quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Agronegócios

Cooperativas ganham reforço institucional

Autor(es): Mauro Zanatta | De Brasília
Valor Econômico - 29/12/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/29/cooperativas-ganham-reforco-institucional
 

 
O movimento cooperativista brasileiro acaba de ganhar um significativo reforço institucional neste fim de ano. Cinco anos após sua constituição inicial, a Confederação Nacional das Cooperativas (CNCoop) obteve o registro sindical concedido pelo Ministério do Trabalho.
Mais do que o reconhecimento oficial a uma entidade patronal de terceiro grau, o registro amplia o poder político das 7,3 mil cooperativas do país ao garantir a representação, em âmbito nacional, dos "interesses gerais" da categoria econômica e de seus filiados em todas as esferas. "Essa foi uma das maiores conquistas institucionais das cooperativas desde o século XIX", afirma o presidente da CNCoop e da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Lopes de Freitas.
Ao representar quase 300 mil empregados de cooperativas reunidos em 44 sindicatos estaduais e cinco federações regionais, a CNCoop passará a ter assento em conselhos importantes como o que comanda o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e seu orçamento recorde de R$ 50 bilhões. "Teremos acesso a outros conselhos de ministérios, ao fórum do sistema "S", com mais legitimidade ao Sescoop", diz Freitas.
O registro da CNCoop também sepulta uma disputa de bastidores pela unicidade sindical entre as chamadas cooperativas de economia solidária e a OCB. Parte do governo apoiava uma solução negociada entre a OCB e a União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes). "Agora, teremos unicidade de representação sindical na CNCoop. Ela é oficialmente a legítima representante das cooperativas em todos os ramos", afirma Márcio Freitas.
A OCB reúne 8,3 milhões de associados de 7,3 mil cooperativas distribuídas em 13 ramos. Somadas, faturaram R$ 90 bilhões em 2009 e responderam por 5,4% do PIB brasileiro. O ramo agropecuário tem maior peso. São 945 mil associados em 1.615 cooperativas, com 140 mil empregados. Neste ano, devem superar 40% do PIB agropecuário e US$ 4 bilhões em exportações.
Mesmo com a histórica vitória da representação sindical, as cooperativas ainda têm obstáculos a superar no Congresso Nacional. A Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou, em regime extra-pauta, uma versão da nova Lei do Cooperativismo considerada contrária ao interesses do segmento. O texto, cuja relatoria ficou a cargo do senador Augusto Botelho (sem partido-RR), prevê a criação de organismos para "controlar" a atividade cooperativista no país.
"O relatório está ruim. Certamente, os senadores imaginavam nos ajudar, mas houve um ruído no meio do caminho. Temos que voltar a discutir isso em 2011 em outras comissões ou no plenário", diz Márcio Freitas.
O relatório, segundo avaliação da OCB, deixa "em aberto" a representação das cooperativas e não dispensa tratamento diferente ao chamado ato cooperativo - as transações comerciais entre os associadas e suas cooperativas. O texto também não prevê a possibilidades de aporte externo de capital nas sociedades. Nem de empresas nacionais ou estrangeiras. "Esse é um ponto fundamental para dar mais vigor às cooperativas de crédito, por exemplo", afirma o presidente da OCB.

Mercados de commodities receberam US$ 60 bi no ano

Autor(es): Assis Moreira | De Genebra
Valor Econômico - 29/12/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/29/mercados-de-commodities-receberam-us-60-bi-no-ano
 

 
O total de investimentos financeiros nos mercados de commodities baterá novo recorde ao alcançar cerca de US$ 360 bilhões esta semana. Dez anos atrás, esse segmento de ativos só representava US$ 10 bilhões sob gestão. Conforme o banco BarclaysCapital, de Londres, o fluxo líquido de investimentos adicionais nos índices de commodities este ano deve fechar próximo dos US$ 60 bilhões. Investidores institucionais dominaram as aplicações em matérias-primas em 2010, diversificando seus ativos.
Para analistas, o "afrouxamento monetário" nos países desenvolvidos continuará empurrando mais investidores para ações e matérias-primas, em vez de títulos de dívida, por exemplo. Além disso, a atração se explica pela explosão de preços em 2010 em vários mercados de commodities. Produtos como algodão, paládio, café e trigo tiveram altas históricas, superando inclusive a alta de preço do ouro.
O desempenho das commodities é ainda mais significativo porque ocorre no rastro da pior recessão dos últimos tempos que causou um massacre ao redor do mundo.
Os preços de cobre, estanho, borracha e carne de porco também alcançaram recordes históricos este ano. As cotações de açúcar e prata foram as maiores em 30 anos, enquanto as de café e paládio superaram os picos de 13 e 10 anos respectivamente. O crescimento da demanda de petróleo, principal matéria-prima mundial, foi o mais forte em trinta anos. A importação de carvão deve igualmente bater recorde.
Também a demanda global deve superar os picos históricos no biênio 2010/2011 para a maioria dos produtos agrícolas, de acordo com o Barclays. Somente as importações de milho por parte da China aumentaram 3000% em um ano.
O Rind Index, que monitora metais de base atípicos que não são negociados em bolsa, cresce junto com os preços de commodities em geral, indicando a persistência da forte demanda na Ásia. Sem surpresa, a China representa a maior parte dessa demanda.
No entanto, os investimentos financeiros em commodities estão sob crescente pressão de governos, que veem ampliação anormal da volatilidade dos preços e danos para produtores e consumidores.
Em novembro, a forte queda nos preços de matérias-primas durou pouco, mas serviu para ilustrar essa situação. Somente a cotação do açúcar caiu 20% em dois dias.
Essa volatilidade entra de vez na agenda internacional com a decisão da França de buscar no G-20, que reúne as maiores economias desenvolvidas e emergentes, uma melhor regulação dos mercados financeiros ligados às commodities.
Paris estima que os derivativos, concebidos como proteção contra grandes flutuações de preços, tornaram-se ativos financeiros como os outros, utilizados para especulação e favorecendo, na prática, as repentinas altas e baixas dos preços agrícolas e de commodities ligadas à energia.
Estudo preliminar da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), espécie de clube dos países ricos, avalia no entanto que no geral a volatilidade dos preços das matérias-primas não é muito diferente do que aconteceu nos últimos 50 anos para vários produtos. Ou seja, saltos de preços da maioria das commodities agrícolas nos últimos 50 anos seguiram um ritmo similar - valorização em um ano seguida de forte queda no seguinte.


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