Empresas, bancos e governo do Brasil buscaram recursos de longo prazo no exterior e o total de captações brasileiras no mercado internacional foi a US$ 56 bilhões neste ano, um recorde histórico. O aumento foi de 37% na comparação com o ano passado, segundo o Valor Data. O mercado externo manteve sua liquidez em níveis elevados, ainda mais com as injeções de bilhões em recursos no mercado do Fed, banco central americano, e do Banco Central Europeu. O apetite pelo Brasil, mesmo em ano eleitoral e apesar da crise de dívida na Europa, se manteve elevado. As empresas brasileiras, por sua vez, precisaram de dinheiro para melhorar o perfil de suas dívidas e para investir em um país com crescimento de 7,5% do Produto Interno Bruto. Bancos também captaram no mercado externo para ampliar o crédito em mais de 20% e o total obtido pelo país em 2010 passou até mesmo o recorde anterior, de 2006, quando foram alcançados U$ 48,1 bilhões. Naquele ano, a cifra foi fortemente impactada pelo empréstimo-ponte de US$ 18 bilhões que a mineradora Vale tomou para comprar a Inco. Os números do Valor Data incluem empréstimos sindicalizados (com a participação de mais de um banco) e todos os tipos de títulos de renda fixa.
Os papéis de dívida foram, como em 2009, o grande destaque. As captações por meio desses títulos chegaram a um novo recorde, de US$ 39,06 bilhões. Trata-se de uma verdadeira explosão na emissão de papéis brasileiros no exterior, um aumento de quase 50% na comparação com o total de US$ 26,542 bilhões de 2009, o recorde anterior. O Tesouro Nacional foi responsável por apenas US$ 2,77 bilhões, ou 7% do total levantado por meio de títulos de dívida, deixando espaço para empresas e bancos. Considerando-se também empréstimos, o governo foi responsável por 20,47% do total, ou US$ 11,46 bilhões. "Foi um ano excepcionalmente bom, com uma grande diversificação setorial das empresas que emitiram papéis no exterior", diz Eduardo Müller Borges, responsável pela área de mercados de crédito do SantanderBrasil. Segundo ele, a maioria dos títulos emitidos teve prazo de vencimento de dez anos, mas a disponibilidade de recursos para o Brasil foi tão ampla que até mesmo os títulos perpétuos, sem vencimento final, voltaram a ser lançados. "Foi um sinal claro do retorno do apetite pelo Brasil do investidor de varejo da Ásia, o principal comprador dos perpétuos", diz Alexei Remizov, responsável pela área de mercado de capitais para Brasil do HSBC Securities, em Nova York. Não só os asiáticos, mas também os investidores europeus correram para comprar títulos do Brasil, inclusive os denominados em euro. "Os europeus saíram em busca por diversificação: procuravam empresas de fora da União Europeia", diz Borges. "O Brasil foi visto como um porto seguro pelos compradores de papéis em euro", diz Remizov. Segundo Borges, o Brasil traz uma boa combinação de risco e retorno neste momento de juros baixos nos países ricos e de crise de dívida na Europa. Tanto que, apesar dos temores de que a Espanha venha a ter mais dificuldade de se financiar, a última emissão de eurobônus do ano para o Brasil, ainda em dezembro, foi justamente de um título em euros, de €750 milhões, da Telemar, de vencimento em sete anos, que pagou rendimento de 5,33% ao ano. "Mesmo com o mercado estressado, a demanda pelos papéis da Telemar foi duas vezes o total ofertado pela empresa", diz Borges, do Santander, um dos líderes da transação. "A Telemar não é uma multinacional: atua somente no mercado interno brasileiro e isso é justamente o que o investidor mais quer, o risco Brasil puro." Segundo Borges, apenas emissores de primeira linha brasileiros lançaram papéis em euro, como a Vale, a Braskem, a VotorantimParticipações e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Para Remizov, os bancos e empresas vão continuar a emitir em euros em 2011. "A volatilidade vai continuar elevada nesse mercado e pode crescer", diz ele. "Por isso toda a cautela será necessária daqui para a frente", afirma. Também as emissões de títulos no exterior em reais, que estavam paradas desde a crise de crédito de 2008, voltaram em 2010 e devem continuar a sair em 2011.
