sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Indústria

Crise não afeta aumento de salários nos países emergentes, mostra OIT

Autor(es): João Villaverde | De São Paulo
Valor Econômico - 16/12/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/16/crise-nao-afeta-aumento-de-salarios-nos-paises-emergentes-mostra-oit

A mais ampla crise mundial desde 1929, desencadeada no fim de 2008, foi totalmente irrelevante para o crescimento dos salários nos países latino-americanos e asiáticos. Enquanto os salários nos países avançados caíram 0,5%, em 2008, e subiram apenas 0,6% em 2009, na América Latina os saltos foram de 1,9% e 2,2%, respectivamente - na Ásia, puxada pelo ritmo da China, o crescimento foi de 7,1% e 8%, nos dois anos.
Os números, divulgados ontem pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), mostram que o crescimento dos salários nos 115 países pesquisados caiu dos 2,7% registrados em 2007 para 1,5%, em 2008, e 1,6%, no ano passado. No Brasil, por outro lado, os salários cresceram 3,3% no ano passado, já tendo registrado incremento de 3,4% em 2008.
A queda no crescimento econômico, entre 2008 e 2009, não alterou o ritmo de alta dos salários nos países emergentes, porque a recuperação começou já ao longo do ano passado. No Brasil, o avanço do Produto Interno Bruto (PIB) caiu de 5,2%, em 2008, para -0,6%, em 2009, mas o acelerado ritmo de recuperação, a partir do segundo semestre, colocou pressão sobre o mercado de trabalho, ampliando os salários.
A situação mais complexa ocorreu na Ásia, onde os salários registraram as taxas mais expressivas de crescimento no ano passado. A China registrou o maior avanço salarial de 2009 (12,1%, em comparação ao ano anterior), mas o Japão teve queda real de 2% nos salários em 2008 e 2009. Os fracos resultados dos japoneses, no entanto, não influíram no levantamento quanto à Ásia, porque o Japão foi contabilizado pela OIT entre os países avançados.
O "Relatório Mundial sobre Salários 2010/2011", da OIT, trabalha com dados de 115 países, e avalia a situação de aproximadamente 94% de 1,4 bilhão de assalariados no mundo. Entre os 28 países avançados, 7 registraram redução real nos salários: Alemanha, França, Reino Unido, Japão, México, Coreia do Sul e Rússia. No ano anterior, além desses, também Estados Unidos, Austrália e México passaram por quedas nos rendimentos oriundos do trabalho.
No estudo, os pesquisadores da OIT assinalam que desde a metade da década de 1990 a proporção de trabalhadores que recebem renda baixa - critério da entidade que define o valor do rendimento como inferior a dois terços do salário médio - tem aumentado em 31 dos 115 países pesquisados.
No Brasil, um em cada cinco trabalhadores assalariados nas seis regiões metropolitanas cobertas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é considerado de baixa renda, com alta representação de mulheres, negros, jovens e trabalhadores com baixo nível de escolaridade. Uma das constatações do estudo é que existe pouca mobilidade, no país, entre os trabalhadores de baixa renda e os demais assalariados.
Entre 2002 e 2009, 44,2% mantiveram sua situação de trabalhador de baixa renda, 18,3% passaram para o desemprego ou saíram do mercado de trabalho e 37,5% passaram a obter salários mais favoráveis.
"Ainda é muito cedo para saber com precisão quais setores e profissões foram mais afetados pela crise, porque poucos países publicaram dados sobre a estrutura dos salários", diz o estudo, "Entretanto, dados específicos de vários países indicam que os salários podem ter sido afetados de forma mais negativa no setor privado que no setor público."
No caso brasileiro, a estrutura do funcionalismo público proíbe a demissão imotivada, o que impossibilita o corte de pessoal - não apenas em tempos de crise, mas em qualquer período. Além disso, o serviço público conta, em sua maioria, com salários iniciais superiores à iniciativa privada, o que influi nas estatísticas.
O salário mínimo também foi reajustado, em fevereiro de 2009, de R$ 415, vigentes em 2008, para R$ 465. Esse salto, de 10,7%, influenciou "decisivamente", destaca a OIT, a elevação do salário médio brasileiro, uma vez que o mínimo afeta, em cascata, as negociações salariais dos sindicatos.


