quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Finanças

Em 5 anos, US$ 60 bi saem da Argentina

Autor(es): Ariel Palacios
O Estado de S. Paulo - 14/12/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/14/em-5-anos-us-60-bi-saem-da-argentina

Fuga de capital ocorre por temor de intervenção na economia e foi mais intensa durante conflito entre Cristina e o presidente do BC

A Argentina acumula meia década de permanente fuga de capitais, segundo dados do Banco Central. De janeiro a setembro de 2010, a fuga foi de US$ 9,194 bilhões. As estimativas do BC indicam que, no total, em 2010, a saída de divisas chegará a US$ 10,9 bilhões, embora economistas independentes afirmem que poderia alcançar a faixa de US$ 11,5 bilhões.
A fuga foi mais intensa entre março e abril, meses nos quais o governo da presidente Cristina Kirchner estava em conflito com o então presidente do BC, Martín Redrado. A crise provocou incertezas e intensificou temores de maior intervenção estatal na economia.
Ao longo desta década, segundo os dados preliminares do Banco Central, a fuga total teria sido de US$ 60 bilhões. O único ano sem saída de capitais desde a posse dos Kirchners, em 2003, foi 2005, ano em que a Argentina fez a reestruturação dos títulos da dívida pública com os credores privados. Em 2006, a fuga foi de US$ 2,939 bilhões; em 2007, de US$ 8,872 bilhões.
Mas, o ponto culminante da fuga de divisas ocorreu em 2008, quando o governo da presidente Cristina Kirchner aplicou um "impostaço agrário" que causou a rebelião do setor ruralista, provocando instabilidade política e econômica. Naquele ano, saíram do país US$ 23,098 bilhões.
Em 2009, o confronto do governo com os meios de comunicação e diversas medidas de intervenção estatal na economia suscitaram temores em diversos setores da sociedade argentina. Nesse contexto, a fuga de divisas foi de US$ 14,1 bilhões no ano passado.
Os analistas destacam que, embora a fuga de divisas deste ano seja menor, o volume está acima da média da fuga registrada entre 2002 e 2007, de US$ 3 bilhões.
Colchão. Desconfiados dos governos de plantão e dos bancos instalados no país, os argentinos acumularam ao longo das últimas décadas uma substancial parte de suas economias em depósitos em instituições financeiras no exterior. Quando o dinheiro ficava no país, optaram por escondê-lo em caixas de segurança, embaixo dos colchões e nos mais variados esconderijos domésticos.
Os últimos dados do Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec) indicam que os argentinos têm fora do sistema bancário mais de US$ 150 bilhões. O volume equivale a 200% mais do que as reservas atuais do Banco Central, que chegaram a US$ 52 bilhões no fim de semana. No início de 2001, antes da maior crise financeira, social e econômica da história do país, os argentinos tinham US$ 81,87 bilhões fora do sistema.


BNDES reduz ritmo para se ''estabilizar''

Autor(es): Alexandre Rodrigues
O Estado de S. Paulo - 13/12/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/13/bndes-reduz-ritmo-para-se-estabilizar

Banco de fomento elevou em 470% volume de desembolsos na última década

Com a rápida recuperação da economia após a crise mundial e a expansão recorde do Produto Interno Bruto (PIB) este ano, que deve ultrapassar 7%, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) pisa no freio. Com a previsão de encerrar 2010 com liberação de R$ 146 bilhões, o banco mantém o crescimento, turbinado com aportes e empréstimos do Tesouro, mas reduz o ritmo para encarar seus limites.