Fusão e aquisição superam US$ 2,2 tri
Autor(es): Quentin Webb e Denny Thomas | Reuters, de Londres e Hong Kong |
Valor Econômico - 20/12/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/20/fusao-e-aquisicao-superam-us-2-2-tri |
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As fusões e aquisições aumentaram pela primeira vez desde 2007, marcando o início de um novo ciclo de forte atividade para esses negócios, com as economias emergentes representando uma parcela significativa dos acordos globalmente. Dados da Thomson Reuters mostram que as fusões e aquisições cresceram perto de um quinto este ano, para US$ 2,25 trilhões em todo o mundo. Os números preliminares indicam que os países emergentes responderam por um recorde de 17% do total das transações de fusões e aquisições, com destaque para o setor de energia. O próximo ano pode ser ainda mais agitado. Executivos, banqueiros, grandes investidores e analistas estão entre os que esperam mais atividade em 2011. Crédito barato, recorde de dinheiro em caixa, necessidade de buscar um crescimento acelerado e reação positiva dos mercados a muitos acordos de fusões e aquisições em 2010 devem incentivar as companhias a fecharem mais negócios. "Sentimos que os volumes de fusões e aquisições vão subir no ano que vem, certamente haverá mais atividade entre fronteiras do que nunca, e a Ásia - de novo - será a principal parte da equação", disse o chairman da divisão internacional de fusões e aquisições do Morgan Stanley, Scott Matlock. O Deutsche Bank, quinto maior assessor de fusões, disse que 2011 deve exceder 2010. "Há mais confiança, há ampla liquidez, os custos de financiamento estão atrativos e há muito trabalho nas empresas para identificar oportunidades de crescimento", afirmou o chefe global de fusões e aquisições do Deutsche, Henrik Aslaksen. "A fila de negócios é muito ampla. Não está confinada a um ou dois setores." Executivos de alto escalão esperam US$ 3 trilhões em fusões e aquisições no ano que vem, mostrou pesquisa recente da Thomson Reuters/Freeman. O otimismo ocorre apesar de um quarto trimestre em desaceleração e de grandes acordos que acabaram não saindo: duas tentativas de compra da BHP Billiton, uma no Canadá e outra na Austrália, entraram em colapso e teriam um volume financeiro de US$ 100 bilhões. O chefe global de fusões e aquisições do Bank of America Merrill Lynch, Jeffrey Kaplan, disse que ainda é desafiador chegar a um acordo apesar do bom momento para 2011 tanto no mercado corporativo como na atividade de private equity. Com o ano praticamente encerrado, o Morgan Stanley está perdendo para o arquirrival Goldman Sachs entre os bancos que mais assessoraram fusões e aquisições, após ter assumido a liderança no ano passado pela primeira vez em 13 anos. O Goldman Sachs - cujo chefe da área de fusões e aquisições é Gordon Dyal - prestou assessoria financeira para US$ 513,1 bilhões em acordos durante este ano, em relação aos US$ 499,5 bilhões do Morgan Stanley. Os países emergentes fecharam transações numa cifra recorde de US$ 378 bilhões em 2010, enquanto os países desenvolvidos foram mais vagarosos. No geral, a atividade global de fusões e aquisições cresceu 19% este ano. Nos Estados Unidos, o aumento ficou em 11%, enquanto na Europa - afetada pela crise fiscal em alguns países da zona do euro - a alta foi de 5%. O chefe de fusões e aquisições do Citigroupna Ásia-Pacífico, Colin Banfield, disse que o câmbio está ajudando companhias da região, que têm planos de crescimento mais ambiciosos e estão contemplando acordos maiores. O setor de energia foi o mais ativo em fusões e aquisições neste ano, com um crescimento de cerca de 40% das operações anunciadas, totalizando US$ 482 bilhões globalmente, seguido pelos setores financeiro e de materiais básicos. |
Emissões em moedas 'exóticas' devem crescer
Autor(es): Cristiane Perini Lucchesi | De São Paulo |
Valor Econômico - 20/12/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/20/emissoes-em-moedas-exoticas-devem-crescer |