Crise reduziu aumento salarial à metade, diz OIT

Autor(es): A gência O globo / : Andrea Freitas
O Globo - 16/12/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/16/crise-reduziu-aumento-salarial-a-metade-diz-oit
 
Relatório mostra que Brasil não diminuiu ganho real dos salários entre 2008 e 2009


A crise econômica e financeira internacional teve efeito direto sobre os salários, reduzindo sua taxa de crescimento à metade em 2008 e 2009. A conclusão é do "Relatório Mundial Sobre Salários 2010/2011 - Políticas Salariais em Tempos de Crise", divulgado ontem pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). O estudo inclui dados de 115 países e avalia a situação de 94% de 1,4 milhão de assalariados em todo o mundo.

O crescimento médio dos salários mensais no mundo caiu de 2,8% em 2007 - antes do início da crise - para 1,5% em 2008, e 1,6% em 2009. Desconsiderando a China, o crescimento foi ainda menor: 0,8% em 2008 e 0,7% em 2009, frente a 2,2% em 2007.

Já a América Latina manteve um bom ritmo de aumento salarial. Em 2007, os salários na região cresceram 3,3%. No ano seguinte, desaceleraram, com alta de 1,9%. Mas em 2009, houve uma recuperação, com crescimento médio de 2,2%. O Brasil - cujos dados são baseados na Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE - registrou aumentos reais de 3,4% em 2008 e de 3,3% em 2009. Em 2007, a alta havia sido de 3,2%.

Segundo a OIT, os bons resultados brasileiros se devem ao fato de os efeitos da crise terem sido mais breves no país e ao aumento do salário mínimo no período 2008-2009.

Por outro lado, 12 de 28 grandes economias tiveram redução do nível de salário real em 2008, entre elas estão Alemanha, Austrália, Estados Unidos, Itália, Japão, México e Coreia do Sul. E sete apresentaram essa tendência em 2009, incluindo França, Inglaterra e Rússia.

- A recessão não tem sido dramática apenas para milhões de pessoas que perderam seus empregos, pois também afetou aqueles que mantiveram seus trabalhos, com a redução, de maneira drástica, do poder aquisitivo e do bem estar geral - disse Juan Somavia, diretor-geral da OIT.

Diminuição do poder de compra dos trabalhadores

Foi exatamente isso que aconteceu com um engenheiro brasileiro que trabalha na Renault na França. Para enfrentar a crise, a montadora optou pelo chamado desemprego parcial. Em 2009, em vez de demitir, reduziu em um dia a carga de trabalho semanal de profissionais de nível superior e de dirigentes. A economia serviu para manter os salários dos técnicos - em maior número na empresa. Segundo o engenheiro, a medida foi elogiada por evitar demissões. Mas seus efeitos foram sentidos:

- Perdemos de 7% a 8% do poder de compra anual - afirmou ao GLOBO, por telefone, o engenheiro, que vive em Paris e preferiu não se identificar.

Além disso, antes da crise, os aumentos salariais ficavam em torno de 2,5% a 3%, de acordo com o engenheiro. No ano passado, não houve reajuste e, em 2010, o aumento foi de 1% a 1,5%. A crise também impactou benefícios como os bônus pagos por produtividade.

- Em 2009, não recebemos nada. Este ano, em abril, ganhamos 20% de um salário. Antes da crise, chegávamos a ganhar um salário de bônus e participação nos lucros.


