sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Agronegócios

SCA amplia contratos para venda de etanol

Autor(es): Fabiana Batista | De São Paulo
Valor Econômico - 23/12/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/23/sca-amplia-contratos-para-venda-de-etanol
 
A SCA Trading, uma das maiores comercializadoras de etanol do país, vai iniciar a próxima safra de cana, a 2011/12, com mais cinco usinas associadas. Juntas, as empresas somam capacidade de moagem de cana de 16,2 milhões de toneladas e produção de 455 milhões de litros de etanol.
Com clientes de peso como a Cosan, a SCA Trading integra o grupo das empresas que lidera a consolidação de oferta de produtos derivados da cana, juntamente com a gigante Copersucar, que atua em açúcar e etanol, e a Bioagência, em etanol.
Esse modelo existe há algum tempo, mas nos últimos anos vem ganhando força como alternativa ao forte movimento de consolidação tradicional - fusões e aquisições. "Vender etanol via empresas de comercialização ajuda a trazer mais equilíbrio de forças na negociação com o concentrado mercado de distribuição de combustíveis", afirma Martinho Seiiti Ono, diretor da SCA Trading.
Com o mercado de São Paulo já fortemente disputado, a comercializadora está buscando também entrar mais agressivamente em outros Estados produtores de etanol, como Minas Gerais e Mato Grosso do Sul.
Das cinco usinas recém-associadas da SCA, três são mineiras, segundo Ono. São elas a Vale do Tijuco, pertencente à Companhia Mineira de Açúcar e Álcool(CMAA), com capacidade de processamento de 3,3 milhões de toneladas de cana, a Companhia Energética do Vale do São Simão, do Grupo Andrade, e com moagem de 2,5 milhões de toneladas, e a Bioenergética Vale do Paracatu (Bevap), com processamento de 2,4 milhões de toneladas.
Com as adesões, a comercializadora dobra sua participação em Minas Gerais, o terceiro maior produtor de etanol do país. As outras novas unidades da SCA estão em Mato Grosso do Sul e Goiás, também novas fronteiras de produção de etanol, e pertencem à Cosan.
O executivo diz que a presença de comercializadoras locais de etanol é praticamente nula nesses Estados e há, portanto, demanda reprimida para ser atendida. Na medida em que essa empresas vão chegando, trazem mais planejamento na venda do biocombustível, diz ele. Em Minas Gerais, por exemplo, é comum o setor vender muito etanol para fora do Estado durante a safra - com desconto de frete no preço à usina - e depois, na entressafra, ter que importar o produto, também agregando custos ao produto final.
O diretor da SCA calcula que com esse tipo planejamento - para evitar exportação e importação interestadual - é possível trazer um retorno de remuneração à usina de 3% a 4% maior.
No caso de Goiás, que de três anos para cá passou a ser exportador de etanol, o esforço vem sendo feito para exportar o produto para o Nordeste em vez de colocar no Sudeste do país, como normalmente ocorre, explica ele.
Com as adesões, a SCA Trading entrará a safra 2011/12 com 55 usinas associadas e um volume de comercialização de 4,5 bilhões de litros, ainda menor do que o realizado na safra 2010/11, quando a empresa negociou 4,98 bilhões de litros. Isso porque, segundo Ono, os últimos movimentos de consolidação no setor resultaram na saída de alguns clientes. O maior deles foi a Santelisa Vale, que foi comprada pela francesa Louis Dreyfus.
A comercializadora perdeu ainda parte do volume da Açúcar Guarani, que agora tem como sócia a Petrobras. "A entrada dessas novas unidades e o crescimento de volume das já existentes compensaram grande parte da perda".
Neste ano, a Copersucar, também de olho na consolidação, entrou agressivamente na busca de associados. Nesta safra, a empresa está vendendo açúcar e etanol de usinas que somam moagem de 114 milhões de toneladas de cana, volume que deve subir para 138 milhões de toneladas em 2011. Atualmente, das 43 unidades associadas da Copersucar, quatro ficam fora do Estado de São Paulo. No caso da Bioagência, das 29 associadas, 12 estão fora de território paulista.

Commodities influenciaram IPCA, aponta relatório

Valor Econômico - 23/12/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/23/commodities-influenciaram-ipca-aponta-relatorio

O Banco Central (BC) lançou ontem o Índice de Commodities Brasil (IC-Br), uma medida dos preços internacionais que têm relevância para a dinâmica da inflação doméstica. Segundo o BC, o indicador se mostra necessário devido à importância crescente desses itens para a economia brasileira e, consequentemente, seus potenciais impactos sobre a dinâmica dos preços ao consumidor e, também, repercussões nas expectativas dos agentes.
O IC-Br é composto por uma cesta de indicadores de preços com pesos diferentes de acordo com a relevância para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O Banco Central deve divulgar esse índice periodicamente, além de fornecer a abertura dos dados para três setores: IC-Br Agropecuária, o IC-Br Metal e o IC-Br Energia.
Segundo o BC, a trajetória recente do indicador ratifica a visão de que houve contribuição significativa, nos últimos meses, da elevação dos preços das commodities para a aceleração do IPCA. "O período iniciado no segundo semestre de 2010, registra variação do IPCA mais acentuada do que a das medidas de exclusão, trajetória consistente com a elevação, no mercado internacional, das cotações das principais commodities agrícolas e metálicas."
A criação do indicador permitiu ainda ao BC estimar a influência desse indicador na dinâmica dos preços. Na avaliação da autoridade monetária, o repasse de um choque no IC-Br para o IPCA se inicia logo no primeiro mês em que os preços médios da cesta se elevam. O pico acontece no mês seguinte e torna-se praticamente nulo a partir do quinto mês.