Em dez anos, o BNDES elevou em 470% seu volume de desembolsos. Em 2007, quando emprestou R$ 64,9 bilhões, já estava entre os maiores bancos de fomento do mundo. Com a crise desencadeada nos Estados Unidos em 2008, foi escalado pelo governo para suprir a retração de crédito que fez despencar os investimentos. Liberou R$ 92,2 bilhões em 2008 e alcançou R$ 137,4 bilhões em 2009.
A expansão marcou ainda mais a distância do BNDES até mesmo de organismos multilaterais como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID)e o Banco Mundial. O primeiro teve US$ 15,5 bilhões (cerca de R$ 26,3 bilhões) em crédito aprovado para 48 países no ano passado e o segundo, US$ 40,3 bilhões (cerca de R$ 68,5 bilhões) desembolsados no ano fiscal 2009-2010.
O BNDES ganha na comparação com similares de outros países, como o banco alemão de desenvolvimento KfW. A instituição financeira estatal liberou 50,9 bilhões (cerca de R$ 117 bilhões) em 2009.
Os ativos totais do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social somaram R$ 472, 4 bilhões no primeiro semestre deste ano, quase três vezes os cerca de US$ 100 bilhões de ativos do KDB, o banco de desenvolvimento da Coreia do Sul. Em 2007, os dois bancos empatavam na comparação desses indicadores.
Financiamento. Numa comparação feita pelo banco de desenvolvimento da Rússia (VEB) com dados de 2007 e 2008, o BNDES só perdia em ativos para os similares chineses. A diferença entre o banco brasileiro e seus pares, e o que explica o seu tamanho, é a ação excessivamente diversificada para equilibrar sobre os ombros cerca de 70% do financiamento de longo prazo feito no Brasil.
Hoje, o BNDES financia de tudo: do ônibus à hidrelétrica, do estaleiro à farinha para pão francês, da sala de cinema ao estádio de futebol. O banco viabiliza praticamente sozinho os investimentos do País.
Não foi à toa que o governo reagiu à crise elevando ainda mais o patamar de empréstimos do BNDES. Enquanto o consumo se manteve em alta, o investimento despencou a 16,9% do PIB com a crise. Após os empréstimos do Tesouro Nacional de R$ 180 bilhões que elevaram as liberações do BNDES em 125% entre 2007 e 2010 para acelerar a retomada de projetos, a taxa voltou ao patamar pré-crise, perto de 19% do PIB, mas preservou as limitações ao crescimento da economia.
"Para alcançar um investimento de 23% do PIB e sustentar crescimento acima de 5%, não dá para imaginar que o BNDES financie tudo isso. Podemos ter um constrangimento de financiamento nos próximos anos sem uma alternativa", alerta o economista Ricardo Carneiro, professor do Instituto de Economia da Universidade de Campinas (Unicamp).
Crédito privado. Para ele, o banco é uma vantagem do País, mas está perto do limite e precisa ceder espaço ao crédito privado. "Não é exagero ou fora de contexto o papel que o BNDES teve e tem. O Brasil teve um desenvolvimento industrial que outros países do mundo com características parecidas não tiveram", afirmou o professor.
Ricardo Carneiro ressalta que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social não cresceu do nada, mas da necessidade de desenvolver uma economia complexa sem financiamento de longo prazo. "O crescimento recente não tem a ver só com a crise, mas com o novo ciclo de investimentos. Se dá para continuar ampliando? Acho difícil", ponderou o professor.

PARA LEMBRAR

O BNDES foi fundado em 1952 para formular a política nacional de desenvolvimento econômico. O modelo de bancos de desenvolvimento usado na reconstrução de países como Alemanha e Japão no pós-guerra serviu de inspiração a países em desenvolvimento interessados em acelerar seu crescimento. O banco começou financiando infraestrutura, mas logo passou a investir na iniciativa privada. Serviu de formulador de políticas durante o Plano de Metas do governo JK e foi peça fundamental da expansão do parque industrial no processo de substituição de importações na década de 70. Em 1974, passou a atuar no mercado de capitais para ampliar seu apoio financeiro às empresas e reuniu, em 1982, essas operações na subsidiária BNDESpar.
Nos anos 90, o banco foi o responsável por formular e executar o Programa Nacional de Desestatização, atuando na formação dos consórcios que viabilizaram o leilão de privatização de estatais. O banco é sócio de empresas, como Vale e Oi. No governo Lula, aumentou sua influência na economia com a elevação dos desembolsos de R$ 35,1 bilhões (2003) para R$ 146 bilhões este ano e passou a incentivar empresas e segmentos econômicos com base na Política de Desenvolvimento Produtivo.