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Os especialistas acreditam que no ano que vem empresas e bancos brasileiros devem fazer emissões em moedas que tendem a se valorizar em relação ao dólar, como o dólar de Cingapura, de Taiwan, o won sul-coreano e o yuan chinês. "Deveremos ter muitas emissões de eurobônus em moedas exóticas", diz Alexei Remizov, responsável pela área de mercado de capitais para Brasil do HSBC Securities, em Nova York. Segundo ele, há interesse crescente dos investidores por papéis nessas moedas. "Os emissores brasileiros vão avaliar se captações desse tipo fazem sentido econômico para eles", diz. Remizov lembra que uma primeira emissão em uma moeda "exótica", o franco suíço, foi feita de forma inovadora pelo Banco Votorantim neste ano, de 250 milhões de francos, com prazo de vencimento em três anos e juros de 2,75% ao ano. "Essas moedas exóticas vão ganhar ainda mais força se as taxas de juros em dólar e em euros continuarem voláteis como estão hoje", afirma. Tendem a se repetir também os chamados "project bonds", títulos em dólar lançados por empresas de propósito específico para financiar projetos. Neste ano, a Lancer, do Grupo Schahin, saiu na frente e lançou US$ 270 milhões em papéis de vencimento em 2016 para rolar empréstimo que financia a construção de navios-sondas de perfuração de petróleo que serão alugados pela Petrobras. A Odebrechtfez emissão para o mesmo fim: lançou US$ 1,5 bilhão com prazo de vencimento em 10,5 anos e conseguiu, pela estrutura de garantias (os próprios navios e o aluguel com a Petrobras), grau de investimento para seus papéis. As garantias foram os próprios navios e o aluguel com a Petrobras. Com demanda forte, de US$ 5 bilhões, o rendimento foi de 6,375% ao ano, abaixo dos 6,5% previstos. "Diante das necessidades de financiamento para o pré-sal, mais títulos desse tipo tendem a sair", afirma Eduardo Müller Borges, responsável pela área de mercados de crédito do SantanderBrasil. "Esses bônus liberam os bancos para fazer mais empréstimos a essas mesmas empresas e por isso são fundamentais em um momento de muita necessidade de financiamento de longo prazo para o país", diz Remizov. Para 2010, os especialistas não veem mais espaço para emissões de bônus, ainda mais considerando-se a alta que os juros títulos do Tesouro dos Estados Unidos tiveram em novembro e dezembro (ver gráfico nesta página). O Fed anunciou que recompraria liquidamente mais US$ 600 bilhões em títulos do Tesouro dos EUA no dia 3 de novembro, mas os preços dos papéis de 10 e 30 anos, em vez de subirem desde então, caíram (os rendimentos, que se movem no sentido contrário, subiram). Toda a alta de preços aconteceu antes desse anúncio. Os rendimentos dos papéis de dez anos são a referência para os mercados de renda fixa no mundo todo: é sobre eles que recai o spread de risco país e de risco de crédito das empresas. "A preocupação com a situação fiscal dos Estados Unidos cresce, ainda mais com a manutenção do pacote de corte nos impostos do governo Bush pelo Congresso americano", afirma Remizov. Segundo ele, a inclinação positiva da curva de juros dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos se acentuou e não só porque apenas 4% das compras do Fed são de títulos de vencimento em 30 anos - a maioria é de sete a dez anos. "Os investidores, assustados com a crise na Europa, partiram em busca da qualidade comprando papéis mais curtos", diz. E há o temor de inflação nos EUA. O perigo de rebaixamento da nota da dívida externa da Espanha preocupa neste momento os investidores, que já ganharam bastante dinheiro em 2010 e evitam tomar risco. Os especialistas preveem, no entanto, um começo de ano animado. "Há uma fila grande para emissões em dólar", diz Remizov. "Os investidores que compram papéis de baixo risco nos Estados Unidos têm muito interesse pelo Brasil, que está resiliente na crise", completa ele. O pacote de estímulo dos investimentos de longo prazo, anunciado pelo governo, ajudar a estimular os investidores, acredita Remizov. |
Fundos de recebíveis são opção para alta renda
Autor(es): Roberta Scrivano |
O Estado de S. Paulo - 20/12/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/20/fundos-de-recebiveis-sao-opcao-para-alta-renda |
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Aumento do crédito do País já impulsiona a modalidade; cotas mínimas são de R$ 25 mil e somente investidores qualificados podem entrar
Na esteira do aumento do crédito no País, os fundos de investimento em direitos creditórios (Fidc) ganham cada vez mais espaço. São produtos indicados para quem tem volumes robustos para aplicar.