Fracassa acordo sobre licitações no Mercosul

Autor(es): Daniel Rittner | De Foz do Iguaçu
Valor Econômico - 16/12/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/16/fracassa-acordo-sobre-licitacoes-no-mercosul


Os países do Mercosul fracassaram na tentativa de concluir, durante a 40ª reunião de cúpula do bloco, um acordo para abrir o regime de licitações públicas dentro do bloco. Contrariando a expectativa de assinar o acordo até amanhã, em Foz do Iguaçu, os negociadores brasileiros não conseguiram driblar a resistência da Argentina.
A nova previsão é que um entendimento ocorra somente em 2011. Mas o certo é que, se não houver uma reviravolta entre hoje e amanhã, o Mercosul voltará a trocar propostas com a União Europeia - provavelmente em março - sem um acordo próprio sobre compras governamentais, um dos principais interesses dos europeus em um tratado de livre comércio com os sul-americanos.
Negociadores do Brasil e da Argentina chegaram a Foz do Iguaçu dispostos a superar as divergências, mas as conversas chegaram a um impasse ontem à tarde e já se dava como inevitável o fim das discussões. Para os argentinos, o que colocou ponto final nas negociações foi a recusa da delegação brasileira em incluir as obras da Copa de 2014 e da Olimpíada de 2016 no acordo. Eles já se sentiam prejudicados pela ausência da Petrobras e as bilionárias licitações para a exploração do pré-sal. Mas isso não teve peso decisivo, porque estatais não foram contempladas desde o início das conversas.
Há quatro anos, o Mercosul já havia firmado acordo para dar preferências aos sócios nas licitações públicas. O Congresso da Argentina aprovou o texto, mas o governo brasileiro não chegou a mandá-lo para a ratificação do Legislativo, a fim de revisar a inclusão da Eletrobras no acordo. Na mesma lei que permitiu sua internacionalização, a estatal do setor elétrico foi dispensada de contratar obras por licitações, o que contraria compromissos no âmbito do Mercosul. Por isso, as negociações voltaram quase ao zero.
Hoje, os sócios do Mercosul já podem participar de licitações e compras públicas no Brasil. O que o acordo garantiria era a possibilidade de uma construtora ou uma indústria argentina, por exemplo, igualar a melhor oferta em uma licitação para bens ou obras de infraestrutura. Sempre que a proposta de uma empresa do bloco fosse até 10% superior à melhor oferta, ela teria a chance - como ocorre com as brasileiras - de baixar o preço e ganhar a concorrência.
As compras governamentais têm sido apontadas por negociadores europeus como uma das prioridades da UE, junto com a área de propriedade intelectual e a queda de tarifas para produtos industrializados, nas negociações para acordo de comércio com o Mercosul.
Segundo fontes argentinas, outra complicação para o acordo foi a recente mudança na legislação brasileira, que dá preferência por produtos e serviços nacionais nas licitações públicas, mesmo com preços até 25 % superiores aos estrangeiros. "Nem vocês mesmos sabem como vai funcionar", disse um funcionário argentino, lembrando que a lei não foi regulamentada. Ele qualificou como "prioritário" o interesse da Argentina em ter preferência nas licitações da Copa e da Olimpíada. Um diplomata brasileiro explicou que não há como incluir as instalações esportivas no acordo por causa de indefinições sobre o funcionamento da Autoridade Pública Olímpica.

Honeywell planeja abrir fábrica em SP

Autor(es): Moacir Drska | De São Paulo
Valor Econômico - 16/12/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/16/honeywell-planeja-abrir-fabrica-em-sp

