todos os mercados agrícolas e pecuários. "Não temos meta específica. Vamos, sim, fazer um grande esforço de divulgação para tornar a bolsa mais popular", afirma Wedekin.
Em seu planejamento para tornar o mercado de opções mais utilizado, a Bolsa tentará demonstrar que benefícios como a redução do "custo de transação" das cadeias produtivas ocorrerá por meio de plataformas eletrônicas. "Ainda estamos no primeiro degrau. Somos complementares ao sistema tradicional, mas agregamos mais segurança às operações", avalia Wedekin.
As vantagens, segundo ele, passam pelo menor risco de crédito, o "casamento" da oferta e da demanda, a transparência na formação dos preços e a liquidação financeira como alternativa de negócios. Os benefícios dos serviços eletrônicos somam-se ao gerenciamento de risco tradicional, seguro da produção e proteção de preços (hedge).
A bolsa encerra o ano com um volume de R$ 800 milhões em transações eletrônicas feitas para a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), além de outros R$ 7 milhões em operações da carteira agropecuária. "Depois da crise financeira de 2008, vivemos um momento de recuperação e de ampliação importante no volume de opções", resume o diretor-geral.
A consolidação da bolsa como uma alternativa aos mercados tradicionais, analisa Ivan Wedekin, passa pela superação de questões culturais dos produtores, que ainda relutam em aceitar a intermediação financeira institucional. "A atual estrutura é de um mercado onde há mais vendedores do que compradores. Isso ainda é um entrave", afirma Wedekin.

Commodities: novo cemitério de analistas

Eduardo Campos
Valor Econômico - 30/12/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/30/commodities-novo-cemiterio-de-analistas

O comportamento do preço das commodities surpreendeu em 2010. No começo no ano a maioria dos analistas não sugeria firme valorização das matérias-primas, justamente por acreditar uma sofrível recuperação mundial.
No entanto, os preços surpreenderam para cima, principalmente na segunda metade do ano. O índice de commodities CRB, por exemplo, subiu mais de 25% desde o fim de agosto.
Tal disparada atingiu em cheio a inflação nos mercados emergentes e o Brasil não escapou de tal movimento, mesmo com a valorização do real amortecendo as oscilações nos preços.
Olhando para 2011, não há resposta única nem avaliação certeira sobre o tema.
Por isso mesmo, o economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luis Otavio de Souza Leal, lembra que o tema commodities é o novo "cemitério dos analistas", justamente pela dificuldade de predição.
Mesmo sabendo dos riscos, vamos em frente. O preço das matérias-primas responde, basicamente, a um tripé, composto pela relação oferta e demanda, especulação/liquidez e preço relativo (por ser cotado em dólar, o preço tem que oscilar conforme a moeda americana).
Começando pela relação oferta e demanda, há problemas estruturais. Os estoques de alguns produtos estão baixos (alimentos) e a ocorrência de catástrofes naturais torna bastante plausível episódios de restrição de oferta.
Fazendo frente a esse possível problema, temos a China em claro modo de desaceleração. Porém, no caso da China, uma restrição de demanda pegaria commodities metálicas, e não os alimentos, que são inelásticos ao preço.
O segundo ponto é a questão especulação/liquidez. Nesse ponto, Leal não acredita em maior expansão monetária nos EUA nem na Europa. Nos EUA, conforme a economia mostra fôlego, a chance é de o Federal Reserve (Fed), banco central americano, reduzir e não ampliar o pacote de compra de títulos do Tesouro.
O terceiro e último ponto envolve os preços relativos. Leal não trabalha com uma firme desvalorização do dólar. Portanto, se o viés da moeda americana é de alta, a tendência natural é de commodities estáveis ou perdendo força.
"Juntando tudo isso, quem acha que as commodities vão bombar em 2011 tal vez esteja exagerando um pouco", concluiu o economista.
O contraponto, ou seja, a percepção de que as matérias-primas podem seguir tomando força em 2011, parte de alguns pressupostos.
Entre eles, que a recuperação nos EUA não é tão firme assim. Então, o Fed deve continuar com sua política expansionista. E esse excesso de dólares é que acaba dando ímpeto ao preço nos insumos.
Nesse cenário, a valorização no preço do petróleo, milho, trigo ou qualquer outro produto está descolada de fundamentos, mas, sim reflete o investidor, buscando rendimento em ativos reais dentro de um mundo ainda incerto (o mesmo raciocínio vale para o comportamento das bolsas de países desenvolvidos, que sobem com firmeza, mesmo em um quadro ainda obscuro de retomada).
E o Brasil com tudo isso? Se o mercado se mostrar mais propenso ao primeiro cenário, ótima notícia para o Banco Central (BC), pois há a tal "influência externa deflacionária", que apesar de esperada não deu as caras em 2010, pode virar fato.
Já se o preço dos insumos seguir avançando (é comum previsões de petróleo a US$ 100 o barril), mais trabalho para o BC, não só pelo risco de "inflação importada", mas pelo impacto desses preços sobre as expectativas de inflação.
No limite, diz um economista que pediu para não se identificar, petróleo e alimentos muito mais caros podem colocar em risco a tentativa de retoma das economias centrais, pois consomem grande parte da renda disponível do consumidor.

Plano do país afetará vendas do Brasil

Autor(es): Marcos de Moura e Souza | De São Paulo
Valor Econômico - 30/12/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/30/plano-do-pais-afetara-vendas-do-brasil
 
 
A intenção do governo do Japão de mudar suas políticas de benefícios tarifários para países em desenvolvimento deverá afetar exportadores brasileiros.
O Brasil é um dos países beneficiados pela Sistema Geral de Preferências do Japão. O sistema concede tarifas mais baixas ou isenções tarifárias a uma série de produtos de um total de 140 países.
Anteontem, uma autoridade do Ministério das Finanças afirmou que Tóquio estuda uma revisão do SGP, que implicaria na retirada de vários produtos do sistema. A iniciativa, segundo o governo, é uma forma de ajudar a acelerar o crescimento da economia japonesa.
Em 2009, o Brasil exportou US$ 4,26 bilhões para o Japão. No topo da pauta aparecem minério de ferro, carne de frango congelada, alumínio, café não torrado e soja, itens que juntos representaram mais da metade das exportações, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic), com base nas declarações dos exportadores.
Do total embaracado para o Japão em 2009, 548 itens brasileiros entraram no mercado japonês pelo SGP - ou US$ 408,68 milhões. Café em grão não torrado e concentrados café, catodos de níquel, glutamato e carne de frango congelada lideram, em valores, a lista dos produtos beneficiados pelas tarifas especiais.
O Mdic não informou quais produtos estão entre os que entram no Japão com as tarifas mais baixas graças ao SGP e que, portanto, seriam mais afetados, se a reforma for aprovada. A planejada revisão afetará principalmente os produtos da China e poderá eliminar 450 itens fabricados pelo país e que hoje entram no Japão com tarifas menores e ou livre de cobranças.

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