Especialistas em finanças pessoais afirmam que o Fidc é um investimento complexo, com muitos detalhes, mas que pode trazer boa rentabilidade. Quanto ao nível de risco, no entanto, há algumas ponderações importantes a serem analisadas antes de escolher qual fundo aplicar.
Luis Fernando Pessoa, diretor da consultoria Local Invest, salienta que, de agora em diante, surgirão "muitos Fdics de óleo e gás", que, em tese, têm um nível de segurança alto (veja no quadro como é formado um Fdic). Ele explica que esses fundos serão compostos pelas faturas de empresas prestadoras de serviços da Petrobrás. "Quem acha que a Petrobrás vai dar um calote nos prestadores de serviço?", indaga. Segundo Alexandra Almawi, economista da Lerosa Investimentos que criou Fidcs para o BNY Mellon, ainda não há registros de calote no Brasil nesse tipo de fundo. "Mas isso não quer dizer que qualquer um pode investir", reforça. A maioria dos Fidcs que estão atualmente no mercado pertence a bancos de empréstimo consignado ou de fomento mercantil (factoring). Nesses casos, segundo os especialistas, é preciso ter atenção ao nível de risco. Para conhecer o nível de risco, deve-se olhar o rating do fundo, que é obrigatoriamente feito com o auxílio de uma agência de classificação de risco de crédito e é revisado trimestralmente. Nos Fidcs, só podem entrar investidores qualificados, ou seja, aqueles que podem comprovar que têm ao menos R$ 300 mil em investimentos. "É preciso apresentar um extrato das aplicações para conseguir comprar uma cota de Fidc", diz Alexandra. A cota mínima de um Fidc, de acordo com a regulamentação da Anbima, deve ser de R$ 25 mil. Para Rodrigo Caparica, diretor de operações estruturadas do banco Prosper, há uma tendência forte de o Fidc tornar-se um produto de varejo. "É um investimento seguro e, como os títulos públicos estão pagando pouco, os investidores vão procurar diversificação na renda fixa, e os Fidcs se enquadram nesse quadro", afirma. Outro fator que deve impulsionar a popularização da modalidade é a maneira como o Fidc é negociado. "Funciona como um fundo normal", diz Pessoa. A grande diferença é que têm no mínimo duas modalidades de cota: as sêniores e as subordinadas. Só as sêniores são ofertadas aos investidores. As subordinadas ficam de posse do originador do fundo e funcionam como uma garantia adicional de recebimento e de rentabilidade para a cota de classe sênior. |
BNDES incentiva pequenas empresas
Valor Econômico - 20/12/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/20/bndes-incentiva-pequenas-empresas |
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Mais empresas de pequeno porte estão recebendo os recursos desembolsados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Em 2010, do total de 59 mil operações registradas no banco, 54,3 mil foram realizadas com micro, pequenas e médias empresas na região do Nordeste. Praticamente o número dobrou em relação a 2009, quando houve 27,1 mil operações com esse segmento. As empresas menores receberam R$ 4,2 bilhões, entre janeiro e outubro de 2010, contra R$ 1,8 bilhão desembolsado em 2009. O BNDES também está atuante no fechamento de parcerias com os Estados do Nordeste para o apoio aos polos de empreendedores e empreendimentos produtivos de baixa renda na região. Em 2010, o BNDES recebeu 1.732 projetos vindos desses polos, dos quais 299 deles foram selecionados até novembro passado. Ou seja, do total de projetos apresentados, apenas 18% foram selecionados. Ainda assim, o valor previsto de desembolso para os projetos contratados é considerado expressivo. É de quase R$ 90 milhões, dos quais R$ 40 milhões são oriundos BNDES. A outra metade foi aplicada pelos Estados. A expectativa é de que grande parte dos recursos seja desembolsada no decorrer de 2011. "São recursos sem reembolso, ou seja, sem prestações pagas posteriormente. No entanto, há o acompanhamento do destino do dinheiro em relação ao projeto apresentado para financiamento", afirma o chefe do departamento regional do BNDES no Nordeste, Paulo Guimarães.
