quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Finanças

Mercado de publicidade dobra de tamanho em sete anos no Brasil

Autor(es): Adriana Mattos | De São Paulo
Valor Econômico - 22/12/2010

Deveria ser apenas um bom ano, ótimo para os mais otimistas. E agora às vésperas de 2011, quase tudo aquilo que a indústria da publicidade brasileira esperava, acabou ocorrendo em 2010. Empresas nacionais, as últimas a resistir às investidas estrangeiras, se associaram. Companhias que não estavam por aqui entraram no país. Quem havia parado de anunciar, resolveu gastar em campanhas. E o Brasil foi parar na cobertura da imprensa internacional como aquele que sustentou a expansão da propaganda no mundo.
Para completar esse cenário, é bem provável que o ano de 2011 seja marcado por um recorde. O próximo ano deve registrar expansão de dois dígitos no valor investido em mídia, com uma alta prevista de 10%. "É uma previsão otimista conservadora. Deve chegar no máximo nisso", diz Luiz Lara, presidente da Associação Brasileira das Agências de Publicidade (Abap). Isso pode levar o setor, pela primeira vez na década, a registrar por dois anos consecutivos uma taxa de expansão superior a 10%.
Os dados ainda não foram fechados, mas a expectativa é que os investimentos publicitários cresçam 20% neste ano no país, na avaliação da Associação Brasileira das Agências de Publicidade (Abap). Até outubro, a alta é de 20,8%. A Copa do Mundo, as eleições e a boa fase nos segmentos ligados ao consumo doméstico ( setores automobilístico e eletroeletrônico, principalmente) sustentaram a alta ao longo do ano.
Com esse índice de expansão, o valor aplicado deve chegar a R$ 33 bilhões em 2010, sem considerar descontos. É quase o dobro do valor registrado há sete anos. Ao alcançar esse patamar, a velocidade de crescimento neste ano só deve ser menor que a verificada em 2004, quando a soma aplicada em mídia cresceu 25%.
São dados animadores, mas devem ser vistos com cautela. É fato que o ritmo de expansão no país é muito acima da expectativa de alta de 4,9% da publicidade mundial em 2010, segundo a ZenithOptimedia. Mas o que os publicitários já disseram é que essa elevação ocorre sobre uma base tímida - em 2009, a alta foi de magros 4% no país. Por conta disso, 2011 será uma espécie de "ano-teste" em relação ao fôlego do mercado.
Também será um ano que consolidará a integração de dois dos maiores negócios feitos pela publicidade nos últimos tempos. Em abril, a americana McCanne a W, de Washington Olivetto, se uniram e criaram a 8ª maior agência brasileira. Seis meses depois, o grupo inglês Publicisadquiriu 49% da Talent, de Julio Ribeiro, por R$ 185 milhões. Nas agências W e Talent, ambas brasileiras (que ainda restavam entre os grandes grupos publicitários nacionais), o processo de integração começou em 2010. Na WMcCann, esse movimento já evoluiu ao longo de 2010.
E novos negócios devem aparecer nos próximos meses. O grupo ABC, de Nizan Guanaes e Guga Valente, já disse que se prepara para novas aquisições em 2011.

Crédito imobiliário supera os R$ 50 bi

Autor(es): Adriana Cotias | De São Paulo
Valor Econômico - 22/12/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/22/credito-imobiliario-supera-os-r-50-bi


A oferta de crédito imobiliário com recursos da caderneta superou em novembro os R$ 50 bilhões projetados pela Associação Brasileira das empresas de crédito imobiliário e poupança (Abecip) para todo 2010. Os números confirmam um ano frutífero para o setor, que entra em 2011 com fôlego para ganhar participação no crédito total da economia e no conjunto das riquezas nacionais, ainda em níveis aquém dos observados em outros mercados. Com o aumento recente da renda e do emprego formal, há chances de se repetir as taxas de crescimento deste ano, segundo o presidente da entidade, Luiz Antonio de França.
De janeiro a outubro, foram liberados R$ 44,9 bilhões, com expansão de 69% em relação ao mesmo período do ano passado. Em novembro, os desembolsos totalizaram mais de R$ 5 bilhões e se esse ritmo se mantiver em dezembro, a soma de 2010 pode ultrapassar os R$ 55 bilhões, expansão da ordem de 60% em relação aos R$ 34,0 bilhões de 2009. Apesar da evolução pujante, o crédito imobiliário, considerando FGTS, recursos próprios e a securitização, ainda representa parcela pequena do Produto Interno Bruto (PIB). Era menos de 5%, segundo as últimas estatísticas do Banco Central (BC), em setembro, quando o estoque estava em R$ 172,6 bilhões. No crédito total do sistema financeiro, a fatia equivalia a 10,7%.
A Abecip, em suas projeções, considera factível chegar a uma proporção de 11% do PIB em 2014, o que levaria o estoque à casa dos R$ 500 bilhões. Só que a poupança, uma das principais fontes de financiamento para o setor, será então insuficiente para atender a demanda de novas contratações.
O Conselho Monetário Nacional (CMN), ao permitir que Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) originados na carteira das próprias instituições sejam usados para cumprir a exigibilidade (65% dos recursos da caderneta têm de ser destinados à habitação) por um prazo maior deu um passo no sentido de estimular uma alternativa de "funding". Com a medida, quando o banco empacotar os créditos imobiliários numa operação de securitização, haverá um mês de carência e mais 36 meses para retirar progressivamente o ativo do balanço, evitando o desenquadramento que ocorria de cara. Só que a securitização atrelada à Taxa Referencial (TR), que remunera a poupança, não seria atrativa para o investidor, segundo França.
Uma das propostas que a entidade tem colocado na mesa é que o governo autorize que eventuais contratos referenciados pelo IPCA também possam ser enquadradados na regra do direcionamento obrigatório e com o mesma regressão do CRI na exigibilidade quando fossem colocados no mercado. "Isso abriria portas para um mercado futuro de longo prazo, os bancos poderiam formar carteiras de IPCA que serviriam de indução à troca do atual indexador."
A versão brasileira dos "covered bonds" - títulos de captação de recursos para financiamento imobiliário - a partir das Letras Financeiras é outra saída para o setor, mas ainda não há segurança jurídica no instrumento. Em caso de quebra do banco emissor, não há garantia de que a carteira de crédito imobiliário passaria para as mãos dos investidores.

