quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Indústria

Construção civil impulsiona alta da massa salarial

Autor(es): Sergio Lamucci | De São Paulo
Valor Econômico - 21/12/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/21/construcao-civil-impulsiona-alta-da-massa-salarial

A massa salarial avança com força neste ano, impulsionada principalmente pela construção civil e, em menor medida, por alguns setores de serviços, como intermediação financeira e atividades imobiliárias e alojamento (hotéis), alimentação, transporte e serviços pessoais. Com o boom do mercado imobiliário e a retomada dos investimentos em infraestrutura, a massa salarial da construção aumentou 18,2% acima da inflação de janeiro a novembro na comparação com o mesmo período de 2009. Nos segmentos de serviços, a alta está na casa de 8%.
A indústria, por sua vez, tem um dos desempenhos mais modestos, com avanço de 4,3% da massa salarial real, consideravelmente abaixo dos 7,3% registrados pela média de todos os segmentos da economia. Os números fazem parte de levantamento realizado pela TendênciasConsultoria Integrada com base nas informações da Pesquisa Mensal de Emprego (PME).
O desempenho da construção ocorre em cima de uma base elevada - de 2007 a 2009, a massa salarial do setor já tinha aumentado quase 30%. "É um resultado impressionante, de um setor que enfrenta falta de mão de obra qualificada", diz o economista Bernardo Wjuniski, da Tendências. De janeiro a novembro, o rendimento real cresceu 11,1% e o nível de emprego, 6,5%.
A dificuldade em encontrar pessoal especializado empurra para cima os ganhos dos trabalhadores do setor, que têm conseguido reajustes elevados, num quadro em que as empresas disputam os melhores empregados, oferecendo salários mais altos. Para Wjuniski, o bom momento do mercado imobiliário, com a explosão do crédito habitacional, é o grande responsável pelo aquecimento da construção civil.
O economista Sérgio Mendonça, do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), acredita que os investimentos em infraestrutura também têm peso importante para explicar o aumento do emprego e da renda no setor. O investimento público tem aumentado bastante, com o melhor desempenho na execução do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e de obras realizadas por Estados.
O ano também tem sido muito bom para os trabalhadores do setor de intermediação financeira, atividades imobiliárias, aluguéis e serviços prestados a empresas. De janeiro a novembro, a massa salarial desse grupo avançou 7,7% em relação a igual período de 2009, descontada a inflação. O nível de ocupação cresceu 4,5% e o rendimento real, 3%.
Mendonça diz que o setor de intermediação financeira vive momento de forte expansão, com o crescimento expressivo dos produtos bancários e financeiros. "Os bancos estão contratando mais funcionários para trabalhar com crédito imobiliário, por exemplo." Ele lembra, porém, que o setor bancário passou por forte ajuste do nível de emprego nos anos 90 - o número de empregados, que era de cerca de 1 milhão, passou para a casa dos 400 mil. "O segmento ficou bastante enxuto. Nos últimos anos, tem recuperado o nível de emprego aos poucos."
Os chamados outros serviços também registram expansão robusta da massa salarial - 8,6% de janeiro a novembro, com o nível de emprego subindo 6,6% e a renda real, 1,9%. Estão incluídos aí vários segmentos, como alojamento e alimentação, transporte, armazenagem e comunicações e serviços pessoais. A melhora de renda geral na economia aumenta a demanda por esses serviços, o que leva as empresas a aumentar o nível de emprego e também os salários de seus funcionários, diz Mendonça.
A massa salarial do grupo do qual faz parte a administração pública teve uma expansão um pouco mais modesta no acumulado de janeiro a novembro. Houve crescimento de 6,7% em relação ao mesmo período de 2009, com alta mais forte da ocupação (3,7%), do que da renda real (2,8%). Já entre março e novembro deste ano, a massa registra uma alta mais forte, de 15,3%. Além da administração pública, estão no grupo os segmentos de defesa, seguridade social, educação, saúde e serviços sociais.
O setor de serviços domésticos, por sua vez, registra o crescimento mais fraco da massa salarial de todos os pesquisados pelo IBGE. De janeiro a novembro, a massa aumentou apenas 3,4% acima da inflação. A renda real do segmento teve alta de 5,7% no período, mas o nível de emprego recuou 2,2%. Para Wjuniski e Mendonça, a queda da ocupação se deve ao fato de que, com o bom momento do mercado, parte dos trabalhadores do setor procura emprego em outros segmentos. Há uma busca por postos de trabalho mais qualificados, o que é possível quando a economia está muito aquecida, explica Wjuniski.
A indústria também destoa da maior parte dos setores. A alta da massa salarial de 4,3% se deve à combinação de um aumento de 3,5% da ocupação e de apenas 0,8% da renda real. O economista José Márcio Camargo, da OpusGestão de Recursos, nota que o setor é fortemente exposto à concorrência dos produtos estrangeiros. Com o câmbio valorizado e a elevada ociosidade industrial em boa parte do mundo, bens industrializados importados chegam baratos ao Brasil. Com margens apertadas, as empresas ficam mais rigorosas na hora de conceder aumentos.
Mendonça aponta outro motivo para o desempenho mais fraco da renda na indústria. Segundo ele, o setor demitiu bastante na crise global, tendo recomposto o nível de emprego ao longo do tempo. "A questão é que essa recomposição se faz com rendimento abaixo da média do setor. Quem foi demitido, em geral é contratado com um salário inferior ao que ganhava", diz ele. Mendonça destaca que as categorias industriais têm obtido aumentos acima da inflação - os salários dos novos empregados é que jogam a média para baixo.
O setor outras atividades é o que teve a maior alta de janeiro a novembro - 28,4%. A questão é que se trata de segmento pouco representativo, que reúne, segundo o IBGE, as atividades que não se encaixam em nenhum dos outros grupos. Além disso, tem um comportamento muito volátil - em 2009, por exemplo, a massa do setor tinha caído 22,3%, já descontada a inflação.
Para 2011, a expectativa dos analistas é que o mercado de trabalho não repita o resultado exuberante deste ano. Camargo acredita que os juros vão subir no ano que vem, lembrando que o Banco Central já elevou os depósitos compulsórios dos bancos, para frear o ritmo de alta do crédito. "A taxa de desemprego deve parar de cair, o que diminui a pressão sobre o mercado de trabalho." Aliada a uma inflação mais alta, a renda deve subir menos em termos reais.
Wjuniski nota que os estímulos ao consumo e à produção, que marcaram 2010, não estarão mais presentes em 2011 - os juros deverão subir, o governo anuncia redução do ritmo de gastos e não há mais desonerações tributárias para a compra de veículos e eletrodomésticos. "Além disso, o salário mínimo deve subir menos do que nos últimos anos", afirma ele, que projeta alta de 7% para a massa salarial neste ano e de 5,3% em 2011.