Demanda chega a R$ 10 bilhões em 2011 [Nordeste]
Autor(es): Adriana Aguilar | Para o Valor, de São Paulo |
Valor Econômico - 20/12/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/20/demanda-chega-a-r-10-bilhoes-em-2011 |
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Maior número de empregos formais e aumento da renda refletiram na maior demanda por crédito na região do Nordeste. O volume ofertado foi insuficiente para o atendimento de todos os projetos apresentados em 2010. "Temos uma carteira de projetos analisados que soma R$ 10 bilhões para serem liberados apenas em 2011 porque não há mais recursos", afirma o presidente do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), Roberto Smith. De janeiro a novembro, foram emprestados R$ 17,5 bilhões, cerca de 7% a mais do que em 2009. O crédito foi destinado a 2,3 milhões de operações contratadas. "Nossa expectativa era completar o número de 2,5 milhões de operações em 2010, se houvesse mais recursos do Fundo de Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) para empréstimos", afirma Smith. Na região do Nordeste, o FNE é uma importante fonte de financiamento para as empresas. O FNE tem sua programação aprovada e acompanhada pela Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), mas que é gerido e administrado pelo BNB. Os recursos oriundos do FNE podem ser pagos dentro do prazo de 12 a 20 anos, com período de carência que varia de três a cinco anos. A taxa de juro aplicada ao empréstimo varia de 5% a 10% ao ano. Quando analisada por segmento, a carteira de crédito destinada ao microcrédito rural aumentou 41% no acumulado de janeiro a novembro em relação ao mesmo período de 2009. "O BNB é a segunda instituição mais atuante na concessão de crédito rural no país, operando apenas na região Nordeste", afirma Smith. Outro destaque foi a concessão do microcrédito urbano, com crescimento de 30% de janeiro a novembro sobre o ano anterior. Também ganharam relevância os financiamentos para micro e pequenas empresas, com aumento de 22% do volume ofertado neste ano sobre 2009. Depois de 14 anos, o BNB voltou a captar no mercado internacional. Cerca de 60% dos US$ 300 milhões captados em 2010 serão aplicados em investimentos de longo prazo no setor industrial e de infraestrutura. Os outros 40% têm como destino o capital de giro para custeio agrícola, microcrédito e desconto de duplicata. Quanto à captação por meio do mercado de capitais, as operações diminuíram em 2010. "O BNB está remodelando a sua área de mercado de capitais. O objetivo é que os recursos captados funcionem como um complemento às operações de crédito do banco", diz Smith. Atualmente, o FNE é a fonte de recursos para 45% das operações de empréstimos do banco. A participação do fundo já foi maior em 2004, quando representava 75% das operações. Enquanto a representatividade do FNE nos financiamentos do Nordeste diminui, os recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aumentaram na região. Nos últimos cinco anos, de 2005 a 2010, os desembolsos do BNDES no Nordeste somaram R$ 44,23 bilhões. De janeiro a outubro, os repasses diretos e indiretos do BNDES somaram R$ 13,5 bilhões. Os grandes projetos, acima de R$ 10 milhões, são negociados diretamente com o banco de desenvolvimento. Quando abaixo desse valor, o empréstimo é concedido por meio das instituições financeiras comerciais. "A expectativa é de fechar o ano na casa dos R$ 15 bilhões desembolsados", diz o chefe do departamento regional do BNDES no Nordeste, Paulo Guimarães. "Em número de operações aprovadas em 2010, com recursos do BNDES, o aumento é de 20% a 30% maior do que a quantidade de operações de 2009", destaca Guimarães. Em 2008, os desembolsos do BNDES na região Nordeste alcançaram R$ 7,6 bilhões. No ano passado, chegaram a R$ 22 bilhões. Outra importante fonte de recursos para os financiamento da região é o Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE), instrumento financeiro operado, com decisão final, da Sudene. O montante liberado pelo FDNE