IED e gastos em alta devem elevar déficit externo em 2011

Autor(es): Fernando Travaglini | De Brasília
Valor Econômico - 22/12/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/22/ied-e-gastos-em-alta-devem-elevar-deficit-externo-em-2011


O Banco Central (BC) ampliou para US$ 64 bilhões a projeção para o déficit em transações correntes do país no próximo ano. A estimativa original para o rombo nas contas externas em 2011 era de US$ 60 bilhões, segundo cálculos do BC divulgados em setembro.
Em percentual do Produto Interno Bruto (PIB), o déficit esperado passou de 2,76% para 2,85%. De acordo com o chefe do Departamento Econômico (Depec) do BC, Altamir Lopes, os novos números refletem a conjuntura atual de retomada do Investimento Estrangeiro Direto (IED), que havia decepcionado no primeiro semestre, e a perspectiva de aumento dos gastos dos brasileiros com viagens internacionais e das despesas com aluguel de máquinas e equipamentos por parte das empresas brasileiras decorrente dos maiores investimentos feitos no ano.
O BC ampliou a perspectiva de gastos no exterior por turistas brasileiros de US$ 11,5 bilhões para US$ 12 bilhões no próximo ano. Para as despesas com aluguel de equipamentos, a autoridade monetária elevou a projeção de US$ 13 bilhões para US$ 14,5 bilhões.

Para os números de 2010 o BC também revisou para cima suas projeções para essas duas rubricas. Dispêndio com viagens passou de US$ 10 bilhões para US$ 10,5 bilhões, enquanto gastos com aluguéis de máquinas foi de US$ 11 bilhões para US$ 13,5 bilhões.
Ainda com relação aos dados de 2010, o BC manteve a expectativa de fechar o ano com um déficit em transações corrente de US$ 49 bilhões, ou 2,49% do PIB.
A conta de transações correntes do Balanço de Pagamentos brasileiro foi deficitária em US$ 4,696 bilhões, maior valor da série para meses de novembro. No acumulando do ano, o rombo chega a US$ 43,459 bilhões, ou 2,34% do Produto Interno Bruto (PIB). A expectativa do BC para dezembro é de novo déficit de US$ 5,5 bilhões.
O BC alterou ainda a perspectiva de saldo positivo da balança comercial deste ano, que subiu de US$ 15 bilhões para US$ 17 bilhões. Também revisou a entrada de investimentos externos diretos (IED), de US$ 30 bilhões, como estimado em setembro, para US$ 38 bilhões, agora. "Ouso dizer que deve ultrapassar essa projeção", disse Lopes. Até novembro o IED acumula US$ 33,136 bilhões. Em dezembro, até o dia 21, os investimentos já somam US$ 4,6 bilhões, com previsão de chegar a US$ 4,9 bilhões até o dia 31, segundo estimativa do BC.
"Mais importante é que são investimentos difusos, do ponto de vista de volume e na distribuição setorial, o que é extremamente positivo", completou Lopes. Ele lembrou que, no passado, os investidores estrangeiros concentravam aplicações de longo prazo no setor de serviços. Para 2011, a previsão de US$ 45 bilhões em IED foi mantida.
Por outro lado, o BC acredita em menores remessas de lucros e dividendos tanto para este ano quanto para 2011. A projeção caiu de US$ 32 bilhões para US$ 28,7 bilhões em 2010 e de US$ 36 bilhões para US$ 33 bilhões na estimativa feita para o próximo ano. Segundo Lopes, os números refletem um certo desaquecimento da atividade econômica no país, o que evidentemente reduz os lucros e por consequência as remessas. Além disso, diz o chefe do Depec, como o país cresce mais do que o resto do mundo, as multinacionais tendem a ampliar os reinvestimentos no país, como forma de capitalizar esses ganhos.