Eletroeletrônico chinês já detém 20% do consumo interno

Valor Econômico - 21/12/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/21/eletroeletronico-chines-ja-detem-20-do-consumo-interno

As importações de produtos chineses já representam quase 20% do consumo doméstico de material elétrico e eletrônico, de acordo com estudo divulgado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Desde 2005, a China dobrou sua participação nas importações brasileiras e é hoje o principal vendedor de bens para o Brasil. Na avaliação do BNDES, o aumento das importações tem sido ainda mais forte em áreas intensivas em trabalho e em conhecimento.
Nos segmentos intensivos em conhecimento, como o complexo eletrônico, material elétrico e máquinas e equipamentos, a participação dos produtos chineses nas importações saltou de 15,4% em 2005 para 26,4% em 2010. A China já responde por mais da metade das importações de vestuário e diversos (inclui brinquedos) e mais de um terço das compras de têxteis, couro e calçados.
Para o BNDES, itens importados da China ajudaram a complementar a estrutura industrial brasileira, mas é preciso ousar em políticas industriais para enfrentar a concorrência asiática. Segundo o BNDES, o aumento da competitividade chinesa está ligado à taxa de câmbio valorizado, à implementação de políticas industriais, melhoria na infraestrutura e avanço no sistema educacional.

Mogi garante expansão da GM

Autor(es): Mogi garante expansão da GM
Valor Econômico - 21/12/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/21/mogi-garante-expansao-da-gm