Licença ambiental adia construção da "ferrovia da soja" para o ano que vem

Autor(es): André Borges | De Brasília
Valor Econômico - 23/12/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/23/licenca-ambiental-adia-construcao-da-ferrovia-da-soja-para-o-ano-que-vem

O governo até que tentou, e o Ministério dos Transportes ainda sustentou, no início deste mês, que as obras da Ferrovia de Integração Centro-Oeste (Fico) começariam antes do fim do ano. Mas elas ficaram para 2011.
A ferrovia que promete mudar a face do escoamento de grãos do país é uma das obras tocadas pela Valec, estatal que foi reativada para ampliar a malha nacional de trens de carga. O atraso no projeto, diz José Francisco das Neves, presidente da empresa, se deve à falta de licença prévia, documento que ainda não foi emitido pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama).
Segundo Neves, a empresa de desenvolvimento de projetos Enefer já está instalada na cidade de Água Boa (MT) para detalhar a execução do projeto básico e executivo da ferrovia. "Infelizmente não conseguimos cumprir o prazo que estava previsto, mas com certeza vamos iniciar a obra até abril de 2011", afirmou Neves.
A Fico será executada em duas etapas. A primeira fase começa em Campinorte (GO), onde se integra à Ferrovia Norte-Sul. Dali, a ferrovia cortará o Estado de Mato Grosso até chegar em Lucas do Rio Verde, num trecho de 1.040 quilômetros. Nesta etapa o investimento previsto é de R 4,1 bilhões, recurso que sairá do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O segundo trecho da obra, orçado em mais R 2,3 bilhões, seguirá de Lucas do Rio Verde até o município de Vilhena (RO), somando mais 598 quilômetros de malha.
Quando estiver pronta, afirma Glauber Silveira da Silva, presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja/MT), a Fico vai baratear em até R 1 bilhão o custo do frete que hoje é pago pelos produtores da região. Esse impacto, no entanto, ainda levará tempo para ser sentido pelos empresários. A previsão de conclusão da ferrovia é 2014. "Antes de pensar na ferrovia, nós contamos com a conclusão da BR-163", diz Silva.
A rodovia federal que liga a capital do Mato Grosso, Cuiabá, a Santarém, no Pará, começou a ser construída no fim dos anos 60 e até hoje ainda faltam 40% dela para terminar. A conclusão da obra, que prevê a pavimentação de 1.055 quilômetros da rodovia, tem investimento total de R$ 1,4 bilhão e é prevista para dezembro do ano que vem.
Segundo Maurício Tonhá, prefeito de Água Boa, município que será cortado pela Fico, hoje o custo do frete para transportar uma tonelada de soja da região até os portos de Santos ou Paranaguá varia entre R$ 150 e R$ 200. "Eu imagino que teremos um ganho de competitividade entre 30% e 50% com a chegada da ferrovia, já que passaremos a ter acesso a outros portos", comenta Tonhá. "Dependendo do destino da mercadoria, poderemos acessar o porto de Itaqui, no Maranhão, ou Vila do Conde, no Pará."
No pico das obras, a Fico deverá envolver a mão de obra de até 20 mil trabalhadores. A ferrovia é a primeira parte de um projeto ainda mais ambicioso da Valec, a chamada Ferrovia Transcontinental (EF-354), planejada para ter 4,4 mil quilômetros de extensão. Do lado leste, a malha segue para a região Sudeste, cortando o Distrito Federal e Minas Gerais, até atingir o litoral fluminense. No sentido oeste, parte de Rondônia para o Acre, chegando até a fronteira com o Peru.

Com apoio do BNDES, Bom Gosto e GP criam empresa de R$ 3 bi

Autor(es): Alda do Amaral Rocha | De São Paulo
Valor Econômico - 23/12/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/23/com-apoio-do-bndes-bom-gosto-e-gp-criam-empresa-de-r-3-bi
 
A gaúcha Bom Gostoe a Leitbomanunciaram ontem a fusão das duas companhias para criar uma nova empresa, a LBR - Lácteos Brasil. O laticínio será o segundo no ranking de captação de leite no país - atrás da Nestlé e à frente da Brasil Foods - , com 2 bilhões de litros de matéria-prima por ano e faturamento bruto de R$ 3 bilhões.
A Leitbom é controlada pela Monticiano Participações, uma empresa que tem como acionistas a GP Investimentose a Laep, controladora da Parmalat.
Na nova empresa, a Monticiano terá a maior fatia do capital, com 40,55% de participação. A BNDESPar ficará com 30,28% e a Bom Gosto, com 26,3%. O fundo CRP (que já era acionista da empresa gaúcha) terá 2,87%.
As ações da Bom Gosto serão incorporadas pela LBR, e todos os acionistas do laticínio gaúcho migrarão para a nova empresa. A BNDESPar fará um aporte de R$ 700 milhões na LBR. Serão R$ 450 milhões via aumento de capital e R$ 250 milhões via subscrição de debêntures conversíveis em ações, que serão emitidas pela LBR. A BNDESPar já era acionista da Bom Gosto, na qual tinha uma fatia de 34,6%.
De acordo com Fernando Falco, que dirigia a Monticiano e agora vai presidir a LBR, a fusão vai gerar ganhos de sinergia e complementaridade entre as empresas. Enquanto a Bom Gosto é forte no Sul e Nordeste, a Leitbom tem participação importante em Goiás, São Paulo e Rio de Janeiro. "Teremos produtos para todas as classes e regiões do país", disse Falco.
Questionado sobre as críticas que a participação expressiva do BNDESPar no capital de algumas empresas tem gerado, Wilson Zanatta, fundador da Bom Gosto e agora co-presidente do conselho de administração da LBR, disse que o setor de agronegócios precisa de apoio e recursos para desenvolver a cadeia produtiva e aumentar a produtividade. Fersen Lambranho, co-presidente da GP Investments, também será co-presidente do conselho da LBR.
Segundo Falco, para entrar na operação, o braço de participações do banco oficial de fomento exigiu que a LBR assumisse o compromisso de investir no desenvolvimento da cadeia produtiva do leite.
Wilson Zanatta negou que tenha se decidido pela fusão com a Leitbom em decorrência do nível de endividamento da Bom Gosto. A empresa gaúcha cresceu nos últimos anos por meio de aquisições, que levaram seu endividamento financeiro líquido para R$ 347 milhões em 2009. "Esse é um endividamento normal de qualquer empresa", afirmou.
A LBR terá presença em todas as regiões do país, com 30 unidades de processamento e capacidade para processar 8,3 milhões de litros de leite por dia. Terá ainda 6.400 funcionários e 56 mil fornecedores de leite.
Segundo Falco, o objetivo é promover o crescimento orgânico da nova companhia. Como há hoje uma capacidade ociosa de 30% nas fábricas, é possível avançar sem novos investimentos. "Projetamos um faturamento de R$ 4,5 bilhões em 2012, o que é possível de ser alcançado só utilizando a capacidade hoje ociosa", afirmou. A abertura de capital da nova companhia, no futuro, também está nos planos, de acordo com o executivo.
Segundo ele, com a fusão será possível obter ganhos de distribuição, otimizar fábricas e melhorar a qualidade da matéria-prima processada.
As conversas entre a Bom Gosto e a Monticiano começaram no fim do primeiro semestre. Em março, a Monticiano já havia formado consórcio com a Laep, dona da Parmalat, que estava em dificuldades financeiras. Nesse consórcio, a Laep aportou fábricas e marcas das empresas Glória e Ibituruna e recebeu ações ordinárias da Monticiano.
Segundo a nova empresa, seu portfólio contará com 16 marcas e alcançará todas as regiões do país. Dentre as principais marcas estão Parmalat, Leitbom, Paulista, Poços de Caldas, Glória, Boa Nata, Bom Gosto, Líder, Cedrense, DaMatta, São Gabriel, Sarita, Corlac e Ibituruna. A linha de produtos inclui leite longa vida, leite em pó, condensados, queijos e iogurtes.