As razões que trouxeram Frank Whitsura ao Brasil estão na ponta da língua. "Queremos ingressos para a Copa do Mundo e as Olimpíadas", brinca o executivo, que visitou o país recentemente com outros cinco vice-presidentes da Honeywell. O grupo americano fornece equipamentos, software e serviços nas áreas de controle e automação, transportes e aeroespacial, entre outros segmentos.
A ideia é aproveitar as perspectivas de crescimento econômico, industrial e estrutural do Brasil nos próximos anos para fortalecer a presença da Honeywell no mercado brasileiro de automação. "Além da economia vibrante, o Brasil é um dos países onde as empresas estão mais investindo em tecnologias inovadoras", diz Whitsura, vice-presidente global de tecnologia e operações da Honeywell Process Solutions (HPS). A HPS integra a unidade de controle e automação da Honeywell.
Uma das ações da companhia para alcançar esse objetivo é a construção de uma fábrica no Estado de São Paulo em 2011. O local específico, a capacidade produtiva, o número de empregos que serão criados e a linha de produtos a ser fabricada ainda estão em fase de definição. O aporte inicial será de US$ 500 mil, informa Jerry Gutierrez, diretor da Honeywell na América Latina.
Apesar do investimento discreto na primeira fase da fábrica, Gutierrez ressalta a importância estratégica da nova unidade, que a princípio atenderá às demandas do mercado interno, com possibilidade de expansão para a América Latina.
Até agora, as fábricas da Honeywell voltadas à automação e destinadas aos clientes nas Américas estavam concentradas nos Estados Unidos. A concepção inicial da companhia era a de que a concentração da manufatura em um único ponto era melhor para os negócios. "Mas aprendemos que para ter sucesso em um mercado estratégico como o Brasil você precisa ser local e isso envolve necessariamente a fabricação no país", afirma Gutierrez.
Entre as peculiaridades do Brasil, diz Whitsura, está a estratégia dos grandes clientes em relação aos investimentos para aumentar a produção. Enquanto em outros países o foco tem sido integrar várias unidades em menos fábricas, no mercado brasileiro muitas empresas estão direcionando recursos para a construção de novas unidades. Entre os segmentos mais promissores para a companhia na área de controle e automação estão petróleo e gás, química, papel e celulose, e mineração. "Nosso foco é qualquer empresa que esteja sofrendo com problemas de produtividade".
O mercado brasileiro de automação tem um potencial de negócios de US$ 2 bilhões por ano, afirma Gutierrez. O faturamento atual da Honeywell no segmento é de US$ 150 milhões no país, o que representa 35% das receitas obtidas com essa área na América Latina. "Nosso objetivo é quadruplicar a receita no Brasil nos próximos cinco anos", diz o executivo.
Gutierrez revela que os investimentos, cujo total previsto não é revelado, também serão direcionados à abertura de escritórios em regiões como Norte e Nordeste em 2011, além ampliação dos já existentes em outras áreas. Atualmente, a divisão de automação da Honeywell conta com 150 funcionários no Brasil, divididos em seis escritórios, localizados em São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Paraná, São Luís e Curitiba.
A estrutura comercial da divisão de automação prevê dois modelos: atendimento direto aos clientes de grande porte e por meio de 15 canais para o restante da carteira. A ideia, segundo Gutierrez, é ampliar os parceiros especializados em segmentos como química e papel e celulose. "Vamos investir em programas de treinamento, tanto para os canais como para a nossa equipe", afirma o executivo.

Sobra de energia não afasta risco de racionamento

Autor(es): Rafael Rosas | Do Rio
Valor Econômico - 16/12/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/16/sobra-de-energia-nao-afasta-risco-de-racionamento
A sobra de energia firme no Brasil para o período entre 2011 e 2014 é a maior da história, mas mesmo assim o risco de racionamento a partir de 2012 não está definitivamente afastado. Estudo da consultoria PSR e do Instituto Acende Brasil mostra que os limites de transmissão de energia entre as regiões Sudeste e Nordeste e o baixo nível de armazenamento dos reservatórios este ano ainda não permitem tranquilidade total em relação ao risco de racionamento.
O trabalho mostra que no melhor cenário - crescimento médio da demanda de 5,3% entre 2010 e 2014 e entrada em operação, no prazo, de todas as térmicas contratadas - a sobra de energia pode chegar a 7 mil megawatts médios em 2013, o equivalente à soma dos fornecimentos firmes de Belo Monte e Santo Antônio.
Mesmo no pior cenário, de crescimento de 6,3% ao ano na demanda e atraso de um ano na entrada das usinas classificadas como "amarelas" pela fiscalização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a sobra de energia seria de 2,2 mil MW médios em 2012, e de 1,6 mil MW médios em 2013. O risco de racionamento no Sudeste em 2012 é de 3,8% no melhor cenário, e de 5,9% no pior. "O risco não é alto quando comparado com a média histórica, mas, com a sobra de energia projetada, esse risco deveria ser zero", diz Mário Veiga, sócio da PSR.
O risco de racionamento não é homogêneo em todo o país. No cenário mais positivo, o risco no Nordeste é de 2,3% no Nordeste em 2012. Veiga diz que ainda há limites de transmissão entre o Nordeste e o Sudeste, mas, além disso, culpa o gasto de água dos reservatórios este ano pelo risco de racionamento a partir de 2012. Em janeiro, o nível médio dos reservatórios no país era de 72%, caindo para 40% no início de dezembro, mesmo com o nível de chuvas entre janeiro e novembro ter ficado na média dos últimos 80 anos.
De acordo com a PSR, a produção de energia pelas "pequenas usinas" – biomassa, eólicas e pequenas centrais hidrelétricas – foi, em média, 1.600 MW abaixo do projetado para o período janeiro-outubro.
"O ONS [Operador Nacional do Sistema Elétrico] não tem como saber sobre a produção individual de cada usina", disse Veiga, lembrando que as ferramentas de acompanhamento atuais dão pouca atenção às pequenas usinas, que hoje, somadas, já têm a capacidade de produção equivalente às garantias firmes de Belo Monte.
Outra razão apontada para redução do nível dos reservatórios foi a geração de Itaipu com apenas 53% da capacidade no primeiro semestre, devido às obras para instalação de equipamentos protetores nas linhas de transmissão. As usinas usadas para compensar a redução da carga de Itaipu foram as demais hidrelétricas do Sudeste, que reduziram seus reservatórios e obrigaram Itaipu a verter água.

