sábado, 18 de dezembro de 2010

Indústria

Bloco quer acordo para proteger empresas

Valor Econômico - 17/12/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/17/bloco-quer-acordo-para-proteger-empresas

O Mercosul terá um acordo para proteger os investimentos de suas empresas nos quatro países que formam o bloco. A decisão de dar início às negociações foi comunicada pelo ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, e marca uma guinada da diplomacia brasileira com relação a esse tipo de acordo.
Na década de 90, o Brasil assinou quase 20 tratados de proteção recíproca de investimentos, a maioria com países da Europa. No fim do governo Fernando Henrique Cardoso, eles foram retirados do Congresso, onde esperavam o processo de ratificação. O Itamaraty argumentava contra as cláusulas sobre a resolução de disputas em cortes internacionais de arbitragem e contra as regras de indenização por desapropriações.
Com um estoque de investimentos na Argentina estimado em US$ 8 bilhões, o Brasil se vê agora na condição de sede de multinacionais que procuram maior amparo jurídico em países vizinhos. Um exemplo desse novo papel é a exploração, pela Vale, de uma mina de cloreto de potássio na Província de Mendoza. O investimento, em torno de US$ 4,5 bilhões, é um dos mais altos já feitos por uma companhia estrangeira na Argentina.
Por isso, Amorim recorreu aos próprios acordos mantidos pela Argentina e pelo Uruguai para justificar a necessidade de um tratado dentro do bloco. "Por que, se vários países dão proteção a investimentos de fora do Mercosul, não podemos estender essas garantias aos sócios do Mercosul?", disse o chanceler.
A questão agora é até que ponto, tendo um acordo com os países vizinhos, o Brasil não ficará pressionado a negociar tratados semelhantes também com países europeus. O governo brasileiro não está disposto mais a assumir os mesmos compromissos da década de 90, até porque mudou a percepção do país diante dos investidores.
Uma sinalização clara disso está na nota distribuída pelo Itamaraty, onde se lê que "o acordo (a ser negociado no Mercosul) atende plenamente as preocupações do Congresso Nacional brasileiro com relação a acordos de proteção de investimentos".
Se estendidos a outros países da América do Sul, esses acordos tendem a dificultar ações vistas no passado recente, como a invasão da Bolívia às refinarias da Petrobras, a expulsão da Odebrechtno Equador, e a nacionalização da siderúrgica Sidorpelo presidente Hugo Chávez, na Venezuela.

GM põe em marcha plano para operar sem dívidas

Autor(es): Sharon Terlep | The Wall Street Journal
Valor Econômico - 17/12/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/17/gm-poe-em-marcha-plano-para-operar-sem-dividas
 
 
O diretor financeiro da General MotorsCo. prepara uma mudança radical na estratégia da montadora - quitar praticamente todas as dívidas em poucos anos e depois mantê-las bem próximas de zero.
 
A GM, como muitas empresas industriais, há muito opera seus negócios com bilhões de dólares emprestados. Mas o alto nível de endividamento foi um dos problemas que forçou a empresa a passar por uma recuperação judicial financiada pelo governo americano ano passado, quando as vendas desabaram.
 
Agora, novos administradores de fora da indústria automotiva estão repensando como a GM opera, inclusive seu vício em endividamento.
 
Chris Liddell, ex-diretor financeiro da MicrosoftCorp. que entrou na GM em janeiro, surpreendeu investidores durante a apresentação da reabertura de capital da empresa, recentemente, prometendo que a montadora iria quitar mais de US$ 20 bilhões em dívidas e obrigações com seu fundo de pensão. A GM, disse ele, ficaria apenas com um pequeno volume de dívida - principalmente para manter sua avaliação de crédito - no longo prazo.
 
"Queremos ser mestres do nosso próprio destino" e não depender apenas do crédito dos outros, disse Liddell.
 
Isso seria uma mudança drástica para a GM, que, como seus concorrentes de Detroit, sempre se endividou para ajudar a financiar os negócios quando a indústria automotiva enfrentava suas crises periódicas.
 
