quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Indústria

Acordo limita subsídio a aviões

Autor(es): Fernando Nakagawa
O Estado de S. Paulo - 28/12/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/28/acordo-limita-subsidio-a-avioes

Brasil, Canadá, EUA e União Europeia definem novas regras para financiamento

Brasil, Canadá, Estados Unidos e União Europeia, que abrigam os maiores fabricantes de aviões do mundo, fecharam na semana passada um acordo para o financiamento público para a exportação de aeronaves. A partir de fevereiro, uma nova forma de cálculo vai reduzir o espaço para que governos ofereçam vantagens no crédito oficial. A medida vai elevar o juro dessas operações para nível próximo do cobrado no mercado.
Na Embraer, a notícia foi recebida com ressalva, pois encarece o financiamento usado por 55% dos clientes de 2010. Mas nem tudo é ruim para a companhia de São José dos Campos: a empresa passa a ter condições idênticas às gigantes Airbus e Boeing, o que, em última instância, pode facilitar eventual plano de lançamento de aviões maiores, como já fez a canadense Bombardier.
Em debate há mais de dois anos, o entendimento foi fechado em Paris com o apoio dos principais países que fabricam aviões comerciais. O acordo, que deve ser oficializado até 20 de janeiro, acaba com regra de 2007 que previa condições diferentes de crédito para aeronaves de grande porte - como as fabricados pela Airbus e Boeing - e regionais - da Bombardier e Embraer. Agora, o crédito para qualquer avião passa a ser feito da mesma forma com condições mais rígidas para o cálculo do juro e garantias. Ou seja, menos espaço para subsídios.
"O fato de termos regras iguais para todos é muito positivo. A ausência de uma regra desse tipo criava situação em que concorrentes poderiam oferecer condições cada vez mais favoráveis, em uma corrida não saudável. O acordo nos protege", diz Marcelo Della Nina, chefe da delegação do Ministério de Relações Exteriores que negociou o acordo.
O crédito oficial começou a causar polêmica especialmente após a crise de 2008, quando o financiamento privado secou. No esforço de tentar manter suas indústrias aquecidas, governos - em especial dos EUA e Europa - passaram a oferecer condições cada vez mais favoráveis para abocanhar clientes para empresas de seus países: a norte-americana Boeing e a europeia Airbus.
A situação gerava distorções. Como a linha só podia ser oferecida nas exportações, empresas que usam aviões fabricados em outros países - como a Ryanair, Emirates e Singapore Airlines - foram beneficiadas e eram contra mudanças. Já as sediadas nos mesmos países das fabricantes - como a American Airlines, British Airways, Delta e Lufthansa - foram prejudicadas e pediam fim do benefício. O segundo grupo venceu e, a partir de fevereiro, todos passarão a pagar mais.
No Brasil, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) financiou a venda de 55% dos aviões da Embraer entregues em 2010. Antes de 2008, a fatia das vendas da Embraer com crédito estatal era zero, já que havia linhas privadas com condições mais atrativas.
"De uma forma geral, o acordo não é bom para a indústria porque o crédito, que é importantíssimo para a compra de um avião, ficará mais caro", diz o vice-presidente executivo de aviação comercial da Embraer, Paulo César de Souza e Silva.
No mercado aeronáutico, alguns analistas afirmam que o crédito público era um dos entraves para que a Embraer pudesse pensar mais seriamente em lançar nova família de jatos maiores, para concorrer com a Airbus e a Boeing.


Santander vira sócio de parques eólicos no NE

Autor(es): Josette Goulart | De São Paulo
Valor Econômico - 28/12/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/28/santander-vira-socio-de-parques-eolicos-no-ne