Venda de combustíveis deve bater recorde no ano

Autor(es): Juliana Ennes | Do Rio
Valor Econômico - 16/12/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/16/venda-de-combustiveis-deve-bater-recorde-no-ano


A venda de combustíveis no país deve bater recorde em 2010. De acordo com estimativa realizada pelo Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom), o volume de combustíveis que saem de distribuidoras deve chegar a 108 bilhões de litros, um crescimento de 9,5% sobre o registrado no ano passado. Foi a primeira vez que as vendas passaram dos 100 bilhões de litros. A expectativa, no entanto, é de que no ano que vem as vendas não mantenham o mesmo ritmo de crescimento, de acordo com o vice-presidente do Sindicom, Alísio Vaz.
A maior parte dos 108 bilhões de litros vendidos foi de diesel, que teve recorde de vendas, representando 45,9% do total. O aumento do diesel em relação ao ano anterior foi de 12,2%.
A gasolina, cujas vendas também bateram recorde, representou 27,9% do total. Já o etanol hidratado, que já havia registrado recorde no ano passado, representou 13,7% do total de combustíveis. O GNV representou 1,9% do total, após queda das vendas de 4,2%.


Governo vai investigar montadoras

Montadoras sob pressão
Autor(es): A gência O globo / : Vivian Oswald e Ronaldo D"Ercole
O Globo - 16/12/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/16/governo-vai-investigar-montadoras
 
Governo investigará Volks, Fiat e Ford, acusadas de impedir fabricação de peças por empresas independentes


OConselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) determinou ontem a abertura de um processo administrativo pela Secretaria de Direito Econômico (SDE), do Ministério da Justiça, contra as montadoras Volkswagen, Fiat e Ford, para apurar supostas práticas anticoncorrenciais adotadas pelas três empresas. A Associação Nacional dos Fabricantes de Autopeças (Anfape) acusa as montadoras de impedir a fabricação e a comercialização de determinadas autopeças pelas mais de duas mil empresas independentes que atuam hoje no país.

A SDE havia pedido o arquivamento da representação, mas o Cade não concordou com a decisão e obrigou a secretaria a reabrir as investigações.

A Anfape argumenta que as montadoras usam os direitos de propriedade industrial sobre determinadas autopeças de forma abusiva. A intenção seria impedir os fabricantes independentes de poder oferecer o mesmo produto, o que impõe ao consumidor um custo alto na compra de peças de reposição. Para-choques, capôs, faróis e calotas estariam entre os itens supostamente protegidos.

- Qual é a inovação tecnológica de um para-choque ou de uma calota? - pergunta um técnico.

Multa pode chegar a 30% do faturamento

As montadoras garantem estar amparadas pelo direito de propriedade industrial e defendem que o Cade não teria competência para examinar a questão.