Codesp ganha ação no STJ
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) suspendeu decisão liminar que impedia a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) de retomar áreas arrendadas à Copag Armazéns Gerais, no porto de Santos. A decisão do órgão determina que a Copag devolva à Codesp cinco terrenos localizados na margem esquerda do canal (na Ilha Barnabé), e um na margem direita (na região da Alemoa) devido ao descumprimento do contrato de arrendamento. A decisão inclui um duto submarino. Segundo a Codesp, não havia investimento e manutenção no equipamento, que corre riscos de vazamento e pode provocar sérios danos ambientais. Segundo o presidente do STJ, ministro Ari Pargendler, a liminar que impedia a devolução das áreas foi suspensa porque "é flagrantemente ilegítima decisão de juiz de tribunal que suspende os efeitos de decisão de outro membro do próprio tribunal".

Santos quer maior capacidade de carga

Autor(es): Fernanda Pires | Para o Valor, de Santos
Valor Econômico - 23/12/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/23/santos-quer-maior-capacidade-de-carga


O atual limite do porto de Santos é definido por duas linhas imaginárias paralelas. A proposta de criar uma poligonal é uma forma de fechar esse desenho para incorporar sobretudo a área conhecida como Barnabé Bagres (localizada mais ao fundo do canal de navegação, na direção de Cubatão). A região abrirá uma nova fronteira para a instalação de terminais portuários - que, uma vez dentro do porto organizado, e portanto sob jurisdição da Codesp, poderão ser arrendados à iniciativa privada.
Barnabé Bagres quase dobrará o tamanho do porto, mas não a capacidade operacional, pois nem todo espaço poderá receber atividade portuária devido a limitações ambientais. Conforme entrevista concedida ao Valorem setembro deste ano, o presidente da Companhia Docas do Estado de São Paulo, José Roberto Serra, estimou que a nova região tem cerca de 7,8 milhões de metros quadrados, mas pouco mais da metade poderá receber atividade portuária, pois a região é de mangue.
A Codesp diz que não comentará o processo de demarcação dos novos limites do porto até a Secretaria de Portos se pronunciar sobre o acórdão da Antaq. Mas o Valor apurou que a recusa da agência em aceitar o pedido de incluir a base aérea (na margem esquerda, Guarujá), acatando o pleito da Aeronáutica, assim como excluir a área no Valongo (margem direita, Santos), em nada frustram os planos de ampliação de Santos diante do gigantismo de Barnabé Bagres. "É inócuo", disse uma fonte.
A autoridade portuária recebeu três propostas da iniciativa privada de projetos para exploração de Barnabé Bagres, nos termos admitidos pelo decreto 6.620/08. As modelagens são diferentes entre si. Conforme Serra já havia adiantado, haverá um "múltiplo uso", pois o porto precisa de mais áreas para movimentação de granel (líquido e sólido), mas não carece de novos empreendimentos para contêineres levando em conta a entrada em operação dos terminais da Embraport, Brasil Terminal Portuário (a médio prazo) e a ampliação dos existentes. Atividades de apoio a plataformas offshore, supply boat e estaleiros também devem ser contemplados na ocupação de Barnabé Bagres.
O Valor também apurou que a SEP estudou a possibilidade de a área da base aérea receber um terminal para movimentação de contêineres. A prefeitura de Guarujá nega que tenha recebido alguma consulta.
Já a exclusão da Ilha Diana do novo desenho é encarada como razoável. Na comunidade, localizada na margem esquerda do porto, vivem 45 famílias, aproximadamente 250 pessoas, cuja atividade principal é a pesca artesanal. "Estar dentro do limite de porto organizado não significa que ali só se faz atividade portuária, mas não podíamos deixar essa dúvida. Para que não pairasse nenhum questionamento futuro, foi solicitada a exclusão", explica o presidente do Conselho de Autoridade Portuária (CAP) de Santos, Sérgio Aquino.
Aquino, que também é secretário de Assuntos Portuários e Marítimos de Santos, explica que a ideia foi trabalhar os novos limites de maneira estratégica. "Quando nós analisamos os limites que a Codesp apresentou tínhamos uma necessidade de excluir duas questões e incluir uma outra."
Além de parte da Ilha Diana, outro pedido de exclusão é de uma área da margem direita do Canal de Piaçaguera que está em fase de discussão no plano diretor do município. "Não significa que aquilo não será um dia porto organizado, porque não há óbice para isso", diz Aquino.
Por fim, o município solicitou a inclusão de parte final da Alemoa, visto que o bairro industrial de mesmo nome já está todo dentro dos atuais limites. "Entendemos que existe uma viabilidade muito grande de desenvolvimento de negócios tanto portuários quanto de apoio offshore daquela região. A Antaq entendeu isso de forma positiva", diz o secretário.