No fim de 1999, a General Motors inaugurou em Mogi das Cruzes (SP), na região do Alto Tietê, uma fábrica dedicada exclusivamente à produção de peças estampadas de reposição para carros que saíam de linha. Servia para socorrer proprietários de velhos Monzas e Chevettes que precisavam consertar os veículos. Com a expansão do mercado de carros novos, as linhas de Mogi desenvolveram uma nova vocação: passaram a produzir estampados, como portas, capôs e paralamas, também para veículos em produção. Foi uma forma encontrada para desafogar as fábricas irmãs, sufocadas pelo crescimento da demanda.
A operação de Mogi é um exemplo de onde pode chegar a criatividade da manufatura automotiva quando as vendas crescem. Várias montadoras desenvolveram métodos para elevar o ritmo de produção antes de investir em ampliação industrial. A própria GMcostuma transportar carros de uma fábrica para outra para a finalização da pintura.
A solução encontrada em Mogi das Cruzes é única no mapa mundial de manufatura da General Motors. Quando foi inaugurada, a operação parecia fadada a ser uma eterna produtora de peças para os modelos velhinhos, fora de linha. E, de fato, foi assim há até três anos.
"Em 2008 percebemos que essa unidade se mostrava altamente produtiva", afirma Francisco Torrez, superintendente de manufatura. Ele próprio, aliás, foi transferido da fábrica de Gravataí (RS) para Mogi para comandar a nova fase. A partir daí, além de abastecer o mercado de reposição de modelos que já saíram de linha, a operação passou a fornecer peças estampadas dos carros em produção.
A maior vantagem de usar as instalações de Mogi para ajudar no processo de montagem de outras fábricas é a localização. O prédio industrial fica entre duas importantes fábricas da GM - São José dos Campos, no Vale do Paraíba, e São Caetano do Sul, no ABC - e ainda é vizinho do Rodoanel: 10 quilômetros o separam da estrada que chega para aliviar o tráfego de caminhões que cruzam os centros urbanos de São Paulo.
Dali saem peças que irão se juntar a outras para montar carros em São José dos Campos, distante 58 quilômetros de Mogi, e também em São Caetano do Sul, que fica a 50 quilômetros. Esse deslocamento de componentes vem crescendo. Segundo Torrez, o volume de viagens aumentou quatro vezes desde 2008. "São 1,8 mil saídas de carretas por mês só para a fábrica de São Caetano", destaca o executivo. Nessas viagens seguem, por exemplo, assoalhos do modelo Classic, produzido em São Caetano.
Segundo Torrez, essa operação de manufatura funciona com limite de estoque de oito horas. Ou seja, esse é o tempo máximo para que o estoque da linha do ABC seja reabastecido com peças produzidas em Mogi.
A fábrica que mudou de vocação também serve como base para a pintura de componentes. E ainda abastece Gravataí, no Rio Grande do Sul. São 40 viagens por mês para a unidade gaúcha, segundo Torrez.
Há mudanças visíveis no prédio que ocupa 101 mil dos 427 mil metros quadrados do terreno às margens da Via Dutra , doado pela Prefeitura de Mogi à época da construção.
Para abrir espaço, antigas áreas de armazenamento de componentes deram lugar a linhas de produção. O estoque de peças passou para um centro de distribuição em Sorocaba, a 100 quilômetros de São Paulo.
Durante esse processo, já praticamente concluído, a GM montou uma espécie de tenda provisória no próprio terreno da fábrica de Mogi, que serviu para abrigar as peças durante o período de transferência.
"Essa fábrica mudou totalmente a sua função", afirma o diretor de assuntos institucionais da GM, Marcos Munhoz. Segundo ele, não há planos, porém, de a unidade se transformar futuramente em uma linha de produção de veículos.
De qualquer forma, o projeto de expansão ali é ousado. Em 2010, saíram dessa fábrica 10,1 milhões de peças, o que correspondeu a um crescimento de quase 19% na comparação com 2009. A meta para 2011 é avançar para 10,6 milhões de itens. Trata-se de um grande salto para uma empresa que nasceu com a produção anual de 1,5 milhão de peças.
Os 837 operários da produção se revezam em dois a três turnos, dependendo da área. A GM tem aberto mais vagas na unidade e pretende chegar ter em 2011 total de 1,2 mil trabalhadores incluindo mensalistas e terceirizados. Falta, ainda, um complemento: Como em todas as fábricas da montadora no país, os funcionários de Mogi vão ganhar um clube. A área de recreação, de 7,5 mil metros, com direito a churrasqueira, ao lado da fábrica, já está quase pronta.



Economia | 21/12/2010 | 17h24min
Investimento estrangeiro no setor produtivo deve superar US$ 38 bilhões neste ano
Estimativa anterior era de US$ 30 bilhões para 2010
O investimento estrangeiro direto direcionado ao setor produtivo deve superar US$ 38 bilhões este ano, de acordo com previsão do chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Altamir Lopes. A estimativa anterior era de US$ 30 bilhões para 2010.
De janeiro a novembro, esses investimentos somam US$ 33,136 bilhões, contra US$ 20,839 bilhões registrados em igual período de 2009. Somente no mês passado, entraram no país US$ 3,732 bilhões, contra US$ 1,604 bilhão em novembro de 2009.
Este mês, até esta terça, dia 21, entraram US$ 4,6 bilhões. A previsão é que dezembro feche com US$ 4,9 bilhões.
Para 2011, a expectativa é que o montante dos investimentos estrangeiros para a produção atinja US$ 45 bilhões.
– Vamos observar, ao longo de 2011, ingressos bastante expressivos. Representa a retomada do patamar de 2008 – disse Lopes.
De acordo com ele, os investimentos estão disseminados por vários setores da economia. De janeiro a novembro, a indústria recebeu 44,9% dos investimentos estrangeiros, o setor de serviços ficou com 32,1%, enquanto agronegócio e extração mineral ficaram com 23%.

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