em financiamentos no Nordeste, de janeiro a novembro, alcançou R$ 1,3 bilhão. O dinheiro foi aplicado nos projetos da Transnordestina, Eólica Formosa, Eólica Paracuru, Eólica Icaraizinho e Cerâmica Porcellanati, explica Cláudio Vasconcelos Frota, diretor da área de gestão de fundos, incentivos fiscais e de atração de investimentos da Sudene. Em 2010, a Sudene aprovou R$ 265,2 milhões para três projetos. Outros R$ 402,6 milhões estão sendo analisados para oito cartas-consultas. "Quase totalidade do orçamento de 2010 estava comprometida com projetos aprovados em exercícios anteriores", explica Cláudio Frota. O FDNE destina recursos à infraestrutura, serviços públicos e empreendimentos produtivos, com grande capacidade de novos negócios e atividades no Nordeste. "Trabalhamos com a possibilidade de financiar, em média, 40% dos projetos apresentados ao FDNE. Na área de infraestrutura, o apoio seria na ordem de R$ 4,25 bilhões para 2011", diz Frota.
BC modernizará sistema de registro de operações de câmbio em 2011
Autor(es): Fernando Travaglini | De Brasília |
Valor Econômico - 20/12/2010 |
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/20/bc-modernizara-sistema-de-registro-de-operacoes-de-cambio-em-2011 |
O Banco Central (BC) deve concluir nos próximos meses o desenvolvimento do novo sistema de registro e negociação de operações de moeda estrangeira, o Sisbacen Câmbio. O projeto, iniciado em março deste ano, tem o objetivo de modernizar a plataforma, a mais antiga, criada pela autoridade monetária em 1985. O aumento da eficiência também deve levar à redução de custos operacionais. A grande novidade é o sistema de troca de informações. No modelo antigo, ainda em uso, os bancos precisam inserir manualmente todos os contratos por meio de um terminal do Sisbacen. Existe uma equipe em cada instituição só para esse trabalho. No novo sistema, o próprio operador da mesa de câmbio dos bancos, ao fechar a transação, já enviará uma mensagem ao BC com todos os dados necessários. O BC deve concluir o desenvolvimento tecnológico no início do próximo ano e em fevereiro começam os testes de validação com as instituições financeiras. A implantação no mercado primário acontece em setembro de 2011 e no mercado interbancário a atualização será no segundo semestre de 2012. Todo o projeto foi desenvolvido em parceria com o mercado, atendendo as demandas específicas das 165 instituições que utilizam o Sisbacen Câmbio. O sistema movimenta cerca de US$ 5 bilhões por dia no mercado primário e US$ 9 bilhões no secundário, com mais de 20 mil contratos diários. O modelo é semelhante ao que já é usado em outras plataformas do BC, como o Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) e o Selic, de títulos públicos. Isso torna o sistema mais eficiente e deve diminuir os custos tanto para o BC quanto para as instituições financeiras, afirma Geraldo Magela Siqueira, chefe da gerência executiva de normatização de câmbio e capitais estrangeiro. Com 25 anos de vida, os terminais do Sisbacen Câmbio estão bastante defasados e limitam a modernização que o BC vem promovendo na área cambial. Segundo Siqueira, muitas inovações e flexibilizações que poderiam ser adotadas nas operações cambiais encontram uma barreira tecnológica no sistema hoje em funcionamento. "Esse projeto está incluído num processo maior de simplificação da estrutura de mercado de câmbio brasileiro, que vem desde 2004." A facilidade para inserir novas regras de mercado, portanto, também é uma vantagem, já que permite ao BC adaptar eventuais novidades do mercado ao sistema de forma mais rápida e eficiente, afirma. "Às vezes o sistema impede até a evolução normativa. Muitas vezes queremos avançar, mas o sistema limita", diz Siqueira. Jose Antonio Eirado Neto, chefe do departamento de tecnologia da informação, concorda que o sistema é muito antigo. "Daremos um salto qualitativo. Estaremos preparados para fazer qualquer nova alteração normativa. O novo sistema dá suporte para essa evolução", diz. "Novas funções poderão