Itapoá surge com meta de ser 'hub" de contêiner no Sul

Valor Econômico - 23/12/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/23/itapoa-surge-com-meta-de-ser-hub-de-conteiner-no-sul

O porto de Itapoá (SC) foi inaugurado ontem, dia 22, com a promessa de ser o novo concentrador de contêineres do Sul do país, a partir de onde as cargas serão redirecionadas para demais instalações da região e ainda para Argentina e Uruguai. O empreendimento é uma sociedade entre a Portinvest Participações(grupo Battistella e LOGZ Logística Brasil S.A.) e a Aliança Navegação e Logística(do grupo Hamburg Süd). As operações só terão início, porém, na primeira semana de março. As obras civis e os equipamentos já estão prontos, faltam agora as vistorias dos órgãos anuentes.
O investimento de R$ 475 milhões dotou a instalação de uma capacidade dinâmica para movimentar 350 mil contêineres por ano. De acordo com o diretor de operações e projetos da Hamburg Süd e membro do conselho de administração do porto, José Antônio Balau, a expectativa é que em até três anos a demanda se equipare à oferta, o que exigirá ampliação da unidade para 600 mil contêineres por ano. O aporte da segunda etapa está estimado em R$ 200 milhões. Mas o executivo destaca que há possibilidade de a expansão ser para 1 milhão de contêineres, dependendo dos volumes.
"Hoje, todos os terminais de contêineres, de Manaus (AM) a Rio Grande (RS), estão lotados, operando acima da capacidade. Portanto, Itapoá vai contribuir para a melhoria do sistema portuário", disse Balau. A unidade tem cerca de 1.300 tomadas para contêineres refrigerados, que armazenam cargas como carnes - líder na pauta de exportação do Sul.
A localização de Itapoá é estratégica. O terminal fica a 6,7 quilômetros da rodovia SC-415 e a 40 quilômetros da BR-101. Com profundidade natural de 16 metros e águas calmas da Baía da Babitonga, está apto a receber navios de até 9 mil Teus (contêiner de 20 pés). Atualmente, os maiores que aportam no Brasil são de propriedade da própria Hambug Süd e integram a classe "Santa". A primeira embarcação da família, o Santa Clara, já está operando no Brasil. Tem capacidade para 7.100 Teus.
Itapoá é um terminal privativo de uso misto, modalidade que dispensa licitação pelo fato de o empreendedor ter carga própria. O grupo Battistella atua em diversos segmentos, como distribuição de veículos pesados, unidade que responde por 16% dos veículos Scania comercializados no Brasil. O grupo também opera com florestas e madeira. Atualmente, possui 40 mil hectares de terras. Em 2009 faturou R$ 830 milhões e deve encerrar este ano com R$ 1 bilhão.
A LOGZ Logística Brasil, holding consolidadora de participações em investimentos em logística, foi criada neste ano. Os sócios são os FIP Logística Brasil e Empreendedor, da BRZ Investimentos. Nos últimos quatro anos, os aportes de capital feitos no setor somaram R$ 800 milhões, alavancando investimentos de R$ 2,5 bilhões.

Setor agrícola apoia processos na OMC

Autor(es): Raquel Landim
O Estado de S. Paulo - 23/12/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/23/setor-agricola-apoia-processos-na-omc

Lideranças do setor agrícola reagiram ontem às declarações do ministro da Agricultura, Wagner Rossi, e saíram em defesa dos processos movidos pelo Brasil na Organização Mundial de Comércio (OMC).

Em entrevista ao Estado, Rossi defendeu que os setores que se sintam prejudicados por outros países tentem um acordo direto com os concorrentes e evitem disputas na entidade máxima do comércio global.
"Negociar é sempre melhor. A questão é que nos casos que estão em análise foi esgotada a via da negociação. Foram anos de negociação infrutífera", disse Pedro de Camargo Neto, mentor do painel do algodão e ex-secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura na gestão Fernando Henrique.
Dois processos estão em vias de serem enviados pelo Brasil para a OMC: carne bovina contra a União Europeia e etanol contra os Estados Unidos. O Brasil questiona as exigências de rastreabilidade da carne feitas pela UE e a sobretaxa cobrada pelos EUA na importação de etanol.
Para Camargo Neto, o caso da carne bovina é "claro e muito forte", porque os europeus fazem exigências duras ao Brasil, mas não cobram rastreabilidade de outros fornecedores, como Estados Unidos e Canadá.
"Seria ótimo se o ministro pegasse um avião para Bruxelas e voltasse com um acordo para a carne bovina, mas é muito improvável", disse. Ele ressalta ainda que a postura de Rossi enfraquece a posição negociadora do Brasil, porque o contencioso é uma arma para forçar mudanças dos parceiros comerciais.
Marcos Jank, presidente da União da Indústria da Cana de Açúcar (Unica), disse que o ministro está correto quando diz que a negociação é o melhor caminho, mas que os processos na OMC são um poderoso mecanismo de pressão. "Esgotamos três anos de diálogo. A via da negociação está sempre aberta, mas não podemos abrir mão de um instrumento importante", disse
Ele ressalta que o setor foi bem sucedido no processo movido contra os subsídios da União Europeia aos açúcar. Graças ao painel brasileiro, a UE reformou sua política agrícola e deixou de ser o segundo maior exportador mundial do açúcar.
Década. Um dos argumentos de Rossi é os processos na OMC demoram muito. "É melhor negociar do que uma disputa na OMC, que pode levar uma década", disse. O caso do algodão se arrasta por mais de dez anos.
Camargo Neto admite que esse processo demorou, mas afirma que o governo brasileiro foi "leniente". "O Brasil deixou tudo parado por anos aguardando a Rodada Doha", disse.
O Estado procurou a Associação Brasileira dos Exportadores de Carne Bovina (Abiec), mas seus representantes não foram localizados por conta das festas de fim de ano.

