terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Agronegócios

Preço recorde faz algodão renascer em SP

Autor(es): Fabiana Batista | De São Paulo
Valor Econômico - 27/12/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/27/preco-recorde-faz-algodao-renascer-em-sp

Afetado nas últimas décadas por pragas, preços baixos e pela hegemonia da cana-de-açúcar, o cultivo de algodão no Estado de São Paulo ganhou nesta safra um novo impulso com os preços recordes da commodity que em 2010 subiram 75,83% na bolsa de Nova York. Levantamento feito pela Associação Paulista dos Produtores de Algodão (APPA) mostra que o plantio da cultura, finalizado este mês, mais que triplicou nesta safra 2010/11 na comparação com a anterior.
Foram plantados, segundo a entidade, 16 mil hectares, ante os 4,9 mil registrados na temporada passada. "A cultura ocupou a área da soja e está concentrada na região de Avaré, distante 269 quilômetros da capital paulista", diz Ronaldo Spirlandelli de Oliveira, presidente da APPA.
O Brasil deve cultivar nesta temporada 30% mais algodão, o que significará uma área próxima de 1 milhão de hectares. São Paulo representa, portanto, com seus 16 mil hectares, uma fatia pequena da área total nacional. Mas, São Paulo já chegou a ser o maior produtor de algodão do Brasil, entre as décadas de 1970 e 1980, com cultivo espalhado por todas as regiões do Estado, lembra Oliveira.
Na época, a pouca disponibilidade de tecnologia para combater o bicudo, a principal praga do algodão, fez a produção encolher fortemente, condição que foi seguida de anos de preços baixos e, depois, da expansão da cana-de-açúcar, explica. "O Estado já chegou a plantar 380 mil hectares de algodão, na safra 1994/95", diz.
A maior parte da área cultivada nesta temporada, segundo Oliveira, foi no município de Campos de Holambra, ao sul do Estado - antigo distrito do município de Paranapanema. Dos 16 mil hectares plantados, 13 mil estão na cidade, colonizada por holandeses tradicionais que, em grande parte, estão organizados em cooperativa - a Cooperativa Agro Industrial Holambra - que lidera a produção, não só de algodão, mas de cereais e flores na região.
O mesmo patamar de plantio desta temporada foi atingido pela última vez na safra 2007/08, ou seja, há três ciclos. Por isso, explica o presidente da APPA, não serão necessários grandes investimentos em maquinários de lavoura e para beneficiamento da pluma.
Mas, os custos de produção, bem mais altos do que no Centro-Oeste, continuam sendo um gargalo. "Precisamos de investimentos em pesquisa para implantar o algodão adensado, que reduzirá em até 15% nossas despesas", diz.
A demanda de pesquisa deve ser encaminhada ao Instituto Brasileiro do Algodão (IBA), criado para gerir os recursos que serão aportados pelos EUA para compensar os subsídios dados ilegalmente a produtores americanos, conforme decidido na Organização Mundial do Comércio (OMC).
Atualmente, o custo para produzir um hectare de algodão nessa região de São Paulo é de R$ 4,5 mil, ante os R$ 3,8 mil do Centro-Oeste. O preço da terra e a necessidade de irrigação ajudam a compor esse valor. "Ainda assim, teremos uma rentabilidade de 20% a 25%", diz. Isso porque, detalha ele, a arroba em São Paulo vale R$ 1 a R$ 1,50 mais do que no Centro-Oeste - em Cuiabá (MT) a arroba fechou a quinta-feira a R$ 93,60. No mesmo dia, o contrato com vencimento em maio na bolsa de Nova York fechou a US$ 1,3467 por libra-peso, um recuo diário de 502 pontos.
Os preços recordes também estão mudando a forma de comercialização em São Paulo. Oliveira conta que pela primeira vez o cotonicultor do Estado está vendendo antecipadamente. Das 24 mil toneladas esperadas para serem colhidas em 2011, de 5 mil a 6 mil já foram vendidas ao patamar médio de US$ 1,09 por libra-peso. "Até a véspera da colheita, esse percentual será de 60% da produção", diz.

Curtas

Valor Econômico - 27/12/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/27/curtas
 
Carne para os EUA
O Brasil vai retomar hoje as exportações de carne bovina termoprocessada para os EUA, informou o Ministério da Agricultura. A decisão de autorizar as vendas foi do Serviço de Inspeção e Segurança Alimentar dos EUA. As vendas estavam suspensas desde maio depois que os EUA encontraram níveis do vermífugo ivermectina acima do permitido na carne. O Brasil decidiu adotar a mesma metodologia aplicada pelos EUA para avaliar o nível de ivermectina, a partir do exame no músculo do animal.
CRP na Camera
A gaúcha Camera, que atua em soja, trigo e milho, fechou acordo para aumento de capital com o fundo CRP. A empresa terá aumento de capital de 17% e os atuais sócios, que não venderam suas ações, terão 83% do capital. A previsão é de investimentos de R$ 200 milhões nos próximos cinco anos.