ser incluídas com um mínimo de alteração no sistema", completa Eirado. Siqueira ressalta que essa mudança é apenas tecnológica. Não há nenhuma alteração legal ou normativa para as operações de câmbio. "Não é nosso foco agora mexer nas regras de negócio. Mas, dado que estamos mexendo no sistema, ele vai nos oferecendo oportunidade para simplificar algumas regras", disse. O sistema atende tanto o chamado mercado primário, em que os bancos e corretoras negociam diretamente com seus clientes, quanto o secundário, também conhecido como interbancário. Mas o banco de dados atual será mantido e nenhuma informação será perdida, até por questões de supervisão e controle da autoridade monetária. As instituições financeiras serão responsáveis por desenvolver o seu sistema internamente, para processar as mensagens recebidas e devolvê-las ao Banco Central. Como o sistema é mais flexível, pode abrir também a possibilidade para o desenvolvimento de novos produtos por parte dos bancos e corretoras a seus clientes.
Private equity terá código de regulação
Autor(es): Carolina Mandl | De São Paulo |
Valor Econômico - 20/12/2010 |
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/20/private-equity-tera-codigo-de-regulacao |
Os fundos de "private equity" vão passar a ser regulados por um código. Na quinta-feira, os associados da Associação Brasileira de Private Equity & Venture Capital (Abvcap) aprovaram em uma votação o código de autorregulação para o setor. Uma das maiores novidades trazidas pelo código é a classificação dos fundos em três categorias. No Tipo 1, haverá um comitê de investimento formado por pessoas indicadas exclusivamente pelos cotistas do fundo. O Tipo 2 prevê um comitê com integrantes apenas da gestora ou administradora do fundo. Já o Tipo 3 não terá comitê. Além disso, esses três grupos poderão contar com um conselho de supervisão, composto por pessoas eleitas pela assembleia de cotistas e que poderá ratificar as decisões do comitê de investimento em situações de conflito de interesse. Com a criação dessa tipologia, o objetivo principal foi aproximar a indústria brasileira do padrão internacional, principalmente no que diz respeito à interferência dos cotistas na gestão. No Brasil, é bastante comum os fundos de pensão participarem do comitê de investimento, o que é considerado "anomalia" da indústria de capital de risco brasileira, que pode interferir na liberdade do gestor. Inicialmente, o código previa três categorias de governança, em um modelo similar aos níveis do Novo Mercado para as ações listadas na BM&FBovespa. Porém, gestores da Abvcap ficaram com receio de que isso fosse interpretado como a classificação de um fundo como melhor do que outro, como ocorre no caso das ações. Para as gestoras, dificilmente os fundos de pensão vão abandonar os comitês no curto prazo. Outra novidade trazida pelo código de autorregulação é que os fundos de "private equity" serão supervisionados pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), que elaborou o código em parceria com a Abvcap. Em crescimento a passos largos nos últimos dois anos, essa categoria de fundo de investimento ainda não estava sob o guarda-chuva da Anbima, que regula todos os demais. Cercado de muita polêmica, o código para "private equity" sai com um ano de atraso. Isso porque os próprios integrantes da Abvcap debatiam se havia necessidade de um tipo de investimento que não é voltado para o varejo ter que cumprir com normas padronizadas, uma vez que já existe um regulamento firmado entre cotistas e gestoras. Além disso, a aderência ao código vai significar o pagamento regular de taxas à Anbima, o que atinge o bolso das gestoras. Do lado mais político, enxergou-se que a supervisão pela Anbima também tiraria parte do poder da Abvcap. Alguns gestores ouvidos pelo Valor avaliam que o código também deveria ter exigido dos regulamentos transparência para listar eventuais pontos de conflito de interesse entre cotistas e a gestora. |
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