Suzano traça plataforma de mais de R$ 11 bi

Autor(es): Stella Fontes | De São Paulo
Valor Econômico - 23/12/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/23/suzano-traca-plataforma-de-mais-de-r-11-bi
 
Com mais de R$ 11 bilhões em investimentos e aquisições anunciados apenas em 2010, a Suzano Papel e Celulosedeu mostra significativa de seu apetite por crescimento e do rumo escolhido para os negócios do grupo controlado pela família Feffer, após a venda da operação petroquímica, em 2007, para a Petrobras. Com o anúncio de compra da participação da Fibriano Conpacel, consórcio que reuniu os ativos da antiga Ripasa, por R$ 1,45 bilhão - com a distribuidora KSR, o negócio sobe a R$ 1,5 bilhão -, consolidou-se na posição de maior fabricante integrada de papel e celulose da América Latina e fez importante avanço na direção do que será a companhia em 2024, ano em que comemora seu centenário.
Anos antes do aniversário, contudo, a Suzano já terá mais que dobrado o tamanho de suas operações, entrado no mercado de energia renovável e firmado a marca, internacionalmente, no segmento de biotecnologia. Tudo isso na esteira de negócios que vieram à baila neste ano e, segundo o presidente da empresa, Antonio Maciel Neto, sem ultrapassar o limite de endividamento de 3,5 vezes medido pela relação entre dívida líquida e Lajida (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização).
Conforme Maciel, as operações anunciadas neste ano colocaram "parte importante" do plano Suzano 2024 em andamento: compra da britânica FuturaGene, de biotecnologia, por US$ 82 milhões; confirmação de aporte de US$ 4,6 bilhões em duas fábricas de celulose que serão erguidas no Maranhão e Piauí (sem contar os investimentos em florestas); lançamento da Suzano Energia Renovável, com aplicação de US$ 1,3 bilhão até 2019; e, no encerramento do ano, a esperada aquisição do Conpacel, no qual era sócia da Fibria.
Haverá mais pela frente, afirma Maciel, porém a estrutura do negócio, agora de base florestal e não apenas voltado à produção de celulose e papel, está dada. O plano, traçado ao longo de dois anos, foi desenvolvido pela companhia junto a várias consultorias, e levou a marca de um dos maiores projetos já desenvolvidos pela McKinsey & Company . "No que se refere a papel, a aquisição da fatia no Conpacel estava prevista e, com isso, uma primeira etapa do plano já foi encerrada", conta o executivo.
Segundo Maciel, a Suzano vai usar o caixa para pagar o negócio, cuja liquidação está prevista para o fim de janeiro, e não terá de recorrer, ao menos no curto prazo, a operações no mercado financeiro para evitar pressão sobre o nível de alavancagem. "O pico da alavancagem deve ocorrer em 2013, com os investimentos no Maranhão. Mas, naquele ano, já teremos um bom Lajida do Conpacel, o que deve compensar", afirma. Naquele ano, a relação entre dívida líquida e Lajida poderá subir a 3,7 ou 3,8 vezes em algum momento, segundo o executivo, e recuar para abaixo da meta rapidamente. "Agora, se as condições econômicas não forem boas e tivermos, eventualmente de ir a mercado, vamos fazer isso e corrigir a situação", admitiu, em teleconferência com analistas para comentar o negócio.
Embora exista preocupação entre profissionais do mercado financeiro quanto aos níveis de endividamento da Suzano, a operação envolvendo o Conpacel foi bem recebida pelos analistas, que não chegaram a consenso sobre os múltiplos da operação uma vez que os dados financeiros da parcela da Fibria no Conpacel não são conhecidos. A Suzano informou que espera Lajida de R$ 240 milhões em 2010 referente apenas à sua metade no consórcio. De um lado, apontaram os profissionais, a Suzano, cuja proposta foi calculada com base apenas nos números relativos à sua parcela no consórcio, absorverá sinergias de R$ 300 milhões, sem contar outros ganhos decorrentes da otimização de sua operação de papel. De outro, a vendedora Fibria, que vem de um longo período de rígida gestão de dívida por conta das perdas bilionárias com derivativos da antiga Aracruz e dos custos para fusão dessa empresa com a Votorantim Celulose e Papel (VCP), fica em posição ainda mais tranquila para retomar seu projeto de crescimento.
Na área da ex-sócia, de celulose branqueada de eucalipto, a Suzano também tem planos ousados. Em 2013 e em 2014 pretende inaugurar uma fábrica com capacidade para até 1,5 milhão de toneladas anuais no Maranhão e outra no Piauí, respectivamente. Os prazos estão mantidos, conforme Maciel. O plano até 2024 prevê uma terceira nova fábrica e a expansão da unidade de Mucuri (BA), porém essas são pautas para o futuro. Para o projeto que será erguido em Imperatriz (MA), a Suzano já contratou empréstimo de R$ 2,7 bilhões junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e aprovou a emissão de R$ 1,2 bilhão em debêntures mandatoriamente conversíveis, um instrumento ainda não utilizado no país para o financiamento dos chamados projetos "greenfield".
Os controladores da Suzano, que detém 52% do capital total da companhia, já comprometeram a subscrever parcela proporcional dos títulos e o próprio banco, via BNDESPar, deu garantia firme de subscrição de até R$ 564 milhões. O banco de fomento tem, hoje, cerca de 4% de participação na Suzano e pode elevar essa fatia para perto de 10% caso fique com totalidade das debêntures e minoritários não acompanhem os demais acionistas na operação. Conforme Maciel, a definição do financiamento com o BNDES foi fundamental para que a companhia se liberasse para apresentar a proposta pelo Conpacel. "As operações não estão relacionadas mas, antes de mais nada, queríamos ter certa a estrutura de capital para o Maranhão."
Nessa linha, a Suzano deve definir até fim de março a composição acionária da Suzano Energia Renovável. É certo que a companhia terá sócios, porém a estrutura ainda não está detalhada. Para o Conpacel, vai utilizar exclusivamente recursos do caixa. "Temos liquidez para isso", diz Maciel. Recentemente, a companhia voltou, após 15 anos, ao mercado internacional de dívida e levantou US$ 650 milhões em notas, embora tenha encontrado demanda para US$ 3 bilhões.