Derivativos cambiais no Brasil giram US$ 36 bi por dia, diz BIS

Autor(es): Assis Moreira | De Genebra
Valor Econômico - 13/12/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/13/derivativos-cambiais-no-brasil-giram-us-36-bi-por-dia-diz-bis
As transações de derivativos aumentam mais rapidamente nos emergentes do que nos países desenvolvidos. E os maiores mercados emergentes para esses contratos estão agora localizados na Coreia, Brasil e nos centros financeiros de Hong Kong e Cingapura.
É o que mostra o Banco Internacional de Compensações (BIS), espécie de banco dos bancos centrais, notando que os derivativos são usados nos emergentes principalmente para proteção (hedge) ou especulação com taxa de câmbio.
No Brasil, os contratos de divisas cresceram 45% desde 2007, com giro diário de US$ 31 bilhões nas bolsas e de US$ 5 bilhões em balcão em abril de 2010. Nos contratos de juros, o movimento dobrou para US$ 126 bilhões diários nas bolsas, e passou de US$ 100 milhões em 2007 para US$ 7 bilhões no balcão.
Os mercados de derivativos nos emergentes ainda são pequenos comparados aos das economias desenvolvidas, mas cresceram 400% em dez anos. O giro diário era de US$ 1,2 trilhão em abril, ou 6,2% do PIB dessas economias, comparado a US$ 13,8 bilhões nos países desenvolvidos (36% do PIB).
O BIS relaciona a expansão com desenvolvimento do comércio, atividade financeira e renda per capita.
O Brasil e a Coreia são considerados "excepcionais" nas negociações em bolsa, fazendo 90% do giro entre 33 emergentes. Hong Kong e Cingapura pesam mais nos mercados de balcão, menos regulados.
Somente os derivativos de divisas no balcão nos emergentes alcançaram US$ 535 bilhões por dia em abril, uma alta de 24% desde 2007, apesar da crise.
Representando 50% do giro, esses contratos são de longe os mais negociados e envolvem proporção crescente das moedas dos próprios emergentes, como o real.
Além disso, o giro de derivativos dos emergentes está se tornando mais global. As transações com suas moedas ocorrem cada vez mais fora de suas fronteiras ("offshore"). Em julho, o BIS mostrou que o real era a segunda moeda mais negociada.
Fundos de pensão e fundos de hedge aumentaram sua participação nas transações, para 30% do total. Já "dealers" tradicionais (bancos comerciais e de investimentos) e clientes não financeiros declinaram suas fatias para 58% e 12% respectivamente. Essa mudança reflete maior atividades de "carry trade" e outras estratégias de investimento de curto prazo.
O BIS considera "impressionante" como a predominância do dólar americano é muito maior nos emergentes, representando uma das moedas negociadas em mais de 95% das transações, comparado a 85% globalmente.
Nos mercados desenvolvidos, 77% dos derivativos são contratos com base em taxas de juros.


Receita dos bancos de investimento cresce 30%

Receita dos bancos vai a US$ 1,5 bilhão
Autor(es): Cristiane Perini Lucchesi | De São Paulo
Valor Econômico - 13/12/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/13/receita-dos-bancos-de-investimento-cresce-30
 

As operações de fusão e aquisição, emissões de ações e de títulos de renda fixa bateram recordes no país neste ano. Mas os bancos de investimento, que ganham comissão para assessorar as empresas nesses negócios, não conseguiram obter receitas igualmente recordes. A concorrência aumentou, com mais bancos no mercado, e o ano de 2007, com seu volume gigantesco das mais rentáveis emissões públicas iniciais de ações (IPO) e empréstimos vinculados a elas, os "equity kickers", continua imbatível.
Segundo as estimativas dos bancos atuantes no "Wall Street brasileiro", a receita da indústria cresceu 30% na comparação com 2009 e chegou a US$ 1,5 bilhão. Em 2007 foram obtidos mais de US$ 2 bilhões. As perspectivas são de novo aumento da receita em 2011, entre 15% e 20% em comparação a este ano.

Investimentos : BTG Pactual, Credit Suisse e Itaú BBA garantem liderança, apesar da maior disputa