Muitas empresas e analistas que acompanham o setor consideram a dívida uma ferramenta empresarial valiosa. Aproveitar a boa avaliação de crédito de uma empresa bem administrada com a emissão de debêntures é uma maneira há muito estabelecida de financiar um negócio. As dívidas também proporcionam certos benefícios fiscais.
 
Muitas montadoras e fabricantes de autopeças começaram a repensar a maneira como usam os financiamentos desde que a crise financeira coibiu o crédito. Mas a GM está numa situação peculiar. O endividamento foi uma das coisas que ajudaram a afundar a empresa e agora - no momento em que volta às bolsas - ela precisa provar que está sendo administrada de maneira mais prudente. E a GM tem US$ 45,4 bilhões em isenções fiscais oriundas de prejuízos antigos e outros fatores.
 
"A nova GM está tentando ser a nova GM", disse a analista Kimberly Noland, da Gimme Credit, uma firma americana de análise de renda fixa. No longo prazo ela prevê que a GM vai precisar voltar a tomar empréstimos.
 
Em 2006, a Ford Motor Co. tomou emprestados quase US$ 25 bilhões para financiar suas operações futuras. A Ford então pareceu sagaz quando a crise forçou os bancos a fechar as torneiras do crédito para as montadoras. Mas agora a Ford enfrenta um endividamento muito maior que o da GM e está tentando diminuí-lo.
 
Enquanto isso, a estratégia de pouca dívida adotada pela ToyotaMotor Corp. ajudou a empresa japonesa a continuar investindo em desenvolvimento de novos veículos ano passado, quando divulgou o pior desempenho financeiro de sua história.
 
Mesmo assim, o plano da GM ainda tem seus riscos. Se o mercado automotivo sofrer um novo baque sério, a GM pode não conseguir continuar financiando novos modelos e outros investimentos só com o lucro que obtiver.
 
O analista de crédito Robert Schulz, da Standard and Poor's, disse que o objetivo de manter as despesas de capital sem precisar de novos empréstimos é razoável contanto que a GM continue gerando caixa em suas cruciais operações norte-americanas. Schulz disse que "não é irreal" para a GM alcançar a meta de eliminar totalmente suas dívidas nos próximos anos.
 
O fato de que a GM pode até cogitar um futuro com um mínimo de dívidas é fruto de sua concordata, que cortou substancialmente o montante devido. Antes da recuperação judicial, a GM devia US$ 45 bilhões. Mês passado, o total passou para US$ 12 bilhões em dívidas e ações preferenciais (que no caso dela funcionam como dívidas, mas com participação no capital), embora ela ainda deva US$ 23 bilhões a seus fundos de pensão.
 
A concordata também baixou sensivelmente o custo operacional da GM, com concessões de sindicatos e fechamento de fábricas.
 
"Estamos numa indústria cíclica com custo fixo alto", disse Liddell. "Complementar isso com alavancagem financeira não faz o menor sentido."
 
Durante o road show da GM para promover sua reabertura de capital, alguns potenciais investidores questionaram se o agressivo plano da empresa para quitar suas dívidas seria um tiro pela culatra e sugaria recursos de possíveis investimentos em produtos e em outros segmentos. Liddell disse que alguns executivos da GM fizeram a mesma pergunta, mas, no fim, se convenceram de que a empresa tem amplos recursos para investir adequadamente e também quitar dívidas.
 
Ao eliminar a maior parte da dívida, a GM espera cortar a ligação entre as vendas da empresa e a capacidade dela de investir em novos veículos. Cortes como esses exacerbam os efeitos de uma crise, porque os novos veículos normalmente levam entre três e quatro anos para ser desenvolvidos.
 
"A ideia é que deveríamos investir em pesquisa, desenvolvimento e capital, sem nos importarmos com as condições do mercado", disse Liddell.

Nenhum comentário:

Postar um comentário