Retrato de um país que não exporta sua cultura

Autor(es): Jamil Chade
O Estado de S. Paulo - 22/12/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/22/retrato-de-um-pais-que-nao-exporta-sua-cultura

O Brasil se orgulha de ter uma cultura reconhecida em todo o mundo e ter sua música como um dos ícones da expressão mundial. Mas não passa na prática de país marginal em termos de exportação de cultura e, na realidade, já é deficitário nesse setor. Hoje, o Brasil já importa mais bens culturais que exporta. Isso é o que revela dados da ONU e que mostram que as vendas de produtos culturais do País no exterior são insignificantes em comparação ao volume de comércio global.

No mundo, bens e serviços culturais movimentaram US$ 592 bilhões em 2008, último ano antes da pior crise econômica em décadas. Para a ONU, que pela primeira vez compilou dados globais sobre a cultura, o setor que é conhecido como das "indústrias criativas" já é hoje um dos mais dinâmicos da economia mundial.
Em apenas seis anos, o volume mais que dobrou. O carro chefe desse comércio são mesmo a exportação de produtos, totalizando US$ 407 bilhões, como música, artes plásticas, artesanato, filmes, objetos de decoração e até carpetes.
Mas, no caso do Brasil, o País representa pouco mais de 0,2% desse total. Em 2008, o País exportou apenas US$ 1,2 bilhão em bens culturais, um crescimento de apenas 5% ao ano na década. O volume é o mesmo exportado por Portugal e Romênia.
Em 2008, as importações de bens culturais chegaram a US$ 1,7 bilhão. Na prática, o País tem hoje um déficit de US$ 500 milhões no setor cultural. Outra constatação da ONU foi de que, desde 2002, o Brasil foi o País que mais incrementou suas importações de bens culturais no mundo. A expansão foi de 33% em apenas seis anos, revertendo a balança comercial que era favorável ao Brasil no início da década para ter pela primeira vez, em décadas, um déficit cultural.
O problema também é vivido por outros países latinos, que não conseguem exportar sua riqueza cultural e artesanatos de maias, incas e vários outros grupos. "O potencial das indústrias criativas na América Latina não foi totalmente explorado", afirmou a análise de quase 400 páginas elaborada pela ONU.
O Brasil não faz parte nem mesmo dos 20 maiores exportadores entre os países emergentes: está em 26.º lugar. Índia, Turquia, Tailândia, Coreia e Malásia aparecem acima do Brasil. Na América Latina, a liderança é do México, que conseguiu até mesmo que a Unesco declarasse há poucas semanas sua cozinha como patrimônio da humanidade.
Mas o que mais impressiona a ONU é que, nesse comércio, a liderança já é da China. Muitos dos CDs, filmes, mas também artesanato de outros países são hoje produzidos a um preço menor na China, que passou a receber fábricas e encomendas de todo o mundo, com vistas a tornar os produtos mais competitivos. As vendas chinesas ao mundo passaram de US$ 32 bilhões em 2002 para mais de US$ 84 bilhões, liderados pelo artesanato. Se o setor de serviços for adicionado ao cálculo, o valor total chegaria a US$ 122 bilhões.
Sem contar a China, porém, o que resta do mercado aos demais emergentes é uma fina fatia de apenas 11% do comércio mundial de bens culturais. O restante estaria todo nas mãos de países ricos.
Música. O raio-X do comércio mundial de cultura ainda mostra a concentração da produção musical nos países ricos. O comércio de música explodiu entre 2002 e 2008, passando de US$ 9,6 bilhões para mais de US$ 26 bilhões. Mas um quarto disso é gerado exclusivamente pela Alemanha, seguida pelos EUA, Holanda e Áustria. Apenas quatro conglomerados controlam a distribuição de 80% da música no mundo.
Não é por acaso que a América Latina praticamente não existe no comércio mundial de música, com apenas 0,2% dos fluxos mundiais, cerca de US$ 400 milhões por ano. O México é mais uma vez líder.
O teatro, por exemplo, é um espelho da incapacidade de exportar cultura na região. Grupos alemães faturam por ano US$ 5,6 bilhões nesse setor. Na Argentina, a exportação se limita a US$ 24 milhões gerado pelo tango. O Brasil nem aparece em tal ranking.
A única área em que o Brasil se destaca é na exportação de alguns serviços culturais, como o de arquitetura. No total, serviços culturais movimentam no planeta US$ 186 bilhões. O Brasil conseguiu abocanhar US$ 6 bilhões desse total, uma expansão de cinco vezes em comparação ao ano de 2002. Nesse setor de serviços, o Brasil representa um terço das exportações de emergentes e está no mesmo nível de países como Suécia ou a Itália.

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