 
O banco Santander Brasil tornou-se sócio de parques eólicos que vão ter capacidade de gerar 150 megawatts (MW) e vão requerer cerca de R$ 650 milhões em investimentos. A instituição anunciou ontem sociedade com os portugueses da Martifer em parques com capacidade de gerar 90 MW e que entram em operação em 2012. Além disso, fechou neste ano sociedade com o espanhol James Entrecanales, que por meio do "family office" Fortune vendeu energia de parques com capacidade de 60 MW no leilão realizado em meados do ano.
O responsável pela área no Santander, Eduardo Klepacz, diz que a sociedade com Entrecanales, que é cliente do banco na Espanha, é ainda mais ampla já que projetos de 480 MW estão sendo estudados para irem futuramente a leilão. Klepacz conta que há cinco anos foi criada a área dentro do banco no Brasil para busca de parcerias em projetos de energias alternativas, como a de pequenas centrais hidrelétricas, solar e eólicas. A estratégia é fazer dessa área uma parte do relacionamento com seus clientes, mas também os acionistas do banco buscam rentabilidade nos projetos que se associa.
Esse investimento não é, entretanto, uma aplicação de longo prazo para o banco. A expectativa é de vender as participações após a finalização da construção. "A parte de construção é a mais crítica de um projeto e a mais difícil para nossos clientes que precisam colocar capital próprio", diz Klepacz.
Nos quatro parques eólicos que vai construir junto com o Martifer, o Santander deve aportar diretamente cerca de R$ 50 milhões e a expectativa é de em três anos sair do projeto. No total, os investimentos somam R$ 400 milhões e o projeto financeiro prevê financiamentos de 75%. Os empréstimos estão sendo negociados com o BNB, banco de fomento do Nordeste, já que os parques vão ser instalados no Ceará e Rio Grande do Norte. O contrato de fornecimento foi fechado com a Suzlon .
Já os parques do Fortune tem um prazo mais longo de maturação e nem mesmo os contratos de fornecimento ainda foram fechados. A expectativa do banco é ampliar essa área de negócios e os projetos eólicos devem ser os mais demandados, até pela situação atual que vive o país. A capacidade instalada não chega hoje a 800 MW e vai pular para 5.000 MW em cinco anos.
A maior parte dos grandes fornecedores de aerogeradores do mundo está abrindo fábrica no Brasil em função dos dois leilões seguidos realizados pelo governo federal que fizeram a demanda crescer fortemente. Os projetos se tornaram super competitivos em relação a outras fontes de energia e alguns parques tiveram sua energia negociada a R$ 120 o MWh, preço inferior até mesmo que algumas hidrelétricas. O governo, por exemplo, vai rever projetos de usinas hidrelétricas no rio Parnaíba que deveriam ter ido a leilão neste ano, mas condicionantes ambientais encareceram a obra que já tinha previsão de R$ 130 o MWh. O presidente da Empresa de Pesquisa Energética, Maurício Tolmasquim, disse no dia do leilão que a depender do preço é melhor negociar energia de outras fontes.



Importação da China ao Brasil dobra em cinco anos, para 14,5% do total

Autor(es): Henrique Gomes Batista*
O Globo - 28/12/2010
 
Avanço foi puxado por bens intensivos em trabalho e em tecnologia, diz BNDES


RIO e PEQUIM. Os produtos made in china dobraram sua participação nas importações brasileiras nos últimos cinco anos e, hoje, já respondem por 14,5% da pauta de compras do Brasil no exterior. No acumulado em 12 meses até agosto, as vendas chinesas ao Brasil já somavam US$21,4 bilhões. Em 2005, os produtos chineses eram apenas 7,3% das importações brasileiras. Segundo estudo divulgado ontem pelo BNDES, o maior avanço da China - que já é o principal fornecedor de produtos ao Brasil - foi nos bens intensivos em tecnologia e em mão de obra.



O estudo, dos economistas Fernando Puga e Marcelo Nascimento, aponta que o crescimento das vendas chinesas, modestas em produtos intensivos em recursos naturais - como alimentos, combustíveis e indústria extrativa -, foi exuberante em produtos intensivos em trabalho, como têxteis, vestuário, couro e diversos (como brinquedos). Nessa categoria, os chineses respondiam por 24,3% das importações brasileiras em 2005 e, agora, detêm 39,1%.

BC chinês acena com
mais aperto ao crédito

Houve um salto também no segmento de bens intensivos em tecnologia, como eletrônicos e informática. Nesta categoria de produtos, a participação chinesa, que em 2005 era de 15,4% das importações, foi para 26,4% em 2010.




- A China cresceu muito, enquanto o país que mais perdeu participação nas importações ao Brasil foram os Estados Unidos. Na parte de eletrônicos, a China cresceu muito mais que os outros países do leste asiático, como Coreia do Sul ou Japão. Entretanto, não dá para dizer que a China roubou mercado de outros países. Em alguns casos o país simplesmente conquistou quase todo o crescimento das importações, ou seja, na verdade a China ocupou espaço da indústria nacional - afirmou Fernando Puga, chefe do departamento de Acompanhamento Econômico e Operações do BNDES.

O economista informou que, de 29 setores de produtos importados pelo Brasil, a China lidera em nove (têxteis; couro e artefatos; vestuário e acessórios; produtos de minerais não-metálicos; produtos de metal; máquinas para escritório e equipamentos de informática; máquinas, aparelhos e materiais elétricos; material eletrônico; e móveis e diversos, que inclui brinquedos). O país também é segundo maior exportador para o Brasil em outros seis setores.

O banco central (BC) da China anunciou ontem que vai controlar o crédito e a liquidez no país para combater as pressões inflacionárias. Em comunicado no site da entidade, a vice-presidente Hu Xiaolian disse que a China normalizou a política monetária e que o país vai explorar novas maneiras de gerenciar o excesso de liquidez - ao controlar a quantidade de dinheiro em circulação, o governo tentará evitar a alta nos preços, já que a inflação está no nível mais alto dos últimos 28 meses.

As declarações de Hu foram feitas dois dias após a China surpreender os investidores ao elevar o depósito compulsório bancário e a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual. Foi a segunda elevação de juros em pouco mais de dois meses.

(*) Com agências internacionais

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