Concessão de terra pública federal atrai companhias

Autor(es): Sérgio Adeodato | Para o Valor, de São Paulo
Valor Econômico - 23/12/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/23/concessao-de-terra-publica-federal-atrai-companhias

 
Ao adquirir, neste mês, 13% do capital total da Amata, empresa que explora madeira na Amazônia mediante manejo sustentável, o Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) sinalizou para o mercado financeiro a confiança nas concessões florestais em terras públicas. O modelo é visto como vetor para a redução de riscos que inviabilizam investimentos de escala no setor, como o problema fundiário e a falta de infraestrutura. Com plano de negócios girando em torno de R$ 200 milhões nos próximos cinco anos, os fundos de "private equity" Brasil Agronegócio (gerido pela BRZ Investimentos), Brasil Sustentabilidade e o alemão Aquila compõem o quadro de novos investidores da empresa, que em setembro iniciou as operações na Floresta Nacional do Jamari, em Rondônia.
Trata-se do primeiro empreendimento após a Lei 11.284, aprovada em 2006, que regulamentou a abertura das áreas públicas federais à produção empresarial de madeira e outros recursos florestais. Além da Amata, responsável pela maior área de exploração (46 mil hectares), venceram a licitação as empresas Madeflona(17 mil hectares) e Sakura(32,9 mil). No total, a estimativa é de uma produção anual de 68,2 mil metros cúbicos de madeira, por meio do manejo florestal, no qual a área é dividida em parcelas para exploração anual em sistema de rodízio, com ciclos de corte de 30 anos. Há regras para produção máxima por hectare, percentual máximo de área impactada e manutenção de um número mínimo de espécies e de árvores como porta-sementes, entre outros critérios. No caso de Jamari, as empresas pagarão ao governo R$ 3,3 milhões em 2011, além da obrigação de investimentos sociais, auferindo lucro com a venda de madeira beneficiada por elas na região.
"Interessados no negócio, bancos estão criando modelos de garantia específicos para as concessões florestais", revela Antonio Carlos Hummel, diretor do Serviço Florestal Brasileiro (SFB), ao apontar a cadeia de oportunidades que surgem com a abertura das áreas públicas. "A indústria madeireira amazônica, tradicionalmente familiar, tende a mudar a cultura de gestão e ganha investidores de porte, porque o mundo inteiro está atento às florestas", completa.

Existem na Amazônia 10 milhões de hectares de terras da União disponíveis para concessão, capazes de fornecer 21 milhões de metros cúbicos de madeira por ano, o que atenderia apenas a 20% da demanda. "Precisaríamos pelo menos de 40 milhões de hectares, que só poderiam ser viabilizados com a solução fundiária das áreas devolutas", adverte Hummel. No país, conforme o último levantamento do SFB, existem 64 milhões de hectares de florestas públicas sem uso regulamentado - quase três vezes o território do Estado de São Paulo -, alvo de grileiros e posseiros que promovem o desmatamento. "O problema não será resolvido enquanto diferentes órgãos federais, como Ibama (licenciamento e fiscalização) e Instituto Chico Mendes (gestão das unidades de conservação), continuarem opinando sobre essas áreas", reclama Hummel. Ele diz ter sinal verde do governo para discutir o tema: "Precisamos realinhar a gestão florestal por conta da importância do setor em nível nacional e mundial."
Atualmente, há sete processos de concessão federal em diferentes fases, ultrapassando 1 milhão de hectares, com potencial de produzir 850 mil metros cúbicos por ano. A perspectiva é de uma parcela significativa ter a licitação concluída no próximo ano. O Pará concentra a maioria das concessões em andamento, somando mais de 960 mil hectares. A Floresta Nacional Saracá-Taquera foi a primeira do Estado a ter áreas para o manejo. Os contratos referentes ao uso de 48 mil hectares foram assinados em agosto com duas empresas locais. Outros 93 mil hectares estão em fase de pré-edital. As atenções se voltam para a região da BR-163, foco de desmatamento, conflitos e ilegalidade da madeira, também no Pará. Na área de influência da rodovia, há um edital aberto para 210 mil hectares.
Em 2011, o SFB iniciará estudos para avaliar os benefícios econômicos das concessões e desenvolverá o inventário florestal, com o qual pela primeira vez o país conhecerá as árvores que tem. Será realizado um rastreamento de campo em todo o território nacional, com tomada de medidas a cada 20 quilômetros e coletas botânicas em 20 mil pontos. O trabalho durará cinco anos e custará em torno de R$ 90 milhões.