- Todo direito tem limite, não existe direito absoluto - afirmou o relator do processo, conselheiro Carlos Ragazzo, lembrando que a lei de propriedade industrial não se sobrepõe à lei antitruste.

No relatório de mais de cem páginas, lido por mais de duas horas durante a sessão de ontem, Ragazzo destaca ainda que, apesar do que alegam as montadoras, existe um número muito pequeno de autopeças protegidas, de fato, pelo registro no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).

O documento argumenta que, no caso da Fiat, por exemplo, de três mil autopeças produzidas pela montadora, apenas 11 têm registro de propriedade industrial no órgão.

O Cade quer a análise detalhada dos mercados primário (montagem de veículos) e secundário (mercados atacadista e varejista de autopeças), além dos custos e preços praticados pelo setor, de modo a dispor de informações suficientes para avaliar o mérito da questão.

Se, depois das novas investigações da SDE, ficar comprovado que as montadoras estão lançando mão de práticas para prejudicar a concorrência, elas estarão sujeitas a multas de 1% a 30% do seu faturamento. Além disso, também podem perder o direito de exclusividade sobre parte das peças.

A Anfape surgiu em 2007, como uma dissidência do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), exatamente para apresentar o processo na SDE. Isso porque o sindicato não poderia se voltar contra as montadoras, principais clientes de seus associados.

O argumento usado na SDE era o de que as montadoras abusavam de seu poder econômico "a fim de dominar o mercado secundário de autopeças". Na ocasião, Laércio Farina, advogado da Anfape, afirmara ao GLOBO que "mercado paralelo não é pirataria".

A obrigatoriedade de usar peças fabricadas pelas montadoras encarece a manutenção do automóvel, principalmente dos carros usados fora da garantia, pois as oficinas independentes são obrigadas a adquirir componentes nas concessionárias. E, em alguns casos, as peças somem do mercado.

Fiat defende prática; Volks vai colaborar

A Fiat informou que manterá sua posição e defenderá a exclusividade de produção de determinados componentes de seus veículos, por entender que este é um direito amparado por lei. Para a montadora italiana, a decisão anunciada ontem pelo Cade apenas estende a discussão em torno de um processo que já existia.

- Entendemos que essas são peças e partes protegidas por registro de patente, ou, no caso do design de alguns componentes, de propriedade intelectual. Por isso, nossa defesa continuará a mesma, com os mesmos argumentos de antes - afirmou um porta-voz da empresa.

A Ford disse que não irá se pronunciar neste momento, mesma posição manifestada pela Volkswagen.

- Vamos colaborar com o Cade. Não vamos nos pronunciar até que haja uma decisão do órgão - disse um porta-voz da montadora alemã.


Na mesma sessão de ontem, o Cade aprovou a operação de arrendamento da jazida de calcário de Aguaçu, em Cuiabá (MT), pelo grupo Votorantim, com uma restrição. O prazo da cláusula de exclusividade no fornecimento de brita para a Cimentos Votorantim, que era superior a cinco anos, deve se limitar a este período.

O Cade ainda aplicou multa de R$1,7 milhão à empresa Box Três Video por práticas anticoncorrenciais. Segundo o órgão, a empresa estaria impedindo as concorrentes de participarem na formulação de programas de vendas na TV.