Operadores enfrentam perdas nos portos

Autor(es): Fernanda Pires | Para o Valor, de Santos
Valor Econômico - 27/12/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/27/operadores-enfrentam-perdas-nos-portos

A despeito de ganhos visíveis de produtividade que os terminais portuários operados pela iniciativa privada apresentaram nos últimos anos, ainda há muitos gargalos a serem vencidos. Somente no setor de contêineres, o armador Hamburg Süd, líder no tráfego com o Brasil, perdeu US$ 80 milhões em razão das longas filas de navios nos portos nacionais, que somaram o equivalente a 8,2 anos. O prejuízo é 29% maior que o recorde registrado pela empresa em 2008. Levando em conta que a companhia alemã responde por aproximadamente 20% do mercado de navegação de contêineres na região, dá para ter uma ideia de quanto o setor amargou no ano pós-crise, quando a retomada dos volumes expôs o que ainda há por fazer no setor portuário.
O pico dos problemas foi entre os meses de agosto e novembro. As cargas de importação ficam mais tempo nos pátios para serem liberadas e, neste ano, com o crescimento exponencial das importações, a taxa média de permanência dentro dos terminais mais que dobrou - de cinco para 11,5 dias -, estima o diretor-superintendente da Hamburg Süd, Julian Thomas. Em algumas instalações marítimas, o número foi a 18 dias.
"Quando acontece isso essas pilhas de contêineres se amontoam dentro do terminal afetando a produtividade da instalação como um todo. Como quase não tem espaço, a operação do navio fica mais lenta, menos produtiva, aí acontecem as filas de navios esperando para atracar nos poucos berços que existem", explica. Tornou-se um círculo vicioso. Com as filas, os armadores perdem as janelas de atracação - garantia que a companhia tem de parar o navio em determinado berço quando a escala é regular - e têm de entrar na fila comum, perdendo as escalas nos portos subsequentes.
Thomas pondera que novos investimentos em terminais e berços para movimentar contêineres estão sendo feitos, especialmente em Santos, que responde por 40% dos embarques e desembarques da Hamburg Süd. Mas as obras devem ficar prontas no médio prazo. No caso do armador, mesmo com a entrada em operação do porto de Itapoá (no qual é sócia, em Santa Catarina), essas adições serão insuficientes. "É preciso que sejam licitados novos terminais e a gente entende que isso está sendo ou vai ser no novo governo. São soluções de longo prazo".
Num país onde o investimento em infraestrutura sempre veio a reboque da demanda, desatar um nó muitas vezes joga luz sobre o próximo problema. Parte da solução está em entender os portos apenas como um dos elos de uma cadeia maior e interdependente que começa na fazenda ou na fábrica. "Não adianta apenas os terminais marítimos funcionarem 24 horas, tudo o que está atrás também precisa trabalhar assim", afirma o executivo, referindo-se aos depósitos de contêineres, recintos alfandegados, entre outras instalações na zona secundária e no interior.
Para o coordenador do Comitê de Usuários dos Portos do Estado de São Paulo (Comus), José Cândido Senna, falta educação logística. "Não há alternativa senão coordenar a programação de envio de carga com a chegada da embarcação". Há anos ele empunha a bandeira do "Porto 24 horas", programa que se baseia na tentativa de conscientizar o produtor no interior e na capital, os órgãos anuentes e os empresários que atuam no sistema portuário sobre a necessidade de sincronia entre origem e destino. Mas ressalva: "Não defendo que seja criado algum órgão regulando a carga que vai de Marília (interior de SP) ou de Palmas (TO) para Santos. Há espaço para a prestação de serviço associado à articulação de players de logística para que essa logística seja racional. Isso transcende os limites do porto organizado", diz.
Para ele, o fato de o volume de movimentação em Santos ter "passado pelo funil e saído de 80 milhões de toneladas para 100 milhões de toneladas (previsão para 2011)" pode fazer supor que o sistema está bem. "É claro que houve enormes ganhos de produtividade ao longo dos anos no cais, ainda mais com o processo de modernização dos terminais portuários. Entretanto, eles não se refletem na retaguarda". Ele chama atenção para os benefícios concedidos ao embarcador para a carga permanecer nos pátios. O importador paga a mesma quantia se o contêiner ficar um ou dez dias. Essa condição, associada ao câmbio, faz com que os embarcadores se valham do tempo máximo para nacionalizar a carga. "É um tiro no pé", diz..
Exportadores reclamam da falta de espaço com aumento de contêineres de importação. Com isso, não podem desfrutar do chamado "free time", que concede ao exportador sete dias sem custo para a entrega do contêiner no terminal. "Mas os terminais não têm espaço físico para oferecer essa oportunidade", diz o diretor da Cointra Total Logistics, Dorival Honorato.

Nenhum comentário:

Postar um comentário