Fundos privados investem em plantio

Autor(es): Sergio Adeodato | De São Paulo
Valor Econômico - 23/12/2010
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No município de Dom Eliseu, no nordeste do Pará, uma das áreas mais devastadas da Amazônia, 68 fazendas de gado e soja estão sendo convertidas em eucalipto e mata nativa, com investimentos já realizados de R$ 300 milhões. Os recursos têm como origem o Vale Florestar, fundo de investimento em participações (FIP) com aporte de R$ 610 milhões, destinado a recobrir áreas degradadas com árvores para exploração econômica de madeira, principalmente para papel e celulose, e transações futuras com crédito de carbono.
"O projeto é atrair investimentos de longo prazo, valorizar a floresta e contribuir para mudar a cultura local, historicamente focada no desmatamento", justifica José Flávio Alves, diretor operacional do fundo, mantido pela Vale, Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) e fundos de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal(Funcef) e da Petrobras(Petros). Foram plantados até o momento 29,8 mil hectares, somando 33 milhões de mudas de eucalipto e também de espécies nativas como paricá, castanheira e seringueira. Para cada hectare cultivado, dois são conservados para regeneração natural da floresta. Até 2022, a estratégia é reflorestar 150 mil hectares, o que proporcionaria 300 mil hectares protegidos como reserva legal e áreas de preservação permanente (APP), como beira de rios e topo de morros.
As propriedades rurais são arrendadas por 15 anos, consumindo R$ 9,5 milhões anuais de investimento por parte do fundo, remunerado pela receita da venda de madeira. O produto começará a ser comercializado em 2014, no ritmo de 40 metros cúbicos por hectare ao ano, em ciclos de corte de sete anos. Até 2028, a estimativa é de uma produção acumulada de 35 milhões de metros cúbicos. "No primeiro ano de exploração, o fundo terá uma taxa interna de retorno de 14% para divisão entre os cotistas, sendo que a maior parcela do retorno financeiro permanecerá em caixa para reinvestimento", informa Alves.
"Áreas degradadas estão sendo revitalizadas por atividades mais sustentáveis", destaca Otávio Lobão, chefe do departamento de operações de meio ambiente do BNDES, que tem participação de 25% no negócio, investindo até agora R$ 60 milhões, além dos R$ 274 milhões alocados pela Vale. Após essa primeira experiência no setor, o banco decidiu iniciar operações com manejo em floresta nativa na Amazônia. "É um segmento novo e envolve riscos, embora tenha taxas de retorno maiores que o eucalipto", diz Lobão. "O cenário de regulação, com possíveis avanços para a segurança fundiária, é muito favorável a investimentos."
"Na Amazônia, é maior a disponibilidade de terras, com preços menores, uma vantagem competitiva para o setor florestal", analisa Paulo Corchaki, diretor de investimentos do Banco Itaú. Enquanto nos EUA o preço médio do hectare é de US$ 5,3 mil, no Brasil gira em torno de R$ 4,5 mil. O banco mantém o Fundo Ecomudança, na categoria DI - uma carteira de R$ 238 milhões, que reúne 7 mil cotistas e investe 30% da taxa de administração em projetos de redução de gases do efeito estufa. Em 2011, o fundo beneficiará também projetos de exploração florestal.
"Devido à baixa volatilidade, o investimento em floresta é mais calmo e, como não tem correlação com outros ativos, imune a crises globais", afirma o executivo. Ele argumenta que o crescimento das árvores acontece independentemente das variáveis econômicas. "A madeira pode ser estocada para se administrar flutuações de preço", diz. Nos países desenvolvidos, o retorno médio do investimento em floresta é de 14,6% ao ano.
O gargalo para o crescimento, segundo Corchaki, está no perfil do fluxo de caixa, que exige alto investimento inicial (R$ 5 mil por hectare para eucalipto e R$ 10 mil para nativa) e prazo de maturação. "Mas, com a perspectiva financeira dos serviços ambientais e créditos de carbono, as operações florestais passarão a auferir ganhos desde o início dos projetos - e não somente nos ciclos de corte de madeira."
Para suprir a demanda estimada por madeira de plantio comercial até 2020, o país precisará pelo menos duplicar a atual área produtiva, segundo dados apresentados por Corchaki. No rastro desse mercado, diante do declínio dos aportes públicos e da necessidade de aumento dos recursos privados, os fundos de investimento chegam para ocupar espaço.
"A estratégia é garantir matéria-prima à indústria, que deixa de gerir floresta e passa a focar investimentos e energia em seu negócio principal", diz Eduardo Barreto, articulador do FIP Caixa BRWoods Florestal. Os contratos de fornecimento são de longo prazo, até 28 anos, com mecanismos de fixação de preço, como o plantio empreendido pela Klabin com participação de fundos europeus. De acordo com Barreto, "essa é uma tendência natural para o Brasil, cujas florestas comerciais são propriedades de empresas". Ele enfatiza: "Fundos internacionais estão se mobilizando para reunir capital com foco nas florestas brasileiras."

Produção de madeira cai pela metade na Amazônia

Valor Econômico - 23/12/2010
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Itabela, sul da Bahia, paisagem de Mata Atlântica. Caminhões carregados com eucalipto para construção civil estão prontos para iniciar o percurso até o destino final, o Pará. "A procura por parte desse mercado é crescente", atesta Ricardo Covre, proprietário da Fazenda Sempre Viva. Sinal de novos tempos para a Amazônia, principal fonte da madeira vendida no país?
Números do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) indicam a resposta. Entre 2004 e 2009, a produção de madeira nativa na região diminuiu quase pela metade, passando de 24, 4 milhões para 14 milhões de metros cúbicos. Com isso, grandes consumidores, como o setor moveleiro e a construção civil, migram para opções de menor risco, como eucalipto. Além da compra em outras regiões, há na Amazônia 308 mil hectares de plantio de eucalipto, a maior parte para celulose e ferro-gusa, segundo a Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas (Abraf).
"A queda do dólar, com impacto nas exportações, a variação nos preços de commodities, como soja, e o maior controle, fiscalização e combate à ilegalidade pelo governo explicam a redução", analisa o pesquisador Daniel Santos, do Imazon. "A tendência é a produção se manter nesse patamar de sustentabilidade", prevê Santos. Em 2010, a receita da exploração madeireira na Amazônia somou US$ 2,5 bilhões, segundo o Imazon. A quantidade de serrarias diminuiu um terço e o número de empregos caiu de 344 mil para 203 mil.
O instituto verificou que um quinto da madeira é produzida por microsserrarias no estuário dos rios, sem controle e com baixa qualidade. Em 18% dos casos, as toras são extraídas por tratores com cabos de aço que rasgam a floresta, derrubando o que encontram pela frente. Um terço da produção é escoada por estradas de barro quase intransitáveis e, nas serrarias, o rendimento varia de 28% a 45% -- ou seja, mais da metade do que sai da floresta, muitas vezes com impactos, é desperdiçada. A maioria das toras (72%) é transformada em madeira serrada bruta, indicando o baixo grau de beneficiamento. Apenas 22% da produção são exportados, tendo os Estados Unidos como principal consumidor. No mercado interno, São Paulo é o principal Estado comprador, concentrando 17% da demanda.
"Diante dos problemas fundiários que persistem, faltam áreas disponíveis para o manejo florestal", adverte Santos. No leste do Pará, onde há historicamente intensa exploração, o déficit é de 100 mil quilômetros quadrados.