AR: Indústria terá 8º ano de expansão acima do PIB

Valor Econômico - 16/12/2010
 
Enquanto o governo brasileiro tenta minimizar a tese de desindustrialização nacional, as autoridades na Argentina sustentam a teoria de que o país vive um processo de reindustrialização desde a crise econômica de 2001 e 2002. A ministra da Indústria, Débora Giorgi, afirma que o setor caminha para o oitavo ano seguido de crescimento superior ao do PIB. Segundo ela, haverá expansão de 8,2% em 2010, enquanto a economia como um todo aumentará 7,6%.
Em duas recentes apresentações a investidores estrangeiros, Giorgi enumerou quatro pilares para justificar o movimento de reindustrialização: a manutenção de uma taxa de câmbio competitiva, uma política de desendividamento e de redução da volatilidade financeira, um mercado doméstico em expansão acelerada e uma estratégia clara de proteção à indústria contra a "concorrência desleal". "Não vamos cair novamente no canto da sereia e exportar apenas commodities. Só com o fortalecimento da indústria é que vamos dar trabalho a 40 milhões de argentinos."
Graças a essas políticas, de acordo com Giorgi, a produção industrial cresceu mais nos últimos anos do que em qualquer outro período recente. Os dados do ministério apontam que o setor teve expansão de 45% entre 1990 e 1998, depois recuou 30% entre 1999 e 2002, e cresceu 81% entre 2003 e 2008.
Para os pesquisadores Ricardo Ortiz e Martín Schorr, da Universidade Nacional de San Martín, que fizeram um estudo sobre o assunto, houve um movimento de recuperação após um longo período de desindustrialização nos anos 90. Mas esse processo esteve sustentado pela megadesvalorização do peso, em 2002, e se concentrou na primeira metade da década. Como participação no PIB, segundo os dois pesquisadores, a indústria passou de 15,4% em 2001 para 16,8% em 2004, mas patina desde então. No período, a substituição de importações e a ociosidade das fábricas puxaram a indústria.
No entanto, Ortiz e Schorr dizem que não houve uma "redefinição do perfil de especialização industrial da Argentina" e que o país continua dependendo de multinacionais e de recursos naturais - agroindústria, petróleo, químicos, aço e alumínio. O secretário-geral da União Industrial Argentina (UIA), José Ignacio de Mendiguren, reclama: "Com a exceção de setores menos dinâmicos, como calçados e têxteis, não há uma estratégia industrial de longo prazo".
A Fundação Mediterrânea, um centro de estudos mantido pelo setor privado, avalia que o crescimento da indústria na Argentina está cada vez mais atrelado ao desempenho da economia no Brasil. Neste ano, o mercado brasileiro deverá alcançar participação recorde de 50% como destino das exportações industriais argentinas. Essa fatia havia chegado a 49% em 1997, durante o governo Menem, mas caiu progressivamente até atingir 26,8% do total em 2003.
O economista Dante Sica, diretor da consultoria Abeceb, diz que um número crescente de empresas brasileiras se instala no país para se aproveitar do câmbio mais competitivo e exportar para o Brasil. Segundo ele, a presença de companhias brasileiras mais do que quadruplicou desde 1998, subindo de 63 firmas para as atuais 280.
Na Argentina, o número de empresários e economistas que apontam um processo de desindustrialização é bem menor do que no Brasil, mas eles existem. Um deles é Paolo Rocca, presidente do grupo Techint, que vê a economia argentina acompanhando um processo de "primarização" de toda a América Latina. Estimativas projetam um superávit comercial de US$ 12 bilhões neste ano, mas as importações de produtos industriais deverão superar as exportações em mais de US$ 18 bilhões. Os maiores déficits estão nos setores de máquinas, autopeças, químicos e plástico e borracha.

Sapato com sotaque brasileiro revitaliza polo calçadista argentino

Autor(es): Daniel Rittner | De Coronel Suárez (Argentina)
Valor Econômico - 16/12/2010
 