O volume de fusões e aquisições, de emissões de ações e de títulos de renda fixa foi recorde para o Brasil neste ano. Mas os bancos de investimento, que ganham comissão para assessorar as empresas nessas atividades, não conseguiram obter receitas igualmente recordes. A concorrência cresceu com mais bancos no mercado, e o ano de 2007, com seu volume gigantesco de emissões públicas iniciais de ações (IPO) e empréstimos vinculados a elas, os "equity kickers", continua imbatível.
Segundo estimativas dos bancos atuantes no Wall Street brasileiro, o total de receita da indústria neste ano cresceu 30% na comparação com 2009 e chegou a US$ 1,5 bilhão, no máximo. Mas, em 2007, haviam sido obtidos mais de US$ 2 bilhões. Os bônus dos executivos dos bancos, a serem recebidos no início de 2011, serão polpudos, mas não tanto quanto foram em 2008, ainda mais porque essa receita menor está dividida por um número maior de bancos por causa do aumento da concorrência desde então. As perspectivas são de novo aumento na receita do mercado em 2011, de 15% a 20% na comparação com 2010. E de mais aumento na concorrência.
Nesses cálculos estimados foram incluídos ganhos com comissões dos bancos na assessoria e distribuição de emissões de ações, de dívida e na consultoria e assessoria em fusões e aquisições. As receitas obtidas com empréstimos-ponte, que financiam fusões e aquisições, e transações de hedge (proteção financeira) vinculadas também foram consideradas, além dos "equity kickers", empréstimos cuja remuneração inclui ações, que não aconteceram neste ano, mas eram comuns em 2007. As receitas de corretagem não estão incluídas nos cálculos.
Os ganhos com fusões e aquisições são especialmente difíceis de calcular, visto que as comissões pagas pela empresa ao banco geralmente envolvem sigilo. Isso sem contar os casos nos quais o valor da própria operação de fusão ou aquisição é sigilosa.
Considerando-se as imprecisões decorrentes dessas incertezas e a opinião dos executivos ouvidos pelo Valor, neste ano os tradicionais primeiros colocados nos rankings de banco de investimento no país voltaram ao destaque: o BTG Pactual, o Credit Suisse, o Itaú BBA, em ordem alfabética, foram os três primeiros em receita.
"Muitos bancos novos entraram no mercado, mas quem incomodou mesmo foram aqueles concorrentes tradicionais", diz Guilherme Paes, sócio responsável pelo banco de investimento do BTG Pactual. "As operações mais desafiadoras são também as mais rentáveis", afirma José Olympio Pereira, responsável pelo banco de investimento do Credit Suisse. "São essas transações mais difíceis que demandam a verdadeira expertise de um banco de investimento", comenta.
"São a execução e a entrega adequada que fazem com que algumas instituições se mantenham nos topos dos rankings no longo prazo, por vários anos seguidos, e não só por um momento por causa de transações pontuais", afirma Jean Marc Etlin, diretor responsável pelo banco de investimento do Itaú BBA. Ele prevê mais competição para 2011, mas acredita que os novos entrantes terão cada vez mais dificuldades em atrair talentos.
Dificilmente 2011 vai repetir o total de emissões públicas iniciais de ações deste ano, que chegou a R$ 148,6 bilhões, segundo as transações registradas na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), aumento de 121% na comparação com os R$ 67,322 bilhões de 2007. A transação de R$ 120 bilhões da Petrobrasfoi um ponto fora da curva. No entanto, segundo a Dealogic, as receitas obtidas com essas transações caiu de US$ 1,155 bilhão em 2007 para US$ 465,5 milhões neste ano até novembro.
A principal razão para a discrepância: as emissões públicas inicias de ações, os IPOs, pagam comissões maiores. Enquanto isso, as ofertas de empresas já negociadas (os follow-ons) pagam menos. Neste ano, o total de IPOs foi de R$ 11,14 bilhões, apenas 7,5% do total captado com ações na bolsa brasileira, na comparação com o recorde histórico em IPOs, de R 33,2 bilhões, de 2007, 49,33% das ofertas na época.
Além disso, transações maiores pagam comissões menores e neste ano as emissões de ações foram de volumes gigantescos (ver matéria nesta página). "A concorrência cresceu e a disputa pelo cliente reduz as comissões do mercado", diz Paes. Segundo ele, o mercado estava fraco no início do ano e muitas empresas não conseguiram colocar ações no preço que inicialmente planejavam, o que reduziu as receitas dos bancos.
Já o mercado de fusões e aquisições tem tudo para bater um novo recorde histórico em 2011, diz Pereira. Para 2010, os números são díspares: a Dealogic fala em um total de US$ 151,66 bilhões em volume de transações de janeiro a novembro, um aumento de 135% em relação aos US$ 64,3 bilhões totais de 2009. A Thomson Reutersfala em US$ 106,687 bilhões no mesmo período, uma alta de 55,7% na comparação com 2009. Os dois registram recordes, no entanto.

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