Transações florestais

Autor(es): Por Sérgio Adeodato | Para o Valor, de São Paulo
Valor Econômico - 23/12/2010
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As ofertas estão na internet: "Vendo terreno com 50 alqueires de Mata Atlântica totalmente preservada para compensação ambiental, reserva legal ou crédito de carbono. A área está localizada em Conselheiro Lafaiete (MG), no Triângulo do Aço, onde há atividades de empresas como Gerdau, Aço Minas, Vale, CSN e Sumitomo Valourec". No município de Embu-Guaçú (SP), na bacia hidrográfica da Represa de Guarapiranga, estão à venda 150 mil metros quadrados de floresta virgem. "Se você recebeu multa ambiental, um caminho para aliviar esse custo e reduzir taxas de ajuste de conduta é oferecer área preservada como compensação do dano", diz o anúncio. Valor do negócio: R$ 292 mil (R$ 1,95 o metro quadrado).
O movimento de compra a venda de florestas, seja por imposição legal, seja pela perspectiva de lucros futuros com o uso sustentável ou até pela iniciativa voluntária de salvar espécies da extinção, retrata o começo de um novo "boom" imobiliário. "O valor de terras florestadas certamente subirá quando a polêmica sobre o código florestal chegar ao fim", prevê Miguel Calmon, coordenador do Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, aliança que reúne instituições e empresas para recuperar impactos no bioma.
Ele diz que proprietários rurais aguardam definições sobre o percentual obrigatório de área protegida nas fazendas para fazer investimentos - inclusive na conservação. "Só com regras claras e incentivos o mercado terá a escala necessária para transformar a floresta em bom negócio para produtores e investidores", afirma Calmon.
Existem na Mata Atlântica 17,5 milhões de hectares, equivalente a quatro vezes a área do Estado do Rio de Janeiro, passíveis de restauração, sem a concorrência com a produção de alimentos. São áreas de baixa aptidão agrícola, passivos de reserva legal e beira de rios sem vegetação. A meta do Pacto é restaurar 15 milhões de hectares até 2050, aumentando a cobertura florestal do bioma dos atuais 8% para 30% em relação à original. O custo varia de R$ 1 mil a R$ 2 mil por hectare, no caso de regeneração natural, e até R$ 15 mil, para a necessidade de plantio de mudas. A atividade envolve uma cadeia com 17 diferentes negócios, desde o geoprocessamento para mapear áreas até fornecedores de sementes, viveiros comunitários e particulares, vigilância florestal e empresas de plantio.
São oportunidades que estarão em evidência em 2011, declarado pela ONU como Ano Internacional das Florestas. "Valorizar árvores em pé é condição para conservá-las, ainda mais quando sabemos que 90% dos remanescentes fora da Amazônia estão na mão de particulares", afirma Fernando Veiga, gerente de serviços ambientais da The Nature Conservancy.
Indicativa dessa tendência é a minuta da lei sobre pagamento por serviços ambientais, aprovada em dezembro na Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados. A previsão é o repasse de incentivos ao redor de R$ 500 milhões por ano, oriundos da receita com o petróleo, para recompensar ações que garantem provisão de água, polinização de plantas, solos em condições de produzir alimentos e equilíbrio climático.
Completam o cenário a consolidação do mercado de créditos de carbono e de instrumentos como o REDD (Redução de Emissões por Desmatamento Evitado), além do fundo global de R$ 100 bilhões anunciado na última reunião sobre clima em Cancún, no México, para financiar países em desenvolvimento.
A restauração florestal é o fio condutor. Na Bahia, a empresa de papel e celulose Fibriaplaneja até o fim do ano restaurar 2,9 mil hectares de Mata Atlântica. Estão sendo plantadas 1,5 milhão de mudas, ao custo de R$ 8 milhões, para resolver antigos passivos ambientais herdados na fusão com a Aracruz Celulose.
Para 2011, a meta é reflorestar mais 3,5 mil hectares, com investimento aproximado de R$ 14 milhões. No total, 15 mil hectares na Bahia, Espírito Santo e Minas Gerais, além de outros 5 mil hectares no Vale do Paraíba em São Paulo, serão restaurados nos próximos anos mediante diferentes níveis de intervenção. "O principal objetivo é atender às exigências dos órgãos ambientais, à demanda da certificação socioambiental FSC (Forest Stewardship Council) e às pressões ambientalistas", explica João Augusti, gerente de meio ambiente florestal.
"A valorização da floresta nativa pode abrir frentes de negócio no setor", prevê Renato Carneiro, diretor da indústria Veracel, dona de 104 mil hectares de árvores nativas na região de Porto Seguro (BA), mescladas com área praticamente igual de eucalipto. Para mitigar o problema da concentração fundiária, Paulo Dimas, pesquisador do Instituto Cidades, propõe a venda de florestas para fundos de pensão, permitindo capitalizar empresas de celulose para o fomento de uma economia florestal de uso múltiplo. A medida, segundo ele, refletiria no aumento de renda e na diversificação de negócios regionais.
A servidão florestal -uso de áreas de terceiros para compensar a falta de reserva legal - pode render R$ 300 por hectare ao ano, segundo analistas, o dobro da média de receita na agropecuária. "Ter floresta na fazenda, tempos atrás vista como barreira aos lucros, é hoje oportunidade de negócio", enfatiza Márcia Hirota, diretora da SOS Mata Atlântica.

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