Indústria: Medidas protecionistas da Argentina estimularam Vulcabras a investir no país.
A 550 km ao sul de Buenos Aires, o município de Coronel Suárez é um dos polos calçadistas mais tradicionais da Argentina e chorou quando sua maior indústria fechou as portas, em 2003. A Gatic, que protagonizava um duelo do calçado nacional contra a Alpargatas, não suportou os efeitos do endividamento assumido com o dólar barato da década anterior para comprar maquinário e tentar resistir - inutilmente - à invasão dos sapatos e tênis importados.
De quase dois mil empregados, nos melhores tempos, a fábrica passou a receber a visita de apenas uma pessoa. "Eu vinha todos os dias para cortar a grama dos jardins, espantar as pombas de dentro dos galpões e fazer o inventário das máquinas, mas ia para casa usar o computador porque até a luz havia sido cortada", afirma Héctor Adámoli, o diretor industrial à época.
Sob nova direção, hoje o cenário é bem diferente. A fábrica emprega 4,2 mil trabalhadores e funciona inclusive de madrugada. O estacionamento para funcionários está cheio de motos e muitos compraram carro. A prefeitura estuda uma solução viária para desafogar o trânsito das imediações - uma novidade para este pequeno município interiorano - nas trocas de turno.
A pequena revolução em Coronel Suárez tem sotaque brasileiro. Em 2007, entusiasmada com a alta das vendas à Argentina, mas enfrentando dores de cabeça com o uso crescente de licenças não automáticas para atrasar suas exportações, a Vulcabras investiu US$ 27 milhões na compra da ex-Gatic.
"A região respirava uma cultura calçadista e a fábrica tinha ótimas condições de retomar a produção", diz Marco Antônio Sá Martins, presidente da Vulcabras na Argentina. Era também a melhor forma de driblar medidas protecionistas. "As licenças não automáticas passaram a fluir com mais rapidez quando o governo argentino viu que estávamos investindo uma soma importante na recuperação da indústria local", emenda Martins.
A produção diária, que girava em torno de 12 mil pares de calçados por dia no início de 2010, já subiu para 16,5 mil pares no fim do ano. Aumenta se for incluída a confecção de sandálias Ipanema, que a Vulcabras terceiriza para a Grendene, do mesmo grupo familiar. Já foram investidos mais de US$ 60 milhões na fábrica. Hoje ela fatura 720 milhões pesos (US$ 180 milhões), um aumento de 47% sobre o ano passado, e emprega quase dez vezes mais do que em 2007.
Numa cidade com população estimada em 38 mil habitantes, calcula-se que uma em cada três famílias tem um ou mais integrantes trabalhando na Vulcabras. A empresa começa a sentir falta de mão de obra especializada. O vigor da indústria já levou a presidente Cristina Kirchner a visitar duas vezes suas instalações. "Coronel Suárez é um município com desemprego zero", afirmou ao Valor o governador de Buenos Aires, Daniel Scioli, aliado de Cristina.
A prosperidade chegou ao comércio local. "Aqui só não trabalha quem não quer", afirma Pedro Graff, dono de uma concessionária da Citroën que viu seus negócios crescerem. Boa parte da renda de Coronel Suárez ainda é gerada pelas plantações de soja e criação de gado nos arredores. "Mas o que a fábrica fez foi blindar a nossa economia contra as volatilidades do campo", acrescenta o empresário.
Novos supermercados e redes varejistas se instalaram na cidade. Na loja de eletrodomésticos Merlino, o gerente Jorge Landoburu estima que pelo menos 30% de sua clientela é de trabalhadores da Vulcabras. "O fim de semana seguinte ao pagamento é nosso melhor período de vendas", comenta.
O crescimento da fábrica mudou até mesmo os hábitos de consumo dos funcionários. "Basta dizer que trabalhamos na Vulcabras que nos dão crédito", afirma Juan Carlos Wagner, 50, especialista em corte de couro. Em 1978, ele teve ali seu primeiro emprego, que durou até a quebra da Gatic. Voltou quando a indústria foi comprada pelos brasileiros. "Trabalhei 27 anos na empresa e me mandaram embora de um dia para outro, sem indenização. Hoje, vivemos num ambiente de estabilidade."
O único funcionário brasileiro na Argentina é o próprio presidente, que fica no escritório em Buenos Aires. Desde meados do ano, até a produção é controlada por um argentino, o mesmo antigo diretor que visitava a fábrica para cortar a grama e espantar as pombas. Os resultados têm sido comemorados. A Reebok, cuja licença exclusiva no Cone Sul é detida pela Vulcabras, estava na 17° lugar posição do mercado local de calçados esportivos e agora disputa a vice-liderança, perdendo apenas para a Nike. Quiosques com sandálias Ipanema estão em shopping centers. E a marca Olympikus, de propriedade da empresa brasileira, triplicou as vendas em dois anos - para 1,2 milhão de pares em 2010.
Com uma política de marketing agressiva, a Vulcabras patrocina três times de futebol: o Lanús, o Racing e o Argentinos Juniors.
Esta é a primeira de uma série de três reportagens sobre a reindustrialização da Argentina

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